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quinta-feira, 20 de março de 2014

Relatório Congresso FIST




8º CONGRESSO DA FIST

        Nos dias 15 e 16 de março, realizou-se no auditório do Sindsprev o 8° Congresso da Frente Internacionalista dos Sem Teto - FIST que contou com a participação das seguintes entidades e movimentos: Sepe, Sindscop, Grupo de Advogados Tempo de Resistência, Pastoral de Inclusão dos Deficientes de Niterói, Centro Brasileiro de Solidariedade com os Povos-CEBRASPO, Sindicato Municipal dos Aeroviários, Frente Independente Popular-FIP, Raça e Classe-Conlutas, Movimento Feminino Popular-MFP,Movimento de Oposição Sindical dos Serventuários da Justiça-MOS, Favela Não Se Cala, Advogados do Povo, Aldeia Maracanã, Instituto de Defensores dos Direitos Humanos-IDDH, Fundação Sócio-Cultural Jamaicana, Movimento de Moradores e Usuários em Defesa do IASERJ-MUDI, Comissão de Igualdade Racial da OAB-RJ e Associação dos Pescadores de Tubiacanga.
      Estiveram presentes 250 pessoas, dentre elas moradores de 14 ocupações da FIST:Edith Stein,Mama África,Frei Tito,Alípio de Freitas,Escrava Anastácia,Ludovico Zamenhoff, Nova Palmares,Luiza Mahin, Margarida Maria Alves,Luis Carlos Prestes, Caldeirão II, Olga Benário, Tubiacanga,além de alguns moradores da Almor.
      No dia 15 foi feita uma saudação ao 8° Congresso pelas entidades e movimentos citados e em seguida uma confraternização.
      No dia 16, abriram-se os trabalhos com o tema conjuntura. Após o almoço, foram realizadas atividades culturais e em seguida representantes das ocupações  expuseram a situação de cada uma na luta pela moradia.
     Na plenária final, foram aprovados os seguintes eixos de luta:
- Contra as remoções e despejos, com reforma urbana sob o controle dos trabalhadores;
- Contra os leilões do petróleo;
- Contra a exploração e leilão do xisto betuminoso, que é altamente poluente;
- Contra a criminalização dos movimentos sociais;
- Contra a atuação da milícia na ocupação Nova Palmares, localizada na Vila da Penha;
- Apoio aos processos bolivarianos, contra os ataques do imperialismo ianque;
- Contra a farsa eleitoral.

POR UMA SOCIEDADE SOCIALISTA !
CRIAR O PODER POPULAR !




Atenciosamente

André de Paula
Frente Internacionalista dos Sem Teto

Tel: (21) 2283-0130 - (21) 9606-7119



BOLETIM INFORMATIVO FÓRUM DE ARTE PÚBLICA Data: 17 de Março

Oitavo encontro do Fórum dentro do projeto Arte Pública.

Começamos este encontro com o Amir apresentando Hamilton, artista que escreveu de quadrinhos, uma história sobre São Jorge. Como Amir narrou, não existe um santo tão público como ele, é uma invenção do povo. "Um Deus só existe enquanto tem seguidores que o adorem. Quem aqui reza para Zeus? Diana? Para o semideus Hércules. Jesus Cristo é um semideus, tem quem o adore e o respeite... Ogum é representante dos orixás... Yansã é orixá poderosa, o panteão afro brasileiro está vivo. Mas se não tiverem mais nenhum adorador, morre... É isso que os evangélicos fazem, atacam os seguidores dos santos, justamente para acabar com os santos, com os orixás... Na hora que não tiver nenhum adorador, a religião afro desaparece e estaremos rezando para um deus protestante branco. Monoteísmo exacerbado é a pior coisa do ser humano... Jéová, Deus, Alá... É soja transgênica... Só existem deuses que mantém seus adoradores... São Jorge foi assim... O Papa falou que o Santo estava morto, que não tinha nada que comprovasse sua existência... São Jorge está vivo no coração do povo. Ele não tem o respaldo como outros santos, como São Pedro, Santo Antônio... O Papa decretou sua morte e ele não morreu, porque tem quem o adore. São Jorge está vivo... Nossa arte como São Jorge está viva. O mercado exclui uma parte enorme da população... Nós os absorvermos para o nosso convívio. Somos muito parecidos como São Jorge... São Jorge é protetor de quem não tem proteção... Por isso o Papalorixá o consagrou como protetor da Arte Pública."

Falamos então que no dia 23 de Abril, depois de uma semana após a apoteose do projeto, comemorar o dia da Arte Pública na data dedicada ao santo guerreiro, com muito samba e feijoada. Será a primeira atividade do Fórum fora do projeto de Arte Pública. Acaba o dinheiro, mas como foi dito, a gente continua. E é um bom dia para comemorar, pois a cidade estará festejando o seu padroeiro não oficial.

Amir: "Esses encontros tem sido muito legais, de fortalecimento. Não houve nenhuma generosidade do poder público, da secretária de cultura... Foi uma atitude do prefeito... A primeira emoção do Tá Na Rua foi ter saído nos jornais, não na pagina de cultura, nas páginas policiais, atores detidos pela polícia em Madureira. Estamos trabalhando na veia da cidade, não estamos nos exibindo... Nós fazemos divulgação de cima para baixo... Optamos para que a divulgação se alastrasse, como uma peste. Tem que ser de baixo para cima e de dentro para fora. O que vem a tona é o sistema ideológico que esse mundo permite... Pensamos um outro mundo, este está acabando e precisamos pensar propostas para o outro mundo, novo... A arte é a perfeita organização entre o público e o privado e nos garante um momento de utopia com um bom espetáculo... O público é visto da pior forma possível... O que é público não é bom... saúde pública, transporte público, banheiro público... O que é bom é fechado em si mesmo... O que é coletivo para todos é difícil de se desenvolver em um mundo capitalista. É necessário a reconstrução da harmonia entre o público e o privado..."

André, Boa Praça: "Amir, você me fez pensar... O público está entendendo. Ás 17h, as crianças saem da escola, com as suas mães, com os seus lanches e vão para a praça ver os espetáculos... É uma pequena sementinha... Com nove, dez anos, será publico cativo... No espetáculo do Leo, na ultima cena começou a chover... Ficou aquele vou embora ou não vou... Tinha muito desejo de ficar, até o Leo falar  gente, vão se proteger..."

Aproveitamos para lembrar que a apoteose do projeto acontecerá na segunda, dia 14 de abril. Próximo do dia, saberemos melhor o horário e se fazemos na lapa ou na Cinelândia.




Depoimentos:

Danilo, palhaço retratista: "Há dois anos não ia para a rua... Quando me chamaram, não pensei, fui. Antes de ir para a rua, eu me maquiava em um apartamento e saia. Quando vi o Tá Na rua, me maquiei na praça, em contato com o público..."

Sergio Biff, Teatro de Lambe Lambe: "É bom que a gente começa a ver outros trabalhos, não se sente só e começa a trocar, a participar mais do seu trabalho e dos outros..."

Teresa Moulin: "Pertenci ao Tá Na Rua durante seis anos... Comecei a querer retornar, me juntar com algumas pessoas e vim aqui para entender e conhecer melhor o projeto... Pertencer a alguma coisa é fundamental, é ruim ser solitário..."

Paulo Rafael: "Fui do Tá Na Rua e eu acho que pertenço á escola... Foi muito boa minha experiência na Praça Tiradentes... Em 1989 criamos um grupo pela necessidade de investigar a linguagem... Eu e o Godo ocupamos o Largo do Guimarães, nunca deixamos de fazer, mas timidamente... Quero parabenizar o evento da quinta feira..."

Zé Adriano, sanfoneiro: "Eu gosto de estar aqui e gostaria que os outros estivessem aqui com alegria tocando esse projeto..."

André, Boa Praça: "Quando o Seu Adriano foi na Saens Peña , teve uma barraqueira que, ouvindo a sanfona dele, disse que em quarenta anos aquele "foi o dia mais feliz da minha vida"..."

Caminhando para o encerramento, Amir pergunta para o Seu Adriano quando começou a tocar Sanfona. E seu Adriano respondeu: "Toco desde os cinco anos. Meu pai tinha dito que o primeiro filho que nascesse, ia aprender a tocar... Eu fui o privilegiado, só que eu era muito arteiro, né? Só queria brincar, fazer peraltices, até que um dia, vi o instrumento no armário, peguei e toquei minha primeira música. Quando meu pai chegou da rua, perguntou o que eu tava fazendo, ai eu falei para ele que tava tocando aquele troço do armário... Ele começou a me levar junto e eu tocava sentado no colo dele..."

E com essas palavras Seu Adriano pós sua sanfona para cantar e sua sanfona cantou xote. Cantou ciranda:


Ciranda da Rosa Vermelha

Teu beijo doce
Tem sabor do mel da cana.
Sou tua ama, tua escrava,
Meu amor.
Sou tua cana, teu engenho, teu moinho;
Tu és feito um passarinho
Que se chama beija-flor.
Sou tua cana, teu engenho, teu moinho;
Tu és feito um passarinho
Que se chama beija-flor.

Sou rosa vermelha,
Ai! Meu bem querer.
Beija-flor, sou tua rosa
E hei de amar-te até morrer.

Sou rosa vermelha,
Ai! Meu bem querer.
Beija-flor, sou tua rosa
E hei de amar-te até morrer.

Quando tu voas
Prá beijar as outras flores,
Eu sinto dores,
Um ciúme e um calor,
Que toma o peito, o meu corpo
E invade a alma.
Só meu beija-flor acalma
Tua escrava, meu senhor.
Que toma o peito, o meu corpo
E invade a alma.
Só meu beija-flor acalma
Tua escrava, meu senhor.

Sou rosa vermelha
Ai! Meu bem querer.
Beija-flor, sou tua rosa
E hei de amar-te até morrer.

Sou rosa vermelha
Ai! Meu bem querer.
Beija-flor, sou tua rosa
E hei de amar-te até morrer.


Cantou Funk:


Era Só mais um silva

Todo mundo devia nessa história se ligar
Porque tem muito amigo que vai para o baile dançar
Esquecer os atritos, deixar a briga pra lá
E entender o sentido quando o DJ detonar (solta o rap DJ)

Era só mais um Silva que a estrela não brilha
Ele era funkeiro, mas era pai de família
É só mais um Silva que a estrela não brilha
Ele era funkeiro, mas era pai de família

Era um domingo de sol, ele saiu de manhã
Pra jogar seu futebol, deu uma rosa pra irmã
Deu o beijo das crianças, prometeu não demorar
Falou pra sua esposa que ia vir pra almoçar

Mas era só mais um Silva que a estrela não brilha
Ele era funkeiro, mas era pai de família
É só mais um Silva que a estrela não brilha
Ele era funkeiro, mas era pai de família

Era trabalhador, pegava o trem lotado
Tinha boa vizinhança, era considerado
E todo mundo diziam que era um cara maneiro
Outros o criticavam porque ele era funkero
O funk não é motivo, é uma necessidade
É pra calar os gemidos que existem nessa cidade

Todo mundo devia nessa história se ligar
Porque tem muito amigo que vai pro baile dançar
Esquecer os atritos, deixar a briga pra lá
E entender o sentido quando o DJ detonar

Era só mais um Silva que a estrela não brilha
Ele era funkeiro, mas era pai de família
É só mais um Silva que a estrela não brilha
Ele era funkeiro, mas era pai de família

E anoitecia, ele se preparava
É pra curtir o seu baile que em suas veia rolava
Foi com a melhor camisa, tênis que comprou suado
E bem antes da hora, ele já estava arrumado
Se reuniu com a galera, pegou o bonde lotado
Os seus olhos brilhavam, ele estava animado
Sua alegria era tanta ao ver que tinha chegado
Foi o primeiro a descer e por alguns foi saudado

Mas naquela triste esquina, um sujeito apareceu
Com a cara amarrada, sua alma estava um breu
Carregava um ferro em uma de suas mãos
Apertou o gatilho sem dar qualquer explicação
E o pobre do nosso amigo, que foi pro baile curtir
Hoje com sua família ele não irá dormir

Porque era só mais um Silva que a estrela não brilha
Ele era funkeiro, mas era pai de família
É só mais um Silva que a estrela não brilha
Ele era funkeiro, mas era pai de família

Naquela triste esquina, um sujeito apareceu
Com a cara amarrada, sua alma estava um breu
Carregava um ferro em uma de suas mãos
Apertou o gatilho sem dar qualquer explicação
E o pobre do nosso amigo, que foi pro baile curtir
Hoje com sua família ele não irá dormir

Porque era só mais um Silva que a estrela não brilha
Ele era funkeiro, mas era pai de família
É só mais um Silva que a estrela não brilha
Ele era funkeiro, mas era pai de família

Era só mais um Silva que a estrela não brilha
Ele era funkeiro, mas era pai de família
É só mais um Silva que a estrela não brilha
Ele era funkeiro, mas era pai de família

Era só mais um Silva que a estrela não brilha
Ele era funkeiro, mas era pai de família
É só mais um Silva que a estrela não brilha


Ela é Top

Deixa ela passar, não olha nem mexe..
Rá ela é terrível !

Ela não anda, ela desfila
Ela é top, capa de revista
É a mais mais, ela arrasa no look
Tira foto no espelho pra postar no facebook.

Onde ela chega rouba a cena deixa os moleques babando
Na porta do pico arruma buchicho e as invejosas xingando
Baladeira de oficio não gosta de compromisso
Encanta com seu jeitinho ela não é de ninguém
Mas é chegada num lancinho

Quando chega no baile ela é atração
Fica descontrolada ao som do tamborzão
De vestido coladinho ela desce até o chão

Rá ela é terrível !

Ela não anda, ela desfila
Ela é top, capa de revista
É a mais mais, ela arrasa no look
Tira foto no espelho pra postar no facebook.

Deixa ela passa, não olha nem mexe

Onde ela chega rouba a cena deixa os moleques babando
Na porta do pico arruma buchicho e as invejosas xingando
Baladeira de oficio não gosta de compromisso
Encanta com seu jeitinho ela não é de ninguém
Mais é chegada num lancinho

Quando chega no baile ela é atração
Fica descontrolada ao som do tamborzão
De vestido coladinho ela desce até o chão

Rá ela é terrível !

Ela não anda, ela desfila
Ela é top, capa de revista
É a mais mais, ela arrasa no look
Tira foto no espelho pra postar no facebook.

Rá ela é terrível !



Cantou melodias espanholas e encerrou o dia cantando o nosso salmo:


"Não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar.

É ele que me carrega, como nem fosse levar"



Termino lembrando que este é um boletim informativo, não é ata, que escrevo a partir das minhas anotações. Está aberto para correções, acréscimos e observações.


Herculano Dias

terça-feira, 18 de março de 2014

BOLETIM INFORMATIVO FÓRUM DE ARTE PÚBLICA - 10 de março

Sétimo encontro do fórum dentro do Evento Arte Pública, Uma política em Construção.
Amir abriu o encontro saudando a todos e falando que era o primeiro fórum após a ressaca de Carnaval. Ressaca dos que brincaram e ressaca dos que não fizeram o Carnaval. Agora estamos retomando nossas atividades. Falamos que paramos porque estamos na rua levando este projeto e paramos para dar passagem para a festa do Rei do Momo, que é da rua.  Amir comentou que se estivéssemos fazendo um teatro experimental em salas fechadas, teria outra repercussão. Mas não estamos na rua. Como sempre Amir sempre diz: "Somos o Carnaval antes do Carnaval e o Carnaval depois do Carnaval. Trabalhamos o ano inteiro."
Carnaval é o período do ano em que a autoridade constituída entrega a chave para o Rei Momo e o povo vai para a rua brincar e se manifestar, se sentir livre, pois no resto do ano, a autoridade reprime, quer te controlar.
Amir: O artista de rua é carnavalizado... Estamos livres da autoridade, não somos a cara deles... Não somos instituição. A gente exercita a liberdade o ano inteiro. Nós somos uma carnavalização, somos historicamente submetidos a nada. Quando se fala carnavalização, não é imitar o carnaval, com porta bandeira e mestre sala, é exercer sua liberdade expressiva... Somos carnavalizados pela própria natureza... Somos assim desde a idade média, desde o Império Romano. Lé sobra a Idade Média é falar do rio de Janeiro no carnaval... Sempre estivemos na praça... Vivenciamos a cidade o ano inteiro... O carnaval não começa e nem termina o exercício da liberdade... O Carnaval não nós abduz, somos diferentes, não somos uma data no calendário... Há uma diferença... Isso me faz pensar como foi diferente o nosso carnaval... Aproveito para falar do nosso bloco, o Bloco do O800, a Arte Pública... Diante do nosso bloco, a diferença da Arte Pública e dos outros blocos... havia uma diferença do nosso carnaval, da nossa partitura...  Foi bom ver a nossa cara, diferente... Era um bloco de carnaval teatralizado. Talvez, durante o ano inteiro, fazemos o teatro carnavalizado. Há uma potencialização máxima do carnaval... Joãozinho Trinta foi assassinado pelo pensamento burocrático, pela ignorância do julgamento. Ele chamou o Tá Na Rua para fazer o desfile dos mendigos na Beija Flor, ele chegou e me disse: Você carnavaliza o teatro, eu quero teatralizar o carnaval. Fizemos o desfile dos mendigos. Foi maravilhoso... O desfile que ganhou foi sobre o Duque de Caxias. Perdeu para o Duque de Caxias... Mas uma vez perdemos para o sistema que tira a nossa alma... Para o truque... (Aqui Amir se portar ao resultado do desfile carioca deste ano, em que quem ganhou foi a Unidos da Tijuca, deixando Salgueiro e Portela em segundo e terceiro lugar) Agente vive no mundo que está entre o truque e a alma. A alma fica derrotada... Quando saímos no bloco, tinha uma alma... Este é o Carnaval que nos alimenta... O bufão é o que tem liberdade de falar na cara do rei... Apesar da gente não ter se visto, muita coisa estava acontecendo... Muitos Blocos, muita gente e muito lixo... Saúdo a todos que estiveram no Bloco da Arte Pública, nós fomos ás flores brotando no meio do lixo... Dou as boas vindas fazendo está reflexão sobre o carnaval..."
Leo Carnevale do Boa Praça: "Somos os artistas do mundo ao contrário. No carnaval não me visto de palhaço, tiro o meu nariz... Mas acho que o carnaval é justamente isso... É a junta de todos os excessos, muita comida, bebida, lixo... A população, todo mundo é público... É para exercer publicamente o seu lado artista. O carnaval no Brasil é medieval. Acaba o carnaval, mas a gente se mantém..."
Neste momento, Wagner Seara, o Palhaço Picuinha do Grupo Baita Anões pede licença para ler um poema que foi dado a ele como presente de aniversário:

O Tempo e a Jabuticaba

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver
daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela
menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela
chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir
quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos.
Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos
para reverter a miséria do mundo. Não quero que me convidem
para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milênio.
Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas,
que apesar da idade cronológica, são imaturos.
Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões
de 'confrontação', onde 'tiramos fatos a limpo'.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: 'as pessoas
não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a
essência, minha alma tem pressa...
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente
humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não
foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados,
e deseja tão somente andar ao lado do que é justo.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse
amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.'
O essencial faz a vida valer a pena.

Rubem Alves
Após Wagner ler o poema, Amir comenta que foi um jovem lendo e agora veríamos como seria um senhor lendo e pediu o texto para ler. Leu e foi bom ver o mesmo poema declamado por dois ângulos diferentes, um em plena ascendência da sua juventude e o outro pela sabedoria da experiência.
Continuamos com o encontro falando sobre o retorno das atividades do evento arte pública. Warley Bach, o estátua viva Pirata Jack Sparrow pergunta se quem se apresentou dentro da programação das praças seria chamado de novo.
Maria Helena, do Tá Na Rua, respondeu que foi surpreendente o número de cadastros feitos e que as curadorias estavam cuidando disso dentro do planejamento do projeto; "Mas estamos numa fase de chamar de novo. Havendo está possibilidade... Vamos chamar sim."
Herculano do Tá Na Rua: "Independente de chamar, os artistas podem ir nas praças e realizarem o seu trabalho e colocar o seu chapéu, não tem problema. Vão estar juntos e vão ser anunciados também... É bom que apareçam..."
Lígia, da Cia Mystérios: "Isso... É adesão... Independente da programação, é importante que os artistas compareçam. Sempre serão bem recebidos..."
Fernanda Machado: "A gente faz o Carnaval do dia a dia... Somos foliões o ano inteiro..."
Richard, do Off Sina: "Como é importante a participação do folião artista e de como com este projeto estamos encontrando tanta gente interessante. No primeiro dia registrei a Dona Raimunda... Ela me atraiu... Ela tem um 1,45... Uma senhora com o violão foi o motivo da minha atração... e no ultimo dia na praça ela foi a primeira atração... Ela tem um violão Rosa... O violão era desafinado, uma corda não falava com a outra... Quando ela pega o violão ela toca verdadeiramente. Ela segurou a roda até o final... O investimento que a move é o seu violão e suas composições próprias... No centro do instrumento, o orifício é em forma de coração... Como ela estava encantada..."
Também foi lembrado que o dia 27 e março é o dia do Teatro, do Circo e também agora oficialmente é o dia do grafite, sancionada pela prefeitura do Rio de janeiro e se iríamos fazer uma atividade coletiva para comemorar a data. Conversamos e analisamos que o teatro que comemora está data é o da sala fechada, do teatro como instituição. No caso do circo tem mais a ver por ser aniversário do Piolin, um dos mais famosos palhaços do país que foi e é inspiração para muitos até hoje.
Concluímos que como artistas públicos, o melhor dia para comemorarmos é o dia 23 de Abril, dia do Santo São Jorge, padroeiro instituído pelos artistas de rua como "Padroeiro e Protetor das Artes Públicas."
Encaminhando para o encerramento, Luciana Savine que estava vindo pela primeira vez disse que saía dali encantada, que não conhecia o movimento, mas que queria muito participar e cantou para nós Retrato Falado, de Clara Nunes:

Quem me vê lutando
não é sabedor,
do meu jeito brando,
de falar de amor,
eu tenho uma metade de acalmar,
metade lutador,
no fundo eu sou um sonhador
eu tenho uma cidade pra cantar,
um peito cheio de verso
e as mão de trabalhador.
Quem me vê
Quem me vê sentido
é conhecedor
do meu jeito antigo
de guardar a dor
eu tenho uma metade no meu lar,
metade exterior,
porque eu também sou pecador
eu tenho a mocidade pra gastar,
um grande amor pela vida
e a benção do Rendentor.
E quem quiser me acompanhar
eu cantei pra me desabafar,
e agora a dor já passou.

Mas quem me vê lutando,
não é sabedor,
do meu jeito brando,
de falar de amor
eu tenho uma metade de acalmar,
metade lutador,
no fundo eu sou um sonhador,
eu tenho uma cidade pra cantar,
um peito cheio de verso
e as mão de trabalhador.
Quem me vê...
Quem me vê sentido,
é conhecedor
do meu jeito antigo
de guardar a dor,
eu tenho uma metade no meu lar,
metade exterior,
porque eu também sou pecador
eu tenho a mocidade pra gastar
um grande amor pela vida
e a benção do Rendentor.
E quem quiser me acompanhar
eu cantei pra me desabafar,
e agora a dor já passou...
Mas quem me ê lutando...

Edmilson Santini foi no embalo, citou um poema em homenagem a Manoel Bandeira, de sua autoria:
UM POEMA DE BANDEIRA

Um Poema de Bandeira
É feito letra em levante:
Levanta a bola toante
Da poética brasileira:
Irene, uma vida inteira,
Na cozinha madrugando,
Certa noite se vê chegando
Ao céu: - Licença, meu branco...
Pedro, língua solta e franco:
- Que licença! Vá entrando.

Irene, que foi do eito,
Foi escrava, foi sujeita
Até a morrer de maleita,
Ama seca, seco peito...
Chega ao céu, tá no respeito.
Faz São Pedro, o bom cristão,
Santo alegre, canastrão,
Sonhar com a Luz de Terreiro,
Canto afro-brasileiro,
Irene em coroação...

Ao som de banda e chocalho
Chacoalha Irene o quadril,
Cada costela, um Brasil.
Do tronco à ponta do galho
De cada árvore, um atalho:
Cantiga e ginga de mão,
Roda a Rua do Sabão.
Irene, Rainha Ginga,
Reina no céu, onde pinga
Chuva de Aurora, União...

Nessa altura do Poema
De Bandeira, até o céu
Tirou da cúpula o chapéu
Pra Irene, que de pequena,
Fez-se grande no sistema
Celestial: canta loas
De Além-Mar, de Alagoas...
Irene boa, que dança.
Não cansa em Pedro a lembrança
De Marujada e canoas...

De Bandeira, Irene dada
A ser brincante que é;
Metrifica em cada pé,
Cadência dessa pisada,
Irene roda, é rodada...
Pedro, ao redor, diz: - Caramba!
Irene, riso de bamba;
Irene, que foi mucama
Na terra, no céu tem fama:
Porta Bandeira de Samba.

Caminhando para o encerramento do encontro desta segunda feira, Amir falou:
"Na minha bacia de jabuticaba, tem pouca jabuticaba. Por outro lado, quantas jabuticabas eu já comi. Quantas jabuticabas ela vai comer, faltando tanta jabuticaba para ele. Quando estava cheia, eu estava com uma angustia enorme, agora que tem pouca, me sinto tão bem alimentado. Chupar pouca jabuticaba, ter comido uma bacia, é muito legal. Todos nós sabemos quantas jabuticabas nos resta. Meter a mão e comer e engolir o caroço. Viva a Jabuticaba."
"Não sou quem me navega, quem me navega é o mar
Ele que me carrega como se fosse levar"
Assim terminou este encontro do fórum de arte Pública. Com sempre termino, este é um boletim informativo, não é relatório e nem ata. Escrevo a partir das minhas anotações e está aberto para correções, acréscimos e opiniões.
Herculano Dias

segunda-feira, 17 de março de 2014

Rede Brasileira de Teatro de Rua e seus rumos políticos


 
Adailtom Alves Teixeira[1]

A questão central é descobrir se você quer uma cidade para as pessoas ou para o lucro. Para construir uma cidade diferente, é preciso ser anticapitalista. Não há outra forma.
David Havey

A Rede Brasileira de Teatro de Rua (RBTR), formada em 2007, realizará de 21 a 27 de março, na cidade de Londrina/PR, seu XIV Encontro, que vem se desenhando para ser um dos maiores até o momento, pois deve reunir mais de duzentos articuladores de todo o Brasil, que arcarão com os custos das passagens, que, diga-se de passagem, bastante onerosas em ano de copa. A recepção dos articuladores ficará a cargo do MARL (Movimento dos Artistas de Rua de Londrina), que realizará também uma Mostra com apresentações de artistas e grupos locais.

A RBTR é a única rede organizada nacionalmente em seu segmento e a que mais cresce. Negligenciada pelo poder público, tem à sua frente muitos desafios. Por outro lado, justamente por não ter nada a perder pode radicalizar sua luta. Penso que, sem esgotar a discussão e para além de sua categoria, o primeiro desafio seja assumir uma luta classista, nesse sentido parte dos articuladores são favoráveis; outro ponto é a disputa da cidade por meio de sua arte, papel que já realizam, mas que precisa ser radicalizado na medida em que as cidades, médias e grandes, tornaram-se produtos, sendo fontes inesgotáveis para o lucro capitalista, logo, são campo de luta e pelo que se luta – a questão a se colocar é como a arte poderá intervir nos rumos da cidade?; um terceiro ponto, que já vem sendo pauta de discussões em alguns encontros da RBTR, é a construção de políticas públicas para as artes públicas.
Os objetivos estão interconectados, mas para clarear um pouco mais o meu ponto de vista de que maneira a luta é única, ainda que se divida em muitas frentes, discorro rapidamente sobre eles. Em dezembro de 2013, na cidade de São Paulo ocorreu o encontro estadual do Movimento de Teatro de Rua de São Paulo, a constatação a que se chegou foi a completa ausência de políticas públicas que contemplem as artes públicas e quando os artistas populares ocupavam os espaços ditos democráticos para questionarem o poder público, o que se ouviu em muitos relatos foi a perseguição aos artistas, inclusive com ameaças de morte. E estamos falando do estado mais rico da federação e que onde, supostamente, a democracia teria avançado, mas, como ficou claro, o coronelismo ainda impera. O que dirá nos rincões mais distantes do Brasil.
Claro que ao longo da história da humanidade os artistas populares sempre foram perseguidos, mas se alardeiam um estado de direito, que a livre expressão seja assegurada; mas quem escolhe a rua como palco, sabe que ao fazê-lo trata-se de uma escolha política. Trata-se de disputa, não só de realizar uma arte diferente e que chega a todos sem distinção, mas que também intervém em como se deve pensar a cidade. Logo, ao se colocar no espaço aberto, todo artista deveria saber que disputa o imaginário das pessoas e uma concepção de cidade.
Para avançar na luta se faz necessário políticas públicas, na medida em que seus fazedores não veem sua arte como mercadoria, mas como possibilidade do desenvolvimento humano; requer, portanto, investimento material, recursos que só poderão vir do Estado, já que a iniciativa privada jamais irá investir em algo que não dê lucro. Mas, mesmo aí há limites, na medida em que o próprio Estado, burguês que é, serve ao capital e não aos interesses sociais. De qualquer forma, organizado e com pressão pode-se avançar para exigir melhores condições, sem falsas ilusões. Uma maneira de fazer isso é criar uma pauta que dê unidade com outros movimentos culturais, pois, em âmbito federal está difícil a construção de algo mais palpável, só com muita pressão, já que a lógica continua sendo mercadológica. Basta dizer que uma instituição como a Funarte (Fundação Nacional de Artes) está quase falida, com parcos recursos, tendo que recorrer a leis de renúncia fiscal para manter alguns de seus prêmios. Ou seja, é um órgão do governo federal que vem recorrendo sistematicamente a Lei Rouanet, por exemplo, para captar recursos junto a empresas estatais para manter seus prêmios. Algo incompreensível à primeira vista, mas olhando mais de perto, isso faz sentido em uma gestão que fez uma opção no campo das artes: a opção do mercado e o sucateamento de instituições que poderiam realizar interlocuções com artistas populares.
Por tudo isso, fica claro que a luta é grande e deve ser anticapitalista. Por isso, faz-se necessário um projeto classista, construído em aliança com outros seguimentos organizados da classe trabalhadora, ao mesmo tempo – mas sem ilusões, repito – em que buscam construir políticas públicas visando uma melhor condição material para seus fazedores. Exemplos de tomada de posição classista dentro da própria RBTR são muitos, por isso há muita esperança nos rumos do encontro em Londrina, que promete ser um marco nessa direção. Afinal, não é possível mudar o mundo se não pensarmos em mudar os valores culturais que o norteiam. Como o velho está grávido do novo, há esperança! Claro que não basta esperar, é preciso parir o novo. E se os artistas populares nunca saíram de perto da população, dos trabalhadores, cabe apenas um maior e melhor direcionamento político nessa perspectiva.

Publicado originalmente no Brasil de Fato: http://www.brasildefato.com.br/node/27700




[1] Graduado em História; Mestre em Artes pelo Instituto de Artes da Unesp; ator e diretor teatral.

CARTA DA ASSEMBLEIA NACIONAL DO CPP 2014


Carta aberta à sociedade brasileira

"Vocês, de manhã, administrem a justiça e libertem o oprimido da mão do opressor..."

Jr.21,12b

Nós, agentes do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), estivemos reunidos em assembleia nacional com a participação de representantes do Movimento dos Pescadores e Pescadoras Artesanais do Brasil (MPP) e de outras organizações que atuam na defesa dos direitos dos povos e das populações tradicionais, no período de 10 a 14 de março/2014, em Olinda/Pernambuco. Na ocasião, avaliamos as ações do CPP junto aos pescadores/as artesanais; construímos estratégias coletivas visando fortalecer o protagonismo dos pescadores/as na luta pela garantia dos seus direitos.

Diante da conjuntura avaliada, constatamos o acirramento da situação de negação de direitos em que vivem as pescadoras e os pescadores artesanais do país submetidos à política desenvolvimentista adotada pelo Estado. A ação do governo ignora o modo de vida destas comunidades objetivando a abertura de espaços para o avanço dos grandes projetos, do turismo predatório, da mineração, da privatização das águas, da especulação imobiliária, da Aquicultura empresarial dentre outros investimentos que, incentivados de forma desordenada, ameaçam a vida destas populações tradicionais. Ao discutirmos sobre tais questões agigantou-se nossa indignação frente ao modo desprezível com que o Estado e as empresas privadas tratam as famílias e comunidades do pescadores/as artesanais. Estas se encontram entre as comunidades mais discriminadas pelo governo e pela sociedade.

Indignados com esta realidade de opressão e exclusão, comprometidos/as o Deus do Povo e com o Povo de Deus, reafirmamos nosso compromisso com as comunidades tradicionais pesqueiras na luta pela garantia dos seus direitos, bem como na luta pela permanência e retomada dos seus territórios.   Da mesma forma, DENUNCIAMOS:

  • A privatização dos corpos das águas públicas, bem de uso comum do povo brasileiro e que já tem inúmeras comunidades que tradicionalmente utilizam essas áreas, através de várias estratégias dentre elas os editais para repassar o controle a empresas e pessoas físicas, impedindo o acesso, a cultura e o trabalho das comunidades tradicionais pesqueiras;
  • A dificuldade, principalmente das mulheres, em acessar atendimento de saúde adequado e de qualidade, bem como o não reconhecimento das doenças ocupacionais específicas dos trabalhadores/as da pesca artesanal, junto à Previdência Social;
  • A manobra do governo aliado às organizações burocratas que dificultam e até mesmo negam o acesso aos direitos conquistados;
  • O acordo de cooperação firmado entre o MPA (Ministério da Pesca e Aquicultura) e CNPA (Confederação Nacional da Pesca e Aquicultura) que fere direitos constitucionais e sindicais, como a livre associação e a autonomia sindical, com o propósito de manter os pescadores/as atrelados à esse sistema de organização que os mantém reféns;
  • A burocratização do MPA que dificulta o acesso e a manutenção do Registro Geral da Pesca (RGP). Muitos homens e mulheres das águas não conseguem ter seus registros; são obrigados a se recadastrarem anualmente e mesmo assim não tem o RGP reconhecido pelos próprios órgãos do governo ao acessar direitos;
  • A terceirização dos serviços de responsabilidade do MPA aos pescadores/as que, ao serem repassados à outras organizações cria um circulo vicioso de domínio político, econômico e uso eleitoral;
  • As constantes ameaças sofridas pelas comunidades tradicionais pesqueiras em luta pelo direito de permanecerem em seus territórios. Diversas tentativas de expulsão as levam à situações de violação dos direitos humanos. Um exemplo emblemático é o caso da comunidade do Cumbe/Aracati, no Ceará, que sofre com a violenta ação da justiça que atua para retirá-la do seu espaço, em benefício de um grupo de empresários da carcinicultura.

O que está acontecendo com as comunidades tradicionais pesqueiras trata-se de um verdadeiro genocídio cultural incentivado pelo Estado. Conclamamos a sociedade brasileira para que conheça e apoie a luta das comunidades pesqueiras afim de que seja preservada sua cultura, sua tradição e o seu modo de vida. Estas comunidades cumprem um papel fundamental na conservação do meio ambiente e na garantia da distribuição de uma alimentação saudável para o povo brasileiro.

Solicitamos da mesma sociedade um gesto concreto em prol desta causa: que se empenhe com todas as forças na Campanha Nacional pela Regularização do Território das Comunidades Tradicionais Pesqueiras. Esta campanha propõe um projeto de lei de iniciativa popular sobre o reconhecimento, proteção e garantia do direito ao território dos pescadores e pescadoras artesanais. Os povos das águas são dignos de representar a luta por um país com menos desigualdades e onde a preservação dos direitos de todo ser humano seja respeitado. Estamos na luta pela preservação do modo de vida, da cultura, do meio ambiente e contra o modelo predatório de crescimento capitalista. Propomos a toda sociedade brasileira a construção de um novo modelo societário: a cultura do Bem Viver.

Quanto às comunidades Tradicionais Pesqueiras, nesta luta, resta-nos dizer, que esse povo resiste!  É como bem expressa o profeta bíblico:

"Vejam! Esse povo chega veloz e ligeiro. No meio dele, ninguém cansa, ninguém tropeça, ninguém tem sono, ninguém cochila, ninguém desaperta o cinturão... Suas flechas estão afiadas, e todos os arcos bem esticados; os cascos de seus cavalos parecem de pedra e as rodas de seus carros são como furação. Seu rugido é como da leoa, ruge como leão novo."

– Is. 5, 26b-30

  Nas águas da organização pescando vida e dignidade!

Participantes da assembleia Nacional do CPP

Olinda/PE, 14 de Março de 2014


domingo, 16 de março de 2014

CURIOSIDADES DO EVENTO ARTE PÚBLICA UMA POLÍTICA EM CONSTRUÇÃO

O Violão Rosa da Dona Raimunda

Estava tudo pronto para começar mais um dia de evento público no Largo do Machado. Os artistas se preparando, colocando seus chapéus, seus narizes vermelhos, verificando seus instrumentos. Richard Riguetti, do Off Sina, dava atenção aos últimos detalhes, quando uma pessoazinha de 1,45 de altura, chamou sua atenção.
Era uma senhora,com um sorriso agradável e vivo, carregando um violão rosa. Ela foi se “achegando”, como se diz no idioma do samaritano e perguntando:
- Moço, que tá acontecendo aqui?
- É o Evento de Arte Pública, onde os artistas de rua são convidados para se apresentarem e mostrarem o seu trabalho.
- Eu posso participar também? Também sou artista!
- Claro! – foi rápida a resposta. A simpatia dela era contagiante. – Como a senhora se chama?
- Raimunda, muito prazer!
Dona Raimunda foi a primeira atração da tarde. Foi começar a cantar que a roda foi formando e aumentando.
Dona Raimunda cantava composições próprias ao som do seu violão rosa. O violão dela era desafinado, uma corda não falava com a outra, mas Dona Raimunda tocava verdadeiramente e a melodia fluía por entre os acordes da sua voz. Uma melodia humilde e poderosa que atraia a atenção do povo. Que se divertia com sua espontaneidade.
O centro do seu instrumento não era um orifício circular, não, era em forma de coração. Ela não tocava com os dedos, tocava com o coração. Seu coração.
Ela segurou a roda até o final e quando encerrou sua apresentação, o coro de palmas e vivas era intenso.
Dona Raimunda estava feliz, tão feliz, que empestiou de felicidade todo mundo presente ali na praça. Quem a assistiu, esqueceu do transito, do lixo, das obras em volta. Saiu sanada.
O Violão de Dona Raimunda podia estar desafinado, mas ela com o coração quente, alma aberta e afinada, muito afinada, com o universo.


Herculano Dias

sábado, 15 de março de 2014

VIII Mostra de Teatro de São Miguel Paulista


O teatro de rua invade a Zona Leste com 12 espetáculos, além de intervenções circenses, na 8ª edição da Mostra realizada pelo Buraco d’Oráculo. Cultura e diversão ao ar livre!

Entre os dias 4 e 13 de abril, acontece a VIII Mostra de Teatro de São Miguel Paulista, na Praça do Casarão (ao lado da Estação Vila Mara, da CPTM), no Jardim Helena, Zona Leste de São Paulo. A programação (gratuita) é diversificada e forma um grande painel atual do teatro de rua.

O evento reúne grupos, artistas e coletivos que são referência nesta arte, oriundos de diferentes regiões como Rosário (Argentina), Porto Alegre (RS), Londrina (PR), Palmas (TO), Maracanaú (CE), Recife (PE), Macapá (AP), São Paulo (interior e capital).

Idealizada e realizada pelo Buraco d’Oráculo, a Mostra chega à oitava edição, contemplada pelo ProAC Festivais e Mostras, da Secretaria de Estado da Cultura. Neste ano o evento celebra os 15 anos de história do grupo e os 12 anos de atuação na região leste da cidade. São Miguel Paulista se destaca por ser locus de realização de diversos projetos do grupo.

A Mostra foi criada com o intuito de estabelecer relações com outros artistas da região. No entanto, tornou-se referência nacional no âmbito do teatro de rua, pois desde a quarta edição, essa foi sua principal modalidade teatral.

PROGRAMAÇÃO
Local: Praça do Casarão
Vila Mara (ao lado da estação de trem Vila Mara (CPTM). Jardim Helena. SP/SP
De 4 a 13 de abril - sexta a domingo - 15h30 e 17h (ou 19h)
Grátis (espetáculos ao ar livre). Recomendação: Livre


Mestres de Cerimônias - Antes de cada apresentação e também nos intervalos entre uma e outra, os mestres de cerimônia fazem breves intervenções.

  • Dias 4, 5 e 6 de abril – Pato e Laranjinha (Macapá, AP) - A dupla  de palhaços realiza números próprios e clássicos da palhaçaria, típicos do jogo do  cômico feito por duplas. De forma hilária, eles se colocam em constante competição.

  • Dias 11, 12 e 13 de abril – J. E. Tico (São Paulo, SP) - O ator, bonequeiro e palhaço faz pequenas intervenções, tendo como inspiração os brinquedos populares.

4 de abril - sexta-feira
Mestres de cerimônia: Pato e Laranjinha (Macapá, AP)

  • 15h30 – Espetáculo: Marruá
            Com Grupo Teatral Parlendas (São Paulo, SP) - Duração: 50 min.

Sinopse - O espetáculo foi criado a partir de narrativas de diferentes brasileiros, recolhidas pelo grupo nas cinco regiões do país, em territórios de resistência e luta como: quilombos, seringais, aldeias, vilas e assentamentos. Fragmentado em blocos, apresenta o nascimento, desenvolvimento, morte e ressurreição de uma “comunidade” em constante transformação.

Ficha técnica - Criação coletiva. Direção: Luciano Carvalho. Atores: Danilo Villa, Dara Freire, Elton Maioli, Igor Giangrossi, Maria Gabriela D’Ambrozio, Mário Queiroz e Natália Siufi. Preparação vocal e musical: Igor Giangrossi. Arranjo musical: Erik D’Ávila. Produção: O Grupo. Figurino: Nica Maria.

O grupo - O Grupo Teatral Parlendas é um coletivo de teatro de rua em busca de uma estética que corresponda às necessidades dos processos dialéticos entre a criação teatral, o público popular e o espaço da cidade. Em mais de cinco anos de pesquisa, a forte característica mambembe os fez percorrer as cinco regiões do Brasil, indo ao encontro da diversidade cultural brasileira, presenciando situações de unidade de condições e históricos de luta da classe trabalhadora, em função de interesses capitais de poucos.

  • 19 horas – Espetáculo: Plural
            Com Cia. de Teatro Nu Escuro (Goiânia, GO) - Duração: 50 min.

Sinopse - A trama de Plural é tecida pelas histórias de uma menina chamada Maria, desde as primeiras recordações que remetem aos seus sete anos. A narrativa segue costurando memória em memória, fiando o universo rural ao urbano, bordando histórias vividas e sentidas, com seus encantos, medos, violências, coragens, lamentos e alegrias. Uma trama sempre tensionada entre o drama e a poesia, o trágico e o humor.

Ficha técnica - Autores: Hélio Fróes, Abílio Carrascal e Izabela Nascente. Direção: Izabela Nascente. Atores: Adriana Brito, Eliana Santos e Izabela Nascente. Preparação vocal e musical: Abílio Carrascal. Preparação corporal: Lázaro Tuim. Produção: Lázaro Tuim. Figurino e bonecos: Izabela Nascente

O grupo - A Cia de Teatro Nu Escuro é um grupo de atores/ encenadores que trabalha coletivamente, de forma horizontal desde 1996, tendo montado 14 espetáculos e realizado inúmeras oficinas de formação profissional e de público em diversos estados brasileiros e também no exterior, consolidando-se como uma das principais companhias de teatro do Centro-Oeste.

5 de abril - sábado
Mestres de cerimônia: Pato e Laranjinha (Macapá, AP)

  • 15h30 – Espetáculo: A Fêmea Dominante
            Com Os Mamatchas (Presidente Prudente, SP) - Duração: 60 min.

Sinopse - Duas palhaças, tentando concorrer a uma vaga em um festival internacional, atrapalham-se ao demonstrar suas habilidades e se envolvem numa série de desentendimentos. Na disputa, intervém o músico Samambaia que, ao ajudá-las, acaba instigando cada vez mais a disputa.

Ficha técnica - Texto e direção: Os Mamatchas. Atores: Bruno Palácio, Camila Peral e Lua Barbosa. Preparação musical: Bruno Palácio. Produção: Camila Peral e Lua Barbosa

O grupo - O Grupo de Circo e Teatro de Rua Os Mamatchas formou-se em 2008, em Presidente Prudente-SP. Está associado à Federação Prudentina de Teatro e Artes Integradas (FPTAI) e faz parte do Fórum do Interior e da Rede Brasileira do Teatro de Rua. Formado atualmente por três artistas, o grupo busca disseminar sua arte em regiões descentralizadas por meio de espetáculos, oficinas, intervenções e outros.

  • 19 horas - Espetáculo: Do Repente
            Com Lamira Artes Cênicas (Palmas, TO) - Duração: 35 min.

Sinopse A poética do espetáculo foi elaborada em torno do universo do romanceiro popular do nordeste brasileiro - mais especificamente nas figuras do poeta cantador, do coquista, do aboiador, do glosador, do cordelista, do calungueiro - e da influência e presença dessa cultura na formação das “diversas” culturas brasileiras. Seu processo de criação englobou pesquisas sobre commedia dell’arte e o uso das máscaras na construção de personagens.

Ficha técnica - Coordenação geral: Carolina Galgane. Direção artística, coreografia e cenário: João Vicente. Atores: Aretha Maciel, Carolina Galgane, João Vicente e Renata Oliveira. Figurino: Patrícia Fregonesi. Operador de luz: Mauro Guilherme. Cenotécnica: Renata Oliveira. Contra-regragem e som: Jefferson Cerqueira. Preparação teatral e maquiagem: Jhon Weiner. Músicas: Lindalva e Terezinha; Os Nonatos; Mossinha de Passira e Valdir Teles; Galego Aboiador; Bem-Te-Vi e Estrela da Poesia; Zé Cardoso e Waldir Teles; Dona Militana; Dedé Laurentino e Fenelor; Antônio Nóbrega. Causo: adaptação de Matuto Incrementado (de Amazan). Registro fotográfico: Flaviana OX.

O grupo - O Lamira é um grupo tocantinense de artes cênicas que busca, na fisicalidade, o ponto de interseção entre dança, teatro, circo e música para a construção de sua estética. Suas produções partem da interação entre coreógrafos, diretores e pesquisadores das mais diversas áreas, fomentando, fortalecendo e desenvolvendo as artes cênicas como linguagem cultural.

6 de abril - domingo
Mestres de cerimônia: Pato e Laranjinha (Macapá, AP)

  • 15h30 - Espetáculo: O Testamento do Cangaceiro
            Com Cia. Dell’arte de Teatro (Catanduva, SP) - Duração: 60 min.

Sinopse O enredo conta a história de Cearin, um moço nordestino que perde os pais e decide buscar a sorte na cidade, tendo como padrinhos e orientadores uma Santa e um Capeta. No caminho, Cearin acaba prometendo pagar a promessa de um cangaceiro à beira da morte, cujo último desejo é que seja entregue um saco de dinheiro a uma moça da cidade.

Ficha técnica - Autor: Chico de Assis. Direção: Isaac Ruy. Coordenação Geral: Rafael Back. Atores: Bianca Ladislau, Bruna Velo, Carlos Alexandre Moura, Dara Leandra, Eduardo Higuti, Fabíola Melo, Gabrielly Motta, Jéssica Souza, Joanito Novaes, Karollayne Dassena, Larissa Bianchi, Larissa Canovas, Lorena Moura Reis, Lucas Alves, Lukas Paschoal, Manoel Novais, Martha Ocon, Natana Garcia, Rafael Back, Rafael Jorda, Rafael Ramos, Rodrigo Bardiviesso, Sula Ocon e Vanessa Ferreira. Preparação vocal e musical: Martha e Sula Ocon. Preparação corporal: Isaac Ruy. Produção: Cris Anovazzi e Lucas Alves. Figurino, cenário e maquiagem: Isaac Ruy. Cinegrafista: Luan Andrade

O grupo - A Associação Dell’arte é um Pontinho de Cultura eleito pelo Ministério da Cultura - MinC, por meio do Programa Cultura Viva. Atua, desde 2009, nas mais diversas manifestações artísticas com foco na transformação social proporcionada pela arte. A Cia Dell’arte de Teatro é um dos projetos da entidade que tem em seu currículo a participação em diversos festivais do país, dentre ele, o Festival de Teatro de Curitiba.

  • 17 horas - Espetáculo: A Pereira da Tia Miséria
            Com Núcleo Ás de Paus (Londrina, PR) - Duração: 50 min.
Sinopse - No dia em que deveria morrer, Tia Miséria engana a Morte, tão temida por todos, mas que é vista também como a melhor saída para um mundo em que novas possibilidades não param de nascer. E, por um acordo feito diante do olhar de todos, Tia Miséria decide viver, ingenuamente procurando pelo seu filho, o Fome, para só então deixarem este lugar que nunca os quis.

Ficha técnica - Texto: Luan Valero. Direção: Coletiva. Concepção e direção musical: Eric D’Ávila. Atores: Adalberto Pereira, Bruna Monã, Camila Feoli, Rebeca Oliveira de Carvalho, Rogério Costa e Thunay Tartari. Cenografia e bonecos: Rogério Costa e Alex Lima. Figurino: Alex Lima. Produção: Rogério Costa

O grupo - Formado em 2008, o Núcleo Ás de Paus desenvolve seu trabalho artístico pela direção coletiva e pela pesquisa sobre os prolongamentos do corpo do ator (pernas de pau, figurino, cenário, energia vital, voz). Já percorreu todo o Brasil com mais de 150 apresentações de A Pereira da Tia Miséria, desde a estreia em agosto de 2010.

11 de abril - sexta-feira
Mestre de cerimônia: J. E. Tico (São Paulo, SP)

  • 15h30 - Espetáculo: PatoLogias (45 min)
            Com Cia. de Teatro, Circo y Música Pato Mojado (Rosário, Argentina)

Sinopse PatoLogias é um espetáculo de humor para todos os públicos, recheado de música ao vivo, palhaços e acrobacias. Segundo a companhia, é “uma divertida comédia circense para crianças e adultos, animais e vegetais, robôs, marcianos e público em geral”.

Ficha técnica - Autores: María Franchi e César Artero. Direção: Pato Mojado. Atores: María Franchi, César Artero e Pedro Jozami. Preparação vocal e musical: Alejo Castillo e Pedro Jozami. Figurino: Norma Veja e Vilma Artero. Produção: María Franchi.

O grupo - A fundação da Companhia de Teatro, Circo e Música Pato Mojado foi motivada pela necessidade de divulgar e redescobrir o trabalho de rua, a partir de uma variedade de estéticas e formas, bem como pela investigação do universo amplo do humor, tanto na prática quanto na teoria. Desde 2004, o grupo tem trabalhado com diversos artistas em diferentes cidades e países.

  • 17 horas - Espetáculo: A Exceção e a Regra
            Com Cia. Estável de Teatro (São Paulo, SP) - Duração: 70 min.

Sinopse Uma pequena caravana participa de uma corrida em direção à cidade de Urga. A expedição que chegar primeiro ganhará como prêmio uma concessão para explorar petróleo. Durante a viagem, vemos exposta a relação entre explorador e explorado, assim como os mecanismos que legitimam o abuso de um e a submissão do outro.

Ficha técnica - Autor: Bertolt Brecht. Tradução: Alexandre Krug. Direção: Renata Zhaneta. Direção musical: Sérgio Zanck. Atores: Andressa Ferrarezi, Daniela Giampietro, Juliana Liegel, Luiz Calvo, Maurício Hiroshi, Nei Gomes, Osvaldo Pinheiro, Sandra Santana, Sérgio Zanck, Paula Cortezia e Zeca Volga. Músicas: Osvaldo Hortêncio e Sérgio Zanck. Produção: Mariza Pinto, Andressa Ferrarezi e Nei Gomes. Cenário e adereços: Valter Mendes e Dani Abreu. Figurino: Kath Ulian. Maquiagem: Dani Ferrarezi

O grupo - A Companhia Estável existe desde 2001. Seu primeiro trabalho foi com a ocupação do Teatro Flávio Império, no bairro de Cangaíba, periferia de São Paulo; depois, veio a residência artística na casa de acolhida Arsenal da Esperança, no Brás, a partir de 2006. Os 13 anos de história são marcados pela pesquisa sobre formas políticas de teatro e pela busca por um trabalho totalmente coletivo, procurando espelhar na organização interna do grupo a crítica contra-hegemônica, formulada em cena.

12 de abril - sábado
Mestre de cerimônia: J. E. Tico (São Paulo, SP)

  • 15h30 Espetáculo: Romeu e Julieta - O Encontro de Shakespeare e a Cultura Popular
            Com Grupo Garajal (Maracanaú, CE) - Duração: 70 min.

Sinopse: A história de amor juvenil mais encenada no planeta é transposta para um terreiro de reisado, festa típica do regionalismo nordestino. A ela são agregadas as figuras de Mateus, Catirina e Jaraguá, além de príncipes e guerreiros que mediam o embate entre os Montecchio e os Capuleto, duas famílias que não se bicam e conspiram para o trágico desfecho. A expressão corporal é apoiada em lutas de espadas, danças e brincadeiras como pau de fita e roda de coco. Os artistas equilibram-se na gangorra entre o bardo inglês e o folguedo brasileiro. E ainda tocam e cantam.

Ficha técnica - Autor: William Shakespeare. Adaptação: Victor Augusto. Direção: Mário Jorge e Diego Mesquita. Atores: Aldebaran Fautino, Aline Fontenele, Dielan Viana, Flavia Cavalcante, Henrique Rosa, Miguel Cairo, Rafael Melo, Rayane Mendes e Sudailson Kennedy. Figurino: Dielan Viana e Lu Nunes. Preparação corporal: Mário Jorge. Produção: Rafael Melo e Mário Jorge.

O grupo - O núcleo artístico do município da região metropolitana de Fortaleza, Grupo Garajal, apresenta seu oitavo espetáculo, que coroa o trabalho de formação de jovens atores e a pesquisa permanente em torno da cultura popular da qual não arreda pé, desde o surgimento do Instituto Garajal de Arte e Cultura Popular, em 2003.

  • 17 horas - Espetáculo: Cafuringa
            Com Grupo Cafuringa (Recife, PE) - Duração: 60 min.

Sinopse - O espetáculo narra a história do ventriloquista, embolador, vendedor de pomadas e garrafadas, o Cafuringa. O trabalho faz um recorte no tempo, abordando desde seus momentos brincantes até a sua expulsão do Pátio do Carmo, na cidade de Recife, PE.

Ficha técnica - Concepção e produção executiva: Alexandre Menezes. Encenação e texto: Alexandre Menezes e Luiz Filho. Ventriloquista: Luiz Filho. Atores: Alexandre Menezes, Luiz Filho, Pablo Dantas, Filippo Rodrigo e Temi Fogo. Poeta e letrista: Pablo Dantas. Criação e execução musical: Filippo Rodrigo. Provocador e facilitador cênico: Junio Santos. Construção de bonecos: Mestre Zé Lopes e Mestre Saúba. Execução musical: Temir Fogo. Execução de figurino, máscaras, bonecos e adereços: Cleydson Catarina. Desenho de figurino e maquiagem: Cayo Ogam. Preparação vocal: Leila Freitas. Programação visual: Java Araújo.

O grupo - Segundo o grupo Cafuringa, “no dia 11 de setembro de 2010, o Grupo explodiu: três amigos pensando em se divertir juntos. Era, de fato, uma oportunidade para falar de teatro, estar junto e brincar com a nossa tão adorada arte popular”. O Mestre Cafuringa foi o grande inspirador, tanto que o Grupo e o primeiro espetáculo carregam o seu nome. “Cafuringa continuará vivo na memória do povo recifense e a sua ousadia, na voz do boneco Joãozinho, retornará vibrante para as ruas do Brasil. O cordeiro sacrificado morre, o amor morre... só a arte, não!”

13 de abril - domingo
Mestre de cerimônia: J. E. Tico (São Paulo, SP)

  • 15h30 – Espetáculo: A Festa da Rosinha Boca Mole
            Com Mamulengo da Folia (Guararema, SP) - Duração: 50 min.

Sinopse - Espetáculo de mamulengo em que muitos das personagens que aparecem para A Festa da Rosinha Boca Mole são clássicos da cultura popular e outras guardam parentesco com a commedia dell’arte. Outras entram ao som e ao sabor do improviso em cada lugar onde o brincante se instale e a brincadeira se faça, tratando do particular que se universaliza na identificação com o público que aprecia e brinca a brincadeira.

Ficha técnica Texto, direção, figurino: Danilo Cavalcante. Ator mamulengueiro: Danilo Cavalcante. Produção: Mamulengo da Folia. Músicos: Zé do Fole, Erasmo José e Sabino do Pandeiro.

O grupo - Nascido no sertão de Pernambuco, o Mamulengo da Folia tornou-se um dos mais atuantes grupos de bonecos do Brasil. Como tal, nascido na terra que é o berço do mamulengo, já veio ao mundo pronto a correr caminhos com sua inegável vocação para o teatro mabembe. O trabalho é apresentado na rua, em escolas e teatros, contemplando plateias populares, sempre numa atitude de resistência e de salvaguarda dos elementos essenciais que configuram a tradição do mamulengo brasileiro.

  • 17 horas – Espetáculo: O Baile dos Anastácio
            Com Oigalê (Porto Alegre, RS) - Duração: 60 min.

Sinopse O Baile dos Anastácio é uma parábola sobre a devastação ambiental e os jogos de interesses em torno da terra. A peça utiliza como metáfora o casamento arranjado que ignora o real desejo da mulher. Um baile repleto de música, encontros, desencontros, pelejas, danças e namoros, são apresentados de forma divertida, dinâmica e bem humorada.

Ficha técnica - Autor: Luís Alberto de Abreu. Direção: Cláudia Sachs. Atores: Giancarlo Carlomagno, Karine Paz, Hamilton Leite, Mariana Horlle, Paulo Roberto Farias e Paulo Brasil. Preparação vocal: Simone Rasslan. Trilha sonora: Diego Silveira, Mateus Mapa e Simone Rasslan. Cenário: Luís Marasca. Figurino: Alexandre Magalhães e Silva. Produção: Oigalê

O grupo - A Oigalê surgiu, em 1999, e desde então mantém um trabalho contínuo que pesquisa o teatro de rua. O grupo, anualmente, faz temporadas de teatro de rua em parques e praças de Porto Alegre, além de se apresentar em escolas e instituições, além de realizar cortejos e intervenções cênicas. Seus espetáculos já somam mais de 1.500 apresentações, em mais de 100 cidades do Rio Grande do Sul, 18 estados brasileiros e no exterior, atingindo um total de 500.000 pessoas.


Sobre o BURACO D’ORÁCULO

O Buraco d’Oráculo tem 15 anos de existência. Nasceu em 1998, com o intuito de fazer um teatro que discutisse o homem urbano contemporâneo e seus problemas. Desta forma, e desde o inicio, o grupo opta pelo teatro de rua, a forma mais efetiva encontrada para compartilhar momentos de reflexão e afetividade.

O trabalho do grupo é calcado em três pontos fundamentais: a rua, como local fundamental para promover o encontro direto com o publico; a cultura popular, como fonte inspiradora e; o cômico, destacando-se a farsa e as relações com o denominado “realismo grotesco”. E encontrou nas manifestações populares os elementos da expressão de sua arte. A descoberta do popular se deu a partir do encontro com o diretor Ednaldo Freire e do estudo da obra de Mikhail Bakhtin, ainda em 1999.

O Buraco d’Oráculo optou pelo popular e pela rua como determinação e também como alvo de crítica. O trabalho levou-os ao encontro de um público diferente daquele que frequenta as salas de espetáculos e começaram a desenvolver os projetos de forma descentralizada, buscando democratizar o acesso ao fazer teatral. Por isso, desde 2002, atua na zona leste da cidade de São Paulo, sobretudo na região de São Miguel Paulista.

A prática levou o grupo a ampliar o raio de atuação, apresentando-se nos conjuntos habitacionais (COHAB e CDHU). Nesses locais, densamente povoados, foi realizado o Projeto Circular COHAB’s (2005), desenvolvido com recurso do VAI (Programa para a Valorização de Iniciativas Culturais); depois, em 2006, com recursos do Programa de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, permitiu que o grupo circulasse por 18 conjuntos habitacionais, atingindo um público de mais de 30 mil pessoas, apenas nesse projeto.

Em 2008, contemplado mais uma vez com recursos do Programa Fomento, o grupo passou a desenvolver um trabalho de pesquisa, junto às comunidades por onde havia circulado, que resultou no espetáculo Ser TÃO Ser – Narrativas as Outra Margem, que estreou em agosto de 2009. No ano seguinte, novamente com recursos do Fomento, desenvolveu o projeto Narrativas de Trabalho, que consistiu na pesquisa sobre a precarização de trabalho, no aperfeiçoamento técnico-artístico dos integrantes e na criação de intervenções e performances sobre o tema. Atualmente, o grupo dá sequência a esta pesquisa e pretende criar um espetáculo com a comunidade.

Destaque também para outros projetos como o Buraco nas Praças, Caminhada Poética e oficinas teatrais, além da Mostra de Teatro de São Miguel Paulista, que está na oitava edição, envolvendo grupos brasileiros e internacionais. É importante dizer que os espetáculos são protagonizados por populares, pois é para eles que se destinam. O Buraco d’Oráculo já produziu oito espetáculos nos quais busca manter essas propostas. São eles: A Guerra Santa (1998), Amor de Donzela, Olho Nela! (1999), Quem Pensa Que Muito Engana, Acaba Sendo Enganado (2000), A Bela Adormecida (2001), O Cuscuz Fedegoso (2002), A Farsa do Bom Enganador (2006), ComiCidade (2008), Ser TÃO Ser – Narrativas da outra margem (2009) e Ópera do Trabalho (2013).

IntegrantesAdailton Alves, Edson Paulo, Heber Humberto Teixeira, Lu Coelho, Patrícia Leal, Rominson Paulo, Selma Pavanelli e Thiago Thalles.


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