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domingo, 16 de março de 2014

CURIOSIDADES DO EVENTO ARTE PÚBLICA UMA POLÍTICA EM CONSTRUÇÃO

O Violão Rosa da Dona Raimunda

Estava tudo pronto para começar mais um dia de evento público no Largo do Machado. Os artistas se preparando, colocando seus chapéus, seus narizes vermelhos, verificando seus instrumentos. Richard Riguetti, do Off Sina, dava atenção aos últimos detalhes, quando uma pessoazinha de 1,45 de altura, chamou sua atenção.
Era uma senhora,com um sorriso agradável e vivo, carregando um violão rosa. Ela foi se “achegando”, como se diz no idioma do samaritano e perguntando:
- Moço, que tá acontecendo aqui?
- É o Evento de Arte Pública, onde os artistas de rua são convidados para se apresentarem e mostrarem o seu trabalho.
- Eu posso participar também? Também sou artista!
- Claro! – foi rápida a resposta. A simpatia dela era contagiante. – Como a senhora se chama?
- Raimunda, muito prazer!
Dona Raimunda foi a primeira atração da tarde. Foi começar a cantar que a roda foi formando e aumentando.
Dona Raimunda cantava composições próprias ao som do seu violão rosa. O violão dela era desafinado, uma corda não falava com a outra, mas Dona Raimunda tocava verdadeiramente e a melodia fluía por entre os acordes da sua voz. Uma melodia humilde e poderosa que atraia a atenção do povo. Que se divertia com sua espontaneidade.
O centro do seu instrumento não era um orifício circular, não, era em forma de coração. Ela não tocava com os dedos, tocava com o coração. Seu coração.
Ela segurou a roda até o final e quando encerrou sua apresentação, o coro de palmas e vivas era intenso.
Dona Raimunda estava feliz, tão feliz, que empestiou de felicidade todo mundo presente ali na praça. Quem a assistiu, esqueceu do transito, do lixo, das obras em volta. Saiu sanada.
O Violão de Dona Raimunda podia estar desafinado, mas ela com o coração quente, alma aberta e afinada, muito afinada, com o universo.


Herculano Dias

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