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sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Declaracao da IV Internacional sobre Cuba

Declaração do Comitê Executivo da IV Internacional

Cuba: a vitória e os riscos

A recuperação das relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba, assim como a libertação dos três cubanos acusados de espionagem e condenados a prisão perpétua nos EUA constituem uma vitória para o povo cubano. Há mais de 50 anos o governo estadunidense, passando por dez presidentes, tentou de tudo para destruir a revolução cubana. Desenvolveram todo tipo de iniciativas para destruir Cuba: intervenção militar na Baía dos Porcos em 1961, complôs para assassinar os dirigentes cubanos, embargo econômico para asfixiar a vida na ilha e pressões de todo tipo para isolar o país. Como reconheceu Obama, esta estratégia fracassou. Cuba se manteve firme ante a maior potência imperialista do mundo. O que não ocorreu sem dificuldades e sofrimentos, mas Cuba se manteve firme, convertendo-se em uma referência antiimperialista para toda a esquerda latino-americana.
Quando nos anos 1990 o bloco soviético se afundava, por conta das pressões do imperialismo e de suas próprias contradições internas, com uma burocracia que optou naquele momento por desenvolver um papel ativo na restauração capitalista, muitos analistas previram a caída do regime cubano. É verdade que a ilha, que dependia em grande medida da ajuda soviética, passou por uma crise sem precedentes, com uma economia muito debilitada, em que os cubanos denominaram de "período especial". A economia cubana, dentro de certos limites, levou dez anos para se recuperar (através da associação do Estado com capitais europeus no setor turístico e, mais tarde, com a ajuda do petróleo venezuelano), mas não chegou a superar uma série de problemas estruturais agravados pelo embargo norte-americano, que se viu reforçado pela lei Helms-Burton. A burocratização do regime, a asfixia das liberdades democráticas, seus efeitos sobre a mobilização popular pesaram sobre a situação da ilha. Note-se também, além disso, as intervenções atuais de Mariela Castro – filha de Raúl –, sobre as restrições no que diz respeito à auto-organização das mulheres, o movimento LGBT e outros grupos oprimidos.
Agora, apesar de todos esses problemas, o imperialismo americano nunca chegou a quebrar a revolução: esta resistência não se pode compreender sem ter em conta a dinâmica antiimperialista e o caráter nacional, popular e socialista da revolução de 1959. Não podemos esquecer que a revolução cubana derrubou as classes dominantes da época. Se o regime tem conseguido se manter, é porque ele é a expressão dessa formidável dignidade cubana, da aspiração profunda à soberania nacional e popular desse povo, do profundo rechaço a não voltar à situação precedente da revolução que fez de Cuba um "prostíbulo" dos Estados Unidos da América. A resistência cubana não teria essa força sem as conquistas iniciais da revolução e uma série de ganhos sociais, sobretudo se comparamos aos outros países da América Latina, no que diz respeito à saúde e a educação. Esta dignidade se expressa também em um dos aspectos da política internacional da direção cubana: o apoio as iniciativas revolucionárias na América Latina nos anos 1960, o combate de Che Guevara e o apoio em Angola, que se opunha ao regime de apartheid sul-africano. Infelizmente, Cuba apoiou a intervenção soviética na Tchecoslováquia em agosto de 1968. Mas o internacionalismo sempre constituiu um valor fundamental na educação do país. Atualmente isto se traduz, uma vez mais, no envio de médicos pelo mundo: particularmente na Venezuela, mas também, como pode se constatar, na África, onde o trabalho humanitário das e dos médicos e voluntários cubanos é mundialmente reconhecido no combate contra o vírus do Ebola. Outrossim, segundo organizações ecologistas que relacionam o desenvolvimento humano e o cálculo no consumo de energia e recursos, Cuba constitui um exemplo no que se refere ao desenvolvimento sustentável.
Esta resistência tem sido forte o suficiente para resistir ao confronto político militar com o imperialismo norte-americano, mas não tem sido suficientemente forte para resistir as pressões do mercado mundial capitalista. Uma vez mais se confirma, de forma trágica, que não se pode "construir o socialismo em um só país". Esta pressão tem castigado e deformado uma economia muito pouco diversificada – turismo, monocultivo de açúcar, exploração de níquel – e muito dependente de importações, sobretudo no que se refere a produtos de primeira necessidade. Isto tem levado a introdução de mecanismos de mercado através da economia "cuentapropista"- o setor de autônomos – mas também a demissões de trabalhadores no setor público, sobretudo nas empresas açucareiras.  Tudo isto tem reforçado e cristalizado as desigualdades entre uma camada dominante do aparato de Estado, vinculada a hierarquia militar, que freqüentemente mantém relações comerciais com grandes empresas multinacionais capitalistas e, também, de quem tem acesso ao dólar (privilégio daqueles que vão ao estrangeiro ou trabalham na indústria turística ou biotecnológica) e a grande maioria do povo cubano. Esta desigualdade e o poder desta camada dominante podem constituir as bases de uma evolução de tipo vietnamita ou chinesa – um capitalismo de Estado combinado com um regime burocrático e autoritário do Partido Comunista – com características próprias.
Agora, Cuba não é o Vietnã e muito menos a China. É difícil ver como um sistema semelhante pode assegurar a independência nacional de Cuba. Situada a 150 km dos Estados Unidos e sobre a pressão do imperialismo norte-americano e da burguesia cubano-americana de Miami, Cuba só poderá resistir mediante a mobilização social e a recuperação do projeto revolucionário. Durante os últimos anos, frente a essas contradições, a direção cubana tem podido utilizar a ajuda da Venezuela, em particular o envio de petróleo a preços baixos, mas hoje em dia, as dificuldades de Maduro e do regime pós-Chávez não tem permitido continuar ajudando Cuba como fizeram durante a última década. Por isso, a situação econômica pode se agravar e a importância de afrouxar o controle do bloqueio norte-americano.
Mais uma vez, a recuperação das relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba constitui uma boa notícia para o povo cubano. Mas isto é só o começo. O embargo ainda continua e, por isso, é necessário seguir mobilizando-se e pressionando internacionalmente para que cesse.
Agora, mesmo se a estratégia de Obama seguir adiante, não podemos ser ingênuos. O imperialismo norte-americano não renunciou a seus objetivos. Já que a estratégia de confrontação político-militar fracassou, eles irão ensaiar outra estratégia para situar Cuba sobre a sua zona de influência: "bombardear"Cuba de mercadorias e capitais norte-americanos. Esta já é, além da política norte-americana, a opção de setores importantes do capitalismo americano, sobretudo o setor agroindustrial, o turismo, as telecomunicações, as novas tecnologias e as companhias aéreas. E a resistência ante esta nova estratégia pode ser mais difícil que a empregada nestes últimos anos.
Por isso o controle estatal das novas relações comerciais é indispensável para evitar os efeitos corrosivos dos fluxos econômicos e financeiros capitalistas. A situação já é inquietante com a instalação de uma Zona Franca na região do porto de Mariel e a nova lei de investimentos estrangeiros (que garante 8 anos de isenção fiscal com o objetivo de atrair novas empresas) na ilha. Este controle deve ser acompanhado de uma intervenção popular ativa, sobretudo nos setores em que a burocracia cubana pode se acomodar e beneficiar-se dessas mudanças econômicas. Esta é agora uma questão chave.
A extensão do mercado capitalista em Cuba é carregada de enormes perigos; entre outros, o avanço da precarização, a ampliação das desigualdades, o questionamento da soberania nacional e o fim do desenvolvimento sustentável. Ademais, como contrapartida, o imperialismo norte-americano tratará de obter concessões do regime cubano (como, por exemplo, a "liberdade" de comércio).
Para lutar contra estes riscos, não há outro caminho que a mobilização e o controle popular, o controle e a gestão das empresas por parte das e dos trabalhadores e seus representantes.
A tradição de lutas sociais e de libertação nacional, assim como a existência de partidários da autogestão social que buscam reiniciar a relação com essa história e com a fibra libertária da revolução cubana, mesmo sendo correntes minoritárias, podem constituir um ativo para o povo cubano. É preciso tornar conhecidas as posições e as experiências desta corrente, que tem algum vínculo no seio do Partido Comunista cubano. Mais uma vez: para beneficiar-se da vitória atual e, ao mesmo tempo, proteger o povo cubano dos efeitos sociais da pressão capitalista norte-americana, não há outra via que favorecer a mobilização popular e a constituição de uma autêntica democracia socialista. Para isto é necessário garantir a liberdade de expressão e criar as condições de um debate democrático em todas as organizações populares de Cuba. Isto passa pela organização do pluralismo no Partido Comunista cubano e nos movimentos populares.
É um desafio extraordinariamente difícil dada a relação de forças atuais entre capitalismo global e o movimento popular a nível mundial. Agora, a revolução cubana se manteve firme durante mais de cinqüenta anos contra o imperialismo norte-americano, não encontrará, uma vez mais, uma saída original a esta situação?

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

TÁ NA RUA TÁ NO ETÉREO

Em 1980 surgiu um grupo formado por atores e atrizes que se lançaram nos espaços abertos em busca de uma linguagem teatral popular e horizontal. Não estavam satisfeitos com os caminhos tomados pelo Teatro até ali convencional. Romperam com a caixa fechada e se lançaram nas ruas com sua trouxa, seu tambor e sua bandeira, cortejando pelas avenidas como uma nova proposta para a população ainda prisioneira da Ditadura. Assim nasceu o Tá Na Rua. Foram anos pesquisando para então poderem dizer que eram uma família, onde cada membro tinha sua identidade.

Uma dos membros da família era Lucy Mafra, a mulher que rodopia, grita e cai. Quando ela se apresentava o mestre de cerimônias perguntava: Porque ela grita? Porque ela rodopia? Porque ela cai? A sua forma explosiva, sua rodada violenta impressionava a platéia, que impactada, respondia e revelava as questões e dificuldades do povo naqueles anos de ferro. Ela grita e cai por causa do aumento do leite? Por causado desemprego? Ou porque ela está doente e não consegue ser atendida? O número apresentado por Lucy era um entre outros apresentados pela Família Tá Na Rua, que revelava toda uma situação vivenciada pela sociedade e uma atuação com a qual a platéia se identificava, pois tinha a ver com seus cotidianos.

O Tá Na Rua completou este ano 34 anos de existência e tudo teve seu inicio com estes atores que não tiveram medo de se despir das suas ideologias e vestir os trapos da fantasia. A linguagem que a atual geração do grupo herdou deve muito aos seus fundadores, entre eles, Lucy Mafra. Nós os chamamos de dinossauros, um apelido carinhoso e que de certo modo tem a haver com os primórdios do grupo, onde cada um, quando se manifestava, ficava do tamanho dos repteis colossais.

No dia 04 de Dezembro, a mulher não rodopiou, não gritou, mais caiu. Sua saia não mais vai girar...  Não nesta dimensão. Nesse momento imagino que seu espírito esteja dormindo e sendo cuidado pelos médicos do plano astral. Assim que acordar e estiver melhor, vai vestir a melhor saia e se encaminhar para o Circo Etéreo, onde, segundo se fala, os artistas que partiram desse mundo se encontram e se apresentam. Sua energia pura irradia esperança e paz para tranqüilizar as almas errantes e inquietas e amenizar as energias violentas da terra. Lá, será recebida por membros do grupo que também já partiram e então o Tá Na Rua, que leva esperança e alegria, também estará se manifestando no Circo Etéreo, pois conta com um time poderoso.

Mais uma vez Lucy poderá representar a mulher que rodopia, grita e cai, desta vez tendo a companhia de Serginho Luz, o rapaz que salta, salta alto, salta por cima da trouxa, solta entre as nuvens; de Marcele, que estará dançando como nunca – “Ana Maria Entrou na Roda” – e tendo como  parceiro Antônio Firmino, o negro de sorriso fácil e força nos pés. Todos embalados pelo som do DJ das Emoções Baratas, Roberto Black.

Tá Na Rua, Tá Na Praça, Tá No Etéreo.
Evoê, Atótó, Ogunhê, Namasté, Amén

Herculano Dias

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

A Tribo realiza o projeto: Mostra Conexões Para Uma Arte Pública em RJ, BH e SP



A Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, de Porto Alegre, dá início à mostra "Conexões para uma arte pública"

Outros três grupos de referência no Brasil recebem o Ói Nóis para atividades, apresentações, workshop e seminário no Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo

A mostra Conexões para uma arte pública promove o encontro entre grupos teatrais de Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo, grupos esses que mantém espaços artísticos que atuam como pontos de recepção e irradiação de cultura. O projeto, desenvolvido pela Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, de Porto Alegre, recebeu o Fundo de Apoio à Cultura (FAC RS) para a circulação nos espaços e pontos de cultura dos grupos Tá na Rua, do Rio de Janeiro; Pombas Urbanas, de São Paulo; e Casa do Beco, de Belo Horizonte. A ideia é levar ao centro do país uma significativa amostra do trabalho artístico e pedagógico que o grupo gaúcho vem desenvolvendo ao longo dos anos em Porto Alegre. O projeto se inicia dia 02 de dezembro, no Rio de janeiro, e se encerra dia 21 de dezembro em São Paulo (programação detalhada abaixo).  Os grupos residentes abrem caminho para o Ói Nóis apresentando também seus trabalhos dentro da mostra: o Tá na Rua, do Rio, apresenta seu "Auto de Natal"; o Grupo do Beco, de BH, apresenta "Quando eu vim para um Belo Horizonte" e o paulista Pombas Urbanas apresenta "Era uma vez um Rei".

Os grupos/espaços escolhidos para compor este projeto tem uma longa trajetória teatral. São exemplos de um trabalho em favor da construção da cidadania e identidade. Estão na contramão de uma visão que pode ser chamada de "cultura do efêmero". Os anfitriões, além de receber a Tribo, apresentam seus trabalhos. Desta forma, a mostra Conexões para uma arte pública transforma-se num verdadeiro laboratório cultural que amplia e promove a troca, a difusão e a fruição de bens e serviços culturais, estabelecendo um diálogo com a ideia de arte pública como cultivo de uma arte destinada ao aprimoramento e à melhoria das condições de vida da maior parte da população. A programação é composta por espetáculos de teatro, performances, ações formativas e o Seminário "Conexões para uma arte pública", com o objetivo de promover um diálogo e refletir sobre o conceito de arte pública.

Em cada cidade a Tribo realizará duas apresentações do espetáculo de teatro de rua "O amargo santo da purificação" (no centro e em um bairro popular), a performance "Onde? Ação nº 2", a demonstração técnica/desmontagem de Tânia Farias "Evocando os mortos – Poéticas da experiência", o workshop "Vivência com o Ói Nóis Aqui Traveiz", a exibição do filme "Viúvas – performance sobre a ausência" e uma mostra das oficinas do Ói Nóis Aqui Traveiz, com os exercícios cênicos "Minha cabeça era uma marreta" e "Yerma". Todas as atividades serão gratuitas e abertas ao público interessado.

O seminário "Conexões para uma arte pública" contará com a presença de Amir Haddad, um dos expoentes do teatro de rua no Brasil, Marcelo Palmares, do grupo Pombas Urbanas, Paulo Flores, um dos fundadores do Ói Nóis Aqui Traveiz e precursor do teatro de rua no Sul do Brasil e Nil César, do Grupo do Beco.

Conexões para uma arte pública ganhou o Edital Pró-Cultura RS /Fundo de Apoio à Cultura (FAC) Movida Cultural.
PROGRAMAÇÃO:

Rio de Janeiro/ Grupo anfitrião: Tá na Rua

02 de dezembro, terça-feira
17h: Abertura com o espetáculo "Auto de natal", do Tá na Rua, na Cinelândia

03 de dezembro, quarta-feira
12h: Performance de rua "Onde? Ação nº 2" com o grupo Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz no Largo da Carioca
20h: Desmontagem "Evocando os Mortos – Poéticas da Experiência" com a atriz Tânia Farias do grupo Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz na Casa do Tá na Rua

04 de dezembro, quinta-feira
17h: Espetáculo de teatro de rua "O Amargo Santo da Purificação" com o grupo Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz na Praça Tiradentes
20h: Mostra de Oficinas do Ói Nóis Aqui Traveiz – Exercício Cênico "Minha cabeça era uma Marreta" na Casa do Tá na Rua

05 de dezembro, sexta-feira
14h: Workshop "Vivência com o Ói Nóis Aqui Traveiz" na Casa do Tá na Rua

20h: Seminário "Conexões Para Uma Arte Pública" com Amir Haddad, Paulo Flores, Marcelo Palmares e Nil César com mediação de Rosyane Trota na Casa do Tá na Rua

06 de dezembro, sábado
17h: Filme "Viúvas – Performance Sobre a Ausência" e bate-papo sobre o trabalho do Ói Nóis Aqui Traveiz na Casa do Tá na Rua
20h: Mostra de Oficinas do Ói Nóis Aqui Traveiz – Exercício Cênico "Yerma" na Casa do Tá na Rua

07 de dezembro, domingo
17h: Espetáculo de teatro de rua "O Amargo Santo da Purificação" com o grupo Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz no Cais do Valongo (Av. Barão de Tefé, 99 – Gamboa)

Belo Horizonte/ Grupo anfitrião: Grupo do Beco

09 de dezembro, terça
15h: Abertura - Espetáculo de teatro de rua "O Amargo Santo da Purificação" com o grupo Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz no Parque Municipal - Praça do Sol - Av. Afonso Pena, Bairro Centro.
20h: "Quanto eu vim para um Belo Horizonte", trabalho desenvolvido com mulheres da comunidade na Casa do Beco

10 de dezembro, quarta
15h: Performance de rua "Onde? Ação nº 2" com o grupo Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz na Praça Rio Branco (Praça da Rodoviária) - Av. Afonso Pena, Bairro Centro
20h: Desmontagem "Evocando os Mortos – Poéticas da Experiência" com a atriz Tânia Farias do grupo Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz na Sede do Grupo Galpão Rua Pitangui, 3413, Bairro Horto

11 de dezembro, quinta
20h: Mostra de Oficinas do Ói Nóis Aqui Traveiz – Exercício Cênico "Minha cabeça era uma Marreta" na Casa do Beco

12 de dezembro, sexta
14h: Workshop "Vivência com o Ói Nóis Aqui Traveiz" na Casa do Beco
20h: Seminário "Conexões Para Uma Arte Pública" com Amir Haddad, Paulo Flores, Marcelo Palmares, Chico Pelúcio, Nil César e Marcelo Bones na Casa do Beco

13 de dezembro, sábado
17h: Filme "Viúvas – Performance Sobre a Ausência" e bate-papo sobre o trabalho do Ói Nóis Aqui Traveiz no Instituto Helena Greco - Rua Hermilo Alves, 290, Bairro Santa Tereza
20h: Mostra de Oficinas do Ói Nóis Aqui Traveiz – Exercício Cênico "Yerma" na Casa do Beco

14 de dezembro, domingo
15h: Espetáculo de teatro de rua "O Amargo Santo da Purificação" com o grupo Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz na Barragem Santa Lúcia - Praça dos Encontros - Av. Arthur Bernardes, 86, São Bento


São Paulo/ Grupo Anfitrião Pombas Urbanas

16 de dezembro, terça
17h: Abertura com espetáculo "Era uma vez um rei", do Pombas Urbanas, na Praça da República - Campos Elíseos

17 de dezembro, quarta
12h: Performance de rua "Onde? Ação nº 2" com o grupo Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz no Pátio do Colégio
20h: Desmontagem "Evocando os Mortos – Poéticas da Experiência" com a atriz Tânia Farias do grupo Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz no Teatro Contadores de Mentiras em Suzano SP

18 de dezembro, quinta
17h: Espetáculo de teatro de rua "O Amargo Santo da Purificação" com o grupo Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz na Praça da República - Campos Elíseos
20h: Mostra de Oficinas do Ói Nóis Aqui Traveiz – Exercício Cênico "Minha cabeça era uma Marreta" no Centro Cultural Arte em Construção na Cidade Tiradentes

19 de dezembro, sexta
14h: Workshop "Vivência com o Ói Nóis Aqui Traveiz" no Ponto de Cultura
20h: Seminário "Conexões Para Uma Arte Pública" com Amir Haddad, Paulo Flores, Marcelo Palmares, Luis Carlos Moreira, Nil César e Cleiton Pereira com Mediação de Valmir Santos no  Centro Cultural Arte em Construção na Cidade Tiradentes

20 de dezembro, sábado
15h: Filme "Viúvas – Performance Sobre a Ausência" e bate-papo sobre o trabalho do Ói Nóis Aqui Traveiz na Cia do Feijão - Centro
20h: Mostra de Oficinas do Ói Nóis Aqui Traveiz – Exercício Cênico "Yerma" no Centro Cultural Arte em Construção na Cidade Tiradentes

21 de dezembro, domingo
17h: Espetáculo de teatro de rua "O Amargo Santo da Purificação" com o grupo Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz no Parque do Rodeio

 Sobre os trabalhos escolhidos pelo Ói Nóis para esta circulação

Para o seu trabalho de pesquisa de Teatro de Rua "O amargo santo da purificação" a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz escolheu a história do revolucionário brasileiro Carlos Marighella, que viveu e morreu durante períodos críticos da história contemporânea do nosso país, sendo protagonista na luta contra as ditaduras do Estado Novo e do Regime Militar. Na sequência de cenas o público assiste momentos importantes desta trajetória: origens na Bahia, juventude, poesia, ditadura do Estado Novo, resistência, prisão, Democracia, Constituinte, clandestinidade, Ditadura Militar, luta armada, morte em emboscada e o resgate histórico, buscando um retrato humano do que foi o Brasil no século XX. É uma história de coragem e ousadia, perseverança e firmeza em todas as convicções. A coerência dos ideais socialistas atravessando uma vida generosa e combatente, de ponta a ponta. Marighella não abdicou ao direito de sonhar com um mundo livre de todas as opressões. Viveu, lutou e morreu por esse sonho.

A performance "Onde? Ação nº2" provoca de forma poética reflexões sobre o nosso passado recente e as feridas ainda abertas pela ditadura militar. A ação performática se soma ao movimento de milhares de brasileiros que exigem que o Governo Federal proceda a investigação sobre o paradeiro das vítimas desaparecidas durante o regime militar, identifique e entregue os restos mortais aos seus familiares e aplique efetivamente as punições aos responsáveis.

Na demonstração técnica/desmontagem "Evocando os mortos - Poéticas da experiência", Tânia Farias desvela os processos de criação de algumas personagens de sua trajetória, que se mescla ao caminho da própria Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz.

O filme "Viúvas, performance sobre a ausência" mostra a encenação homônima realizada na Ilha do Presídio - situada entre as cidades de Porto Alegre e Guaíba - nas ruínas do presídio onde foram encarcerados presos políticos no período da ditadura civil militar no Brasil. O espetáculo faz parte da pesquisa teatral que o grupo vem realizando sobre o imaginário latino-americano e sua história recente. Partindo do texto Viúvas de Ariel Dorfman e Tony Kushner, a Tribo dá continuidade à sua investigação da cena ritual, dentro da vertente do Teatro de Vivência. "Viúvas" mostra mulheres que lutam pelo direito de saber onde estão os homens que desapareceram ou foram mortos pela ditadura civil militar que se instalou em seu país. É uma alegoria sobre o que aconteceu nas últimas décadas na América Latina, e a necessidade de manter viva a memória deste tempo de horror, para que não volte mais a acontecer.

O Workshop "Vivência com a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz" (25 vagas, 4 horas/aula) consiste em um encontro coordenado pelos profissionais do grupo, que investigará o movimento e a voz para a ampliação do corpo do ator e a ocupação do espaço teatral e urbano.

A mostra das oficinas do Ói Nóis Aqui Traveiz compartilha o processo pedagógico utilizado pela Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz através dos exercícios cênicos criados em suas oficinas. O exercício cênico "Minha cabeça era uma marreta" fez parte da Oficina para formação de atores com coordenação dos atuadores Tânia Farias, Paulo Flores e Clélio Cardoso. Trata-se de uma das mais polêmicas e enigmáticas peças de Richard Foreman, um dos dramaturgos mais controvertidos e badalados dos Estados Unidos. Já o exercício cênico "Yerma" foi elaborado na Oficina Popular de Teatro do Bairro Bom Jesus (situado numa das regiões mais violentas de Porto Alegre) com coordenação de Tânia Farias. "Yerma" foi escrita por Federico García Lorca (1898-1936) em 1934. É uma obra popular de caráter trágico, ambientada em Andaluzia, no início do século XX. Conta a história de um casal que segue, segundo as tradições de sua comunidade, as prescrições cotidianas do casamento. É uma tragédia sobre todos os que não conseguem realizar a sua plenitude vital ou que vêm definhar o seu potencial criativo em razão da ignorância, do preconceito, da repressão ou das forças desencontradas do destino.


Sobre a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz (Porto Alegre)

Criada em 1978 com uma proposta radical de inovação da linguagem cênica, a Tribo desenvolve trabalhos nas áreas de criação, com teatro de rua e o "teatro de vivência"; na área da formação, com a Escola de Teatro Popular e o projeto "Teatro como instrumento de discussão social", e também na área do compartilhamento, com a realização da Mostra e Festival Jogos de Aprendizagem. As publicações acerca de seu trabalho, o registro audiovisual dos espetáculos em DVD e a publicação semestral da Cavalo Louco – Revista de Teatro da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, contribuem para a memória, uma vez que o grupo desenvolve importante trabalho há mais de 35 anos.

Para a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz o teatro é um lugar de invenção e experimentação, um meio de transformação, de mudança de mentalidades, em nível social e também individual. Seu trabalho de investigação sobre a linguagem procura uma lógica diversa da cultura dominante, que provoque um estranhamento em relação à percepção usual de mundo e que seja expressão das contradições da sociedade na qual está inserido. Todo o projeto desenvolvido pelo grupo está diretamente relacionado com o seu centro de criação, a Terreira da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, que ocupa lugar de destaque entre os espaços culturais do Estado, sendo igualmente apontada como uma referência de âmbito nacional. Na Terreira da Tribo funciona a Escola de Teatro Popular que além das oficinas, oferece para a cidade inúmeros seminários e ciclos de discussão sobre as artes cênicas, consolidando a ideia de uma aprendizagem solidária. A Terreira da Tribo, criada em 1984, sob o signo do teatro revolucionário de Antonin Artaud, abrigou desde a sua criação diversas manifestações culturais, além de oportunizar às pessoas em geral  o contato com o fazer teatral.


Grupo Tá na Rua (Rio de Janeiro)
Espetáculo "Auto de Natal" – apresentação dia 02 de dezembro, 17h, na Cinelândia
Desde 1980 sob a direção de Amir Haddad, o grupo Tá na Rua se apresenta em praças do centro e da periferia das cidades brasileiras. Sem tablado, sem cenário ou quaisquer recursos técnicos de espetacularidade, o grupo se baseia no contato direto entre a cena e o público, realizando a utopia de unir público e atores na comunhão de uma festa popular. "Venho trabalhando a ideia de que a cidade é por si teatral e dramática e que o teatro está impregnado dessas possibilidades de expressão. Ideia que me leva a procurar eliminar o máximo possível a diferença entre cidadão e artista, e a criar um espaço onde é possível a cidadania se manifestar artisticamente; a buscar não separar uma parte da cidade e colocar dentro de um edifício para que ela esteja ali simbolizada. Mas sim, a pensar toda a cidade como uma possibilidade teatral - ela é o espaço de representação, suas ruas e edifícios são a cenografia e os atores são os cidadãos", afirma Haddad. "Cremos assim estar juntando o sagrado ao profano e procurando desta maneira tocar o coração do cidadão e despertar nele o sentido de religação das festas e celebrações, devolvendo ao teatro sua função pública social original quente e garantindo para ele um lugar num futuro imprevisível de realidades virtuais frias. Dessa maneira enxergamos o teatro como a possível arte do futuro, a única talvez que estará se mantendo dentro do propósito de fornecer ao ser humano espaço para o seu sentimento gregário e comunitário, contribuindo assim para a construção de uma nova cidade e uma nova sociedade onde as diferenças sociais e culturais poderão ser administradas e o sonho utópico da construção da "Cidade Feliz" possa ser retomado", complementa.

A Casa do Tá na Rua é uma manifestação teatral abrigada em um casarão histórico da Avenida Mem de Sá em frente à Lapa. Este espaço de lazer cultural é um ponto de encontro de diversas tribos. O Instituto Tá na Rua para as Artes, Educação e Cidadania tornou-se Ponto de Cultura em 2004 e dedica-se à criação artística, à pesquisa de linguagem e ao desenvolvimento de atividades de caráter pedagógico e de promoção da cidadania por meio da cultura.
  

Grupo do Beco (Belo Horizonte)
Espetáculo "Quando eu vim para um Belo Horizonte" – dia 09 de dezembro, 20h, na Casa do Beco

O Grupo do Beco, criado em 1995, trabalha com foco na pesquisa do cotidiano do morador da favela. Seus espetáculos teatrais buscam representar a vida no morro a partir das perspectivas de quem nele vive. Procuram também dialogar com outras referências que não os estigmas de violência e miséria. No ano de 2003 adquiriu sua sede própria, a Casa do Beco, com recursos obtidos por meio da Lei Estadual de Incentivo. Em 2010 o espaço passa a ser gerido por uma nova equipe,  que foca seus esforços na formação de novos cidadãos com olhares sensibilizados pelo poder da arte, reforçando a ideia de que o teatro, atividade popular em sua origem mas elitizada em nossos tempos, seja acessível a todos os cidadãos.


Grupo Pombas Urbanas (São Paulo)
Espetáculo "Era uma vez um rei" – dia 16 de dezembro, 17h, na Praça da Sé

O grupo Pombas Urbanas nasceu em 1989 a partir do projeto "Semear Asas", concebido pelo diretor Lino Rojas com objetivo de formar atores e técnicos para o teatro com jovens de São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo. Com seu fazer teatral, o grupo busca reconhecer e expressar sua cidade e seu tempo. O processo de formação de atores parte do reconhecimento do ator sobre seu corpo e seus movimentos, da compreensão de suas histórias, suas raízes étnicas e culturais e do meio em que vive para desenvolver sua expressividade cênica. Com este processo, o grupo pesquisou de distintas maneiras a cidade de São Paulo, criou e montou seu repertório de 12 espetáculos de diferentes linguagens: de teatro de rua, para palco, público infantil, jovem e adulto.

Além da pesquisa e produção de espetáculos, o grupo sempre desenvolveu ações que aproximassem o Teatro de populações mais marginalizadas da cidade - dedicação coerente com a própria origem do grupo. Durante anos, esteve à procura de um espaço na zona leste de São Paulo, onde pudesse pesquisar, ensaiar e desenvolver um projeto teatral com jovens da região. Em janeiro de 2004, conseguiu a cessão de um galpão no bairro Cidade Tiradentes em regime de comodato por 20 anos. Desde então, o grupo promove no local um intenso processo teatral comunitário caracterizado pelo profundo vínculo entre artistas e comunidade.

O Centro Cultural Arte em Construção foi reconhecido como um Ponto de Cultura em 2005. A participação no Programa Cultura Viva possibilitou a estruturação física do galpão e contribuiu para o fortalecimento da formação artística que o Pombas Urbanas desenvolve junto à comunidade de Cidade Tiradentes. Mais que isso: integrou este espaço cultural comunitário às centenas de outros projetos culturais transformadores que são realizados em todo país. 


SERVIÇO

Mostra Conexões para uma arte pública
Um projeto da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz
De 02 a 21 de dezembro, no Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo
Todas as atividades tem entrada franca


Endereços dos Pontos de Cultura:

Casa do Tá na Rua: Mem de Sá 35, Lapa, Rio de Janeiro / RJ. Telefone: (021) 2220-0678  E-mail: tanarua@tanarua.com.br e producao@tanarua.com.br
Atenção: Inscrições para o workshop pelo fone 21 22 20 0678 com Sarah ou Maria Helena

Casa do Beco: Av. Arthur Bernardes, 3876 – Barragem Santa Lúcia – grupodobeco@yahoo.com.br
Belo Horizonte / MG. Telefone: 31 – 3297 1455
Atenção: Inscrições para o workshop pelo fone 31 32 97 1455 das 14h às 18h

Pombas Urbanas: Av. dos Metalúrgicos, 2.100. Cidade Tiradentes - São Paulo / SP.
Telefones: (11) 2285-5699 / 2285-7758 (11) 99631-2182 / 99631-1953


Financiamento: Edital Pró-Cultura RS /Fundo de Apoio à Cultura (FAC) Movida Cultural
Realização: Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz

Mais informações: www.oinoisaquitraveiz.com.br



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