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domingo, 29 de junho de 2014
BOLETIM INFORMATIVO FÓRUM DE ARTE PÚBLICA DATA: 02 DE JUNHO DE 2014
SERIA NOVELA, SE A HISTÓRIA NÃO FOSSE VERDADEIRA!
Não foi fácil descobrir como fazer, mas
Em
2013, artistas e produtores culturais do Estado de SP organizaram-se através do
Fórum do Interior, Litoral e Grande São Paulo:
Artes e Políticas Públicas (Fórum LIGSP) e participaram de todas as
Audiências Públicas que ocorreram nas regiões administrativas do estado e que a
Assembleia Legislativa do Estado de SP (ALESP) fez, e todo ano faz, para ouvir
as principais necessidades da população paulista. De porte das principais
solicitações distribuídas em áreas, os deputados orientam-se na definição do
orçamento do ano seguinte, tarefa que requer muita responsabilidade.
É
muito falado e conhecido que uma das áreas mais negligenciadas pelo critério da
distribuição de verba é a Cultura, e de fato, não atinge nem 0,5% em relação ao
orçamento geral do estado.
A
organização dos artistas e fazedores culturais em 2013 causou impacto
significativo por atuar via os mecanismos legais e colocar em destaque a
Cultura como uma das áreas prioritárias, principalmente nos territórios além da
capital, onde a produção cultural é efetivada mais pela dedicação dos que
entendem o quanto este exercício é fundamental para a saúde social do que
propriamente pela atenção dada dos governantes.
Importante dizer que,
O
Fórum LIGSP enfatizou que o mecanismo legal
para o atendimento de suas reivindicações é o PROAC Editais (Programa de Ação Cultural),
cuja verba é repassada diretamente aos artistas que apresentam projetos
artísticos e são selecionados por excelência mediante seleção feita por
comissão qualificada para tal. Saiba mais no final do texto. O outro mecanismo, PROAC ICMS, deixa ao setor
privado a escolha dos projetos que lhe convém, normalmente por critérios de
marketing e visibilidade. Cabe destacar aqui que o Fórum LIGSP apoia a implementação
do Fundo Estadual de Cultural para que esta distorção deixe de acontecer, mas
este é outro assunto.
Ênfase para que o Fórum LIGSP pudesse ser
ouvido.
E
mais, na ata da sessão no 85 de 19/12/2013 consta via emendas
aglutinativas um aporte de mais 10 milhões, quantia inferior à total pleiteada,
mas que se dirigida ao PROAC Editais conforme a legítima solicitação, seria uma
resposta de diálogo entre o poder público e a sociedade civil.
Total
conquistado 14 milhões, portanto um aumento de 30 para 44 milhões.
As manobras burocráticas ultrapassaram a
ficção.
A
verba suplementar de 10 milhões, conquistada pelas emendas aglutinativas, desapareceu
por meio de estratégias burocráticas e o Relator do Orçamento, Deputado Cauê
Macris, não reconheceu o fato, embora documentado em ata. A reação de
indignação dos próprios parlamentares que acompanharam a sessão no
85/2013 pode ser comprovada pelo vídeo https://www.youtube.com/watch?v=gO_QDa4WkO4&feature=youtu.be
A NOVELA!
Na política brasileira, ao povo não
basta conquistar, não é suficiente nem estar diante de quem escreve o veredito.
É preciso checar para ver se o que foi escrito condiz com a decisão.
É
assustador que, além de todo esforço de um ano para a conquista da pauta
documentada em assembleia, o Fórum LIGSP
ainda tivesse que lutar mais 6 meses para conseguir o que já havia adquirido.
O
que de fato ocorreu nunca saberemos, mas o que parece é que os 10 milhões foram
destinados à Secretaria de Estado da Cultura sem destino certo, sem rubrica
PROAC EDITAIS, e assim a verba ficou impossível de ser localizada.
Depois da indignação e do desrespeito sofrido,
Ameaçado de morte o jornalista e dramaturgo Marcelo Dias Costa lançou seu novo livro em Contagem - MG.
Nota pública do Fórum Popular de Cultura de Contagem à imprensa, sindicatos dos jornalistas, sindicatos dos artistas do teatro e da dança, movimentos e organizações políticas e sócias, organizações de direitos humanos e de luta pela livre expressão, aos poderes legislativos municipal, estadual e federal. E a toda sociedade em geral!
Noite de lançamento foi marcada de muita emoção e solidariedade ao artista que não pode estar presente no lançamento do seu próprio livro.
A noite da sexta feira, 27 de junho, ficou marcada na história da Casa do Movimento Popular em Contagem, não apenas pelo fato de receber o lançamento do segundo livro independente produzido em seis meses por Marcelo Dias Costa, mas por se configurar, a casa, como espaço extremamente necessário para cumprir sua função primeira: Abrigar movimentos, sociais políticos, perseguidos, resguardando os direitos humanos. Foi no casarão construído com doação de instituições internacionais em meio à ditadura militar para servir de apoio aos movimentos e a cidade atravessada pelas grandes greves operárias, que aconteceu o lançamento do livro Inutrealidade – Teatro aos que tem fome!
De início, todos estranharam de o fato do autor não estar presente, pensando ser alguma surpresa para o lançamento. Aos poucos a emoção foi tomando conta da noite marcada pelo gesto solidário de dezenas de companheiros que se moveram para expor de forma artística o ocorrido com Marcelo Dias a lastimável situação da cidade Contagem.
Há três semanas atrás Marcelo estava assistindo uma apresentação musical em um barzinho de Contagem, quando percebeu um homem que estava o estava encarando e assim que Marcelo olhou para ele, disse essas palavras: "é você mesmo, você está pedido".
Sem entender o que ele queria dizer, Marcelo perguntou se o homem estava falando com ele, e Ele disse novamente: "você está pedido!". Marcelo, que não sabia o que isso significava, mas já achando muito estranho, perguntou se não estava sendo confundido com outra pessoa, o homem reafirmou sua ameaça, dizendo ainda que sabia tudo sobre ele, endereço, vínculos sociais e se retirou do local voltando alguns momentos depois com mais quatro. Um dos homens que entraram com o sujeito anterior bateu no ombro do Marcelo e disse com sarcasmo: "Deus te abençoe".
Percebendo o perigo, Marcelo tentou ficar no bar por mais um tempo para ver se os homens iriam embora. Depois de um tempo os homens saíram do bar mas ficaram esperando do outro lado da rua encostados em um muro. O bar era ao lado da escola Helena Guerra e ao tocar o sinal de saída, vendo muitos jovens parando na porta do bar, Marcelo decidiu tentar se misturar aos alunos e sair sem ser percebido. Por um instante de distração dos homens, Marcelo passou pelos alunos e começou a correr, quando virou uma esquina olhou para trás e se viu sendo perseguido, no que conseguiu correr, se esconder e ganhar tempo de fuga.
Chegando às mediações de sua casa, percebeu novamente a presença de alguns dos que o perseguiam, a partir de então se manteve escondido. Foi registrado um boletim de ocorrência policial sobre o fato ocorrido contando com pedido de investigação e, por orientação da Polícia Civil, Marcelo e sua família se retiraram da cidade. Depois entrou em contato com um amigo que trabalha na polícia, o qual explicou que a expressão "estar pedido" é o mesmo que estar mandado de morte.
Marcelo estava a espera de seu livro, que viria da gráfica, na mesma semana, mas teve que partir antes mesmo de vê-lo. Porém decidiu fazer o lançamento do seu livro e entrou em contato com amigos mais próximos para contar o ocorrido. Deu orientações a eles e pediu que produzissem esse lançamento por ele enquanto não podia estar presente, fazendo desse lançamento também um ato político, um lançamento de resistência.
Marcelo se fez presente não fisicamente, mas nas falas do amigos e por meio da leitura de uma carta enviada por ele, explicando o motivo de não estar presente e trazendo a necessidade de refletir sobre uma cidade que parece estar parada no tempo, no medo e no silêncio da exclusão e da perseguição. Seus companheiros da cia Crônica também fizeram uma leitura dramática de um dos seus textos, do novo livro. Trecho da carta: "Não, não sou mesmo da sua gente. E é isso o que te incomoda! Não consegue entender que ainda há gente que não se compra com cargos ou propina, ou com sua política "do que você precisa que cale a boca"?! Precisamos do que você nunca pôde dar por competência. A lacuna do seu despreparo sempre foi intransponível. Pensou mesmo que sua promessa de morte me faria bicho acossado?! Somos nós os que te conhecem, pequena suja! E somos muitos pra que você possa a todos assassinar – como a mim foi prometido."
Foi feita a leitura de seu Boletim de Ocorrência e logo em seguida a carta deixada por ele na integra, tornando público o ocorrido. Contar essa história publicamente e fazê-la ser vista pelo maior número de pessoas é também uma forma de se proteger e proteger seus amigos, e ativistas da cidade que estão sofrendo as mesmas ameaças. Marcelo é jornalista e tem sido um dos grandes responsáveis por textos e críticas sobre a situação social e política em que se encontra a cidade, que é grave. Afirmando sempre seu compromisso ético de profissional, nunca se omitiu ou deixou de dizer algo dentro de sua liberdade de expressão, ainda que em plataformas de comunicação independentes, que inclusive vem incomodando muita gente não só em Contagem, mas em todo Brasil, principalmente neste momento.
Marcelo é uma pessoa integra, não tem nenhuma ligação com atividades ilegais e criminais. Pelo contrário, no último ano tem sido ativista incansável do Fórum Popular de Cultura por uma cultura e uma cidade mais justa e democrática. Participou de ocupações culturais, reivindicações, reuniões e audiências na Câmara Municipal de Contagem, das mobilizações de uma greve de 56 dias dos trabalhadores da educação e tantas outras lutas. Sempre muito entregue a causa coletiva, Marcelo nunca poupou esforços, assim como o movimento do qual ele faz parte, para expor e denunciar o descaso político em Contagem, acreditando assim que sua perseguição possa ter motivação política. Marcelo e sua família são, dentre tantos, o retrato atual de uma cidade que expulsa seus cidadãos.
Lamentavelmente a cultura independente de Contagem teve que se fazer novamente mais resistente do que de costume. Sendo acolhida pela Casa do Movimento Popular, que expressou toda sua solidariedade à Marcelo Dias Costa na noite desta sexta, 27 de junho. Não houve como conter as emoções com a Casa cheia de pessoas querendo a dedicatória do autor que não estava presente em seu próprio lançamento, e que saíram perplexas depois de descobrirem que não se tratava de uma encenação, onde o autor não aparecia ou estava atrasado, mas sim refugiado por ser ameaçado de morte! Com a leitura de uma carta que parecia ser escrita na antiga ditadura brasileira, era difícil acreditar que estávamos em 2014. Foram muitos os gritos de RESISTÊNCIA MARCELO! Ficou o gesto de que somos todos Marcelo Dias Costa. Somos todos ameaçados, por não nos calarmos, por irmos atrás dos nossos direitos básicos em uma cidade que isso ganha nome de baderna. Se hoje nos calarmos frente ao ocorrido com este jornalista, poeta e dramaturgo, amanhã serão outros tantos jornalistas e artistas a serem perseguidos!
Pedimos à todos que ajudem a divulgar o ocorrido, sendo a publicitação do ocorrido nossa única forma de segurança neste momento. Queremos que todos saibam que não seremos bichos acossados!
Fórum Popular de Cultura, Contagem 28 de junho de 2014.
quarta-feira, 25 de junho de 2014
APONTAMENTOS SOBRE A ÓPERA DO TRABALHO
segunda-feira, 23 de junho de 2014
Teatro de grupo
Campanha "Preservar é Resistir" em Ubatuba
O Fórum de Comunidades Tradicionais Indígenas, Quilombolas e Caiçaras de Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba preocupado com a garantia dos territórios tradicionais para preservar os modos de vida dessas populações lança a Campanha "PRESERVAR É RESISTIR" - Em Defesa dos Territórios Tradicionais em Ubatuba (SP). No sábado, dia 28 de junho, dentro da programação da tradicional festa de São Pedro Pescador de Ubatuba, SP, o Fórum das Comunidades Tradicionais Indígenas, Quilombolas e Caiçaras de Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba lança o vídeo "Preservar é Resistir"! junto com apresentações musicais e exposição de fotos criadas pelos comunitários desse pedaço da Mata Atlântica.
A Campanha "PRESERVAR É RESISTIR" - Em Defesa dos Territórios Tradicionais quer mostrar que a cultura se mantém viva através dos saberes e fazeres dos indígenas, quilombolas e caiçaras, como a pesca artesanal, agricultura, agrofloresta, turismo de base comunitária, artesanato, festas, dança, música, oralidade, etc.. Mesmo possuindo práticas e conhecimentos passados de geração a geração e um importante papel na conservação dos recursos naturais, sendo reconhecidos como verdadeiro patrimônio cultural, vivem graves conflitos territoriais que ameaçam constantemente o seu modo de vida - especulação imobiliária, grandes empreendimentos, privatização de territórios tradicionais, turismo desordenado, restrições dos órgãos ambientais à nossas práticas tradicionais, precariedade de serviços essenciais (educação, saúde, lazer, luz).
A Festa de São Pedro Pescador, em Ubatuba, teve início no dia 29 de junho de 1923. O padre caiçara, Francisco dos Passos celebrou a missa em altar improvisado sobre balsa confeccionada a partir de seis canoas amarradas umas às outras. Em 2014, a Festa de São Pedro Pescador de Ubatuba completará 91 anos de história e tradição popular . A comemoração ao Santo Padroeiro dos Pescadores na cidade de Ubatuba (SP) é considerada uma das maiores e mais tradicionais festas do Litoral Norte de São Paulo e o Fórum de Comunidades Tradicionais Indígenas, Quilombolas e Caiçaras de Angra dos Reis, Paraty e Ubatuba, participa dessa festa com o lançamento da Campanha "PRESERVAR É RESISTIR" - Em Defesa dos Territórios Tradicionais exibindo vídeo da campanha ás 17h30, e logo depois com as apresentações de dois grupos de comunidades tradicionais – Aldeia Guarani Boa Vista e o grupo "Ô de Casa" do Quilombo da Fazenda - na Vila Caiçara - espaço dedicado as comunidades tradicionais no evento.
Sobre o Fórum de Comunidades Tradicionais Indígenas, Quilombolas e Caiçaras de Angra dos Reis (RJ), Paraty (RJ) e Ubatuba (SP):
O Fórum de Comunidades Tradicionais Indígenas, Quilombolas e Caiçaras de Angra dos Reis dos Reis, Paraty e Ubatuba foi criado em 2007, em reunião com lideranças indígenas, quilombolas e caiçaras de diferentes comunidades de Angra dos Reis dos Reis, Paraty e Ubatuba, no Quilombo do Campinho, Paraty, RJ, motivados pelo conjunto de problemas e restrições vividos por essas comunidades e pela necessidade de juntar forças para mudar este quadro. Outro fator de motivação foi o Decreto Federal 6040/2007, que instituiu a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, e que prevê fóruns regionais como instrumentos de implementação deste marco legal.
Venha participar do Ato de Lançamento da Campanha!
Serviço:
Lançamento da Campanha "PRESERVAR É RESISTIR" - Em Defesa dos Territórios Tradicionais
Ubatuba (SP) dia 28 de junho, sábado, a partir das 17h30h, na praça de eventos da 91º Festa de São Pedro dos Pescadores de Ubatuba, SP, que acontece de 25 a 29 de junho.
Site da Festa de São Pedro dos Pescadores de Ubatuba, SP: http://fundart.com.br/festa-de-sao-pedro-2014/historia-da-festa/