Pesquisar este blog

sábado, 4 de abril de 2015

A força do teatro



Adailtom Alves Teixeira[1]

De 21 a 28 de março ocorreu em Rio Branco/AC, o VII Festac – Festival de Teatro do Acre, realizado pela Federação de Teatro do Acre (FETAC). Os números impressionam. Na programação 29 apresentações dos 14 grupos de diversas partes do Brasil e dos 8 grupos locais, que ocuparam 5 espaços: Teatro Plácido de Castro, Usina de Arte, Novo Mercado Velho, um shopping e o abrigo onde estavam os atingidos pela cheia. Além disso, debates, trocas de experiências e vivências artísticas todos os dias.
Os espetáculos compuseram um grande painel, uma bela colcha de retalhos do teatro brasileiro realizado na atualidade. Foram apresentações musicais, mamulengos, farsas, palhaços, épicos, entre outros.

O Festival iniciou da mesma maneira que se originou o teatro: no dia 21 às 16:50h na Praça da Revolução, seguindo em cortejo pela Av. Getúlio Vargas até o Novo Mercado Velho. Todos os artistas que estavam na programação acompanharam o cortejo. Ao lado do Rio Acre, em frente ao Mercado, ocorreu a apresentação da Cia. Visse Versa com o espetáculo As mulheres de Molière. Como afirmou Dinho, integrante da FETAC, “Dioniso é nosso amigo”, afinal em tempos de chuvas o sol contribuiu e estava esplendoroso. O Festival começou na rua, integrando todos e todas, sem distinção de qualquer espécie.
Porto Velho participou do Festival com dois espetáculos: Nove luas (Cia. Fiasco) e Mulheres de Aluá (O Imaginário). Em ambos a temática da mulher, abordado de forma muito distintos. Poderia se escrever muito sobre ambos, mas um exemplo simples para ilustrar as distinções: o primeiro é um espetáculo mudo e parte da lendo do boto; o segundo, usa a dramaturgia textual e tem a pesquisa calcada em autos judiciais. A violência contra a mulher está presente nos dois, mas buscam resoluções cênicas para o problema, muito diferentes. É certo que a violência contra a mulher ainda gerará outros espetáculos, afinal Porto Velho continua sendo a capital recordista de violência ao gênero feminino.

O teatro é uma maneira de refletirmos sobre a vida, sobre a sociedade, sobre o mundo e todas as nossas relações. Por isso mesmo é uma arte viva. O Acre e, especialmente, Rio Branco passam por momentos difíceis por conta da cheia do rio, desabrigando muitas pessoas. Por conta disso, o Festival teve muitos cortes de recursos, mas ainda assim a FETAC optou por manter toda a programação e continuar com o Festival, uma maneira de presentear a população acreana, de mostrar a força desse povo, bem como a força do teatro.
A população acreana abraçou o Festival numa clara demonstração de que a arte é fundamental para a vida e para o nosso tempo. Em sendo o teatro a arte do encontro, pois é feito por pessoas e para pessoas e só ocorre no momento de sua apresentação, que o encontro proporcionado em Rio Branco possa perdurar e alimentar outros tantos que por aí já existem ou tantos outros que venham a existir. Vida longa ao Festival de Teatro do Acre.



[1] Mestre em Artes; professor de teatro na Unir.

Nenhum comentário: