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segunda-feira, 21 de abril de 2014

Eternos Artistas Públicos da Cidade do Rio de Janeiro

Ademir do Sax


Quem sempre passa pelo Largo da carioca, em frente ao Metrô, conhece o poderoso som do saxofone de Ademir Leão, músico que há mais de 20 anos vive da sua arte nas ruas. Ademir já viajou muito e tocou com grandes nomes da MPB, mas foi na rua que sua estrela brilhou e que o tornou conhecido no cenário urbano carioca. Quem nunca ouviu seu instrumento cantar suavemente “carinhoso” do imortal Pixinguinha.









Gerusa Perna Seca


Grande roda formada no Largo da Carioca, bem no centro uma menina conta sua saga. Seu nome é Geruza, menina das pernas secas que venho do interior de Pernambuco tentar a vida na cidade grande do Rio de Janeiro. O povo com as peripécias e piadas deste personagem criado pelo nordestino Hélio e que há 30 anos encanta e faz rir o povo carioca. Helio Geruza é figura histórica das ruas do Rio, especialmente no trecho que cobre o Largo da Carioca, a Rua da Carioca e a Rua Uruguaiana. Sua fama o tornou matéria de programas de TV e Rádio, mas nunca deixou as ruas. Como ele mesmo disse, trabalhando com muito humor nos espaços abertos: “Montei casa, criei e eduquei meus filhos, até chegarem até a faculdade só com o chapéu que ganho nas ruas.” Geruza é o autêntico artista ancestral público.


Bob Lester,
O Velhinho Boa Praça



Este gaúcho natural de Santa Maria, foi integrante do  conjunto Bando da Lua e  cantou com Carmem Miranda no Cassino da Urca, em Portugal e nos Estados Unidos. Foi dançarino nos shows de Frank Sinatra e Dorís Day. Viajou por todo o mundo, se apresentando nos cassinos da França, Suécia, Espanha, Monte Carlo, entre outros. Com 98 anos de idade e mais de setenta de carreira, está em plena atividade, dançando, sapateando e cantando nas ruas do Rio.






Eternos Artistas Públicos Que
Fizeram Histórias nas Ruas Cariocas
(In Memoriam)

Tigre
“Eu sou saltimbanco, eu sou aquele artista que ainda não foi explorado pela máquina”, assim se definia Tigre, um dos mais antigos artistas de rua do Rio. Era conhecido como o encantador de gente e seu palco era a Cinelândia. Falava como ninguém a língua do povo. Para abrir uma roda, esfregava o sovaco na cara do público, que ria, enquanto ele falava: “Sou assim, estudei no Sobral, pois sobrei no Mobral!”
Ramiro Emerick nasceu “em cidade de burguês, Nova Friburgo, a suíça brasileira”, filho de pai alemão e mãe operária. Tigre atuou nas ruas por mais de 23 anos. Menor de rua trabalhou como engraxate, vendedor de pirulito, jornal e até fazia faxina: “- Fazia faxina legal mesmo, nas casas, tava lá um relógio e pegava... faxina legal mesmo...”, brincava ele. Ainda moleque trabalhou em circo e dali foi para as ruas, onde foi bem acolhido pela população: “- Eles se amarram na minha, eu me amarro na deles, eu sou um pedaço do público... se eu não venho, passo mal e se eu não venho, eles reclamam...”
Popular, carismático, povo, esse era o Tigre:
“Dependo de todos os meus sentimentos
E por isso eu faço de minha vida
A loucura que eu tava
Quem dera se eu acreditasse
Eu botava fé em tudo
Em tudo que me deu a forma
E a sorte de ser eu...
Eu que sou a quina duvidosa
A força apagada
Difícil de acender.
Eu concordo que sou impuro
Mas eu tento me recuperar
O certo é o que ele quer
Mas eu não faço
Mas porque ele me tomou a forma
Deu-me a iniciativa
Proporcionou o meu ar
Me fez sentir dor
Mas logo refrescou-me
Com o sopro do seu canto
E deu a cigarra para me fazer dormir
E como prêmio ele me deu a luz
Me deu o vento
E me mostrou como chegar até ele...
No credor imenso das proporções vastas
Aonde a estrela brilha sem querer parar
E onde o azul é fundo e não tem alcance
O eco ermitar sem razão de quê
A fartura do meu eterno
De brilho limpo e magistral contido
Onde descanso meu corpo até um novo amanhecer
E o amanhecer,
Ele trará luz, muita luz de vida
Haverá um canto único
Onde seremos vários, mas seremos um
Porque estamos com a verdade
Eu, vocês e todos aqueles que se preocupam
Com o destino da humanidade
Não importa por onde andam
Pois haverá sempre flores em volta
Para nos apreciarmos
Porque somos todos um grito louco,
Um grito rouco,
A procura de dois”
Ass: Tigre




Edson Pit Bonequeiro



Pit é um boneco mágico que atende a vontade de seu dono, Edson de Souza. Ele estica as perninhas, levanta, roda e salta. “Não é macumba não, hein!” adverte Edson, enquanto balança as mãos e braços para mostra que não manipula nem com cordinhas nem com barbante. E não era mesmo, era arte, arte de quem sabe entreter o seu público. Os trabalhadores que sempre passavam pelo prédio do BNDS se divertiam com o boneco de papel que parecia ter vida própria e brincava com o seu dono.
Foi a alegria de muitos por muito tempo. Edson Pit se foi junto com seu companheiro inseparável, o pequeno bonequinho Pit.






Alexandre Bahia


Não temos muita noticia ou imagens, mas vale também referenciar o nome do Artista Público Alexandre Bahia que fazia seu número no Largo da Carioca e na Cinelândia e que encantou o pequeno menino Ramiro Emerick (que mais tarde seria conhecido como Tigre). No pouco que se tem noticia ou informações, Alexandre fazia um número tão antigo e ancestral como ele, saltimbanco das ruas. Ele era amarrado com cordas e com a força dos seus pulmões, as arrebentava e se soltava. Parece que ele também executava esse número usando correntes. O que vale é homenagear na figura de artistas como Alexandre Bahia que tanto contribuíram para a harmonia e alegria de uma população que sempre esteve a margem da dita “Cultura” como a conhecemos, não como a concebemos. São os eternos mambembes, saltimbancos que realizam “Sua obra em contato direto, horizontal, com o seu público – Amir Haddad” 

Herculano Dias

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