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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Políticas estatais para a cultura e arte pública: Vale Cultura em Xeque

Por Antônio Sobreira

O pressuposto desse texto é que qualquer política pública estatal é sinônimo de dependência e escolha por uma autonomia discutível.


Não existe autonomia plena para os que se remetem ao público e ao coletivo. Dependemos de suas respostas, de seus dinheiros e de suas acolhas. Ser um intelectual ou artista autônomo é algo que não existe, pois atuamos por eles e eles que nutrem em alteridade sobre os passos que devemos seguir.


ProaCs, Rounets, editais de cultura e fomentos diversos feitos por governos ou Estado nos atrelará sempre ao Estado, mesmo se nossos trabalhos sejam anti-estatais.


O conceito de arte pública não foge desse pressuposto de ser alicerçado na política estatal. A maneira mais purificada, pudica e higiênica para se sentir devidamente reconhecido é que os recursos que chegam às mãos dos artistas sejam os da classe trabalhadora.


O conceito de arte pública está atrelado ambiguamente aos espaços públicos e à concessão dos governos à nossa atuação. Não se quer dizer com isso que não devamos infernizar os governos e Estado com demandas por verbas. Também é de certo modo cego aceitar que quando 90% de nossa renda vir do Estado, não somos autônomos.


A arte pública nos exige formalização, tal qual qualquer benevolência eufêmica do Estado. Se fosse possível escolher, a única dependência que deveríamos desenvolver é a do público. Como nossos trabalhos os tocam e como eles podem nos financiar a fazer algo que os alimentam a uma mudança deles e de nós mesmos.


Do ponto de vista de liberdade e arte pública, a conservadora política pública denominada Vale Cultura, se liberado o direito do trabalhador oferecer seus créditos a grupos e movimentos culturais autônomos, seria um modo mais honesto conosco do que vivermos de políticas de editais.


Se o trabalhador pudesse dispor de seus recursos e tivesse nitidez para direcionar seus créditos, isso seria mais nobre do que depender de editais públicos.


A parte frágil da argumentação de arte pública está no fato da dependência do Estado. Em ambos os caminhos, somente uma coisa nos salvaria de ser colaboracionistas com o Estado. Esta coisa é entender que estamos num processo histórico que deve funcionar pensando que os trabalhadores nos reconheçam e apostem em nossa tentativa de viver dentro do Estado, sem ser o Estado.


Nós temos muitas frentes. Algumas mais transformadoras positivas do que outras. Cada grupo de artistas faz o que está ao seu alcance e possibilidades. Em uma análise histórica não há espaço para revoluções ou mudanças sociais radicais e positivas. Vivemos tempos de revoluções conservadoras.


Nosso papel não é o de reforçar conservadorismo de esquerda ou de direita. Embora mais urgente do que nunca seja uma afetação geral contra a injustiça social, por enquanto, só podemos servir de tempero à insatisfação dos trabalhadores.


Não somos, nem parece correto nos colocar na ponta de lança de uma mudança de valores! Fazemos o que é possível sem invalidar esforços alheios aos nossos, dos quais concordamos.


O Pombas Urbanas nos contou que ao meio de insegurança sobre a comunidade aprovar ou não o trabalho deles pediram que num dia de um cortejo as pessoas que concordavam com eles que estirassem uma pano ou tecido branco em suas janelas. Eles se surpreenderam com a quantidade de casas que embora nunca os tivessem vistos nos projetos, estavam com suas manifestações singelas expostas em suas casas.


A meta plausível que está a frente das possibilidades de alguns grupos é bem menor que essa! De outros grupos é muito mais ampla que isso! E todos esses caminhos devem ser respeitados.



AS POLÍTICAS PÚBLICAS DOS EDITAIS OU O INFERNO DE SARTRE

AS POLÍTICAS PÚBLICAS DOS EDITAIS OU O INFERNO DE SARTRE
Já dizia o velho Sartre que de "boas intenções o inferno está cheio"!  e ele tem razão, senão vejamos

Aqui na Bahia quando, em 2006, assumiu o governo os companheiros do PT, imaginávamos, na nossa inocente e incessante fé, que as coisas mudariam profundamente, afinal, instalava-se no governo estadual um partido que ao longo dos seus primeiros anos de militância e fora das hostes palacianas, pregava moralidade, justiça e ética, num ambiente onde a maioria da população vivia (e ainda vive) à margem do poder, servindo apenas como espécie de estrume para adubar as oligarquias e ampliar as desigualdades sociais, pois a corrupção, continua como hospedeira da imoralidade e dos mal costumes  que grassa de norte a sul do Brasil.

Naquele ano de  2006, após décadas do chamado "carlismo", o primeiro ano do mandato de Wagner, quando tudo parecia que iria mudar, a cultura recebeu um banho de água fria, pois além da nomeação de Márcio Meirelles como Secretário de Cultura (acusado na década de 1980 – governo Waldir Pires,  de desvio de recursos do TCA) , o alinhamento da política cultural com o governo federal trouxe para a cena a figura dos editais, um mecanismo de financiamento público da cultura que, segundo apregoa o governante do momento, é a melhor forma de distribuir os recursos públicos.

Está certo o poder público, afinal, relembrando o pai do existencialismo, o inferno está abarrotado de ações que, pensadas de boa-fé, tornaram-se purgatórios, porque na realidade esses novos mecanismos  serviram apenas para privilegiar ainda mais àqueles que vivem mamando nas tetas públicas desde que "se amarrava cachorro com lingüiça", como diria a nossa saudosa atriz Jurema Penna.

Poderíamos citar vários produtores culturais e grupos de teatro que  vivem às expensas do governo, inclusive, com o bônus de, até, ocupar cargos nas mais altas esferas do poder, para, a partir dali, engendrar mecanismos para aparelhar os seus teatros e grupos com o dinheiro público e assim manter uma falsa longevidade, utilizando-se como argumento que o sua existência deve-se a tal da auto-sustentabilidade.

Conheço muitos artistas e produtores culturais populares que nunca foram contemplados em nenhum edital, apesar de terem participado de toda e qualquer chamada pública, e, mesmo assim, continuam produzindo e mantendo acesa a chama da arte e da cultura, dentro  das suas possibilidades e sacrifícios. Isto sim que é auto-sustentabilidade.

O mais absurdo, no entanto, quando questionadas às comissões desses concursos,  sobre o porque do alijamento das propostas,notadamente do segmento popular, alegam que não atingiram o grau de excelência exigido pelo edital, conforme determinado no artigo tal, inciso tal...

Sem dúvida não podemos esquecer que a função do estado é fomentar a produção e fruição dos produtos culturais, exigindo apenas um retorno social,  por isso quando num edital público da cultura se exige determinados requisitos de ordem meramente estética ele estará agindo como um produtor comercial que, por visar lucros e retornos financeiros, tem que exigir uma excelente qualidade técnica e estética para o seu produto comercial, afinal,  do ponto de vista capitalista, ninguém  irá pagar relativamente caro por produto de baixa qualidade, sem reclamar.

Não, o Estado não pode agir como produtor e, assim sendo, deve modificar imediatamente o sistema de seleção de projetos  através dos editais de financiamento público da cultura, instalando uma plataforma como a de um concurso de loterias, que se utiliza do sistema de sorteios.  Dessa maneira, após a fase de habilitação (análise da documentação jurídico-fiscal) seriam sorteadas as propostas a serem contempladas com o dinheiro público, porque através dos sorteios teríamos uma maneira mais democrática de distribuir os recursos públicos, o que não seria garantia de lisura nos resultados, afinal, a corrupção, esse cupim nefasto que corrói a ética, está incrustada na nossa cultura desde quando o Brasil foi achado pelos europeus.

Talvez esta nossa proposição seja utópica e cheia de "boas intenções ", mas  o que se espera é que esse inferno de Sartre, no caso particular dos editais da SECULT(BA), seja transformado num paraíso platônico e os produtores da cultura possam ter um acesso mais democrático aos recursos públicos, porque já não é mais possível preencher (com boa-fé) tantos formulários, gastar-se tantos argumentos, para redundar em resultados frustrantes onde os contemplados são sempre os mesmos amigos dos palácios.

 
Marcos Cristiano
Caravana de Téspis - Teatro de Rua para a Cidadania


domingo, 27 de janeiro de 2013

O FENÔMENO TEATRAL PELAS RUAS DE UBERLÂNDIA

                                                           MAÍRA ROSA PEIXOTO[1]
                                                                                 ANA MARIA PACHECO CARNEIRO [2].

RESUMO:                                                                                                              
Este artigo, objetiva através da análise iconográfica, dos registros fotográficos e audiovisuais, discorrer sobre os fenômenos teatrais de rua que se utilizam dos espaços públicos (ruas e praças) dentro da cidade de Uberlândia em 2011 e 2012. Como foco para a pesquisa, foram analisados as imagens do Grupo LUME de Campinas-SP, e da Cia. Buffa e Bottega Buffa, CircoVacanti, da cidade de Trento na Itália. O estudo se pauta ainda, na utilização destas imagens no contexto de apropriação do espaço urbano como fonte de criação artística, pesquisado por André Carreira, contribuindo assim, diretamente nos estudos sobre teatro de rua no interior do curso de graduação em Teatro da Universidade Federal Uberlândia-UFU difundindo e enriquecendo o acervo do Banco de Textos Imagens e Sons – BITS.   
PALAVRAS CHAVES: Leitura de Imagens; Teatro de Rua; Uberlândia.

Resumem:                                                                                                                                        
En este artículo se pretende por medio del análisis iconográfico de los registros fotográficos y audiovisuales, discutir los fenómenos de teatro de calle que se utilizan de los espacios públicos (calles y plazas) en la ciudad de Uberlândia en 2011 y 2012. Como foco de la investigación, se analizó lãs imagenes del Grupo LUME de Campinas-SP y de la Cia Cia. Buffa Buffa y Bottega CircoVacanti ciudad de Trento, en Italia. El estudio está guiado incluso En la utilización de estas imágenes en el contexto de la apropiación del espacio urbano como fuente de creación artística, pesquisado por André Carreira, Contribuyendo, por lo tanto, diretctamente en los estudios de teatro en la calle em el interior de ló curso de licenciatura en Teatro de la Universidad Federal de Uberlândia-UFU y difundir y enriquecer la colección del Banco de Imágenes de Textos y Sonidos-BITS.                                                             
PALABRAS CLAVE: Lectura de Imágenes; Teatro de Calle; Uberlândia.

INTRODUÇÃO
Definida como fenômeno pelo autor André Carreira (2008), pois segundo o mesmo, acontece de forma efêmera, a arte teatral de rua é uma forma de aproximação entre os aspectos físicos da cidade e as relações sociais nela existentes produzindo um novo significado e olhar para tal espaço.                                                                                                                                  

Podemos mencionar que há ligações entre o teatro e a cidade desde a criação da pólis grega, onde em detrimento da boa colheita eram realizadas diversas encenações ao ar livre. Neste aspecto, podemos afirmar também que conforme as civilizações foram se desenvolvendo, a arte teatral foi sendo acompanhada por mudanças no que diz respeito à consolidação de seus espaços. Na Idade Média, aos poucos, o espaço cênico utilizado em feiras e praças foi sendo transposto para dentro dos castelos medievais.                        

Porém focos de intervenções teatrais em espaços públicos, sempre permaneceram em toda a história da humanidade, e a partir de experiências teatrais realizadas nos anos 70 pelo grupo norte americano Living Theatre, provavelmente baseados na tradição medieval das representações ao ar livre com caráter religioso e político-espetacular, surge  a possibilidade de redefinir o espaço teatral por suas regras de funcionamento como espetáculo e pelo seu papel na reorganização do espaço urbano.                                                                                          

Tal como o conhecemos contemporaneamente, o espaço urbano se consolida apenas como espaço de passagem entre as pessoas, carros, motos e demais veículos, onde predomina a urgência em relação ao tempo desprendido por todos. Dentro do caos urbano, não há espaço para a convivência, partilha ou expurgação social, salvo em momentos específicos como em copas do mundo, manifestações populares, religiosas, pagãs ou mesmo políticas.                   

Na experiência adquirida através da coleta e edição das apresentações dos grupos que se apresentaram nas ruas de Uberlândia entre os anos de 2011 e 2012, a análise o uso das imagens reforça a necessidade de uma nova visão sobre o espaço urbano que foge à lógica do próprio fluxo da cidade.                                                                                                                      

Em nossa atualidade, o espaço da cidade é visto como fragmentado, onde esta, através do seu processo de mecanização, não observa as relações sociais de quem a transita. Desta forma, na proposta ao registro icnográfico, observar tal transgressão significa tornar a imagem como forma narrativa e testemunha da ocupação artística do espaço urbano.

Mais do que observador de uma ação que se passa, a pessoa que segura uma câmera na frente de outra, (...) está necessariamente participando daquilo que narra, está configurando uma experiência em uma linguagem. Essa câmera se adapta à situação onde está inserida e ao mesmo tempo, como o próprio Rouch diria, a câmera provoca. (DEVOS, 2001, p 01)

O teatro que se apresenta nas ruas, sempre buscou formas alternativas de compreensão da realidade e de ação no espaço das cidades, construindo abordagens diferenciadas para o espectador.

Em nosso século, ademais, introduz-se no teatro de rua com especial força o 'teatro que sai para a rua', física e metaforicamente, que constitui como aventura e viagem, experiência que se abre para o risco do imprevisto e do desconhecido, que tem algo a dizer para um público (...). Ou seja, o teatro de rua não como uma transferência para o exterior dos modos e pessoas do teatro, e sim como uma diferente situação do teatro. (CRUCIANI. 1999, p.20)  
           
Segundo o autor estar na rua seria criar espaços para a democracia cultural, e no discurso ideológico ao teatro de rua caberia o papel de fomentar um espaço de aproximação de pessoas que de alguma forma estão excluídas do fenômeno teatral.

O uso das imagens como material metodológico contribui assim, assim para o estudo das formas de ocupação do espaço urbano tido, como define André Carreira (2008), como um espaço inóspito, dado a própria interferência que compõe o ambiente, sonoro e visual da cidade.

Importante análise levantada pelo autor onde a cidade é fonte de criação artística, pois o espaço urbano é neste caso o lugar onde acontece o espetacular. A rua então é em si um espaço multifuncional potencializado pelas manifestações culturais sejam politicas ou lúdicas.

A partir desse pensamento, a escolha do material iconográfico para análise, tanto da Cia. Buffa, quanto do grupo LUME se deu se deu especialmente pela sua relevância artística, no que diz respeito à importância e histórico dos grupos, como também pelo uso do espaço urbano e maneiras pelos quais tais grupos dialogam com este espaço.


MATERIAL E MÉTODOS
A metodologia aplicada à leitura e análise do material iconográfico dos grupos, foi desenvolvida após extensa leitura bibliográfica sobre teatro de rua e ainda, especificamente, sobre a leitura e análise de imagens que se apresentaram nas ruas do município de Uberlândia. Ainda neste período de leituras e fichamentos começou a ser realizado o registro iconográfico das apresentações de rua dentro do município de Uberlândia.

Para termos possibilidades de escolha na seleção do material iconográfico  para análise, registramos diversas apresentações a maioria dentro da Praça Sergio Pacheco por ocasião do Projeto Arte na Praça[3].

 Desta forma, os registros das apresentações dos grupos teatrais (Teatro de Operações/RJ, Autônomos de Teatro/Uberlândia, Terra Cotta/Uberlândia, Ventoforte/SP, Trupe Tamboril/Uberlândia, Baiadô/ Uberlândia e Cia. Buffa e Bottega Buffa CircoVacanti/ Trento Itália) forneceram uma série de imagens, porém retratadas apenas em um único espaço, a Praça Sergio Pacheco.

Dentre esses espetáculos, selecionamos o do grupo que, em nossa opinião, representaria melhor a intervenção artística que se dá dentro da cidade, a Cia. Buffa e Bottega Buffa CircoVacanti, por tratar de uma temática, dentro de sua proposta artística, referente aos primórdios da organização teatral dentro das concepções urbanas que é a Commedia dell'Arte. Tais registros foram filmados e editados para que os mesmos pudessem ser analisados.

Para diversificarmos o local, e assim podermos melhor perceber a construção da arte teatral de rua dentro da cidade, optamos por captar também imagens da apresentação do grupo teatral LUME da cidade de Campinas com o espetáculo "Parada de Rua", que se apresentou na Praça central do município de Uberlândia, a Praça Tubal Vilela.

Este espetáculo foi escolhido principalmente por sua direta apropriação e uso do espaço da cidade, no qual foram observadas características peculiares no que se diz respeito a uma apresentação teatral. Pois no caso, a proposta do grupo se pauta por se constituir como uma "paródia" das paradas militares, e não possui texto fixado nem local certo para a apresentação, o que propõe possibilita substancialmente a intervenção direta dentro do contexto da cidade.

Cabe ressaltar ainda que as mídias utilizadas para a captação das imagens foram diferentes: no caso da Cia Buffa, utilizamos a gravação em vídeo de todo o espetáculo, que para a analise foi editada. Já com o grupo LUME, a análise das imagens foram feitas  através de fotos.

Como tentativa de aproximação entre a bibliografia estudada e fotografias tiradas do espetáculo do grupo LUME criamos um PowerPoint, com citações extraídas do texto de André Carreira, A Cidade como Dramaturgia no Teatro de Invasão (2008) e selecionamos algumas fotos, (ver em anexo).

No caso da Cia. Buffa e Bottega Buffa CircoVacanti foi colhido o registro audiovisual de todo o espetáculo, que foi em seguida editado, para demostrar as formas de utilização do espaço urbano como espaço cênico. Foram também acrescidas à edição sugestões de temas que auxiliassem a analise do vídeo.

A partir desta metodologia de entrecruzamento teórico/ prático utilizado na pesquisa como fonte principal de criação de um material documental é a partir desse material que passo, agora, a apresentar minhas reflexões sobre os Grupos LUME, e da Cia. Buffa e Bottega Buffa CircoVacanti.
   
RESULTADOS E DISCUSSÕES.
1- Análise de imagens do espetáculo Parada de Rua do grupo LUME
Quando analisamos os fenômenos teatrais que se inserem no contexto das ruas é importante observar tal historicidade, afim de melhor estabelecer através da imagem, relações entre a cidade e as intervenções artísticas. Desta forma antes de iniciamos a analise do material iconográfico registrado atentamos nosso olhar para o local onde foi realizada a apresentação do grupo teatral LUME.

De um campo de futebol surge, no início do século, a Praça da República. Graças à quantidade de bambus ali plantados foi chamada pela população de Praça dos Bambus. Em 1959, passa a chamar-se Tubal Vilela, sendo remodelada pelo projetista e engenheiro uberlandense João Jorge Cury, com uma concepção mais voltada para um espaço de convívio e de encontro. [...] A Praça Tubal Vilela, além de ser um conjunto arquitetônico representativo na identidade cultural da cidade, abrigou ao seu redor construções, como: Hotel Zardo e Colombo; edifício do Fórum (1922); Escola Estadual Bueno Brandão, construída em 1915, demolida e reconstruída em 1967; a Igreja Matriz de Santa Terezinha, de 1941. A praça constituiu-se também, em um importante referencial para a comunidade. (Retirado de: www.uberlandia.mg.gov)

A Praça Tubal Vilela, é um local escolhido por diversos grupos de teatro de rua, devido a sua centralidade. Em sua origem abrigava um Coreto que presenciou diversas manifestações culturais e que foi substituído por um posto policial, o que reintegra o papel contemporâneo da cidade que aos poucos substitui o lugar do convívio social, para o lugar da vigilância e manutenção do poder coercitivo.

Contrariando o percurso escrito no material de divulgação do evento, que versava sobre a saída do grupo da Praça Tubal Vilela até o Mercado Municipal, o espetáculo "Parada de Rua" manteve-se na Praça Tubal Vilela, que desde sua fundação até os dias de hoje passou por diversas transformações estruturais, que aos poucos restringiram seu caráter de convívio social que é apenas observado em momentos precisos da cidade como: festas juninas, natalinas, pregações religiosas e comercio ambulantes.

Em apresentação realizada dia 01 de maio de 2011, durante o III Festival Latino- Americano de Teatro- Ruínas Circulares [4], foi feita a captação do material fotográfico, do espetáculo "Parada de Rua", onde podemos verificar diversas formas de expressividade e de ampliação nos modos de se ver e utilizar dos espaços urbanos.

O grupo teatral LUME, oriundo do núcleo artístico e pedagógico vinculado à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), foi idealizado por Luís Otávio Burnier, pelo ator Carlos Simioni e pela musicista Denise Garcia, e trabalha com a elaboração de novas possibilidades expressivas corpóreas e vocais de atuação.

Para criar mecanismos de reflexão na leitura das imagens, observamos a influencia de determinados aspectos circunstanciais e espetaculares que se destacam dentro da analise do fenômeno teatral de rua que se propõe a intervir diretamente na silhueta da cidade.

A ausência de um texto dramático proposto pelo espetáculo "Parada de Rua", e a introdução das chamadas tarefas performáticas, demostram o que Carreira define como a absorção da dramaturgia da cidade, onde a cidade através da intervenção cênica forma seu próprio texto.

As introduções no campo do teatro de noções de dramaturgia como uma escritura que pode estar instalada no corpo do ator, não apenas redefine a noção de ator, nos propõe repensar nossos conceitos em relação teatral. Neste sentido refletir sobre as relações existentes entre as regras de funcionamento do espaço cênico, do espaço cultural e a construção de textos espetaculares nos espaços abertos da cidade, é também pensar sobre o conceito de uma dramaturgia do espaço. (CARREIRA, 2001 p.02.)

Segundo a autora Eleonora Fabião(2008) as tarefas performáticas assemelham-se as ações corpóreas realizadas com ou sem o uso da palavra. Neste aspecto, o estado corpóreo dos atores propõe dentro do espaço urbano, um novo olhar aos trajetos utilizados cotidianamente pelos pedestres, além de desdobramentos de ações cotidianas que são realizadas com uma noção de tempo sempre dilatado se contrapondo com o frenético tempo da cidade.           

Os aspectos circunstanciais dizem respeito à data em que o grupo apresentou o espetáculo "Parada de Rua", em feriado do dia 01 de Maio, quando o comércio central da cidade estava fechado, e não havia um grande número de pessoas nem de carros nas ruas, fato que motivou o grupo LUME a permanecer com seu cortejo na Praça Tubal Vilela.

Outro aspecto circunstancial diz respeito à composição da plateia que era formada predominantemente por alunos do curso de teatro da Universidade Federal de Uberlândia e demais pessoas ligadas ao Festival. Era, portanto, uma plateia observadora, crítica, que não reagia espontaneamente às provocações como faria se fosse composta por transeuntes comuns das ruas da cidade.

Os aspectos espetaculares presentes na analise icnográfica dentro da proposta do LUME são detectados, através da corporeidade dos atores dos seus figurinos, e utilização de instrumentos musicais, do jogo entre os atores e o público e das formas de uso do espaço urbano.

As questões corporais e vocais ligados ao ator, sempre foram o foco dentro das pesquisas do grupo LUME, e percebemos que dentro do espaço urbano tal corporeidade esta sempre sendo executada de maneira diferenciada.

Através da leitura da imagem fotográfica observamos em primeiro plano, os atores enfileirados segurando cada qual um instrumento musical com uma forte presença corporal, onde o ator em destaque parece permanecer propenso a executar outra ação corporal, pois era ele que conduzia os locais por onde o grupo trafegaria.

Empunhando um instrumento de sopro nas mãos, o ator parece utiliza-lo como uma batuta de maestro.  Observa-se ainda que há um contraponto com a plateia ao fundo que de braços cruzados, aparentemente em estado de inércia espera algo a ser proposto.

Parada de rua – LUME. Foto de Maíra Rosa Peixoto
A utilização de figurinos acentua os aspectos espetaculares; alguns deles remetem aos uniformes das bandas marciais especificando a qualidade de cada personagem e dão a noção de extensão do corpo do ator. Em cores quentes, tais figurinos, destoam do próprio cinza predominante da cidade e reforça dentro da analise das imagens fotográficas, o caráter transgressor próprio dos grupos teatrais que optam por intervir diretamente na silhueta urbana.

Através do domínio de técnicas artísticas que são desenvolvidas a partir da presença física do corpo do ator, se abre a possibilidade de troca, do jogo definido como espaço de convivência e partilha mútua entre os atores e a plateia.

Parada de rua – LUME. Foto de Maíra Rosa Peixoto.
Como se pode observar na imagem acima, a atriz apoia seu corpo no espectador que a segura afim de que a mesma não caia. Desta forma percebemos que dentro do espaço da rua e também da proposta do LUME, a plateia não apenas assiste o fenômeno teatral como corrobora sendo coautor dentro da obra. O que também se destaca na imagem é uma mudança no comportamento da plateia que agora sorri.
Quanto ao uso do espaço urbano, a proposta do grupo LUME se norteia pela re apropriação do mesmo. Os deslocamentos cênicos alternados entre as ruas e praças, a pontualidade dos momentos de parada, a musicalidade, constroem outro universo.
Na análise dos registros fotográficos, observa-se, por exemplo, a composição contrastante a partir da qual, os atores iniciam o cortejo, pois estão em fila tocando seus instrumentos, e andam por espaços não convencionais ao trafego dos pedestres: vão parar no meio da ruas e formam espacialmente outros trajetos quase interferindo no fluxo de transeuntes e carros propondo outros olhares sobre os próprios percursos da cidade.·.
Neste caso, temos que ressaltar que a data escolhida para a apresentação do LUME em um dia de feriado, no Dia do Trabalho, quando havia pouco fluxo de carros na cidade, tornou pouco perceptível a proposta de interferência direta dentro do espaço urbano. Ressalta-se ainda que se apresentação fosse realizada em dias "normais" de fluxo continuo com um grande número de pedestres na rua, com certeza o grupo teria realizado o trajeto da Praça Tubal Vilela até o Mercado Municipal, para poder melhor realizar a proposta de diálogo entre a apresentação teatral e a cidade.
Nas imagens analisadas, mesmo com poucas pessoas, nota-se que elas mantém seus códigos de conduta, que a priori se sente desconfortável em seguir os atores e estabelecer outras formas de trajetos, se não àquelas condicionadas pelas leis de trânsito, mas aos poucos se abrem ao jogo e a liberdade de ação da qual forma de expressão cênica propõe.

Parada de Rua-LUME. Foto de Maíra Rosa Peixoto.

Desta forma observamos que ao utilizar o espaço da cidade o grupo LUME amplia o conceito de espaço urbano que vai sendo "modificado" através da intervenção teatral. Já não são mais apenas o registro fotográfico de uma rua em seu uso habitual, e sim de uma intervenção artística que modifica o espaço e o olhar sobre a cidade.

·         Cia Buffa espetáculo Chimici Comici Alchemici.
A Cia. Buffa foi criada em 1998, e pesquisa a codificação de linguagens artísticas e rituais presentes nas manifestações espetaculares populares brasileiras, como também de países estrangeiros. Desde 2010, possui relações de intercâmbio e parceria com a Bottega Buffa CircoVacanti na cidade de Trento na Itália. 

Dentro da pesquisa da Cia. está a concepção do espetáculo Chimici Comici Alchemici, apresentada dia 03 de julho na Praça Sérgio Pacheco durante o Projeto Arte na Praça, onde as tradicionais máscaras da Commedia dell'arte, se inter- relacionam com as manifestações populares brasileiras. Segundo a idealizadora do grupo Prof Dr ª Joice Angle:

É como se a imagem da experiência vivida no corpo (Manifestações Espetaculares Populares Brasileiras escolhidas), acrescentadas da imagem da experiência vivida da alteridade (Commedia dell'Arte), trouxesse, através da imagin/ação, a reverberação do eco destes elementos vindouros de outra esfera, construindo assim, a dinâmica-transformação-diálogo com as duas experiências e realizando a conexão física entre os princípios de corporatura que formam ambas manifestações. (Revista Eletrônica Ouirouver n.04 2008 artigo de Joice Aglae Brondoni P.134)

Fez-se necessário para análise do material audiovisual, o conhecimento histórico prévio da Commedia dell'arte, adquirido durante a graduação do Curso de Teatro, auxiliou a melhor perceber sua plasticidade teatral, dentro da proposta contemporânea apresentada pela Cia. Buffa.

O conceito de Commedia dell'arte surgiu na Itália no começo do século XVI e inicialmente significava uma delimitação em face do teatro literário culto, a comédia erudita. Os atores dell'arte eram, no sentido original da palavra, artesãos de sua arte, a do teatro. Devido às origens extremamente populares a Commedia dell'arte por longo tempo apresentando-se em palcos improvisados em praças públicas.

Seus personagens eram identificados através dos figurinos e máscaras, onde a fixação de tipos tornou-se traço característico. O contraste da linguagem, status, sagacidade ou estupidez de personagens predeterminadas assegurava o efeito cômico.

Desta forma, o ator na Commedia dell'arte precisava ter uma concepção plástica do teatro que era exigido em todas as formas de representação e a criação não apenas de pensamentos como de sentimentos através do gesto mímico, da dança, e  da acrobacia, além de ser exímio improvisador.

A técnica do improviso pautava-se em roteiros pré- elaborados de ações e falas os chamados canovacci,os quais deveriam obedecer a requisitos como clareza e comicidade.

O uso das máscaras (exclusivamente para os homens) caracterizava os personagens geralmente de origem popular onde se destacam Arlequim, Pantaleão e Briguela, por exemplo.

Na edição do vídeo do espetáculo apresentado, podemos identificar alguns aspectos do referencial tradicional e, junto a ele, o processo de recriação elaborado pela Cia.Buffa. Dentre esses aspectos, destacamos, além da presença de mulheres na condução das máscaras, as formas de utilização dos espaços cênicos e também o referencial popular de danças com matriz brasileira inserida dentro da condução das cenas.

Dentro do evento Arte na Praça, realizado na Praça e como parte do Festival Internacional de Teatro Máscara- Ritual a apresentação do espetáculo Chimici Comici Alchemici da Cia. Buffa, contou com a participação das atrizes da Bottega Buffa CircoVacanti.

Desta forma, o primeiro momento da apresentação editado em vídeo mostra as personagens dançando e tocando instrumentos, se preparando a ação que antecede a apresentação e seguem em um cortejo musicado. Observa-se em nossa analise, que este primeiro momento é de preparação das atrizes antes da peça se iniciar, de fato. Como se ao colocar as mascaras assumissem um outro estado corporal.

A frente deste cortejo esta a máscara do Dottore, que representa as classes sociais mais abastadas os denominados vecchi, seguidos pelas demais máscaras, que tocam instrumentos.

Importante destacar que durante a captação das imagens minha atenção voltou para espaço onde as atrizes desenvolviam suas cenas e o modo como elas se deslocavam pelo espaço.  Pois, além de não ser o foco da pesquisa, a dramaturgia era pouco compreensível dado ao fato das atrizes falarem italiano, e o entendimento da cena se dava mais pela mimeses corpórea do que pelas próprias palavras. Na edição, talvez pela repetição das imagens, se fez mais compreensível o texto.

Como de fato acontecia com as cias. tradicionais, que viajavam por províncias europeias cujo dialeto era sempre diferenciado e foi através deste dialogo corporal que se iniciou a primeira intervenção da plateia junto aos atores quando uma moradora de rua surge nomeio da plateia e interpela diversas vezes as atrizes em cena. Como o espaço publico converge para a abertura do jogo, é perceptível por parte da atrizes a inserção da interferência da moradora de rua dentro da cena.

Como nos afirma Carreira, a rua enquanto espaço de convivência, permite que o cidadão  desfrute de um anonimato que o libera do peso do compromisso pessoal (p.28), abrindo desta forma, espaço para o jogo.

Uma cantoria é realizada pela máscara de Dotore que é seguida pela moradora de rua, o que ocasiona a aproximação de outras pessoas que circundavam a praça e de curiosos com a apresentação. Na observação desta cena, o que nos chama a atenção é a maneira pela qual a própria moradora de rua tenta estabelecer comunicação com os atores e com a plateia, balbuciando palavras incompreensíveis em italiano.

O cortejo segue cantando pela praça com grande número de pessoas atrás, até a cena dos zannis onde um deles começa a passar mal, com grunhidos, para de tocar seu acordeom, e uma roda é formada em torno do ocorrido.  Novamente a moradora de rua se interpõe a cena, e é chamada pela mascara de Dotore de enfermeira afim de que com o domínio da participação da moradora se pudesse prosseguir a cena. O que se observa é que além de mais pessoas terem se juntado ao cortejo, a moradora de rua se sente como parte da cena, se colocando diversas vezes na frente dos atores.

Segue novamente o cortejo, em direção ao local da apresentação sempre levado pela musica e direcionado pela mascara de Dotore, com cada vez mais pessoas aglomeravam-se em torno da apresentação e uma disputa dos zannis por uma espectadora, momento em que se  inicia outra uma briga que é realizada através dos movimentos e golpes da capoeira de Angola. O que se nota nesta cena é que a mesma moradora de rua está tão envolvida com a suposta briga que emocionada começa a chorar.

Inicia-se a apresentação no local pré-determinado em frente a um palco, onde esta armada uma empanada onde se iniciam os principais canovacci e alguns atores assumem outras máscaras. Embora a peça seja conduzida na língua mãe do gênero representado, há uma boa compreensão do público que ri e participa. Note-se que as cenas que mais despertam a atenção do publico são as que trazem em seu bojo um caráter cômico ou as cenas que possuem grande versatilidade corporal.

Vê-se também dentro da proposta de pesquisa do grupo, uma mescla entre musicas cantadas em italiano e danças típicas da cultura popular brasileira como o caso do maculelê. Ao final da apresentação as atrizes retiram as mascaras e  cumprimentam a plateia

Em entrevista com a Cia. Buffa, Joice Aglae nos conta que o espetáculo apresentado se modula conforme o espaço no qual é apresentado e que os personagens ganham outras cores devido à participação do público.

Neste sentido, a rua se confirma como o espaço para o exercício da liberdade e da criatividade onde pelo comportamento deste público que por vezes é acidental, se abre a perspectiva do jogo.  O que corrobora para o trabalho do ator que consolida sua pratica artística dentro do espaço urbano.
  
CONCLUSÃO
Como parte da analise do material iconográfico e das referências bibliográficas acerca do fenômeno teatral de rua e da leitura de imagens é percebível as mais diversas formas de leituras que as imagens coletadas nos propiciaram.

Quando nos atemos à especificidade do uso dos espaços como fonte de criação, ou seja, os modos pelos quais as ruas e praças se tornam local para as intervenções artísticas, não podemos deixar de analisar outros componentes de criação e interferência dentro das cenas/ imagens analisadas.

Tais componentes dizem respeito ao processo de criação específico em cada grupo e se refletem na corporeidade dos atores, em sua pré- expressividade, figurinos, dramaturgia o que completa a analise dos materiais iconográficos e embasa o recorte dado ao projeto em questão.

Deste modo, é percebível que o fato de um grupo teatral estar na rua não altera em nada a qualidade de trabalho e pesquisa destas companhias, pelo contrario demostra que pelas próprias características turbulentas dos espaços urbanos tais componentes citados acima, possuem uma dimensão que contrapõe os ruídos da cidade, corrompe visualmente o caos urbano e sutilmente realça  o olhar poético  dos que vivenciam tal fenômeno.

Nesta etnografia visual o ato de observar e analisar os vídeos coletados geraram uma  percepção mais sensível sobre o "objeto", neste caso a própria silhueta urbana onde o fenômeno teatral de rua promove, dentro de seus aspectos éticos,  a aproximação do público num viés participativo.

A arte, vista como forma democrática de expressão, onde agentes e receptores se tornam iguais em seus fazeres, reforça a necessidade de reconhecermos sua importância e a necessidade que a própria cidade tem de abarcar em seus espaços a este ofício milenar.

É necessário também refletirmos sobre a importância do registro e analise dos materiais iconográficos que em muito auxiliam a pesquisa na área de teatro de rua. É importante percebermos também de como se difere a analise da imagens quando utilizamos formas diferentes de procedimentos em sua captura.

No caso da imagem analisada através das fotografias feitas a partir da apresentação do grupo Lume, percebemos os detalhes do instante captado, do olhar de cada espectador ao presenciar tal espetáculo, da presença corporal fortemente delimitada e marcadas dentro das fotografias como um registro fixo do momento, tornando-nos capazes de nos transpormos para dentro da ação dado tamanha significação que cada imagem possui em contraste com o espaço urbano. Esse novo olhar nos leva a refletir agora uma outra Praça Tubal Vilela, onde através das fotografias, podemos visualizar o que é cotidianamente o espaço da cidade, e de como o mesmo se torna plasmado, vivo e se torna corporificado pela presença teatral. Olhamos, agora para outra praça com outros sentidos advindos a partir da analise fotográfica. Sentidos estes que tem a ver com a própria constituição do espaço urbano que agora também é visto como espaço teatral.

Outro tipo de análise, também importante, decorre a partir da imagem audiovisual, onde os detalhes não são tão explorados, porém, dado sua continuidade mesmo com a edição, percebemos nuances importantes. Tais nuances estão presentes no crescente que cada cena possui a preparação dos atores ao entrar em cena observamos a chegada tímida do publico até a sua entrega ao jogo cênico, às interferências dentro do espaço proposto para apresentação e como os atores reagem frente às intervenções da plateia.

Momentos estes que somente podem ser descritos e analisados através da coleta audiovisual, pois a imagem esta descrita de forma seguida, corrida, e desta forma reflete esta relação de continuidade dentro de sua analise.    

Assim, o fenômeno teatral de rua, se torna cada vez mais presente através do registro das imagens, o que diminui a característica de efemeridade deste acontecimento dentro da silhueta da cidade, seu registro permite-nos não apenas a reflexão e analise, mas também os torna novamente presente e nos faz ciente de que o teatro que se faz nas ruas e todas as manifestações artísticas consolidam suas estratégias de intervenção dentro do espaço urbano.

Trabalhar dentro deste projeto sobre a ótica de quem vê flores desabrocharem do asfalto, traz a percepção sensível de que os fenômenos teatrais de rua, não apenas invadem visualmente o cinza da cidade, mas carregam em sua essência a possibilidade de tornar um cotidiano fatigado em espaço para partilha sensorial e democrática da arte. Evoé a todos nós arteiros de rua.
  
Bibliografia Geral
CABALLERO, Ileana Diéguez. Cenários Liminares: teatralidades, performances e politica. Tradução Luis Alberto Allonso e Angela Reis.  EDUFU, 2011.
FABIÃO, Eleonora. Performance e teatro: poéticas e politicas da cena contemporânea. Sala Preta. Revista de Artes Cênicas. PPGAC/ECA/USP. N8, 2008. Pp235-246.
FO, Dario. Manual Mínimo do Ator. Tradução Lucas Baldovino e Carlos Davi Szlak. São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 1998.
GREINER, Christine & BIÃO, Armindo (Orgs.) Etnocenologia (textos selecionados). São Paulo: Annablume, 1999.
LYNCH, Kevin. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
MAGRI, Yeda & ARTIGOS, João Carlos. Teatro de Anônimo: Sentidos de uma experiência. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2008.
MEDEIROS, Maria Beatriz; MONTEIRO, Marianna F. M. (Org.). Espaço e Performance. Brasília: Editora da Pós-Graduação em Arte da Universidade de Brasília, 2007.
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VECCHIO, Rafael. A Utopia em Ação. Porto Alegre: Terreira da Tribo Produções Artísticas, 2007.

Bibliografia sobre Leitura de Imagens.
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DEVOS, Rafael. "Quando a câmera 'vira personagem': ponto de vista em movimento na busca de imagens do outro em documentários etnográficos.": Revista Iluminuras - Publicação Eletrônica do Banco de Imagens e Efeitos Visuais - NUPECS/LAS/PPGAS/IFCH e ILEA//. UFRS. v. 2, n. 3 (2001).
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PEIXOTO, Clarice Ehlers e MONTE-MÓR, Patrícia. Sobre acervos e coleções de imagens. In: CADERNOS de Antropologia e Imagem. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Núcleo de Antropologia e Imagem. N. 1 – 1995. Rio de Janeiro: UERJ, NAI, 1999 – v. 8,
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__________ . Os bastidores da imagem. In: CADERNOS de Antropologia e Imagem. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Núcleo de Antropologia e Imagem. N. 1 – 1995.
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Bibliografia sobre Teatro de Rua
CARREIRA, André Luiz Antunes Netto. Dramaturgia do espaço urbano e o "teatro de invasão". In MALUF, Sheila Diab e AQUINO, Ricardo Bigi de (org.). Reflexões sobre a  Cena. Maceió; Salvador: DFAL/EDUFBA, 2005.
_________. Teatro de Rua: Brasil e argentina nos anos 1980: Uma paixão no Asfalto, São Paulo, Aderaldo & Rothschild Editores Ltda., 2007.
 _________. Formação do Ator e Teatro de Grupo: Periferia e Busca de Identidade (p. 49-59). In MALUF, Sheila Diab e AQUINO, Ricardo Bigi de (org.). Dramaturgia em Cena. Maceió; Salvador: DFAL/EDUFBA, 2006.
_________. Teatro de Rua: Brasil e argentina nos anos 1980: Uma paixão no Asfalto, São Paulo, Aderaldo & Rothschild Editores Ltda., 2007
CRUCIANI, Fabrizio e FALLETTI, Clelia. Teatro de Rua. São Paulo: Hucitec, 1999.
TELLES, Narciso e CARNEIRO, Ana. (Orgs.) Teatro de Rua: Olhares e Perspectivas. Rio de Janeiro : E-Papers Serviços Editoriais, 2005.

Textos da Internet.
Leitura de imagens e o ensino da arte: considerações em educação não formal – em museus. Maria Helena Rosa Barbosa. Museu de Arte de Santa Catarina – masc. Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UDESC, no ano de 2006. Disponível : http://www.gpae.ceart.udesc.br/artigos5/MariaHelena-artigo.pdf:  Acessado em 23/10/2011.
Teatro de rua radical. Lisboa, 2010. Disponível: :http://www.ces.uc.pt/publicacoes/oficina/ficheiros/192.pdf: Acessado em: 12/10/2011.
A Cidade como Dramaturgia do Teatro de Invasão.   Prof. Dr. ANDRÉ CARREIRA (UDESC / CNPq), 2008. Disponível : http://www.andrelg.pro.br/simp%F3sios/Andr%E9_Carreira__A_CIDADE_COMO_DRAMATURGIA.pdf: Acessado em 20/09/2011.
Frevo, capoeira, samba ... Buffoni, Zanni, Arlecchino... Caminhos fluviais: (um) universo e (um) imaginário. Joyce Angle Brondani.  Disponível: http://www.seer.ufu.br/index.php/ouvirouver/article/view/2041. Acessado em: 07/05/2012.




[1] Bolsista de Iniciação Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq da Universidade Federal de Uberlândia UFU.
[2] Professora Doutora do Curso de Teatro e do Programa de Pós –Graduação da Universidade Federal de Uberlândia. 
[3] O Projeto Arte na Praça, promovido pela Diretoria de Culturas da Universidade Federal de Uberlândia, existe desde 2002 com a proposta inicial  de levar  apresentações musicais de artistas renomados no cenário nacional para a praça Sergio Pacheco. No ano de 2010 em parceria com a Trupe Tamboril, foi sendo inserido além do repertório musical para o Projeto, o desenvolvimento permanente de espetáculos e apresentações teatrais afim, de ampliar o leque de opções culturais dentro da cidade. Além de valorizar e abrir espaços para as manifestações musicais locais, regionais e nacionais, o Projeto Arte na Praça é também um importante espaço para a difusão da arte teatral de rua, nas esferas regionais e nacionais com passagens de grupos de Uberlândia como: Teatro No Mi, Grupo Autônomos de Teatro, Grupo Faz de Conta e Trupe Tamboril, além de grupos nacionais como o Teatro de Operações /RJ, Ventoforte/SP, a peça "Quixote" de Alexandre Roit e Rodrigo Matheus/SP, e internacionais como a apresentação da Cia. Buffa e Bottega Buffa Circo Vacanti na cidade de Trento na  Itália.  Tal Projeto é realizado todo primeiro domingo de cada mês, no período da tarde.
[4] O Festival Latino Americano de Teatro Ruínas Circulares é um evento que promove em Uberlândia apresentações, reflexões e práticas teatrais abordando o fazer teatral na América Latina, dispondo de atividades que se dividem em Programa científico: caracterizado pela apresentação de conferências, palestras e demonstrações técnicas, Programa artístico: apresenta espetáculos teatrais dos grupos convidados, nacionais ou latino americano Programa pedagógico: por meio da oferta de oficinas voltadas para os atores e diretores locai