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terça-feira, 27 de dezembro de 2011
quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
Como os pobre são tratados
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
Midas e a política cultural
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Artes Pública no Rio de Janeiro AMIR HADDAD
domingo, 4 de dezembro de 2011
TRES DÉCADAS DE TEATRO POPULAR NA BAHIA
PROJETO CHAPÉU DE PALHA: A INTERIORIZAÇÃO DO TEATRO POPULAR NA BAHIA
(por Marcos Cristiano - 2011)
Idealizado pela atriz Jurema Penna e mantido pela Fundação Cultural do Estado da Bahia, no período de 1983 a 2006, considerado pioneiro na interiorização da cultura no estado e que utilizava como estratégia de ação o teatro popular como instrumento para, além de resgatar culturas populares em vias de desaparecimento, reciclar e fortalecer as manifestações vigentes, também estimular o surgimento de multiplicadores e grupos de teatro, esses eram os objetivos do PROJETO CHAPÉU DE PALHA, que foi desarticulado no ano de 2007, sob a gestão de Márcio Meirelles, que também tentou matar o nosso grandioso Ballet do Teatro Castro Alves, que atualmente está em turnê pela Bélgica, muito bem, obrigado...
Corria o ano de 1986, e, no interior, tivemos a oportunidade de ter, pela primeira vez, o contato direto com uma profusão de técnicas cênicas, através das 10 oficinas oferecidas pelo Projeto Chapéu de Palha, no transcurso do III SEMINÁRIO REGIONAL, realizado em Itabuna, sul da Bahia. A nossa vontade era participar das dez oficinas disponibilizadas, afinal tudo era novidade para os interioranos, pois nomes como do Professor Ewald Hackler, Jurema Penna, Jesus Vivas, Nilson Mendes, Lúcia Mascarenhas, Haydil Linhares e tantos outros ícones do teatro baiano faziam parte do elenco de facilitadores, oportunidade única para beber conhecimentos e ter um contato mais profundo com as técnicas cênicas. Por isso que consideramos o marco inicial da nossa trajetória profissional, a partir daquele evento, pois foram aquelas três oficinas (Cenografia, Produção de Textos e Produção Cultural) que tomou corpo a nossa decisão de estudar o teatro de uma maneira científica.
Importante registrar que a realização do III Seminário na cidade de Itabuna foi patrocinada pela prefeitura municipal como parte das ações culturais implementadas, assim como a contratação de Mário Gusmão, como Dinamizador Cultural, que desencadeou uma efervescência cultural na cidade provocando o surgimento de vários grupos culturais, entre eles o Grupo Em Cena (do qual fazíamos parte e cujos integrantes - Jackson Costa, Carlos Betão, Alba Cristina e Mark Wilson - foram aglutinados durante as oficinas do III Seminário Regional do Projeto Chapéu de Palha).
Talvez a importância que se atribui a uma proposta de ação cultural como a desencadeada pelo Projeto Chapéu de Palha, deve-se ao seu caráter "fomentador", pois ao analisarmos o surgimento de grupos ou artistas de teatro popular de rua, observamos que a problemática é sempre a mesma, ou seja, a falta de espaço adequado para realizar ensaios ou apresentações e também a carência de recursos operacionais para viabilizarem as suas produções, notadamente nas cidades do interior, as pessoas não dispõem da mínima infra-estrutura para o feitio do teatro, como também não encontram fontes teóricas que atendam às suas necessidades técnicas, mesmo assim, de maneira intuitiva, realizam montagens em escolas, igrejas, clubes e praças, por isso a relevância de um projeto como o chapéu de palha, principalmente pelo embasamento teórico dos facilitadores, que ofereciam aos participantes a oportunidade do contato com uma práxis teatral diferenciada de tudo que já tínhamos até então, o que tornava a vivência muito rica e, em alguns casos, o acionador da trajetória acadêmica, como foi o nosso caso, em particular.
Isto posto, não poderíamos seguir adiante sem reportarmo-nos ao nosso caminho profissional, vez que foi justamente a nossa participação, primeiro como aluno, depois como técnico do projeto chapéu de palha, que possibilitou o processo de observação das deficiências dos elementos constitutivos do teatro em cada um daqueles municípios onde ministramos oficinas de teatro e constatamos "in loco"que a principal dificuldade da clientela (notadamente os diretores teatrais) era justamente horizontes teóricos, levando-se em conta que na maioria dos municípios baianos na há bibliotecas, o que aumenta a problemática. Por isso no ano de 1994 o lançamento da cartilha "Teatro de Rua – Técnicas e Estratégias"de nossa autoria (edição esgotada), apesar de abordar os elementos constitutivos do teatro de rua de maneira superficial já contemplava parte das carências do interior, no entanto, após concluirmos a graduação na Escola de Teatro da UFBA, ampliamos aquela cartilha, através de compilação de conteúdos adquiridos ao longo do nosso curso de teatro, o que redundou na edição, no ano de 2005, publicado pela Fundação Cultural do Estado da Bahia, do "Manual Básico para o Teatro de Rua" (edição esgotada), que tem apresentação da Dra. Eliene Benício, foi pensado de maneira a coligir num único volume o repertório de técnicas e estratégias para o teatro de rua, voltadas para atender aos anseios de quem quer fazer teatro, mas não sabe por onde começar. Existem tantas cidades nessas condições, onde a maior problemática é o entendimento de que cultura é o melhor remédio para a cidadania e contra a violência contemporânea.
O Projeto Chapéu de Palha com a sua filosofia popular proporcionavam-nos situações que exigiam soluções imediatas para problemas práticos, afinal essa dinâmica determinava que os técnicos (facilitadores) do "Chapéu de Palha" sempre resolvessem a mais complexa equação teatral, afinal foi por esse viés que Jurema Penna idealizou as linhas gerais daquela ação cultural pioneira no processo de interiorização da cultura no estado da Bahia.
Talvez por isso, ao longo das suas três décadas de existência, o Projeto Chapéu de Palha conseguiu disseminar a semente do teatro popular pelas cinco regiões do estado da Bahia, atingido cerca de 120 cidades (25% dos municípios baianos), fortalecendo a cultura local, cujo processo acontecia num período de 22 dias distribuídos em aulas de expressão corporal e vocal, pesquisa e construção do texto (de forma coletiva), ensaios e, no vigésimo segundo (e último) dia acontecia uma aula pública em forma de espetáculo.
Salvador-BA., 25 de Novembro de 2011
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
Relato da VI Mostra de Teatro de Rua Lino Rojas em SP
Segue um relato sobre a VI Mostra de Teatro de Rua Lino Rojas que aconteceu nesta semana de 18 à 26 de novembro de 2011 em São Paulo.
Dos olhares ocupados e ocupando os solos
Quantos olhares curiosos cercam ansiosos por algo novo que chega na praça do Patriarca em plena sexta-feira, um cortejo e logo depois se transforma em uma roda abrindo a VI Mostra de Teatro de Rua Lino Rojas em pleno centro da cidade de São Paulo.Como vemos a cidade não pára; e os transeuntes também não e as lutas dos trabalhadores deste país muito menos, assim presenciei com muita tristeza e insatisfação de nossos governantes, as condições que a Frente de Luta por Moradia passou naquela sexta em uma desocupação de um dos prédios abandonados na Av.São João que estava com cerca de 300 pessoas, dentre elas muitas crianças e mulheres grávidas que cercadas de policiais e da força que nos oprime enquanto cidadão tiveram depois de um ano de ocupação sair daquele local de forma "pacífica"...
Passando o aperto no coração, mas com a cena gravada em minha memória para o resto de minha vida, voltei na segunda para São Paulo onde mais um cortejo percorreu o Vale do Anhangabaú, saindo do Viaduto do Chá (onde está acontecendo uma das ações do Ocupa Sampa) chegando ao Boulevard São João, dessa vez a Rede Livre Leste comandava a ação deste Fórum sobre Ocupação dos Espaços Públicos com Arte, fazendo parte da programação.Um debate livre e limpo no meio da e na rua, onde qualquer pessoa pudesse sentar e participar, como foi com alguns companheiros do Ocupa Sampa que descreveram parte da ocupação que está sendo realizada não só em São Paulo, mas em diversos estados e países fazendo parte e se encontrando em diversos sentidos com nossas reflexões e pensamentos, com nossas angústias e sentimentos sobre essas gestões que não nos contemplam de várias formas.Após o fórum pudemos prestigiar a Cia Forróbodo que mesmo com toda poluição sonora, apresentaram com humor, poesia, música e precisão nos hipnotizando em pleno calor forte do meio dia.
Logo após aconteceu o Seminário sobre Ocupação de Espaços Públicos na Câmara dos Vereadores onde escutamos algumas papagaiadas de vereadores como Agnaldo Timótio, que após um guitarrista que foi preso em São Paulo há uns anos atrás por fazer seu trabalho na rua, tocar para todos e o querido Alexandre de Recife do Grupo Vem Cá vem Vê recitar uma poesia com muita atitude e propriedade do que nos esta posto na rua, este vereador se levanta e procura dirigir o caminho que o músico deveria tomar com seu trabalho, tentando apontar e corrigir erros perante todos que estavam presentes, como ele mesmo disse por ser um "artista consagrado,,,"Outro episódio acachapante foi visto no mesmo lugar, um jornalista de MERDA foi pego no banheiro por articuladores da rede falando exatamente assim:"Eu não irei publicar nada destes artistas de rua, eles são uma merda..."e ao ser indagado destacou "Eu estudei muito para chegar onde estou!" o que gerou uma indignação de todos nós que somos trabalhadores e estudamos a vida inteira e não para tirar um diplominha e escrever asneiras por aí, pois ele sim é um ASNO, sem escrúpulos e sua futilidade cobre da cabeça aos pés sua postura.
No dia 22 de novembro (terça) em uma caminhada partimos para uma experiência com Georgette Fadel, uma oficina produtiva e que nos fez acima de tudo observar uma das ruas do Bairro da Barra Funda e interagir com ela e com seus moradores e arredores.De tarde assistimos dois espetáculos bem interessantes com temáticas variadas:Cia 43 de Teatro de São Bernardo do Campo com Teatragem que apresentou no Boulevard São João e o Grupo Mototóti de Porto Alegre com I-MUNDO que perante a chuva foi apresentado debaixo do Viaduto do Chá, local proibido no ano passado de chegarmos perto com qualquer ação artística e cultural sem pagar taxas absurdas que empresários pagam para acontecerem os eventos privados, além disso pudemos estar mais perto e re-significar a ação do Ocupa Sampa, transformando mais um pouquinho este espaço público que é nosso!!!
Moção de Apoio dos Estudantes da USP ao Acampa Sampa
Moção de repudio à reintegração
de posse da praça dos ciclistas.
Apoio ao Acampa Sampa!
a reintegração de posse da praça dos ciclistas na Avenida
Paulista, que está sendo ocupada pelo grupo Acampa
Sampa desde o dia 23 de novembro, para se integrar à
Marcha Continental pela Educação no dia 24.
ordenada pelo Governador Gerardo Alckmin, para o que
chamou a Polícia Militar e a tropa de choque comandada
pelo Capitão Del Vecchio, esperando agir terminado este
fim de semana.
na comunidade na ocupação dos espaços públicos, e pela
não criminalização dos movimentos sociais que são
perseguidos pelo Estado e suas forças militares.
Hoje, Sábado às 20h se realizará uma aula pública com os
ex presos políticos da USP na praça.
Estudantes da Universidade de São Paulo.
26 de novembro de 2011.
São Paulo anuncia novas regras do ProAC-ICMS.
Redação | quarta-feira, 23 novembro 2011
A Secretaria de Estado da Cultura publica resolução nesta quarta-feira (23/11) com uma série de mudanças no Programa de Ação Cultural – ICMS (ProAC-ICMS). Uma das mais importantes é o estabelecimento de um calendário fixo para cadastramento de novos proponentes e projetos, o que permitirá aos artistas e produtores culturais o planejamento de atividades a longo prazo. Várias medidas também foram tomadas para estimular a formalização do setor, melhor qualidade na aplicação do dinheiro público e desburocratização na apresentação de propostas.
O calendário para cadastramento já tem datas definidas pela resolução até o final de 2014. De forma geral, a apresentação de novos proponentes passa a ser feita entre novembro e janeiro. Para inscrição de projetos, haverá dois períodos ao invés de apenas um: de janeiro a março e de agosto a novembro.
Uma grande novidade é que pessoas jurídicas e artistas ligados a cooperativas passam a poder ter dois projetos em fase de captação ao mesmo tempo, ao invés de apenas um. Para os produtores, isso gera maior mobilidade e a possibilidade de acelerar a realização de projetos.
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Mais um espetáculo: entre o proponente e o pedinte
contemporâneas...
O que interessa na politica cultural nem sempre é a arte e a cultura, e, sim, o glamour. Em nome da arte contemporânea, faz-se qualquer coisa que dê "visibilidade".
As políticas públicas foram relegadas às leis de incentivo à cultura e aos editais públicos. Nunca se fez tantos editais neste País, como atualmente, para, no fim das contas, fazer da arte um "suplemento cultural", o bolo da noiva na festa de casamento.
Na fala do filósofo alemão Theodor Adorno: "As obras de arte que se apresentam sem resíduo à reflexão e ao pensamento não são obras de arte". Do ponto de vista da reflexão, do pensamento e do conhecimento, a cultura não é prioridade. Na política dos museus, o objeto já não é mais o museu que se multiplicou, juntamente com os chamados "centros
culturais", nos últimos anos.
Com vaidade de supermercado, na maioria das vezes, eles disponibilizam produtos perecíveis, novidades com prazo de validade, para estimular o consumo, vetor de aquecimento da economia. A qualificação ficou no papel, na publicidade do concurso.
Esses editais que bancam a cultura são iniciativas que vêm ganhando força. Mostram ser um processo de seleção com regras claras para administrar o repasse de recursos, muito bem vendidos na mídia, como métodos de democratizar o "acesso" e a "distribuição de verbas" para as práticas culturais.
Mas nem são tão democráticos assim. Podem ser um instrumento possível e eficiente em certos casos, mas não são a solução, é possível funcionarem, também, como escudo, para dissimular responsabilidades pela produção, preservação e segurança do patrimônio cultural.
Considerando-se, ainda, a contratação de "consultorias", funcionários, despesas de divulgação, inscrição... o trabalho árduo e apressado de seleção... é tudo, enfim, um custo considerável, que, em último caso, gera "serviços" e renda.
O artista contemporâneo deixa de ser artista para ser proponente, empresário cultural, "captador" de recursos, um especialista na área de elaboração de projetos, com conhecimentos indispensáveis de "processo público" e interpretação de leis. Dedica grande parte de seu tempo a esse negócio burocrático, que é a elaboração e execução de
projetos, prestações de contas etc., todos contaminado pela lógica do marketing... coisas incompatíveis com o artista em si, que apostou na arte como uma "opção de vida" e com forma de conhecimento, algo que exige dedicação exclusiva...
Ou, pior ainda: o artista fica à mercê de uma "produtora cultural", para quem essa política de editais e fomento à cultura é, aliás, um excelente negócio...
Mais uma coisa é preocupante: e se essa política de editais se estender até a sucateada área da saúde, por exemplo? Imaginem uma "seleção pública" para pacientes do Sistema Único de Saúde, que necessitem de procedimentos médicos... Os que não forem "democraticamente contemplados", teriam de apelar para a providência divina, já engarrafada com a demanda de tantos pedidos...
Nem é bom imaginar. Que esta praga fique restrita aos limites da esfera cultural... Na pior das hipóteses, é uma "torneira" que sempre se abre para atender parte de uma superpopulação de artistas, proponentes, pedintes...
O artista, cada vez mais, é um técnico passivo com direito a diploma de "bem comportado" em "preenchimento de formulário". E seu produto ficou relegado ao controle dos burocratas do Estado, e à "boa vontade" dos executivos de marketing das grandes empresas...
Se o projeto é bem apresentado, com boa "justificativa" de gastos e retornos, o produto a ser patrocinado ou financiado... se é mediano, se é excepcional, não importa! O que importa é a "formatação", a "objetividade" do orçamento, a clareza das "etapas" e a "visibilidade", o "produto final"...
Como sempre, existem as chamadas exceções, mas...
Almandrade
(artista plástico, poeta e arquiteto)"
domingo, 27 de novembro de 2011
3º Fórum do Interior: Artes e Políticas Públicas
Realização:
Andaime Teatro - Piracicaba
Barracão Teatro - Campinas
Grupo Engasgato - Ribeirão Preto
Circo Teatro Rosa dos Ventos - Presidente Prudente
São Genésio Cia. de Teatro - Hortolândia
Cia. de Teatro Fábrica São Paulo - São Paulo
Cia. Teatral "Ainda Sem Nome" - Ribeirão Preto
Cia. Teatro da Cidade - São José dos Campos
Trupe Olha da Rua - Santos
Grupo Fora do SériO - Ribeirão Preto
Cultura em Movimento - São José dos Campos
Federação Prudentina de Teatro - Presidente Prudente
quinta-feira, 24 de novembro de 2011
2° Texto sobre o 9° Festival de Teatro de Rua do Recife
segunda-feira, 21 de novembro de 2011
1° texto sobre o 9° Festival de Teatro de Rua do Recife
domingo, 20 de novembro de 2011
Amador e profissional por Junio Santos
ARR'ÉGUA – AQUI SÓ TEM PROFISSIONAL DE TEATRO?
Desde menino – há uns trinta e nove anos – quando comecei a dá meus primeiros passos na arte mágica do teatro - que a síndrome do teatro profissional me persegue como uma alma desumana e cruel.
Logo eu, que lá para os idos de 1973 - ou seja – cinco anos antes da regulamentação da profissão - tive a felicidade de integrar o primeiro elenco de atores da Tv. Universitária de Natal - e quem sabe os primeiros a terem suas carteiras assinadas – não como atores ou atrizes - mais ridiculamente com o nome de interpretes, devido não constar na lista de profissões do DASP, o termo ator, atriz ou diretor de teatro, coisa que só ficou definida por lei a partir de 1978.
Nesse período por sermos na Tv. Universitária os únicos artistas do Rio Grande do Norte profissionalizado, não tínhamos sindicatos. Até porque o sindicalismo na área engatinhava por todo Brasil, sendo mais representativo no Rio de Janeiro e São Paulo e começando ainda de forma bisonha na Bahia.
E lá estávamos todos nós "os amadores" ligados as federações e confederação de teatro – FENATA e depois CONFENATA -brigando com os "ditos profissionais" pelos poucos recursos destinados a cultura e principalmente ao teatro via o Serviço Nacional de Teatro – SNT - que depois virou Instituto Nacional de Artes Cênicas – INACEN e por último Fundação Nacional de Artes Cênicas – FUNDACEN – que Fernando Collor de Melo orientado por alguns urubus profissionais que os apoiaram, fechou sem nos dá nenhuma consideração.
Já nessa época me doía ter que AMAR a DOR;
Já nessa época me chateava a insistência e a cobrança pra que se filiasse a um sindicato;
Por essa época já não agüentava e gritava contras as punições impostas pelos dirigentes sindicais que só quem podia atuar era quem fosse sindicalizado e que estivesse em dias com as mensalidades.
Lembro-me ainda de uma palestra com o Ex-presidente do SATED-RJ o companheiro Sérgio Sanz, onde ele criticava com veemência os sindicatos que surgiam em meio ao modismo, sem a participação efetiva dos fazedores de arte, sindicalizando de forma indiscriminada manequins, prostitutas e farsantes sem nenhuma história no teatro.
Não posso deixar de recordar o primeiro sindicato que surgiu em Natal onde a primeira Dama era madrinha do sindicato, como se aquilo fosse uma brincadeira de debutantes.
Não posso deixar de registrar a omissão desse mesmo sindicato quando de forma arbitraria fui preso no governo ditatorial do Sr. José Agripino Maia em 1993 e o sindicato lavou as mãos para não perder as benesses do poder.
Nós fazedores de teatro precisamos ler a história de forma e ângulo diferente das que nossos profissionais suburbanos estão querendo contar. Precisamos lembrar que num passado recente fomos acunhados de AMADORES por uma elite teatral que se auto-denominou de PROFISSIONAL. Não podemos esquecer que colocaram nas nossas cabeças que o amadorismo era o primeiro degrau pra se chegar a profissionalização e quantos de nós não perderam noites, sonhando como essa possibilidade? Até hoje encontro com artistas anônimos correndo pras filas de figurantes das novelas globais, sonhando em ser estrelas e tornando-se em suas cidades pessoas chatas, arrogantes porque fizeram uma ponta ou porque passaram num testinho ridículo de um filme ou uma novela.
Não quero tornar esse inscrito uma forma de agredir esses "pobres molambos" artistas cabeças ocas, quero centrar minha criticas na forma estabelecida, no rigor e na tentativa ridícula dos sindicatos em tentar impedir que artistas representem por conta própria.
Com uma história cheia de um fazer acumulado na difícil missão de tornar o teatro cada vez mais popular e não somente fechado num confortável super-mercado cultural exibindo-se sempre para os mesmos, quero – junto com todos os brincantes e arteiros – viver o direito de continuar a ter as ruas como espaço de livre manifestação, se organizando através de movimentos e uma rede popular e aos mesmo tempo respeitar o direito daqueles que a séculos ocupam os palácios de luxo cumprindo a missão estabelecida pelos seus donos – produtores, patrocinadores, financiadores – dando o que eles querem e gostam, tão bem definida na frase histórica do J. C. Mariategui do Peru e que se encontra registrada no livro EM BUSCA DE UM TEATRO POPULAR do incansável CESAR VIERA – grande fonte de pesquisa e alimento para os artistas populares, que diz:
" A burguesia quer do artista
uma arte que corteje e adule
seu gosto medíocre".
Macau-RN, 01 de novembro de 2011
Júnio Santos
Um brincante arteiro de rua