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domingo, 24 de abril de 2016

TOMAR O BRASIL! TOMAR AS RUAS!



A violência institucionalizada pelo Estado fez mais uma vítima: a atriz, palhaça e produtora cultural Luana Barbosa. No dia 27 de junho de 2014, a jovem Lua preparava-se para comemorar seus 25 anos de idade, recém completados, quando ela e seu namorado foram abordados de forma tão equivocada quanto truculenta por uma blitz policial, na cidade de Presidente Prudente. Um disparo desnecessário, estúpido, gratuito, saiu da arma de um policial, como tantos outros, treinado para desconfiar das pessoas, para percebê-las como inimigos da lei e da ordem. Esse único disparo silenciou a voz e o sorriso de Luana.

Lua Barbosa não é um caso isolado, nem uma exceção: a arbitrariedade, o total desrespeito aos direitos humanos e a violência desmedida constituem hoje o cotidiano do trato do Estado com a população. A sua corporação policial militar, desde sua formação, ainda em tempos de ditadura civil militar, mantem-se em permanente estado de guerra contra trabalhadores e trabalhadoras, contra a juventude negra, as denominada minorias e contra as camadas mais baixas da população. A polícia militar tem atendido aos valores excludentes e preconceituosos do Estado, não poupando gastos imensos em equipamentos, armamentos e treinamentos de combate. E pelo caminho desse Estado e de sua polícia, as vítimas multiplicam-se em números de guerra, são Amarildos, Claúdias, Luanas e tantos mais que perdem suas vidas, vítimas da guerra da elite brasileira contra o povo brasileiro.

Nós, da REDE BRASILEIRA DE TEATRO DE RUA, não entraremos nessa guerra. Mas nos manifestaremos! Declaramos o dia 27 de junho como DIA NACIONAL DA TOMADA DO BRASIL! ocuparemos ruas, praças, vielas com nossa arte, com nossas vozes, com nossas músicas. Tomaremos as cidades, invadiremos seus espaços públicos, e cantaremos pela Arte Pública, pela Saúde Pública, pela Educação Pública, pelo direito a Moradia, cantaremos por um país que respeite a dimensão da convivência pública e pacífica, pelo direito a diversidade e pela justiça social, política e econômica. Tomaremos nossas cidades, com arte, com música, com dança, com loucura, com afeto, com tambores, com liberdade, com bandeiras, com gritos, com festa, com troca e teatro.

Pelos espaços públicos!

Pelas artes públicas!

Por cidades mais públicas!

sábado, 2 de abril de 2016

Eu preciso de novos sapatos

Amanda Bueno[1]

Na noite de 23 de março de 2016 houve a estreia de uma montagem do clássico de Plínio Marcos, Dois Perdidos Numa Noite Suja, com a direção de Cico Caseira e uma produção do Quebra Perna. O espetáculo aconteceu no Teatro Universitário de Curitiba (TUC) durante a Mostra Fringe no 25º Festival de Teatro.
Com a disposição de dois atores em cena que exploraram as relações de espaço com uma fita adesiva, o drama aconteceu. Paco e Tonho dividem um quarto numa pensão e mostram uma realidade de pobreza que lidam e discutem todas as noites antes de dormir. O desenrolar acontece quando Tonho precisa de um sapato para que sua aparência melhore e ele consiga mais facilmente um emprego, para melhorar seu padrão de vida, já que os dois são carregadores em um mercado. Ao pedir o sapato ao companheiro, sofre abusos morais. A relação de opressor e oprimido vem à tona; além disso, ambos tramam um assalto para conseguirem os sapatos e uma flauta. Já que Paco sentia falta dos tempos em que podia tocar e ganhar a vida dessa maneira. O assalto acontece e explicita os traumas dos comparsas levando o espetáculo de uma linearidade ao clímax em que as posições se invertem. Tendo, ao final, o assassinato de Paco pelas mãos do próprio parceiro.
  A dupla de universitários do Rio de Janeiro, Erick Tuller e Jeff Fagundes, contou, infelizmente, com problemas técnicos, no que dizem a respeito à iluminação, volume de voz, disposição do posicionamento do público no local que tornou inevitável o desprendimento da atenção de alguns.




[1] Estudante na Universidade Federal do Paraná.