Vitor
Largo do
Machado, lindo dia de sexta feira, com o ar agradável, iluminado pelo sol, sem
o calor extremo do inicio do ano. O chafariz estava ligado e os pingos de água
cortados pelos raios de sol se tornavam pequenos pingentes coloridos e os jatos
fluidos pequenos arcos íris.
Contornando
a praça do largo, um cortejo, colorido como a fonte do chafariz. Artistas no
alto, em cima de suas pernas de paus, e em baixo, com seus instrumentos,
máscaras e estandartes. A Banda Rio, comandada pelo clarinete do Maestro
Noberto ditava o ritmo da alegria, acompanhado pelo Casal Banda Café Pequeno e
Currupita. O circo presente nas roupas coloridas do Será o Binedito? e com a presença
do Boa Praça Leo Xodó Carnevale. Magia sem mistérios nas alturas com a Cia
Mystérios e Novidades, compunham a harmonia junto com os atores ancestrais do
Tá Na Rua. Não posso deixar de comentar a participação entusiasmada de Sergio
Biff, outro maestro, só que maestro que comanda os bonecos em miniaturas do Teatro
de Lambe Lambe.
Na frente,
entre as bandeiras, um rapaz dançava e saltava conduzindo a trupe de artistas.
Na sua cabeça, um gorro colorido, daqueles usados pelos antigos arlequins, com
seus guizos ressoando pela praça. Era pura alegria.
Acompanhou o
cortejo até os brincantes formarem a roda e abrirem para a primeira atração do
dia.
Quando veio
devolver o gorro colorido para mim, não aceitei de volta: “ – Pode ficar, agora
é seu. É uma lembrança deste momento.”
Encantado,
ele fala com as mãos: “- Foi um dia muito especial para mim, um dos mais
importantes. Obrigado.” – disse e foi assistir os artistas se apresentando.
Uma senhora
se aproxima de mim e fala: “- Ele tava tão alegre e emocionado com o presente
que nem conseguiu falar.”
“- Ele falou
sim, com os gestos. O nome dele é Vitor e é surdo mudo.”- respondi.
“Nossa! Nem
parece! Ele veio tão disposto, dançando tão bem, no ritmo da música que a banda
tava tocando. Como será que ele faz?”
“- Ele pode
não ouvir, mas escuta muito bem com o coração. Peito aberto e alma
escancarada.” – declarei.
Enquanto
isso, os guizos do gorro de arlequim do Vitor tocavam a música do seu sorriso.
Herculano Dias
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