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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Carta Aberta Sobre os Editais de Ocupação da Funarte

Encaminhando...

Adailton Alves 


Companheiros, segue carta elaborada pela Recusa a respeito dos editais de Ocupação da Funarte. Ajudem a divulgar.

abraços. 


CARTA ABERTA SOBRE OS EDITAIS DE OCUPAÇÃO DA FUNARTE

O descaso do Governo Federal com a Cultura não é novidade e vem de longe. Prova disso são os orçamentos irrisórios do Minc, a falta de planejamento e capacitação, a definição de prioridades equivocadas e, sobretudo, uma visão de cultura que desconhece ou minimiza a dimensão potencialmente emancipadora da arte e da cultura.
Neste momento, cabe denunciar a política desastrosa de ocupação dos espaços públicos geridos pelo Minc. Este Ministério, sem qualquer interlocução consequente com a sociedade, com os artistas e suas organizações de representação, nos impõe de cima para baixo editais de ocupações de espaços cênicos em diversas cidades brasileiras. Em poucas palavras: modelo de ocupação, critérios de seleção, formas de gestão e avaliação, dotação orçamentária, nada é debatido com o conjunto dos interessados.  Não bastasse isso, exigências burocráticas bizantinas, como a imensa quantidade de cartas de anuência, atestam o desconhecimento da dinâmica cultural.
Qual a razão da introdução dessas normas que não constavam de outros editais da Funarte?
No edital de ocupação lançado no final de 2013, TODOS os projetos inscritos para a sala Carlos Miranda e para o Teatro de Arena Eugênio Kusnet foram inabilitados. A argumentação técnica, para a quase totalidade desses projetos, menciona a ausência de cartas de anuência de envolvidos nas atividades. Com a desqualificação de TODOS os projetos, e por conseguinte dos coletivos envolvidos, sem justificativa plausível, a Funarte expõe em público o seu descompromisso com um movimento artístico e cultural que atravessa décadas de formação, história e luta social. Mas como o que é ruim sempre pode piorar, as coisas não param aí. Ao invés de reconhecer questionamentos legítimos das categorias teatral e de dança, a Funarte relançou o edital mantendo as mesmas exigências e, num lance autoritário, sugeriu aos novos proponentes "a leitura atenta do edital", entre outras recomendações que, na hipótese remota de terem alguma utilidade, fariam mais sentido para os burocratas da Funarte.
Duas grandes e importantes ocupações da sede da Funarte em São Paulo, em 2009 e 2011, mostraram que artistas e ativistas culturais, de horizontes e preocupações diversas, estavam fartos das arbitrariedades do governo em relação à gestão pública da cultura no Brasil. Hoje, a indignação aumenta com as constantes investidas do governo em prol da burocratização e da privatização e sucateamento da cultura e de seus espaços. 
Ou a Funarte se emenda, reconhecendo e corrigindo seus equívocos ou vai ser lembrada de que a crítica é um dos motores da arte e da cultura, e que estas saberão defender-se contra a burocracia esterilizante e a política neoliberal. Iremos nos mobilizar sem trégua  contra o autoritarismo e a burocratização que esvaziam a entidade e atentam contra a cultura e a arte, desvinculando-as de sua construção histórica e social.

RECUSA
Rede Cultural de Solidariedade Autônoma

São Paulo, fevereiro de 2014 



quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

A Praça Tiradentes e a Arte Pública

Dentre as atividades do projeto "Arte Pública, uma Política em Construção" realiza-se desde o dia 15 de Janeiro de 2014, o I Festival Carioca de Artes Públicas. Para este evento, os quatro grupos responsáveis pela sua programação, Cia Brasileira de Mystérios e Novidades, Grupo Off-Sina, Boa Praça, e Tá Na Rua, elegeram as praças em que já trabalham regularmente para armar os picadeiros onde se apresentarão ao longo de três meses os artistas e grupos cadastrados pelo Fórum de Artes Públicas.
O Grupo Tá Na Rua, sediado no bairro da Lapa há mais de vinte anos, tem ali na Praça dos Arcos sua "sede pública". E assim a chama, pela continuidade do trabalho realizado na área e pela profunda relação desenvolvida entre esse trabalho e a comunidade local. No entanto, quando para a realização do presente Festival pensou-se na ocupação de praças estratégicas para a divulgação das idéias e propostas do Fórum de Artes Públicas, o Tá Na Rua decidiu estender suas atividades até a Praça Tiradentes.
Antigo Largo do Rocio, a Praça Tiradentes concentra uma série de aspectos que fazem de sua inclusão no mapa das Artes Públicas necessária e historicamente justificada.

Por ali se formou boa parte da produção artística popular do Rio de Janeiro a partir da virada entre os séculos XIX e XX. Não só em seus teatros e cafés, onde atores, dramaturgos e músicos desenvolveram os gêneros artísticos cujos ecos nos chegam até hoje, como na própria praça produziu-se expressiva cultura popular. Músicos e atores de rua, rodas de capoeira e jongo, e mesmo os corsos carnavalescos, legaram para a história heranças culturais que nós, artistas públicos desta cidade, cultivamos hoje.
Após ter sido vitimada por administrações públicas catastróficas, a praça começou a respirar novamente quando livrou-se de suas grades. O mesmo Grupo Tá Na Rua, a convite da Prefeitura Municipal, incumbiu-se de sua reinauguração. Em grande festa uma infinidade de artistas reviveu seus áureos tempos. E as imagens daquele dia não serão esquecidas.
No projeto de recuperação física da praça, além do belíssimo estatuário e os desenhos em pedra portuguesa, mantiveram-se as árvores e os bancos, que permitem o usufruto deste espaço. Mas ela ainda é, por força do hábito, atravessada por pedestres apressados. Para uma verdadeira revitalização, há que se considerar o potencial encontro dos cidadãos com o espaço.
É, portanto, simultâneo (embora paralelamente) aos processos de revitalização da praça empregados pelo poder público, centros culturais e comércio, que consideramos indispensável sua ocupação pelos artistas públicos para a evocação das almas encantadoras da Tiradentes.

Miguel Campelo

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Ocupando espaços públicos, discutindo a cidade


Adailtom Alves Teixeira[1]

Em Campo Grande-MS existe um coletivo teatral bastante jovem, mas muito inventivo e produtivo no seu modo de disputar o fazer artístico e o viver na cidade, chama-se Teatro Imaginário Maracangalha. O grupo surgiu em 2006, mas seu fundador, Fernando Cruz, faz teatro desde o final da década de 1970, anos de chumbo, não apenas para a arte teatral. Dentre os espetáculos criados pelo grupo cabe destacar Tekoha – ritual de vida e morte do deus pequeno, que narra a trajetória do líder indígena Marçal de Souza, que foi brutalmente assassina em 1983. Seus assassinos continuam impunes até hoje. Tekoha é uma palavra que significa o espaço de pertencimento para o povo Guarani. O coletivo tem viajado por diversos lugares apresentando esse importante espetáculo, que desvela a luta indígena em uma dos estados brasileiros que mais matam índios.
Tekoha - 8ª Mostra de Teatro de Rua Lino Rojas

Além de espetáculos o Maracangalha realiza diversas ações no intuito de disputar e entender o viver na cidade. Ainda no campo do teatro, realizam a Temporada do Chapéu, que ocorre no mês de outubro e já teve quatro edições, sendo que três delas sem nenhum apoio público. A programação é sempre diversificada e são os próprios coletivos e/ou artistas que se oferecem para levarem seus trabalhos, sejam espetáculos, intervenções ou performances. Junto com as apresentações tem sido realizados também debates e seminários, no intuito de discutir a arte pública e sua inserção na cidade. Para Fernando Cruz “a Temporada do Chapéu é um acontecimento relevante para levar o teatro de rua à sociedade e fortalecê-lo, porque a arte tem que ser pública, acessível a todos independentemente de condição social”. Esse nos parece ser o norte de todas as ações do coletivo.

A produção de conhecimento por meio de debates, seminários e outras formas de discussões são constantes em todas as atividades do Imaginário Maracangalha. Uma das ações que extrapolou o campo do teatro e que vem sempre acompanhada de debates públicos chama-se Sarobá, uma espécie de festa-sarau que reúne diversas linguagens artísticas, como teatro, poesia, música, artes plásticas, cinema, artesanato, entre outras. O nome foi tirado de uma obra do poeta Lobivar Matos, poeta que só recentemente vem sendo valorizado como modernista e será tema do próximo trabalho teatral do grupo.

Fernando Cruz não sabe ao certo a origem do termo Sarobá, mas explica: “após as cheias do Pantanal, ficam as diversas galhadas, árvores, raízes, lama, bichos, a isso se chama sarobá”. Brinca o artista: “é um lugar perigoso de se colocar a mão.” Cruz explica ainda que é também o nome da obra do poeta supracitado, sendo que a temática de sua poesia são todos aqueles que estão à margem da sociedade.

O objetivo do Sarobá, que ocorre de forma itinerante, é recuperar a história dos bairros, revelar e valorizar partes da cidade que passa por novo momento de resistência frente a especulação imobiliária. O próximo Sarobá ocorrerá nos dias 26 e 27 de fevereiro, sendo que o primeiro dia haverá o seminário Arena Aberta e o segundo dia a Festa Sarau.

Apesar da predominância da produção teatral em grupo em todo o Brasil, estes têm vivido quase que na total indigência por causa da ausência de políticas públicas específicas para o setor; estas são fundamentais, na medida em que a maioria dos coletivos teatrais não veem suas criações como meras mercadorias. Ainda assim, mesmo com imensas dificuldades, tem havido, principalmente no teatro de rua, uma significativa produção, como demonstra a história do Teatro Imaginário Maracangalha; produção que tem se colocado de maneira contra-hegemônica, em disputa pelo imaginário dos trabalhadores, que fazem as cidades, mas sem direitos sobre as mesmas.

Texto escrito para o jornal Brasil de Fato.




[1] Graduado em História, Mestre em Artes; ator e diretor teatral.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

CURIOSIDADES DO EVENTO ARTE PÚBLICA UMA POLÍTICA EM CONSTRUÇÃO

A Mala do Palhaço

Quem me narrou este fato foi o palhaço Café da Silva Pequeno, que neste dia estava usando sua identidade secreta de Richard Riguetti e que aconteceu no Largo do Machado, onde a curadoria está sendo exercida pelo Grupo Off-Sina.
É bom sempre esclarecer que o palhaço não é um personagem, mas sim uma entidade que quando se manifesta revela as contradições da vida humana e urbana de onde convive, com humor, amor e poesia.
Um bom palhaço que se preze não dispensa sua caixa de ferramentas preferidas: a sua mala. A mala de um palhaço é sagrada, um relicário, o seu baú do tesouro onde se encontram seus truques não escondidos.
A mala do palhaço traz toda sua bagagem de vida, histórias e pesquisas. Pesquisa sim, pois ao contrário do que se pensa, para ganhar o seu nariz e se tornar um palhaço, tem que estudar e se dedicar muito.
Por isso a importância da mala do palhaço na sua vida. Pois bem: o café pequeno contou que o Palhaço Tok Tok, que está de passagem pelo Rio, se encantou com a riqueza poética de uma Boneca nossa muito conhecida. A nossa querida Boneca de Piche Lilica. Assistir a apresentação da Boneca e da sua inseparável parceira Fernanda (uma não se apresenta sem a outra, nessa hora não se desgrudam), mexeu com o lado mais humano do palhaço... sua criança, seu erê. Sabendo que no dia 29 de Janeiro, a Boneca Lilica, que já é uma verdadeira estrela pública dos espaços abertos, iria aniversariar dez anos de vida, não titubeou: queria dar um presente para a Lilica.
Tinha mais: não poderia ser um presente qualquer, não! Tinha que ser especial! Mas qual? Qual seria o presente ideal para uma artista pública e de rua como a Lilica.
Tok Tok pensou, pensou... Torrava sua cabeça: Perfume? Não! Chaveiro? Não! Flores? Não, todo mundo dá flores em aniversário. Um retrato seu autografado e moldurado? Também não. Foi ai que uma lâmpada acendeu sobre sua cabeça: a sua mala, a mala do palhaço.
Mas... A mala do palhaço é seu instrumento de trabalho, seu ganha pão. Será? Será que ele conseguiria se desfazer do seu bem mais precioso, seu companheiro de histórias e estradas?
Angustiado, sem dormir, o palhaço Tok Tok ligou para sua esposa. Peço permissão para poetizar esse momento, dando uma certa dramaticidade no texto.
Tok Tok, sem dormir, liga para sua esposa, que se encontrava dormindo. Sonolenta, a paciente mulher escutou toda a narrativa do seu inquieto marido. A mulher de um palhaço é uma santa, pois conhece cada sentimento do seu marido e sabe como ninguém como falar com ele.
Disse ela: "Meu filho, acompanhe o seu coração, peça conselhos a ele. Com certeza ele saberá responder suas angustias. E dá próxima vez, dá para esperar amanhecer?" E desligou!
Tok Tok ficou com o fone na mão, pensativo.
Largo do machado, dia 29, Lilica comemora seus 10 anos de rua, com bolo, velinhas e parabéns. Tok Tok estava elegantemente vestido como Tok Tok e foi cumprimentar a aniversariante:
- Lilica, tenho um presente para você!
- É? E o que é?
- Aqui... – e Lilica recebeu das mãos do palhaço sua mala.
Lilica não se conteve de tão contente. Uma mala, uma mala de palhaço. Ela agora podia criar mais coisas para enriquecer o seu trabalho.
Tok Tok podia até achar que ficaria triste, mas não, o seu peito se encheu de alegria, pois sua mala agora iria compartilhar novos sentimentos, se encher de novas memórias e gastar sola de sapato por outras estradas, acompanhando uma companheira andarilha das ruas.

Herculano Dias

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Encontros Arte, cultura e ditadura - 1964/2014 e samba do Cordão da Mentira na Kiwi Companhia de Teatro





E MAIS:

RODA DE SAMBA / ENSAIO DO CORDÃO DA MENTIRA


Domingo 23/02 às 18:30. Segunda Roda do Cordão de 2014 
SEDE DA KIWI - Rua Frederico Abranches, 189. Ao lado do metrô Santa Cecília.

Preparação para o Grande Desfile / Escracho do 1 de abril de 2014. 


TEMA: 64+50: QUANDO VAI ACABAR A DITADURA CIVIL-MILITAR?
Cinquenta anos se passaram após o golpe civil-militar de 1964.
Apesar de alguns esforços valiosos, nenhum responsável foi julgado pelos crimes cometidos. E foram muitos: torturas, extorsões, sequestros, assassinatos em massa de indígenas e camponeses, desaparecimentos perpetrados pelo Estado e pelos tentáculos econômicos do capitalismo. 
Brasil maravilha, dos "90 milhões em ação" na grande festa popular que é o futebol. Cinquenta anos se passaram, e pouco deste cenário antigo mudou. 2014: Ano de Copa e violência repressiva. Eis o que nos aguarda nas ruas, violadas pelas novas leis de exceção padrão FIFA.
Se for para comemorar, que seja pelos que combateram e combatem contra um passado que não cansa de se repetir.
E carnavalizemos... festa que inverte os sinais.
Por isso, neste 01 de abril, o Cordão da Mentira cantará o passado e o presente que vale a pena: da teimosia dos guerreiros, dos indignados, dos irreconciliáveis. Levaremos para as ruas os sambas-luta, as alegorias da história, os estandartes dos que dizem "Não!".
Convidamos todos a participar deste rolezinho sambístico, para ocupar as ruas com a batucada da nossa 2a abolição. Neste dia primeiro de abril, façamos um encontro de nossas revoltas contra uma ditadura que permanece. Tragam para as ruas os símbolos de sua contestação. Anistia aos torturadores? Homenagem aos carrascos? Militarização das instituições democráticas? Mídia carniceira e golpista? Educação pra ler e calcular sem contestar a realidade? Saúde para mortos-vivos? Desenvolvimento consumista sem vida? Extermínio dos povos indígenas? Assassínio racista e encarceramento em massa da juventude periférica? NUNCA MAIS! Mostremos que quem resiste, vive!
É por essas razões que teimaremos em levar para todos os espaços as canções de nosso Cordão e com o nosso canto ocupar as ruas. 
As ruas são pra lutar e quem não luta dança!

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Eco Feira

Mercado Sul realiza a II Eco Feira
Artistas e artesãos solidários ocuparão Taguatinga com produtos ecológicos, rodas de prosa, oficinas e manifestações culturais

A Tempo Eco Arte e a comunidade artística do Mercado Sul de Taguatinga realizam em fevereiro a II Eco Feira do Mercado Sul. O evento acontece nos dias 15 e 16 (sábado e domingo) e reúne artesãos e artistas que trabalham com o princípio da economia solidária, da sustentabilidade e da reutilização de resíduos sólidos. Além de um local para exposição e venda de produtos ecológicos, a Eco Feira é um espaço de convívio, diálogo, oficinas, comunicação livre e manifestações culturais.

No sábado (15), a Eco Feira começa às 14h e segue até às 22h, com exposição e venda de móveis, utilitários, instrumentos musicais e decorativos produzidos a partir da reutilização de papelão e saco de cimento. Haverá também troca de roupas, brechó, macramê, mosaicos, banca de poetas (troca de poesia e livros), instrumentos de capoeira, móveis em pallets e perfumes artesanais. À tarde, das 17h às 18h, será realizada uma roda de prosa com histórias sobre a resistência cultural Mercado Sul.

As apresentações culturais começam às 18h, com palco aberto para interveções artísticas puxado pela contadora de histórias Sabrina Falcão. A partir das 20h, se apresentam os Brincadeira Boa (chorinho) e Som de Papel (música regional), grupos que utilizam instrumentos feitos com materiais reutilizados. A programação cultural se estende até domingo, a partir das 10h, com o mímico Abder Paz, oficina de jardinagem para crianças e almoço colaborativo. Para fechar, haverá roda de capoeira e samba de roda com o Grupo de Capoeira Semente do Jogo de Angola.


Programação

Sábado (15/02)
  • 14h às 22h: Eco Feira (móveis, utilitários, instrumentos musicais, decoração, troca de roupas, macramê, mosaicos, banca dos poetas)
  • 17h às 18h: Roda de Prosa – Histórias sobre a resistência cultural Mercado Sul
  • 18h às 19h30: Palco aberto e intervenções artísticas de Sabrina Falcão
  • 20h: Brincadeira Boa (Chorinho) e Som de Papel (Música Regional)

Domingo (16/02)
  • 10h: Apresentação de Mímica com Abder Paz
  • 10h30: Oficina de jardinagem com as crianças
  • 13h: Almoço colaborativo
  • 15h: Roda de Capoeira e Samba de Roda (Grupo de Capoeira do Semente do Jogo de Angola)

Sobre Mercado Sul
Caminhando historicamente com a cidade, o Mercado Sul de Taguatinga foi construído na década de 50, antes mesmo da inauguração de Brasília, sendo um dos primeiros centros comerciais do DF. Abandonado, foi aos poucos sendo ocupado e revitalizado pelos moradores, pelos trabalhadores e pelo movimento cultural. Como forte exemplo de resistência cultural, o Mercado é conhecido por muitos como Beco da Cultura. Atualmente, o legado se renova com o Espaço Cultural Mercado Sul e outros grupos autônomos que compartilham ideiais fincados na economida solidária, na sustentabilidade, na educação e cultura popular, na comunicação livre e na arte como instrumento de transformação.

SERVIÇO
II Eco Feira do Mercado Sul de TaguatingaDias: 15 e 16 de fevereiro de 2014
Local: Beco do Mercado Sul
Endereço: QSB 12/13, Bloco B – Mercado Sul, Avenida Samdu, Taguatinga Sul
Informações: 61 9998.7271tempoecoarte@gmail.comwww.tempoecoarte.com.br
Entrada: Franca



quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Jornadas de Junho no Brasil

Realizado a partir de entrevistas com ativistas de cinco capitais brasileiras, o material não é apenas uma ferramenta para o debate e a compreensão das Jornadas de Junho, mas também um instrumento de organização da luta política, característica marcante da militância audiovisual de Carlos Pronzato, que também dirigiu, entre outros, "O Panelaço - a rebelião argentina" (2002) e "Carlos Marighella - Quem samba fica, quem não samba vai embora" (2011).

Direção, roteiro e concepção: Carlos Pronzato
Direção de produção: Cristiane Paolinelli 
Edição: Ricardo Gomes (Coletivo Das Lutas RJ)
Edição teasers e pesquisas de imagens adicionais: Richardson Pontone
Trilha: Apanhador Só
Realização: Lamestiza Audiovisual

Brasil, fevereiro de 2014.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Automákina - Universo Deslizante de Porto em Porto

*Márcio Silveira dos Santos

Recentemente fui conferir a apresentação do espetáculo/instalação "Automákina – Universo Deslizante" do Grupo de Teatro De Pernas Pro Ar, da Cidade de Canoas – RS. Apresentação que faz parte do Projeto de circulação: "De Porto em Porto", contemplado com o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2012. Serão dez funções por cidades portuárias dos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, culminando com uma exposição: Mostra fotográfica e vídeo documental, no final de fevereiro na sede nova do grupo, chamada de "Inventário". Este projeto também é parte das ações comemorativas de 25 anos do grupo fundado por Luciano Wieser e Raquel Durigon.

Esta foi à segunda vez que fui assistir, em Porto Alegre, no dia 24 de Janeiro de 2014, em busca de um segundo olhar sobre o prisma desta obra artística inquietante e instigadora. Segundo o grupo, "O Espetáculo trata de uma questão pertinente a todos os homens de todos os tempos: "a arte da sobrevivência". Com uma linguagem que mescla o simbolismo do teatro de bonecos com seus personagens autômatos fazendo uma metáfora a existência humana, o virtuosismo das técnicas circenses e a poética do teatro de rua". Sem dúvida alguma o trabalho transcende esta questão, não só pelo esplêndido trabalho do ator, em atuação solo, Luciano Wieser, mas também pela estética, uma poética de sublimação que arrebata o espectador.


O Público
Um menino-espectador desavisado leva um susto-surpresa ao dobrar a esquina do Largo Glênio Peres com a Avenida Voluntários da Pátria. Segurando firme a mão de seu pai aproximam-se da parafernália maquinal do estranho mundo do Duque Hosain'g. Seu olhar se estende para o alto, o pequeno extasiado contempla o gigante universo móvel de ferro-fios-flor-pele-plástico-poesia-etc-etc-etc..........(retinas esticadas)............ que aos poucos vai identificando alguns objetos na busca de um entendimento do todo, de uma explicação do que é e por que está ali tudo aquilo que sobrepostos desconhece. Ele muda o olhar em direção ao pai, que provavelmente já não parecia tão grande assim e pergunta: - Pai o que é isto? E o homem, que deveria naquele mesmo tempo-esticado na memória de ambos, maquinando no entendimento e assimilação, ou no agarrar dos neurônios catando algo que lhe fosse familiar para responder a si e ao pequeno filho, que talvez tivesse entendido mais que ele, responde: - Ah! Sabe o filme Edward Mãos de Tesoura? (pausa) Tipo isso! O menino se desloca do olhar do pai e se espraia novamente no olhar do Duque e sua portátil e móvel casa-montanha-sótão-solidão-sobrevivência-jardim-esculturas; mas ainda permanece na face do menino-espectador alguns pensamentos interrogativos (tipo:) "mas onde estariam as tesouras dele?". Não importa. Seu conhecimento de mundo e ampliação de novas possibilidades já ganharam horizontes outros.

Wieser – Um ator pós-dramático (?)
O Duque Hosain'g é um desses personagens que vivem em nosso inconsciente, deriva de muitas influências de seu criador, quase um alterego do inquieto Luciano Wieser. O Duque, aliás, parece ser primo de outro personagem seu, o genial Lançador de Foguetes, dois distintos e inesquecíveis da galeria de personagens do teatro de rua gaúcho, sem dúvidas. Mas como sabemos, esta capacidade de composição é uma das características de grandes atores-metamorfos. Wieser desenvolve ao longo de menos de uma hora, uma atuação catalisadora, e diria mais profundamente: uma complexa rede de ações/ partituras. Seria, assim, ele, um ator pós-dramático?
"o ator pós-dramático deve possuir competências que transitam entre o teatro dramático, o circo, o cabaret, o teatro de variedades, o teatro-musical, o teatro-dança, e a performance, dentre outras manifestações que compõem o continuum das artes cênicas ou performáticas. (...) deverá saber reconhecer pragmaticamente a diferença existente entre os processos de produção de significado e os de produção de sentido." (Bonfitto, 2009:93).

Creio que posso chama-lo assim devido a sua atuação. Constituída de um amplo leque de linguagens artísticas que acumulou-vivenciou em sua trajetória artística. Um circense, malabarista, bonequeiro, menestrel, "cantator", rueiro, performer, pai/mãe de família (opa! Pai/Mãe?. Explico depois). Há a presença de elementos do teatro de formas animadas, através dos bonecos "autômatos" (máquinas que se movem por meios mecânicos, que imitam movimentos humanos), além da impagável "vaca voadora"; outro destaque são os seres/bonecos "a imagem e semelhança" de seu criador, que pedalam maquinando o funcionamento da estrutura gigante medindo 6,0 m de comprimento, por 7,0 m de altura. Também há o lado circense onde brinca com acrobacias no interior da maquina, não poderia faltar é claro, algumas vezes, a posição "De Pernas Pro Ar". Em um momento chave do espetáculo, Luciano anda de pernas de pau, ou de mola, também conhecida como "Skyrunner" produzindo certo impacto ao sair da máquina para recolher com suas tarrafadas, um pouco de DNA para sua obra que perde força. Não, não entregarei aqui o poético e sanguíneo final que resplandece junto ao desabrochar de uma linda e gigante flor autômata.

O Pai/Mãe de família, que citei anteriormente, é uma alusão à cena em que o Duque, ao colocar um véu negro (chispa de luto!) e emitindo gritos de lamentos diante da possível tragédia em percurso, se transforma num ser andrógeno, se torna Pai e Mãe de sua criatura. Situação/condição típica dos estranhos doutores da ficção como o marcante Dr. Frankenstein ou outros seres híbridos que o cinema já nos revelou. O Duque-duquesa ressalta o feminino dentro de qualquer criação, que não se destina só a parir e criar, e sim possui um papel de grande importância para manter, entre outras questões, o equilíbrio vital nas estruturas do conhecimento e relações sociais. Esse feminino avoluma o desesperador sentimento de proteção do criador, de pai/mãe da criatura, um pedaço da síntese de nossa condição humana.

O fato de o personagem sair do interior da "mákina-útero" e ganhar outros espaços-energias junto ao público conduzem ao rompimento do até então "mundo impenetrável" do Duque Hosain'g, pois é esta interação, embora rápida, que estabelece uma conexão vital, e um novo fôlego ao universo deslizante e incerto do Duque. Possibilitando um novo ponto de vista àquele espectador citadino que no amontoado de significados da obra pode estabelecer novos sentidos na sua apreciação estética. Um desenvolvimento proximal desta relação público-ator provoca uma espécie de micro catarse que alavanca para o poético final. Não deve ter sido fácil para o diretor Jackson Zambelli trabalhar esta sútil curva-ápice na encenação!!! Mas está tudo lá na síntese presente e circundante de um DNA.

A Mákina e o espaço público
Wieser transforma seus devaneios criativos em realidade, através de uma excepcional metalurgia (arte de purificar e transformar os metais) comparável, e sem nada a perder em qualidade/efeito, as maquinarias de grupos faraônicos da Europa. A "mákina" enquanto cenário é indiscutível sua funcionalidade, mas a cidade com seus edifícios de ecléticas arquiteturas ganha um novo significado e também provoca na encenação outra dinâmica.

Sabemos que todo cenário, ou quase todo, deve ter função no espetáculo. No teatro de rua este cenário é constituído não só pelo cenário afirmado pelo grupo como também a cidade passa a ser cenário, o local onde se efetua a apresentação. Não importa o tipo de espetáculo, seja ele em deslocamento, de invasão, de roda parada, arena ou de outras formas inventivas de ocupação do espaço público, a cidade continuará sendo parte do cenário. E esse cenário fixo possui outra função, pois a maioria dos edifícios são departamentos de vendas, setores comerciais e bancários, com suas finalidades outras e que devido a isso tem ocorrido grandes intempéries no fazer teatral de rua. Um cerceamento do espaço público.

A cidade com seu complexo fluxo de ruas, praças, parques, largos e avenidas é forçada a esquecer do humano que ali circula. Os espaços da cidade estão focados cada vez mais para o comércio, para o consumo desenfreado, perdeu seu caráter de domínio público de espaço e "patrimônio da coletividade". Pois,

"Nas últimas décadas, em um contexto de fluxos globais, o espaço público é considerado o lugar das oposições – carros x pedestres, estacionamentos x espaços livres, mobiliário urbano x pedestres, painéis publicitários x perspectivas panorâmicas -, do vazio, do afastamento do convívio social, do perigo e da violência, do distanciamento entre arquitetura e cidade." (Albernaz, 2007: 42).

No caso do "Automákina – Universo Deslizante" é um pouco diferente, pois o "espetáculo-instalação" tem duração de nove horas. Não acompanhei tudo, mas na parte da desmontagem pude marcar presença e realmente faz jus a segunda designação: "instalação", pois os transeuntes que perderam a apresentação com o ator, podem conferir a outra apresentação; a máquina fica ali exposta para fotografias-filmagens, para perguntas ao grupo e apreciação dos olhares curiosos e hipnotizados, seja qual for o tempo disponível, todos podem conferir um pouco destas nove horas. Exaustas horas, por que Luciano, mais a produtora/figurinista/maquiadora Raquel Durigon, o diretor Jackson Zambelli e mais cinco integrantes do grupo: Arthur F. Côrtes, Odair F. de Souza, Tayhú D. Wieser, Txai D. Wieser e Vitor Brasil, (competente e precisa equipe técnica) montam, monitoram, registram por fotos e vídeos, desmontam tudo. Uma espécie de acampamento/ocupação no local durante o dia inteiro da função. Esta ocupação de nove horas com teatro de rua, resignifica o espaço da cidade, rompe com os códigos e situações hierarquias no cotidiano, o que amplia as possibilidades de retomar os espaços públicos enquanto espaços de convívio social.

"O teatro de rua, como manifestação não hegemônica propõe novas zonas de conflito a busca de situações em que a rua reconquiste ou reforce sua característica de lugar (Augé), isto é, seja um âmbito de convivência social que supere a superficialidade do universo do consumo, rompendo, ainda que momentaneamente, com a lógica pragmático do sistema de mercado." (Carreira, 2007, 37-38)

O "espetáculo/instalação" enquanto intervenção transgressora de longa duração provoca durante nove horas uma nova ordem para a rua, reestrutura a dinâmica da cidade, reformula o deslocamento do pedestre que por vezes se transforma em espectador.

Camada estética
O Cenário móvel, a "mákina", ou um triciclo gigante constituído de universos alternativos, está repleto de parafernálias recolhidas por Wieser e Durigon por muitos anos. Conseguiram dar cabo ao que é praticado pela maioria dos artistas: juntar coisas sem saber o real destino, um acumulo de sucatas ou lixo que em certo momento precisamos urgentemente descartar. O resultado aqui neste caso é a ótima reutilização-transformação de materiais, agregados a uma pesquisa ousada e inovadora de um grupo familiar, pois na equipe constam também os dois filhos do casal: Txai Durigon Wieser e Tayhú Durigon Wieser.

Hoje os trabalhos do grupo mostram nitidamente que suas inovações estéticas propostas são fruto de um acumulo de 25 anos de empenho e trabalho. O resultado neste espetáculo não poderia ser outro que não um aparato cênico impar em qualidade visual e sonora. Mas o espetáculo não se constitui só de uma maquina e um ator, embora seja este o cerne da encenação, há, entretanto uma "camada estética" constituída pelas mãos de Raquel Durigon, ou seja, há o seu toque peculiar no visual do todo. Durigon criou de forma exemplar figurino e adereços conectados-imbricados com o visual do "espetáculo – instalação". O efeito produzido pelo figurino, misto de steampunk-gótic-bizarre como as vestes de alguém que lida com ferro-graxa-solda, um figurino ferroso que remete a muitas referencias e servem como uma luva as movimentações do ator dentro da "Mákina". Um figurino e maquiagem funcionais que na cena já citada do véu, causam imagens impressionantes no topo da estrutura. Em tempo, como sou muito fã do gênero Steampunk, eis breve elucidação:

"Gênero derivado da ficção científica. Trata-se de obras ambientadas no passado, no qual os paradigmas tecnológicos modernos ocorreram mais cedo do que na história real (ou em um universo com características similares), mas foram obtidos por meio da ciência já disponível naquela época". (Fonte: Wikipédia)

Não poderia deixar de citar a mão precisa do diretor Jackson Zambelli. Conhecido por seus trabalhos com trilhas de filmes, aqui também assina a música original em parceria com Claudio Veiga. Uma trilha brilhante, executada ao vivo com efeitos de som mecânico e instrumentos construídos pelo grupo que enriquecem a estética do espetáculo. Como diretor, Zambelli conseguiu estabelecer uma encenação ao mesmo tempo complexa e sensível. Há um fio condutor de entendimento, uma linha dramatúrgica compreensível, se soubermos diferenciar e aglutinar as várias dramaturgias presentes: a do ator, do diretor e das cenas.  Poderá ocorrer um "não entendi" ao espectador desacostumado a ver artes de rua e poderá passar dias juntando os caquinhos de entendimento a partir do seu próprio conhecimento referencial. E aqui vem o trunfo do diretor que tem em mãos uma equipe competente e um ator daqueles que transborda criatividade, embora possa dificultar ao diretor limar as arestas e excessos. Mas o jogo é pra jogar!  E sabendo que a tarefa é árdua e ao mesmo tempo prazerosa, Jackson orquestra a polifonia de dramaturgias, sons, cenas, ator, com mão precisa e deixa fluir o que de mais significativo possa aflorar na mente do espectador. É sincero no que permite mostrar e coerente com a rua, que para aquele transeunte que só pode ver metade do espetáculo, ou menos ou mais, possa ter uma ideia do que viu e potencializar uma assimilação do essencial daquilo que o grupo quis trazer para a rua com seu trabalho-acampamento-ocupação do espaço público.  

As Bodas.
O Grupo De Pernas Pro Ar chega às bodas de prata, são 25 anos de incansável e digna luta. Até o momento já assisti três espetáculos do repertório do grupo, que mais adiante desejo escrever sobre os outros dois, mas quero finalizar aqui dizendo que uma das maiores láureas que todo artista espera obter em vida é o reconhecimento por sua trajetória. Ser respeitado, que tenha incentivo, que possa ser sustentado com o que ganha por sua arte sem precisar mendigar apoios e patrocínios. Para poder dedicar-se em tempo integral a sua obra de vida, a sua busca enquanto tiver forças e que possa transmitir ensinar-aprender com os outros que virão. Eis a luta deste coletivo familiar e de muitos rueiros deste país. No momento tanto o De Pernas Pro Ar como também outros grupos de Canoas – RS lutam por políticas culturais efetivas na cidade vizinha a capital dos gaúchos. Foram contemplados no PIC – Programa de Incentivo a Cultura, tornado lei em 2012, mas até o momento nada receberam e o edital do mesmo PIC não saiu em 2013 e 2014. Já há um levante nacional de apoio a causa que esperamos surtir resultados positivos.

Mas enquanto isso o grupo segue apresentando seu repertório nos mais diferentes rincões deste mundo. Que venham mais 25 anos e continuem rasgando-deslizando-ocupando as ruas e outros espaços inusitados porque o tempo é incerto. Evoé!!!


*Márcio Silveira dos Santos é ator, diretor, dramaturgo, pesquisador. Integrante do Grupo Teatral Manjericão - RS

Fotos do autor

Referências

ALBERNAZ, Paula. Reflexões sobre o espaço público Atual. (in) Espaço e Cidade: Conceitos e Leituras. Lima, Evelyn Furquim Werneck. Maleque, Miria Roseira. (orgs.). Rio de Janeiro: Editora 7 Letras. 2ª edição, 2007.
CARREIRA, André. Teatro de rua: (Brasil e Argentina nos anos 80): uma paixão no asfalto. São Paulo: Editora Hucitec, 2007.
BONFITTO, Matteo. O Ator Pós-Dramático: Um Catalisador de Aporias?. (in) O Pós-Dramático – Um Conceito Operativo?. Guinsburg, Jacob. Fernandes, Silvia. (orgs.).  São Paulo: Editora Perspectiva, 2009.
LUFT, Celso Pedro. Dicionário de Língua Portuguesa. São Paulo: Editora Ática, 2010.
De Pernas Pro Ar. De Porto em Porto. Programa/Cartaz da Circulação. Canoas, 2014.
Sitios:
www.grupodepernasproar.com.br
www.wikipédia/Steampunk

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

BOLETIM INFORMATIVO FÓRUM DE ARTE PÚBLICA Data: 27 de Janeiro 2014

 Segundo encontro do Fórum após o começo do evento de Arte Pública no dia 15 de Janeiro.
Amir abre o fórum saudando a todos e cumprimenta aos que vieram pela primeira vez.
"Uma coisa está acontecendo e não podemos depender das autoridades." – foram suas palavras iniciais para que ele descreveu mais uma vez todo o histórico e o porque a necessidade da criação do fórum.  Narrou sobre quando a "Operação Choque de Ordem', criada pela recém formada Secretária de Ordem Pública, teve seu inicio e os guardas municipais começaram a proibir e até a confiscar o material de trabalho dos artistas e grupos de rua. Isso levou os artistas a se unirem e se manifestarem. Tentarem impor um decreto na qual dissemos não, pois nenhum decreto é garantia, pois pode ser revogado por novas gestões municipais. Continuamos a nos manifestar e com isso conseguimos emplacar uma lei que garantia o artista de rua de exercer sua profissão. Essa lei foi vetada pelo prefeito. Devido á pressão que foi feita, voltou atrás e pediu para que sua bancada na Câmara de Vereadores derrubasse o seu próprio veto. Isso aqui, na sede do Grupo Tá Na Rua. O Prefeito Eduardo Paes falou em criar um edital, da qual foi dito não, edital não era a política que queríamos. Editais só servem para aqueles que ganham sempre e não era esse o caso para os artistas que atuam nos espaços abertos. Então ele sugeriu que fizéssemos um projeto, projeto esse que teve seu inicio agora em janeiro, depois de quase dois anos de elaboração e espera. Demorou esse tempo por causa da burocracia regida pela Secretária de Cultura Municipal. Eles sugeriram que tivesse o formato de um festival, mas não é um festival que propomos, mais um conceito novo que tinha surgido e que estamos construindo. Por isso retomamos o nome que foi inicialmente no projeto: Arte Pública, Uma Política em Construção e é com esse pensamento que estamos trabalhando, tendo também como objetivo cadastrar e localizar os artistas e grupos que atuam nos espaços públicos e apresentar ao final de três meses, tempo de duração do projeto, um considerável material para mostrar a infinidade de atividades artísticas espalhadas pelas ruas cariocas. Precisamos saber quantos somos e quem somos.
O projeto está acontecendo em seis praças da cidade, sendo curadas por quatro grupos que há muito tempo tem reconhecido trabalho nos espaços públicos do Rio de Janeiro. São elas: Largo da Lapa e Praça Tiradentes, curadoria Grupo Tá Na Rua; Praça da harmonia, na Gamboa, Zona Portuária, curadoria da Cia Mystérios e Novidades; Saens Pena e Praça Xavier de Brito, na Tijuca, curadoria do Boa Praça; largo do Machado, curadoria do Grupo Off-Sina.
São locais onde naturalmente esses grupos já trabalham há muito tempo, independente de qualquer projeto. Agora, com recursos, estas praças terão dias onde os artistas e grupos poderão se apresentar coletivamente. São verdadeiras feiras medievais contemporâneas onde o artista é livre para mostrar o que apresenta na rua. Não tem que montar nada, é ele, livre com sua arte.
E o fórum é o local de encontro, de reflexão, de discutir políticas públicas para as artes públicas.
Amir lembrou que quando começou, no Brasil só existiam três grupos de rua conhecidos no Brasil. Agora são mais de 700. Isso como exemplo para falar sobre a diversidade artística que povoam os espaços abertos no país. Hoje ele está aqui, neste fórum, conhecendo e aprendendo mais sobre o seu ofício e mais ainda sobre as atividades artísticas nos espaços abertos. Estamos construindo uma política que não existe. Somos uma nova possibilidade. Nas terças feiras, aqui no Largo da Lapa, o Tá Na Rua, dentro do evento, tem sua Aula Pública, onde tanto os artistas e a população podem entrar e usar as nossas roupas e fantasias e brincar e praticar sua liberdade com os atores do grupo. No final, quando estamos terminando, nos instituímos a troca de guardas. Chega á operação Lapa Presente e saem os artistas. Eles chegam organizados, são o antivírus e nós somos os vírus, somos a peste. "Sai a Arte Pública e entra a Força Pública" (Amir).
Eles representam o velho e nós representamos a possibilidade. Amir ressalta que é necessário lembrar todo o processo até este dia, para que, aqueles pela primeira vez freqüentam o fórum, tenham conhecimento sobre os fatos que fizeram nascer o movimento.

Depoimentos:
Nélio Fernando, poeta e ator: "Tenho 15 anos de ofício. Tenho minha plaquinha e lá na Quinta da Boa Vista vendo meu poema por R$: 1,00. Fala para quem quiser e recebo a todos com carinho. Quero dar aqui meu apoio. Eu quero é somar. Acho importante construir políticas públicas.
Sergio Biff, Teatro Lambe Lambe: "Não tinha conhecimento deste encontro e é ótimo compartilhar com outros artistas sobre o meu trabalho."
Palhaço Tiririca Cover: "Fui no Rio mais 20 e ai perguntei ao guarda – o abestado pru que num posso me apresentar aqui não? Eu quero disser, eu queria mesmo, disse é que sou da rua... sou abestado mermo da rua..."
"Florentina, Florentina de Jesus, não sei se tu me amas, porque tu me sedus? Viva a rua!"
Pedro Arauto, Grupo Lá e Cá: "O ideal é o artista de rua viver do seu chapéu, sem depender do poder público e do público. Acho muito válido o encontro dessas segundas e do evento em si".
Com esta ultima declaração encerro este boletim.  Lembrando sempre que não é uma ata, mas um relato a partir das minhas anotações do Fórum. Está aberto para correções, acréscimos e observações.

Herculano Dias

domingo, 9 de fevereiro de 2014

CURIOSIDADES DO EVENTO ARTE PÚBLICA UMA POLÍTICA EM CONSTRUÇÃO

Sorrisos


Mais uma da Saens Pena, dia 25. Artistas espalhados pela praça, integrados e modificando a rotina do sábado, dando um colorido maior a feira de artesanato, feira tradicional da bucólica Tijuca.

No parquinho para crianças, quase em frete a entrada do Shopping 45, uma pequena platéia em meia lua está formada em frente de uma árvore.

Lá, com suas trançinhas, roupinha vermelha e pele cor de piche, a Boneca Lilica canta e conta histórias: "O sapo não lava o pé, não lava por que não quer..."

As crianças riem, olham curiosas, se divertem com a boneca sapeca e simpática. "Você quer um beijinho da Lilica?" – a criança se aproxima e recebe o dengo da Lilica. "Que beijinho gostoso!" - responde com carinho a boneca. Fernanda é a parceira da Lilica e conduz cada movimento com calma e poesia. Tudo natural, assim como a resposta do seu público, que a aplaude com naturalidade, tanto os adultos como os pequeninos.

Um adulto em particular chama minha atenção, um homem aparentando estar na casa dos quarenta anos, cabelo castanho sendo dominado por fios prateados, olha fixamente as reações de uma pequenina menininha, usando um vestido vermelhinho cheio de pontinhos brancos (parecia uma joaninha), de um ano e meio, talvez dois anos. A boneca e sua parceira se despedem e o homem calmamente pega a menina que exibe um caloroso sorriso infantil.

Minha parte curiosa puxa um fio de conversa com o homem:

"- Parece que ela adorou o espetáculo, não é?"

"- Com toda certeza." – responde o homem enquanto carinhosamente ajeita a menininha no seu colo, sem parar de olhar para o delicado rostinho de covinhas. Noto a emoção que transparece nos seus olhos úmidos por lágrimas que não chegaram a sair, mas que ao mesmo tempo faz brilhar nas retinas por causa da luminosidade da manhã. Me atrevi a bancar  o bom samaritano devido a minha ansiedade de entender o quadro que se desenhava na minha frente:

"- O senhor está bem?"

"- É que é a primeira vez que vejo minha filha sorrir desde que veio para esse mundo."

O homem se despede, sai caminhando com sua pequena princesa nos braços.

Esse foi o quadro que se formou diante deste espectador: Um sorriso novo que aflorava... e um sorriso que renascia.


Herculano Dias

Teatro nas feiras: Guerras desconhecidas na Barraca de Cena - Cia Estudo de Cena.


A Companhia Estudo de Cena convida todas e todos para o Circuito de Feiras Livres de seu novo trabalho, o espetáculo Guerras desconhecidas na Barraca de Cena.



    O espetáculo Guerras desconhecidas na Barraca de Cena é uma intervenção cênica nas feiras livres da cidade de São Paulo. A Barraca de Cena é um pequeno teatro mambembe, que mede 06 metros quadrados, onde a Companhia Estudo de Cena apresenta números de variedades e cenas que falam de conflitos atuais e da história do Brasil.  O espetáculo apresenta diversas cenas como o aterrorizante monstro que se alimenta de pessoas do público; a história da Guerra de São Bonifácio; o surpreendente romance da Srta. Julia com seu criado Antônio; a visita na feira dos dois homens mais ricos do Brasil; um grande show de inauguração do "Açougue Pau de Colher" que vai nos lembrar da guerra do Arraial de Pau de Colher; além de poesia, magia, sedução e muito mais.....
     No mês de fevereiro Guerras desconhecidas na Barraca de Cena  acontece na Feira COHAB Fernão Dias, na Zona Norte; e na Feira da Concórdia, no bairro do Brás na Zona Leste. Em março a Barraca continua nas feiras do centro, zona sul e oeste.

Ficha Técnica:
Criação, concepção e produção: Estudo de Cena.
Atores Criadores: Claudia Peracio; Glauber Pereira; Juliana Liegel; Marilza Batista; Nei Gomes e Vinícius Hoffman.
Direção e dramaturgia: Diogo Noventa.
Direção de números de cortina e produção Executiva: Nei Gomes.
Concepção musical: Iraci Tomiato; Juh Vieira; Lucas Vasconcellos; Rani Guerra e  Vinícius Hoffman.
Direção de Arte: Valter Mendes.
Assitente de Arte: Danielly Abreu.
Criação de Foto/Vídeo e divulgação: Wilq Vicente.
Equipe de montagem: Zeca Volga e Carlão.
Projeto realizado com a Lei de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo da Secretaria Municipal de Cultura.
Apoio: Engenho Teatral / Supervisão geral de abastecimento da cidade de São Paulo.
Facebook: Companhia Estudo de Cena.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Batalha pelo direito ao fomento em Canoas/RS



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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Arte pública Programação 06 e 08/02/2014


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