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quinta-feira, 17 de abril de 2014

Curiosidades Arte Pública/RJ

Vitor
Largo do Machado, lindo dia de sexta feira, com o ar agradável, iluminado pelo sol, sem o calor extremo do inicio do ano. O chafariz estava ligado e os pingos de água cortados pelos raios de sol se tornavam pequenos pingentes coloridos e os jatos fluidos pequenos arcos íris.
Contornando a praça do largo, um cortejo, colorido como a fonte do chafariz. Artistas no alto, em cima de suas pernas de paus, e em baixo, com seus instrumentos, máscaras e estandartes. A Banda Rio, comandada pelo clarinete do Maestro Noberto ditava o ritmo da alegria, acompanhado pelo Casal Banda Café Pequeno e Currupita. O circo presente nas roupas coloridas do Será o Binedito? e com a presença do Boa Praça Leo Xodó Carnevale. Magia sem mistérios nas alturas com a Cia Mystérios e Novidades, compunham a harmonia junto com os atores ancestrais do Tá Na Rua. Não posso deixar de comentar a participação entusiasmada de Sergio Biff, outro maestro, só que maestro que comanda os bonecos em miniaturas do Teatro de Lambe Lambe.
Na frente, entre as bandeiras, um rapaz dançava e saltava conduzindo a trupe de artistas. Na sua cabeça, um gorro colorido, daqueles usados pelos antigos arlequins, com seus guizos ressoando pela praça. Era pura alegria. 
Acompanhou o cortejo até os brincantes formarem a roda e abrirem para a primeira atração do dia.
Quando veio devolver o gorro colorido para mim, não aceitei de volta: “ – Pode ficar, agora é seu. É uma lembrança deste momento.”
Encantado, ele fala com as mãos: “- Foi um dia muito especial para mim, um dos mais importantes. Obrigado.” – disse e foi assistir os artistas se apresentando.
Uma senhora se aproxima de mim e fala: “- Ele tava tão alegre e emocionado com o presente que nem conseguiu falar.”
“- Ele falou sim, com os gestos. O nome dele é Vitor e é surdo mudo.”- respondi.
“Nossa! Nem parece! Ele veio tão disposto, dançando tão bem, no ritmo da música que a banda tava tocando. Como será que ele faz?”
“- Ele pode não ouvir, mas escuta muito bem com o coração. Peito aberto e alma escancarada.” – declarei.
Enquanto isso, os guizos do gorro de arlequim do Vitor tocavam a música do seu sorriso.
Herculano Dias

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