*Márcio Silveira dos Santos
Buenas, atualmente acontece o que de certa forma já havíamos previsto em 2006: Um dia haverá um inchaço de Blocos de Carnaval no boêmio Bairro Cidade Baixa e isso traria problemas ao bairro - higiene, política, super aglomeração, politicagem, desentendimentos e outros interesses. Agravantes que percebemos há 3 anos e para piorar veio a tentativa de uma certa entidade da região em organizar (ou adestrar) os blocos de rua, definindo dia e horário para saírem as ruas. E de antemão digo que isto é impossível! Um retrocesso histórico!!! Não bastaram os acontecimentos do passado onde os Blocos de bairro foram desarticulados e conduzidos a avenida de desfiles (um curral pro Samba!! – O Rappa!).
O Bloco Fora da Área de Cobertura é precursor no resgate do carnaval de rua do Bairro Cidade Baixa! Surgiu em janeiro de 2006, numa época de escassez de carnaval de rua, pois as Muambas de bairro realizadas pela Prefeitura de Porto Alegre perdiam força por questões políticas partidárias. Estou afirmando isso como testemunha-integrante (toco bumbo desde 2007) e venho aqui escrever este texto porque estamos revoltados em ver que o Jornal Zero Hora publicou com pompa que outro Bloco foi o primeiro!!! Lamentável!!!
Nunca nos estranhamos com outros blocos (somos irmãos), no entanto quando há um "outro erro" histórico em curso, entre tantos por parte da mídia ditadora (afiliada da rede Globo), em tempos de retaliação das manifestações culturais de rua, temos o direito de reclamar e divulgar (compartilhar) os fatos verdadeiros, pois o reconhecimento de todo artista deve ser enquanto vivo e não depois de seu fim.
O carinhoso Fora da área de Cobertura, nome alusivo tanto a situação de estar fora de área do sinal de celular, como também, na época, há 08 anos, por estar na contra mão e fora da cobertura dos tais "currais do samba", pois surgiu com a proposta de resgatar a tradição do carnaval de rua esquecida no seu bairro - o Cidade Baixa é local ainda de moradia de muitos dos seus integrantes fundadores. Um bairro que teve sua formação como sendo a periferia no inicio da formação do Porto dos Casais-Porto Alegre. Um bairro dos excluídos, berço dos primeiros blocos de rua, núcleo do samba da cidade e de onde brotaram bambas como Lupicínio Rodrigues. O Fora da área de Cobertura surge nessa corrente histórica e de elos afetivos com seu chão, todos os anos sai às ruas tocando seu Hino e somente marchinhas de carnaval. Vertente pura da originalidade de idos anos.
Em artigo que escrevi e publicado num jornal em março de 2009, um dos fundadores, Giovanni Mesquita, disse o seguinte: "O bloco tem duas propostas, tocar marchinhas e resgatar a liberdade de expressão deste patrimônio cultural sem anarquia e violência". Então meus caros leitores e foliões, isso é o que tenho a dizer nestes dias de Momo e sua corte, pois há espaço para todos, mas que os reconhecimentos sejam justos e verdadeiros.
Em tempo: quero dar os parabéns ao Bloco irmão: Bloco da Laje, que este ano realizou seu sublime cortejo-celebração-happening-catarse coletiva em outro local, sendo assim sua festa que já era originalíssima em formato e objetivos, agora com a mudança se tornou extremamente original! No mais, vamos foliar independente da lei da Vereadora Mônica Leal (ex- Secretária de Cultura do RS) que proíbe uso de máscaras em manifestações de rua (Acorda Mônica!!!)!!!!
Bom carnaval a todos e todas. Evoé Baco!!!
*Márcio Silveira dos Santos é Mestre em Artes Cênicas pela UFRGS, ator, diretor, dramaturgo, pesquisador. Integrante do Grupo Teatral Manjericão - RS
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