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quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Fotos e informe da montagem de Mutirão em Novo Sol no Encontro Unitário

Companheiras e companheiros,

No dia 21 de agosto, terça passada, ocorreu um momento marcante, o encontro de dois tempos históricos da produção do Teatro Político brasileiro. No Encontro Unitário Trabalhadores e Trabalhadoras dos Povos do Campo, das Águas e das Florestas, após 52 anos do primeiro encontro nacional de camponeses do Brasil, foi reapresentada uma versão adaptada da peça Mutirão em Novo Sol, escrita por Nelson Xavier, Augusto Boal, Modesto Carone, Hamilton Trevisan e Benedito Araújo.

O elenco foi composto pelo núcleo da Brigada Semeadores, de agitprop do MST/DFE, com participação de atrizes do elenco do Coletivo TerraemCena, do campus de Planaltina da UnB, de estudantes do curso de Agroecologia do Instituto Federal de Brasília e de militantes do MST/MS e do MST/SE.

A peça até hoje não foi publicada, mas desde 2008 ela é trabalhada nos cursos da Educação do Campo, nos cursos de Artes do Pronera, e nos cursos internos de formação do MST e da Via Campesina. Nelson Xavier tinha a peça guardada em sua biblioteca pessoal, uma versão datilografada, de 1962, data da montagem da peça pelo MCP, dirigida por ele. Procuramos a peça por conta da pesquisa de doutorado sobre a relação entre Teatro Político e Questão agrária no Brasil, de 1955 e 1965.

Nosso interesse era devido ao fato de Boal em vários textos e conversas com a Brigada Nacional de Teatro do MST ter se referido à peça como um momento emblemático do encontro da produção do teatro político com a luta camponesa da década de 1960.

A peça teve uma versão gravada para rádio pela turma de Comunicação e Cultura de ensino médio do Iterra, a Semeadores fez algumas montagens da versão adaptada, no assentamento Gabriela Monteiro, no Instituto Federal de Brasília e no campus de Planaltina da UnB. E, na terça, fizemos o que pretendíamos desde que começamos a trabalhar com a peça,
mostrá-la em cena, para a militância dos movimentos sociais do campo, quilombolas, indígenas, pescadores, que hoje dá continuidade à luta.

Por cerca de meia hora os 5 mil militantes participantes do encontro assistiram em silêncio a montagem, concentrados no desdobramento do julgamento dos camponeses pelo conluio entre o Juiz e o Coronel Porfírio. Ao final, a plenária acolheu o grupo com uma bonita salva de palmas, vejam a foto. E, em seguida, Nelson Xavier deu belo depoimento sobre o engajamento dele e de seus companheiros, Boal, Vianinha, Guarnieri, Milton Gonçalves, Flávio MIgliacio, na década de 1960.
Emocionado, em fala que comoveu a todas e todos que lhe escutavam, ele disse que sentiu que a sua vida foi útil, pelo significado que a peça tem até hoje, para tanta gente.

Depois, militantes da Cultura e Comunicação dos movimentos ali presentes, os estudantes da turma do curso de Artes que o MST tem com a UFPI, e o elenco da peça, tiveram conversa de mais de duas horas com Nelson, momento em que ele explicou com riqueza de detalhes como funcionava o Movimento de Cultura Popular (MCP) e o Centro Popular de
Cultura (CPC), além da forma organizativa e dos embates internos no Teatro de Arena. Ele enfatizou que o golpe foi o marco de virada regressiva para boa parte daquela militância engajada, que depois teve que procurar um meio de sobreviver.

Enfim, há muito o que contar dessa conversa, e do que aprendemos com a montagem dessa peça, sobre a relação entre qualidade estética e tendência política que Walter Benjamin tanto falava, sobre a função do teatro de agitação e propaganda, tão injustamente renegado por décadas, e desde o trabalho de Iná Camargo Costa (A hora do teatro épico no Brasil/1996) devidamente recuperado para o debate sobre cultura e política de interesse da classe trabalhadora.

Por ser um trabalho coletivo, de longa data, naquele momento sentimos conosco a força de todas as pessoas que com ele se envolveram, desde a luta que deu origem a peça, em Jales, em 1959, passando pelos dramaturgos que escreveram o texto, pelos atores que o montaram, pelos camponeses que o demandaram em função da luta que faziam, pelos
companheiros e companheiras da Brigada Nacional de Teatro do MST Patativa do Assaré e do Coletivo de Cultura, pela militância que trabalhou com a peça nos cursos, pelo apoio intelectual e agitador da companheira Iná Camargo Costa.

A peça foi apresentada de tarde, fato notado com surpresa pelo próprio Nelson Xavier. Não foi o momento supostamente reservado para o entretenimento, foi o momento do debate político, o momento da formação, sinal da maturidade com que as organizações têem encarado a dimensão formativa da produção cultural. Pela primeira vez contamos com todo o apoio político e financeiro da coordenação do evento, tivemos um aparato de microfonagem inédito, fundamental para a
garantia da escuta de uma plenária de 5 mil pessoas. Nossos agradecimentos.

Por fim, saímos todos desse momento com a certeza de que temos muito a aprender com o espírito combativo e solidário da geração que empenhou suas vidas na década de 1960 para lutar pela Revolução Brasileira. A disciplina teórica daqueles companheiros e companheiras, o espírito de auto-crítica, a disponibilidade para a transmissão da experiência são
exemplos que aprendemos com Nelson Xavier, com Augusto Boal, com César Vieira, com Iná Camargo Costa, e com tantas e tantos outros companheiros com que tivemos contato nos 11 anos de jornada da Brigada Nacional de Teatro do MST Patativa do Assaré.

Fortes abraços!
Rafael Villas Bôas
Brigada Nacional de Teatro do MST Patativa do Assaré
Brigada Semeadores, de agitprop do MST/DF
Professor de Teatro da Licenciatura em Educação do Campo da UnB

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

III Temporada do Chapeu 2012 - 20 a 26 de agosto



domingo, 19 de agosto de 2012

Quieren desalojar un espacio artístico-cultural


Documento sin título

Abajo sigue un comunicado explicando lo acontecido con La Casa Pirata, centro cultural de la ciudad donde se realizan muchísimas propuestas artísticas abiertas a la comunidad. No podemos permitir su desalojo, acércate a la Casa a participar de las actividades de resistencia, a conocer, a firmar el petitorio, o llevar cartas de apoyo, sumate a la difusión que la Casa es de todos y todas.

kasa_pirata@hotmail.com

0341- 156117991

 
COMUNIKADO

Nos dirigimos a ustedes para informarles sobre nuestra situación en la casa de Ovidio Lagos 1237, en Rosario, Argentina, que desde hace un año paso a llamarse Kasa Pirata. Sabido es que este lugar estuvo abandonado durante muc hos años. Sin embargo gracias a un esfuerzo colectivo este lugar fue restaurado y transformado en un espacio de vivienda y de creación artística, que cuenta con una sala de teatro, una biblioteca comunitaria y una estructura de entrenamiento circense. Actualmente y desde el mes de Abril, se realizan talleres abiertos a toda la comunidad de: trapecio, tela aérea, acrobacia, malabares, magia, canto, música, payaso y teatro. Todos estos son realizados de forma libre y gratuita por las personas que vivimos en este lugar. El martes 17 de Julio se presentó a nuestra puerta la policía con una orden judicial, abusando de su poder, llevándose detenidos a 7 de nuestros compañerxs junto con la mayoría de nuestros objetos personales de valor, como celulares, cámaras, notebook y dinero en efectivo. El día 16 de Agosto nuevamente se presenta la policía a nuestra puerta con una orden de allanamiento y desalojo. Como es de esperar, dadas las circunstancias anteriores, nos negamos a abrir la puerta sin la plena certeza de la legitimidad de la misma. Prevenidos ya ante esta eventualidad, convocamos a una gran cantidad de gente que llegó hasta las afueras de la casa junto con nuestra abogada. Esta resistencia pacífica que se llevó a cabo con música, malabares, títeres y payasos dentro y fuera de la casa derivó a la retirada del gran despliegue policial junto con dos voceros de nuestra organización, quienes llegaron a un acuerdo con el representante legal del supuesto dueño del inmueble, Diego Orlomski, y la policía, que aplaza el desalojo hasta el día 4 de septiembre. Todo este cúmulo de situaciones y la información que hemos podido recaudar, a través de vecinos y de otras organizaciones, nos lleva a pensar que los títulos de dominio de propiedad y el proceso mismo que se lleva a cabo es ilegitimo. Estamos al tanto que un proceso de desalojo debiese tener un juicio y un aviso previo, sin embargo, esto no ha sucedido aquí y muy por el contrario pareciese que esto pudo suceder gracias a las facilitaciones legales que consiguió el supuesto dueño por su gran poder adquisitivo, lo cual resulta bastante probable dadas las condiciones físicas del espacio y el interés que puede despertar en las empresas inmobiliarias. Convocamos a todxs las personas afines a esta causa a acercarse y participar desde sus posibilidades en la defensa de este espacio físico, pero más aun la reivindicación de las ideas y la forma de vida que conlleva: la solidaridad, el trabajo comunitario y colectivo; y el derecho a una vivienda digna. Nos enfrentamos a este inminente desalojo con la convicción de la legitimidad social que ha logrado este espacio, y con la firme intención de desenmascarar los intereses reales implicados en esta situación. Estamos proyectando de esta forma diversas actividades de carácter cultural para difundir nuestra situación actual e impedir que otro espacio liberado más, nos sea arrebatado a nosotros y a toda la comunidad rosarina. Seguimos más convencidos que nunca que nuestra lucha por una vida distinta al modelo de consumo que nos impone este sistema es completamente justa y necesaria para nosotrxs y los que vienen. Asi nuestra lucha queda abierta a todxs aquellxs que quieran aportar a extender a estos 19 días de plazo que nos imponen. KASA PIRATA



quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Em decisão inédita, tribunal reconhece militar como torturador- 14 ago 12

14.08.2012

Em decisão inédita, tribunal reconhece militar como torturador

O coronel reformado Carlos Alberto Ustra, ex-comandante do Doi-Codi de SP. Foto: Sergio Dutti/AE
Pela primeira vez na história da Justiça brasileira, um órgão colegiado reconheceu os crimes de um agente da ditadura. Nesta terça-feira 14, a 1ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo manteve a responsabilização do coronel reformado do Exército Carlos Brilhante Ustra, ex-comandante do Doi-Codi paulista, pelas torturas sofridas por três integrantes da família Teles entre 1972 e 1973. Com a decisão, a tortura no Brasil passa agora a ter rosto, nome e sobrenome – e abre possibilidade para que novas ações sejam tomadas nesta direção, como lembrou o jurista Pedro Serrano (clique AQUI para ler)
Até então, medidas semelhamtes só haviam sido tomadas em decisões isoladas de juízes de primeira instância e eram  derrotadas nos tribunais superiores.
Trata-se de uma ação declaratória, sem pedido de indenização. Ou seja: a família vítima de tortura pedia apenas que a Justiça reconhecesse o ex-militar como torturador. Há quatro anos, o juiz Gustavo Santini Teodoro, da 23ª Vara Cível, já havia responsabilizado Ustra pelos crimes. Nesta terça-feira, os desembargadores da 1ª Câmara de Direito Privado do TJ-SP julgaram a apelação e mantiveram a decisão da primeira instância. Ainda cabe recurso à decisão no Supremo Tribunal Federal ou no Supremo Tribunal de Justiça.
Ustra chefiou o DOI-Codi, órgão da repressão, entre outubro de 1969 e dezembro de 1973. Maria Amélia Teles e seu marido, César Augusto Teles, foram torturados pelos agentes da ditadura após serem presos em 1972.
"A justiça brasileira chegou a essa decisão justamente quando está fazendo 40 anos que eu e minha famílias fomos torturados", diz Amélia. "Faz sete anos que entramos com a ação, e nesse tempo a Justiça avançou. O tribunal mostrou que é intolerável a sociedade conviver com a total impunidade dos crimes cometidos pela ditadura".
"Eu acho que a humilhação de ter sido torturado e a tristeza de ter familiares mortos sob torturas é uma impressão que não se apaga. Mas essa sentença veio reparar a dignidade do Estado brasileiro que estava numa situação de desonra universal", disse ao final do julgamento o advogado da família Teles, Fábio Konder Comparato.
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Para os mais jovens entenderem melhor o significado deste julgamento de hoje, segue a íntegra da entrevista que fizemos com Amelinha Teles, torturada pessoalmente por Ustra.
Viomundo – Quem é o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra?
Amelinha Teles – É um oficial do Exército, atualmente reformado. Em 1972, quando minha família e eu fomos presos, ele era major do Exército e comandante do DOI-Codi de São Paulo, que era um centro de tortura.
O Ustra, como comandante do DOI-Codi, fez parte das estratégias políticas da ditadura para sequestrar mulheres, homens, crianças, torturar, assassinar, ocultar cadáveres.
Quem passa hoje pela 36ª Delegacia de Polícia de São Paulo, na rua Tutóia, acha que é uma delegacia qualquer. Só que nos fundos, na época da ditadura, funcionou o primeiro órgão de repressão ligado ao Exército. Foi chamado inicialmente de Operação Bandeirante – a Oban – e depois se transformou em Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Internao DOI-Codi/SP –, que daí se estendeu por vários estados brasileiros.
Muitos dos integrantes da Operação Bandeirante, entre os quais o Ustra, começaram a fazer parte não só do DOI -Codi, mas também de um esquema de eliminar os opositores políticos na região do Cone Sul: Chile, Bolívia, Paraguai, Argentina, Uruguai. O próprio Ustra foi a outros países para fazer este tipo de ação, de eliminação, mesmo.
Viomundo – No seu caso, como é que foi?
Amelinha Teles – Eu e meu marido estávamos acompanhando um dirigente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), o Carlos Nicolau Danielli, e fomos presos juntos em 28 de dezembro de 1972. Nós fomos testemunhas oculares do assassinato do Danielli. Torturam-no tanto que ele morreu três dias depois, em 30 de dezembro, nas dependências do DÓI-Codi, sob o comando do então major Ustra.
Eu fui torturada pelo Ustra praticamente no primeiro minuto que cheguei ao pátio da Oban. Vendo o Danielli sendo espancado, levando chutes, já ali no pátio, o César sendo torturado, eu falei alguma coisa no sentido de fazer um apelo, que não era possível tratar um ser humano daquela forma. Ele, com as costas da mão, me deu um safanão no rosto, me jogando no chão, gritando: foda-se!
Foi a senha para que os demais torturadores me arrastassem pelos corredores, me levassem até a sala de tortura e começassem também a me torturar. Me colocaram no pau de arara e na cadeira do dragão, fui submetida a afogamento, choque elétrico por todo o corpo, inclusive nos órgãos genitais, palmatória.
O Ustra foi buscar então os meus filhos e a minha irmã na nossa casa. As crianças foram levadas para a sala onde eu estava sendo torturada na cadeira do dragão, toda urinada, com fezes, vômito, sangue pelo corpo.
Amelinha Teles – A Janaína tinha 5 anos de idade e o Edson, 4. Eles foram sequestrados da minha casa e levados para DOI-Codi, para nos pressionar psicologicamente. Além de mim, ele torturou fisicamente o meu companheiro César Augusto Teles, minha irmã Criméia de Almeida, que estava grávida de 7 meses, e psicologicamente os meus filhos.
Meu filho Edson ficou em estado de choque, um dia disse: "Mãe, o que aconteceu aqui? Por que você está verde e o meu pai ficou azul?"
Teve uma hora que eu falei para o Ustra: "Por que o senhor faz isso [tortura] com meu marido? Ele está diabético e tuberculoso!" Ele respondeu: "Nós vamos continuar. É bom para ele tenha agora um câncer".
O Ustra era o homem da Operação Bandeirante. Ali, foi uma escola de tortura, que mandou torturadores para vários estados brasileiros e países, para perseguir militantes políticos de oposição à ditadura. Naquela época, ele tinha uma influência muito grande. Ele estava sempre gritando, dando ordens, criando um clima de verdadeiro terror naquele inferno. Eles mesmos diziam: "Aqui, você está na Oban, aqui você está no inferno".
Viomundo – O que o Ustra queria saber de você?
Amelinha Teles – Ele queria saber se eu tinha contato com o João Amazonas, que era presidente do PCdoB. Ele queria também que eu entregasse oito militantes do PCdoB. Essas, segundo ele, eram a razão de eu estar sendo torturada. Acho que eles te torturam muito para te fazer perder a esperança de que o mundo pode ser transformado num mundo de justiça, de igualdade. Eles querem te desmoralizar, ofender a tua dignidade.
Viomundo – E a tua irmã?
Amelinha Teles – A Criméia entrou na Oban como se fosse a babá das minhas crianças. Ela tinha um nome falso. Na verdade, ela não era babá. Foi um artifício que encontrou ali na hora. Eles procuravam a minha irmã que era guerrilheira. Mas foram tão incompetentes que nos primeiros dez dias não identificaram que a minha irmã estava ali. Quando descobriram, quem foi me torturar foi o general Humberto Souza Neto, que era o comandante do II Exército. Com aquele bastão de comando, bateu em mim, na Criméia e no torturador que estava junto, chamando-o de idiota, incompetente. "Afinal de contas", diz ele, "a cara de uma é focinho da outra. Onde já se viu que comunista ter babá. Só na cabeça de vocês para acreditar numa história dessas."
Viomundo – O general bateu no torturador na frente de vocês?!
Amelinha Teles – Bateu. Me lembro muito bem: era velho e barrigudo. Ele bateu com o bastão. E o torturador não levantou um dedo. Aquilo me chamou atenção, porque torturadores espancavam a gente com tanta força, tanta violência, e aquele apanhou. Ele poderia bater no velho, mas não o fez. É a hierarquia. Ele só olhava para baixo. Claro que quando o general saiu, pegaram a gente. Fomos torturadas durante dias.
Viomundo – Você viu o Danielli ser assassinado. Como foi?
Amelinha Teles — O Danieli foi muito, muito torturado. No terceiro dia da prisão, ele morreu numa sala de tortura. Estava nu, com uma barriga inchada, enorme, eele era uma cara magro, sangrava pela boca, nariz, ouvido.
Alguns dias depois "capitão" Ubirajara, cujo nome verdadeiro é o Aparecido Laertes Calandra, na época investigador da Polícia Civil, me chamou numa sala de tortura e disse "leia aqui", me mostrando um jornal. Estava escrito: Terrorista morto em tiroteio. E tinha a foto do Danielli.
Eu falei: "Isso é mentira. O Danielli morreu aqui nesta sala". Ele respondeu: "É pra você ver como são as coisas. Amanhã você também pode ser uma manchete de jornal".
Isso que eu e o César assistimos no caso do Danielli se repetiu com vários outros casos na Oban. Era esse o esquema usado.
Em 7 de julho de 1973, nós denunciamos isso na Justiça Militar, ali na avenida Brigadeiro Luis Antonio. O juiz não queria ouvir. Ele gritava e dizia que nós éramos terroristas.
Eles criavam a figura do terrorista, para justificar todas as atrocidades contra nós. Lembro que foi muito difícil, mas eu e o César denunciamos o assassinato do Danielli, a tortura da Criméia, grávida de 7 meses. Ela também foi torturada pessoalmente pelo Ustra. Nós denunciamos também, já na época, o seqüestro dos nossos filhos Edson e Janaína.
Viomundo – Exatamente quando você entrou na Justiça contra o Ustra, denunciando as torturas praticadas por ele?
Amelinha Teles – A família Teles, da qual faço parte, entrou com uma representação na Justiça aqui em SP na área cível em 2005. Pela primeira vez na Justiça brasileira se falou imprescritibilidade dos crimes praticados por violações dos direitos humanos. O juiz aceitou o nosso pedido. Além de mim, assinam a representação o meu companheiro, a minha irmã e os meus dois filhos.
Viomundo – O que vocês pleiteiam?
Amelinha – A nossa representação tem o nome de Ação Declaratória, porque nós queremos que o Estado brasileiro declare o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra torturador. Ele é um torturador.
Nós entramos com ação em 2005, como eu já disse, e ela foi tramitando até que em 2008 houve a decisão, que é uma sentença.
Quem perde a ação, pode entrar com recurso na 2ª instância, caso não concorde com a decisão. Ainda em outubro de 2008, o Ustra entrou com recurso para não ser condenado como torturador. Aí, começaram a ser marcadas as audiências para o julgamento.
A primeira data foi maio de 2012, portanto deste ano. A sessão de julgamento chegou a começar, mas quando chegou a vez do advogado da nossa família se pronunciar, o dr. Fábio Konder Comparato disse que a decisão era histórica, a sua importância extrapolava o território brasileiro, porque era uma decisão que dizia respeito a convenções internacionais de direitos humanos. De maneira que o Brasil estava sendo olhado pelo mundo inteiro para ver como o Brasil ia tratar o seu passado. Afinal, tinha acabado de ser criada aqui a Comissão Nacional da Verdade.
O professor Fábio insistiu junto aos desembargadores que a decisão que tomassem seria repercutida no mundo inteiro. Aí, eles pediram vista do processo, para poderem reanalisá-lo.
O julgamento foi marcado então para o dia 7 de agosto, semana passada. Houve novo cancelamento, porque dois desembargadores não poderiam participar. E foi remarcado para esta terça-feira, 14 de agosto.
Viomundo – Qual a tua expectativa?
Amelinha Teles – Entre desaparecidos e assassinados daquela época, há cerca de 40 pessoas que passaram pelas mãos do Ustra de alguma forma, porque ele é quem comandava, ele é quem dava as ordens. Eu fui torturada na mesma sala em que o Merlino estava sendo torturado pelo Ustra.
Logo, é importante que o Tribunal de Justiça ratifique a decisão de primeira instância porque tem de se fazer Justiça. O Tribunal de Justiça tem de estar de acordo com as leis internacionais de direitos humanos, pois a Constituição brasileira apóia todos eles. Então a importância disto está em se fortalecer a democracia no país, para se construir um estado de fato democrático.
E junto com isso é preciso uma transformação das instituições das forças armadas. A matança, a tortura e o extermínio ainda estão acontecendo nos dias de hoje. Todos os dias nós estamos nos deparando com casos de atrocidades com inocentes que são assassinados, exterminados nas ruas de São Paulo por policiais.
Um país que não resolve um problema do passado recente, não vai para a frente. Não se pode construir uma democracia com uma polícia tão truculenta, que age como se estivesse numa guerra civil.
A Policia Militar foi criada na época da ditadura militar por iniciativa das Forças Armadas. Na época da ditadura, se considerava que o comunista estava dentro do povo. Então, se dizia que o inimigo estava dentro do povo e poderia ser qualquer um.
Agora, em vez do comunista, é jovem que está na rua. O Brasil é um país onde até hoje nós convivemos com presos políticos que não foram encontrados, que não foram sepultados. Enquanto na Argentina, torturador vai para a cadeia, como o ex-presidente Jorge Videla, e volta e meia mais uma avó da Praça de Maio consegue localizar o neto, nós, aqui, não. Precisamos botar um fim na impunidade.
Luis Merlino e Carlos Nicolau Danielli foram torturados pessoalmente por Ustra; ambos morreram no DOI-Codi/SP

http://www.viomundo.com.br/denuncias/amelinha-teles-e-preciso-botar-um-fim-na-impunidade-dos-torturadores-da-ditadura-militar.html

Camaradas,
segue o áudio da reportagem da Rádio Brasil Atual sobre a decisão
inédita e unânime dos desembargadores do Tribunal de Justiça de São
Paulo que declararam o ex-comandante do DOI-Codi, Carlos Alberto
Brilhante Ustra, torturador
Tribunal de Justiça de São Paulo declara coronel Ustra torturador
Em decisão inédita e unânime os desembargadores do Tribunal de Justiça
de São Paulo declararam o ex-comandante do DOI-Codi, o coronel do
Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra, torturador. A ação movida
pela família Teles , torturada por Ustra durante a ditadura militar,
já havia sido acolhida, em 2008, pelo juiz de primeira instância
Gustavo Santini Teodoro. Levantamento realizado pela Arquidiocese de
São Paulo, no início dos anos 80, apontam 40 mortes de ativistas
políticos e 502 casos de tortura no centro de repressão comandado por
Ustra. Reportagem de Lúcia Rodrigues

saudações de luta
Lúcia Rodrigues


segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Mostra das Culturas Populares e Tradicionais Paulistas

Mostra das Culturas Populares e Tradicionais Paulistas: uma boa oportunidade de conhecer a cultura popular paulista.

A Mostra das Culturas Populares e Tradicionais Paulistas que acontece nos dia 24, 25 e 26 de agosto no SESC Pinheiros, comemora os dez anos do Fórum para as Culturas Populares e Tradicionais.

 

Organizada pelo Fórum para as Culturas Populares e Tradicionais em parceria com a Gerência de Programas Socioeducativos do SESC SP, a Mostra das Culturas Populares e Tradicionais Paulistas reunirá no mesmo cortejo jongueiros, Congos, festeiros, moçambiques, catiras, músicos, agentes e artistas populares paulistas em três dias de festas, rodas de conversa e oficinas de danças. Os debates incluem temas como Patrimônio Imaterial, Políticas Públicas e Saberes Tradicionais e mantém a "tradição" do Fórum de articulador dos atores, produtores e artistas populares com a assembleia que acontece no dia 26 de agosto, domingo, a ideia é discutir novas ações e o projeto do Encontro de Culturas Populares e Tradicionais em 2013.

Além das oficinas de Danças, acontecerá a oficina de Capacitação de mestres e lideranças comunitárias para a apresentação de propostas aos órgãos financiadores das atividades culturais. Mais de 350 brincantes participarão do evento possibilitando a integração do público com as festas, cortejos e danças populares brasileiras!

 

Um pouquinho da história do Fórum para as Culturas Populares e Tradicionais

O Fórum iniciou atividades em 26 de agosto de 2002 e, desde então, participou, em âmbito estadual, da construção do Fundo Estadual de Arte e Cultura, posteriormente batizado de Plano de Ação Cultural (ProAC), participando também do Fórum de Entidades Culturais do Estado de São Paulo.

Realizou ações de capacitação das comunidades tradicionais para a participação mais efetiva e qualitativa em processos de seleção pública e como protagonistas das políticas que os afetam. Esse foi o objetivo das oficinas de Elaboração de Projetos Culturais realizadas em 2006 (ProAC 17 – Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo), e de 2007 a 2009 nas oficinas do ProAC - Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo e dos Prêmio Culturas Populares/MinC. Tem colaborado com a criação de fóruns regionais em diversos estados. A partir de outubro de 2011, o Fórum passou a atuar em todo o território brasileiro.

Em âmbito nacional, o Fórum articulou a realização do I Seminário Nacional de Políticas Públicas para as Culturas Populares juntamente com o Fórum de Culturas Populares, Indígenas e Patrimônio Imaterial do Rio de Janeiro e a então nascente Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural (SID) do Ministério da Cultura. Este seminário contou com alto grau de participação popular na construção de diretrizes para o segmento, tornando-se referência para a construção de projetos, programas e ações governamentais, como o Prêmio Culturas Populares.

MOSTRA DAS CULTURAS POPULARES E TRADICIONAIS PAULISTAS
Programação
24 de agosto - sexta-feira
17h as18h – Intervenção urbana na Praça Padre Septímio Ramos Arante em cortejo até o SESC Pinheiros:
Apresentação de sete grupos da cultura popular brasileira: Congada de Sta. Efigênia (Mogi das Cruzes/SP), Cia. de Moçambique Unidos de São Benedito do Parque Bandeirantes (Taubaté/SP), Folia de Reis Estrela do Oriente (São Paulo/SP), Samba de Bumbo Vovô da Serra Japi (Pirapora do Bom Jesus/SP), Maracatu Porto de Luanda (São Paulo/SP), Congada Divino Espirito Santo (Mogi das Cruzes/SP), Cia Caracaxá (São Paulo/SP).
18h30 – Apresentação do Toré Pankararu
Local: Praça do Sesc Pinheiros
19h as19h20 – Abertura com Danilo Santos de Miranda e Marcelo Manzatti
Local: Ginásio 7º andar SESC Pinheiros
19h20 as 20h30
Mesa de abertura – Encontro de Saberes com Mestre Alcides de Lima e Alberto Ikeda
Local: Ginásio 7º andar SESC Pinheiros
20h as 21h30 – Grupo Folias e Folguedos – Inimar dos Reis
Local: Arena no 7º. Andar

25 de agosto - sábado
10h30 as12h
Local: Ginásio 7º andar
Oficina de Capacitação Ginásio de mestres e lideranças comunitárias para a apresentação de propostas aos órgãos financiadores das atividades culturais com Fórum para as Culturas Populares e Tradicionais (FCPT).
10h30 as 12h
Local: Espaço Mosaico
Oficina Brincando com Dança com Vera Athayde, Kelly Soares e Paulo Gonçalves.
14h as 16h
Local: Ginásio 7º andar
Roda de Conversa - Políticas Públicas para as Culturas Populares e Tradicionais
FCPT, Ministério da Cultura, Secretaria de Estado da Cultura, Secretaria Municipal da Cultura. Mediação Tião Soares
15h30 as 17h
Local Ginásio Topázio – 5º andar
Oficina Brincando com Dança com Vera Athayde, Kelly Soares e Paulo Gonçalves.
16h as 19h30
Local: Praça SESC Pinheiros
Apresentações: Favoritos de Catira (Guarulhos/SP) e Edson Alves Fontes, Congada de São Benedito do Belém (Taubaté/SP), Samba Lenço (Mauá/SP) e Batuque de Umbigada (Piracicaba, Tiête e Capivari/SP)

26 de agosto - domingo
10:30h as 12h
Local: Arena no 7º. Andar
Roda de conversa - Patrimônio Imaterial com Gil do Jongo, Julio Moracen Naranjo e Marcelo Manzatti
10h as 12h
Local: Espaço Mosaico
Oficina Brincando com Dança Vera Athayde, Kelly Soares e Paulo Gonçalves.
13h as 15h
Local: Ginásio 7º andar
Assembleia do Fórum para as Culturas Populares e Tradicionais – FCPT
15h as16h30
Local: Praça SESC Pinheiros
Apresentação dos integrantes da Oficina Brincando com Dança
16h30 as 19h
Local: Pça SESC Pinheiros
Apresentação do Cambaiá – Cia. De Moçambique de São Benedito (São Paulo/SP) e Jongo de Embu (Embu das Artes/SP)

SERVIÇO – MOSTRA DAS CULTURAS POPULARES E TRADICIONAIS PAULISTAS

Temporada: de 24, 25 e 26 de agosto. Sexta, sábado e domingo

Local: diversos espaços (consultar programação)

Entrada Gratuita.

 

SESC Pinheiros

Endereço: Rua Paes Leme, 195.

Horário de funcionamento da Unidade: Terças a sextas, das 13 às 22h. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 19h horas.

Horário de funcionamento da Bilheteria: Terça a sexta das 10h às 21h30. Sábados das 10h às 21h30, domingos e feriados das 10h às 18h30.

Tel.: 11 3095.9400

 

ESTACIONAMENTO COM MANOBRISTA (VAGAS LIMITADAS): Veículos, motos e bicicletas.

Terça a sexta, das 7h às 22h; Sábado, domingo, feriado, das 10h às 19h

 

(Horários especiais para a programação do teatro).

Taxas: Matriculados no SESC: R$ 6,00 nas três primeiras horas e R$ 1,00 a cada hora adicional;

Não matriculados no SESC: R$ 8,00 nas três primeiras horas e R$ 2,00 a cada hora adicional;

Para atividades no Teatro, preço único: R$ 6,00;

 

ATENÇÃO!

Em função das obras de Reurbanização do Largo da Batata, executadas pela Prefeitura de São Paulo, a Rua Paes Leme está interditada para o tráfego de veículos no trecho entre a Rua Amaro Cavalheiro e a Rua Padre Carvalho. As obras foram iniciadas em 8 de julho e a previsão de término é de 60 dias. Durante esse período, o acesso ao estacionamento do SESC Pinheiros se dará pela Rua Butantã nº 100. A entrada de pedestres permanece pela portaria principal na Rua Paes Leme.

 

Antecipe sua chegada aos shows e atividades em pelo menos 30 minutos e evite transtornos.

 

Para informações sobre outras programações www.sescsp.org.br

 

INFORMAÇÕES À IMPRENSA

 

Assessoria de Imprensa do SESC Pinheiros:

Telefones: (11) 3095.9425 ou 3095.9423

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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Carta de esclarecimento e repúdio - Criciúma/SC

Criciúma, 10 de agosto de 2012

CARTA DE EXCLARECIMENTO E REPÚDIO

 

Viemos por meio desta, esclarecer a população de Criciúma e todos aqueles que esta carta possa interessar, que a Mostra Regional de Teatro Organizado pela Fundação cultural de Criciúma, não contempla os anseios de nós Grupo de Teatro Cirquinho do Revirado e Grupo teatro lá nos fundos.  

Nós acreditamos na arte como meio de promover à comunidade o pensamento crítico e conseqüentemente transformá-la através deste. Para tanto, se faz necessária a ação do poder público, uma vez que este deveria ser o principal provedor de meios para realização das manifestações artísticas do município, sendo que, cumpridas as devidas obrigações dos gestores responsáveis para com a nossa classe. 

Há quatro anos é promovido e realizado pela FCC na cidade de Criciúma a Mostra Regional de Teatro, que deveria, em tese, proporcionar aos artistas e a população local um nível de organização que abarcasse os anseios de uma cidade que possui, no segmento teatro, escolas de teatro que mantém em seu corpo uma expressiva procura por parte de novos jovem artistas; Grupos que iniciam uma carreira profissional ainda em expansão além de dois grupos profissionais, premiados, que viajam continuamente pelos os estados brasileiros, levando o nome de Criciúma. (Cirquinho Do Revirado e Teatro lá nos Fundos).

Temos uma  população desejosa em poder usufruir dessa linguagem artística, seja nas salas de aula, ou como espectadores. O problema é que esta mostra, estando já na sua quarta edição, continua não abrangendo os anseios dos artistas locais, muito menos da população, pois além de ser frágil como projeto, não se define como linguagem e é logisticamente mal elaborada, não se efetivando como evento, visto que não há nenhuma preocupação nem ações de divulgação para que a população saiba e participe.

Acreditamos que ações realizadas na urgência de desejos pessoais, sem nenhum levantamento das necessidades dos artistas, feita unilateralmente e exclusivamente para cumprir uma agenda protocolar não se efetivam como evento nem tão pouco como projeto.

Nós repudiamos também as declarações do atual presidente da FCC que na imprensa disse: "A Mostra serve para que as pessoas tenham mais contato com o teatro e é um evento que a cada ano tem mais participação e qualidade", afirma o presidente da FCC, Sérgio Zappelini. '' As declarações do gestor da FCC demonstra sem sombras de dúvida que as ações na área do teatro realizadas por ele não condizem com o que vimos nesses quatro anos e nem tão pouco com esse evento chamado Mostra Regional de Teatro. "A mostra não contempla os anseios dos
 artistas ligados ao movimento teatral da cidade.
Além de a população não estar tendo mais contato com o teatro essa participação só decresceu e a qualidade do evento nos seus aspectos logísticos, de investimento, planejamento, só piorou. O que vimos é uma tentativa de vender uma imagem de acertos e sucesso que só acontece da cabeça do presidente da FCC.

Lamentavelmente vemos que por ser um ano político, uma enxurrada de acontecimentos estão sendo promovidos pela Fundação Cultural de Criciúma  neste último ano, eventos relâmpagos, sem sustentação, sem diálogo com os artistas, numa agonia sem fim,  estes acontecimentos não promovem a cultura da cidade e sim a sua pagina numa Rede social.

Um gestor na área da cultura deve promover a arte, realizando eventos que incentivem os artistas a desenvolver
seus trabalhos e não estabelecer uma competição com os profissionais da área, não disputar por espaço. É dever da FCC criar mecanismos para que os artistas possam mostrar seus trabalhos uma delas é o formato de festival, bem pensado, projetado, com levantamentos e diálogos com os artistas locais, suas necessidades com uma boa assessoria, mas o que vemos é um "oba oba" sem fim, de eventos sem sustentação e entre eles está a Mostra Regional de Teatro.

Aí está o nosso grito de desabafo, e nossa indignação. Esperamos que a arte como um todo seja melhor cuidada pelos gestores culturais de nossa cidade, não importa de que partido político seja. O que queremos é ser ouvidos e principalmente ser atendido.

 

 

O Teatro aglutina, mobiliza e "salva" multidões!

 

Gratos pela escuta

Grupo de Teatro Cirquinho do Revirado e

Grupo Teatro Lá nos Fundos.





quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Até quando indígenas brasileiros serão assassinados impunemente por causa da terra?

Solicito divulgação e envio de email à Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos solicitando a retirada de todos não-índios das terras potiguara como reparação a esta barbárie.
 
Foram dois assassinados e 9 caciques ameaçados de morte. A situação na Paraíba é grave. (Ver matéria abaixo publicada no Vi o Mundo)
 
Para enviar um email clique aqui: disquedireitoshumanos@sdh.gov.br
 
Abraços
 
Marcelo Zelic
Vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais-SP e membro da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo
Coordenador do Projeto Armazém Memória
(11) 9726-1388
www.armazemmemoria.com.br
mzelic@uol.com.br
 

Marcelo Zelic: Até quando indígenas brasileiros serão assassinados impunemente por causa da terra?

publicado em 8 de agosto de 2012 às 11:39

 Cacique potiguara Geusivan Silva de Lima, assassinado na Paraíba Foto: CIMI

Caros Conceição Lemes e Azenha,

É com tristeza que encaminhamos a matéria abaixo publicada pelo CIMI, sobre o assassinato do Cacique Potiguara Geusivan Silva de Lima e de Claudemir Ferreira da Silva.

"É muita covardia: dentro de nossa terra,da qual somos filhos, andamos assombrados.

Porém, não tenho medo de bandido e se tiver que morrer defendendo meu povo, se essa for a vontade de Tupã, que seja feita. Não vou abandonar a luta". Cacique Geral Sandro Potiguara.

No momento em que a Comissão Nacional da Verdade acolhe proposta de trabalho feita pela Associação Juízes para a Democracia, Comissão Justiça e Paz e Grupo Tortura Nunca Mais-SP criando o subgrupo Campo, sob coordenação de Maria Rita Khel, para levantarmos de forma colaborativa a situação das violências sofridas pelas populações indígenas entre 1946 e 1988, (bem como dos camponeses), vemos com pesar que estas práticas se perpetuam em nossa sociedade.

Nos dedicamos a esta tarefa de levantar e sistematizar as violências sofridas pelos índios como forma de subsidiar a Comissão Nacional da Verdade, na certeza de que estes fatos passados vindo à tona, trarão luz para que a sociedade tire da invisibilidade as questões de vida e morte que envolvem os índios hoje em nosso país. Até quando?

Até quando a cobiça e o lucro continuarão a assassinar e atuar impunemente? Até quando a cana e a soja valerão mais que a vida das pessoas? Por que a FUNAI e a Polícia Federal não atuam no sentido de se cumprir a lei e retirar aqueles que durante décadas exploram comercialmente e ilegalmente estas áreas? Quanto sangue será derramado, quanto medo será imposto à rotina e vida destas pessoas até que o Estado brasileiro faça algo?

A terra dos índios potiguara que no começo do século 20 se extendia pelo litoral do Rio Grande do Norte e Paraíba foi sendo reduzida e ocupada nos anos 80 pelo Exército e Polícia Militar para ser retalhada ainda mais, favorecendo interesses de fazendeiros, mineradora e usineiro da região. Também oficializando um território na Paraíba, através de demarcação que retirou 14 mil hectares de suas terras, intimidando a população local, ameaçando suas lideranças, inclusive produzindo o único indígena brasileiro exilado no Canadá e reconhecido pela ONU saído destas terras onde resistiam a esta opressão, depois de ser preso, torturado e ter sua casa incendiada.

A ilegalidade no uso destas terras, a omissão e conivência do Estado e a ausência de atitudes pela FUNAI são causa e consequência desta violência contra a nação potiguara. Vivemos as mesmas práticas do tempo da ditadura militar, tanto no que diz respeito à violência impune, como na omissão do estado alinhada a interesses economicos em detrimento da vida destes índios brasileiros.

A retirada imediata de todos que usam e abusam ilegalmente das terras potiguara é a unica reparação possível para fazermos justiça em respeito à vida deste líder indígena assassinado e seu companheiro, pois este será mais um crime político que ficará longe das barras dos tribunais, como tantos outros que têm acontecido em nosso país, tais como os caciques e lideranças ameaçadas e assassinadas no centro-oeste brasileiro.

É preciso que a sociedade se envolva nos trabalhos de pesquisa da Comissão Nacional da Verdade para que venha à tona as práticas do passado de modo a mudarmos nosso presente, reforçando e aprofundando através da justiça de transição mecanismos de combate à impunidade, de transformação e fortalecimento de uma justiça para todos. Este crime contra o Cacique Geusivan e Claudemir não pode ficar impune e no silêncio, pois atinge a todos nós brasileiros e brasileiras.

Cópia deste email está sendo enviada à Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos para que sejam tomadas as devidas providências no sentido de realizar ação de desintrusão dos fazendeiros e não-índios desta área indígena, gesto concreto que esperamos seja tomado pelo estado brasileiro a favor da vida e da democracia.

 Atenciosamente,

Marcelo Zelic
Vice-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais-SP e membro da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo
Coordenador do Projeto Armazém Memória

MORRE CACIQUE POTIGUARA VÍTIMA DE ATENTADO NA PARAÍBA

por Renato Santana, de Brasília, CIMI

O cacique Potiguara Geusivan Silva de Lima, 30 anos, morreu no início da noite deste domingo, 5, depois de permanecer seis dias internado em estado grave no Hospital de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa, na Paraíba.
A liderança indígena foi vítima de um atentado ocorrido na noite da última terça-feira, 31, na aldeia Brejinho, município de Marcação, litoral norte paraibano. Geusivan levou ao menos três tiros, sendo dois deles na cabeça. A lesão o fez perder massa encefálica dificultando ainda mais a recuperação. 

Na ocasião, os pistoleiros atiraram também contra Claudemir Ferreira da Silva, mais conhecido como Cacau, não-indígena que fazia a segurança de Geusivan e atirou-se contra os assassinos para proteger o cacique. Cacau tinha 37 anos e morreu no local.  

"Estamos de luto e tristes, mas infelizmente esse luto é também dos povos indígenas brasileiros que estão vendo suas lideranças sendo assassinadas", afirma Capitão Potiguara, da aldeia Forte, e integrante da Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI).

Geusivan já tinha relatado à Polícia Federal que vinha sofrendo ameaças de morte. Cacique Capitão diz que o povo Potiguara quer que o ministro da Justiça José Eduardo Cardozo se sensibilize com a morte e tome providências junto à Polícia Federal para identificar os assassinos, os possíveis mandantes e garantir a segurança dos caciques ameaçados.

Com o assassinato do cacique são seis as lideranças que já denunciaram ameaças aos organismos federais – outros três caciques afirmam terem sofrido ameaças, mas não registraram oficialmente.

A Polícia Federal abriu inquérito na última quarta-feira, 1º, para apurar os assassinatos de Geusivan e Claudemir. Questões fundiárias e um quadro de violência na região permeiam a lista de lideranças Potiguara marcadas para morrer.

O atentado     

Geusivan foi baleado com dois tiros na cabeça enquanto jogava dominó numa praça da aldeia Brejinho, município de Marcação, litoral norte paraibano. Conforme uma testemunha do ataque, que prestou depoimento para a Polícia Federal, dois homens armados abordaram Geusivan e ordenaram que ele deitasse de bruços.

Antes de executá-lo, porém, os pistoleiros foram abalroados por Claudemir Ferreira da Silva, o Cacau, jovem que estava com o cacique na hora do ataque e não era indígena – os demais caciques o apontam como segurança de Geusivan. Cacau, no entanto, foi atingido por vários disparos e morreu no local.

No chão e ao lado do companheiro morto tentando defendê-lo, Geusivan recebeu ao menos três tiros, sendo dois deles na cabeça. Antes da fuga, de acordo com a testemunha, um dos assassinos disse: "Agora só faltam dois". 

Informações não oficiais dão conta de que as armas utilizadas pelos pistoleiros eram revólveres calibre 38, descarregados no local. Também que um dos assassinos, o indivíduo que pilotava a moto, se manteve de capacete durante toda ação; já o acompanhante estava com o rosto à mostra.

De acordo com o cacique geral do povo Potiguara, Sandro Gomes Barbosa, o atentado não é um fato isolado e se soma a ameaças, agressões e tentativas de homicídio sofridas por sete caciques Potiguara e relatadas para a Polícia Federal e Ministério Público federal (MPF) entre 2011 e este ano.

Questão fundiária    

No último mês de abril a comunidade da aldeia Brejinho retomou 90 hectares de área ocupada por fazendeiro de cana de açúcar – localizada dentro da terra indígena já demarcada, mas sem extrusão realizada pela Fundação Nacional do Índio (Funai).

Cacique Geusivan liderou os indígenas, apesar das dificuldades oriundas do fato de ter tido uma perna amputada depois de acidente automobilístico. Tão logo se deu a reocupação da área, a comunidade colocou abaixo toda a plantação de cana, iniciando a construção de moradias e abrindo roçados.

A medida atendeu decisão dos 32 caciques Potiguara: dentro das terras indígenas do povo, nenhuma muda de cana deveria ser plantada e as lavouras existentes não renovadas; os arrendamentos de terra, por fim, impedidos. Como as cidades de Marcação, Rio Tinto e Baía da Traição se confundem com as aldeias, o policiamento foi intensificado para combater roubos e violências.

Tais medidas e a retomada de abril fizeram com que Geusivan passasse a sofrer ameaças. Nos últimos meses recebeu telefonemas dizendo que iriam arrancar a outra perna dele, além de avisos dando conta de que sua vida seria ceifada. Com os outros caciques não foi diferente, incluindo o cacique geral.

No mês de maio homens armados foram até a casa de Sandro, mas não o encontraram. "Meu filho disse que eu não morava mais ali, que tinha mudado de endereço. Se eu estivesse em casa teria sido morto. Em julho agora motoqueiros me perseguiram. Não vamos abandonar a luta, mas só Tupã mesmo para nos proteger", afirma o cacique geral.

Ausência do Estado  

"Nunca a Funai tomou vergonha para tirar os não-indígenas das terras já demarcadas e até homologadas. Seguem aqui como posseiros que arrendam terras para a cana, latifundiários usineiros. Então a gente retoma terras e luta contra a cana e a consequência são as ameaças contra nossas vidas", explica o cacique Aníbal Cordeiro Campos, da aldeia Jaraguá.

Na noite de 22 de março de 2009, um domingo, cacique Aníbal viu a porta de sua casa ser arrombada e por ela entrar homens armados. Tentou se defender, mas acabou levando cinco tiros. Sobreviveu e seguiu nas lutas Potiguara, mas traz no corpo ainda as marcas do ataque: uma bala alojada na cabeça.

A Polícia Federal instaurou inquérito, mas nunca chegou aos pistoleiros e possíveis mandantes. Este ano Aníbal voltou a receber ameaças, assim como o cacique José Roberto, o Bel, da aldeia Três Rios, e o vice-cacique Josesi, que também sofreu um atentado, além dos caciques Pintado, da aldeia Capoeira, Alcides, da aldeia São Francisco, Capitão, da aldeia Forte e cacique Oliveiros, da aldeia Ibykuera. 

O clima de tensão e insegurança entre os Potiguara é grande, fazendo com que familiares e amigos de Claudemir Ferreira da Silva, morto ao defender o cacique Geusivan, pedissem escolta policial durante o velório e enterro. "Ontem (quinta-feira, 2) à noite deram tiros lá na aldeia Brejinho depois de enterrarmos Cacau. Essa é nossa situação", lamenta cacique Bel.

As denúncias de ameaças registradas pelos caciques na Polícia Federal, ao menos em alguns casos, envolvem indígenas cooptados por latifundiários da cana de açúcar e não-indígenas que residem dentro do território de ocupação tradicional e arrendam áreas para a plantação de cana.

"É difícil de dizer quem é que está fazendo isso com nosso povo. A polícia precisa investigar para descobrir. Temos essa situação de combater a cana de açúcar, da violência, da luta pela terra, de impedir os arrendamentos, mas não podemos afirmar quem é", analisa Capitão. 

Situação das terras indígenas 

Os Potiguara do litoral norte da Paraíba se dividem em 32 aldeias entre as três terras indígenas registradas e declaradas pelo governo: Jacaré do São Domingos, Potiguara de Monte Mor e São Miguel. Juntas somam35.328 hectares. A ocupação não-indígena nelas é acentuada. Em São Domingos, posseiros plantadores de cana conseguiram liminares na Justiça para continuarem na terra já registrada.

Em São Miguel uma usina de cana ocupa área de 14 mil hectares e joga no rio que corta o território vinhoto, inutilizando-o para a pesca do camarão e peixe, prática tradicional dos Potiguara, durante seis meses no ano. Já nas aldeias que compõem a terra Monte Mor, a presença não-indígena ultrapassa 7 mil indivíduos em 1.653 ocupações, além de mais usinas de cana de açúcar.

"É muita covardia: dentro de nossa terra, da qual somos filhos, andamos assombrados. Porém, não tenho medo de bandido e se tiver que morrer defendendo meu povo, se essa for a vontade de Tupã, que seja feita. Não vou abandonar a luta", enfatiza o cacique geral Sandro Potiguara.



terça-feira, 7 de agosto de 2012

2ª Mostra Persistência e pé na tábua

Grupo amapaense vai abrir mostra "Persistência e pé na tábua" no                                                      Calçadão de Canoas as 16H. 

Divulgação:Grupo Tia



                                                                                                Durante esse mês de agosto, o grupo Teatro Ideia Ação (TIA) realiza em Canoas a "2° Mostra Persistência e pé na tábua", que traz         a cidade companhias teatrais de várias Regiões do País. O evento estreia nesta sexta-feira, 10, com a peça João Cheroso e João do Céu Vendendo Cordel - Uma homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga, com o grupo amapaense Eureca. A apresentação ocorre às 16h, no Calçadão (Centro).

A "2ª Mostra Persistência e pé na tábua" conta com o apoio da Prefeitura de Canoas, por meio da Secretaria Municipal de Cultura. De acordo com a coordenação do evento, a mostra vai envolver apresentações em parques, ruas e praças da cidade. A programação completa dessa mostra deve ser divulgada nesta semana.

A história

A peça João Cheroso e seu pai, João do Céu retrata a história desses personagens, que seguem o caminho dos retirantes nordestinos que vão para a Amazônia em busca de melhores condições de vida. Na chegada ao Amapá, os dois descobrem uma curiosidade: a capital amapaense também foi visitada pelo conterrâneo Luiz Gonzaga e este compôs músicas em exaltação à cidade, como a cantoria "Ai que bom, ai que bom/ Que é o Macapá!". Após o espetáculo, os artistas realizam um bate-papo com o plateia, abordando o tema Teatro de rua e arte pública.

Sobre o TIA

Com oito anos de história, o Teatro Ideia Ação foi fundado em 2004. Tem como proposta um teatro experimental, de intervenção social, onde se possa pesquisar e descobrir formas desse "fazer teatral". Uma de suas características é a itinerância, viabilizando seus espetáculos para um fácil acesso ao público em geral. De acordo com o ator Marcelo Militão, integrante do Tia, a iniciativa da mostra nasceu do retorno e apoio que o grupo teve das comunidades em que se apresentou, em várias regiões do País. "Contamos com o comprometimento de vários artistas e parceiros engajados", explica. Atualmente o Tia também produz o Zine O Mio do Gato. Além de marcar os oito anos de história do grupo, a mostra também é dedicada, in-memorian, aos atores Walmi Bahr (integrante do grupo Carapaticum de Canoas) e Caio Gomes (ator e músico que integrou vários grupos de Porto Alegre e Região).