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terça-feira, 30 de julho de 2013

RELAÇÃO ESTADO/CIDADÃO PARA A DEMOCRACIA CULTURAL

CONTINUO COM A TESE DE ALFREDO MANEVY NA RELAÇÃO ESTADO/CIDADÃO PARA A DEMOCRACIA CULTURAL PARTICIPATIVA

Por Carlos Henrique Machado Freitas

Não tive a oportunidade de me aprofundar no debate com Alfredo Manevy (na época Secretário Executivo do Ministério da Cultura), quando estivemos juntos num papo na II CNC ocorrida em 2010. Tinha gostado muito de sua fala contundente na direção de democratizar as relações do Estado com o cidadão para se ter de fato uma democracia cultural com um nível de reprentatividade próxima ao que ocorre no território nacional de forma espontânea. Em sua fundamental fala, Manevy pedia a todos que ajudassem nessa reflexão para que a gestão cultural se desamarrasse da burocracia estatal e, com isso, as ações do Estado possibilitassem uma relação primordial entre a partipação do cidadão, que é mais ampla e horizontal do que a da chamada sociedade civil organizada, com o Estado brasileiro.

É importante ressaltar esta fala de Manevy porque alteraria o pensamento formatado onde a decisão do cidadão não é ouvida fora do caminho percorrido pela sociedade organizada, e sempre organizada em busca de soluções próprias na base dos pequenos projetos envolvendo determinada cidadania sempre associada à figura da classe média. Por isso as várias manifestações artísticas em que o patrocínio pelas leis de incentivo acaba destinando a verba pública a determinadas atividades culturais ligadas à mesma faixa social. E isso está longe de ser qualificado como política pública de cultura por não atender em qualquer hipótese às necessidades de comunidades ou cidadãos distantes do mercado cultural ou do consumidor de bens culturais.

Sem o envolvimento dos ciadadãos de vários pontos do país e de vários quadrantes sociais, continuamos no processo repetitivo onde um grupo hegemônico é copiado por outro que quer ter hegemonia, mesmo que ele aparente em suas atividades ações discursivas voltadas à coletividade, quando todo um sistema comunicacional desemboca no mesmo aparelho central. Ou seja, na prática, é um fazer cultural encabrestado que possibilita a participação social com um caminho já percorrido por quem demarca o território, mesmo que ele interligue vários outros sistemas. Neste caso o mapeamente acaba por obedecer ao processo que diz respeito somente ao comando central.

É sob esse ponto de vista que podemos, por exemplo, associar a relação do GIFE (Grupo de Institutos Fundações e Empresas) com o Coletivo Fora do Eixo, ambos orquestrados por um único sistema corporativo. Ou seja, um acaba redundando a lógica do outro, preservando uma relação que protege o financiamento, o mercado e o próprio decreto estabelecido pelo comando. Se os índices desses dois universos se mostram mais ou menos profissionais, pouca importância isso tem. Para os objetivos concretos de uma democracia cultural, diante da diversidade cultural brasileira e sua amplitude territorial, no geral, tanto o resultado do GIFE quanto o do Fora do Eixo são péssimas escolas de instrumento de democratização cultural.

Não quero graduar este texto com as questões da existência de interesses comerciais inconfessáveis nas duas correntes. Meu assunto aqui está diretamente ligado à questão da democratização da gestão cultural em todas as regiões do país, com o objetivo de fazer da cultura um componente de fato da qualidade de vida da população, sem descartar, sobretudo o que é produzido de forma unitária pelo trabalho de muitos artistas absolutamente autônomos e anônimos que nem se manifestam em conferências ou mesmo através de editais, e que dão ênfase apenas à produção de suas obras.

Na verdade o desenrolo da indústria cultural, tão ressaltada por muitos, ainda é a base do entendimento de muita gente para legitimar um mercado que obrigatoriamente é dogmático em sua essência com os programas econômicos potencialmente ligados ao sistema, se apresentando como tal ou num cruzamento entre a "marginalidade" e o corporativismo, que acaba sempre tornando os grandes eventos ou a centralização dos pequenos ou grandes institutos culturais num bem cultural à espera da sociedade.

O que precisa ficar claro, e isso está demonstrado, principalmente neste momento de catarse unificada pela classe média jovem nas ruas, é que não é o Estado que precisa credenciar as comunidades, os cidadãos, mas sim o oposto, quando o Estado convoca a sociedade a participar com ele de todo o desenvolvimento de suas ações para legitimá-lo como seu representante. Até então o Estado ainda não entendeu isso. O Brasil profundo não está nas ruas, mas no meio-fio assistindo como sempre ao alarido individualista dos donos das ruas nas grandes cidades. Por isso seria bom voltarmos os ouvidos à belíssima fala de Alfredo Manevy na II Conferência Nacional de Cultura.
http://www.trezentos.blog.br/?p=8046


segunda-feira, 29 de julho de 2013

CAPTTAÇÃO - 5ª Mostra de Teatro de Rua do Amapá

Na sua 5ª edição, o CAPTTAÇÃO - Mostra Livre de Teatro de Rua atraiu cerca de três mil pessoas para o anfiteatro da Praça Chico Noé localizada no bairro do Laguinho, as noites de 23 e 24 de julho entraram para a história do teatro amapaense.


Com mais de 30 anos de existência o anfiteatro adotado pelo CAPTTAÇÃO, enfrentou o abando do poder público que se revelou na sua tomada pelo lixo, arbustos e inundação pela obstrução dos canais de escoamento das águas pluviais, neste contexto o Coletivo de Artistas, Produtores e Técnicos em Teatro do Estado do Amapá – CAPTTA revitalizou o logradouro ocioso para proporcionar atividades culturais com garantia de acessibilidade à comunidade.
A ação cultural coordenada pelos grupos e companhias de teatro filiados ao Coletivo, também é apoiada por artistas de outras regiões brasileira, nesta edição, a Mostra teve apresentações da Cia Circunstância (MG) que trouxe para o Amapá o espetáculo "De Mala às artes" ganhador do Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz em 2012.
Além da Companhia mineira, participaram das apresentações os espetáculos "A Língua Solta do Palhaço Joca", "João Cheroso e João do Céu Vendendo Cordel" (Grupo Eureca), "Uma Trupe de Três (Trupe de Três), "Palhaço Pato e Laranjinha – Pintando o Sete" (Trupe do Pato), "Um Sonho de Clown" (Os Paspalhões), "Rimancete" (Dan Alves e Helen Silva) e demonstrações de Artes Circenses com alunos da Corda Bamba na Linha do Equador (Cia. Cangapé), projeto que recebeu o Prêmio Funarte Petrobras Carequinha de Estímulo ao Circo em 2011 e 2012 para atender 200 crianças e adolescentes em vulnerabilidade social no bairro do Araxá, Aturiá e adjacências.
Segundo o ator Dan Alves, "as caixas cênicas estão fechadas para uma minoria, cheias de normas que impossibilitam a presença de um verdadeiro público que necessita se alimentar de arte. Sempre foi assim, e sempre será. A rua por sua vez é o espaço mais democrático que existe para os artistas, mas também é o lugar menos lembrado. Ações como essa são a agulha no palheiro, mas é a forma de cutucar quem ainda está na sua poltrona indeciso."
Assim, o teatro de rua rompe as barreiras da arte pela arte, transpassa as paredes da caixa cênica, invade ruas, praças, feiras ou outro lugar qualquer onde tenha alguém interessado em ouvir nossas mensagens, e se apresenta como veículo de comunicação, diferente dos convencionais, pois para ter acesso ao mesmo não precisa de dinheiro, basta querer. A arte está a serviço da vida, pois assim como Boal, os artistas amapaenses acreditam que por meio do teatro é possível ensaiar para realidades futuras. Em Agosto, a 6ª Mostra acontecerá nas cidades de Macapá e Santana.

Paulo Rocha

quarta-feira, 24 de julho de 2013

O COLETIVO FORA DO EIXO E O LADO OCULTO DA LUA

O COLETIVO "FORA DO EIXO" E O LADO OCULTO DA LUA
Por Carlos Henrique Machado Freitas

"A função de um Ministério da Cultura é mobilizar seres humanos e mantê-los mobilizados. De que forma? Garantindo e dando subsídios ao povo para expressar-se, manifestar-se através de sua arte e de seus saberes. A função essencial da cultura é manter-nos vivos, pensantes e humanizados. A junção de cultura e mercado é um movimento que não foi gerado pelo povo, mas por uma pequeníssima porção da sociedade que detém o controle da economia. O movimento que nós, povo, temos feito, é de frear esse movimento frenético iniciado pela indústria cultural." (Aressa Rios).

Minha pergunta sobre o Coletivo Fora do Eixo está relacionada com as fronteiras do debate em diversos níveis que surgiram das ruas nas manifestações. O que observei foi o limite, o desinteresse ou a incapacidade deste coletivo em debater uma das maiores perdições que assolam a cultura brasileira, que são as numerosas frações de recursos públicos concentradas nas mãos de tão poucos grupos empresariais, como é clássico do processo de expansão da racionalidade capitalista.

Pergunto isso em busca de uma verdadeira razão porque o Fora do Eixo surgiu em meio a uma variedade de reivindicações como um triufalista de porta-voz das ruas, e assim ele se coloca no imaginário de muita gente. Lógico que, para a autopromoção, são altamente velozes em suas ações. Sabem utilizar das técnicas para difundir com exuberância a ideia de que são líderes de movimentos contrarracionalidade. Ou seja, contra a ideia superior do sistema financeiro e da própria tradição hegemônica do mercado.

Mas na outra ponta os gráficos apresentados pelo jornalista José Arbex Jr., causam um absoluto espanto, principalmente porque o Fora do Eixo tromba de frente com a sua fantasiosa "filosofia". "Hoje, segundo os dados da pró­pria organização, o FDE é uma próspera empresa de gestão cultural que agrega 57 coletivos em todo o país, com capacidade para realizar 5 mil shows em 112 cidades." (José Arbex Jr).

Diante de um dado como este trazido por Arbex, não há como não fazer uma comparação, por exemplo, à mega estrutura de um Rock In Rio, que hoje contempla a sociedade de dois midas da fábula capitalista, Roberto Medina e Eike Batista.

A margem de erro entre um coletivo social do líder Pablo Capilé, como se apresenta o Fora do Eixo, e sua estrutura empresarial, mostra que está longe de ser pequena a incoerência do seu discurso. Talvez, hoje no Brasil, somente as religiões tradicionais conseguem numerosas frações de lugares e de somas como vida econômica e social deste coletivo.

E se o apêndice das manifestações preconiza a horizontalidade, a descentralidade e, sobretudo a expansão da democracia, pergunto: aonde está a verdade do Fora do Eixo em seu discurso? Quais as possibilidades de fugir de uma realidade tão flagrante de paradoxos entre o que se prega nas ruas, estimulando qualquer tipo de manifestação contra o sistema, e o que é colocado robustamente como verdade?

Agora mesmo o poder e a dimensão do cartel do Ecad sofreram uma flagorosa derrota do movimento que fundiu artistas e sociedade, somado a alguns guerreiros políticos e o Ministério da Cultura, para não só suprimir a condição de senhor da criação brasileira ostentada pelo Ecad, mas sobretudo para determinar limites com uma coisa simples, a fiscalização pelo Estado de uma atividade privada que monopoliza compulsoriamente a "defesa" do direito autoral.

Foi gratificante pra todos nós que lutamos contra o Ecad, ver surgir um movimento de intensidade e verdade tão avassaladora que derrubou anos e anos de chantagem de quem dela se utilizava para impor justamente uma pena de prisão aos criadores brasileiros.
Então, novamente pergunto: com uma estrutura dessa que, dentro da realidade da cultura brasileira, mais parece um império, os organizadores do Fora do Eixo, que multiplicam suas relações políticas em função de sua força econômica, para estabelecerem exclusivamente a condição de tutores de comunidades culturais, podem mesmo propagandear sincronicamente com as manifestações a condição de oprimidos pelo sistema? Creio que não, é muita desfaçatez, tal a sua unidade estrutural e o seu distanciamento da realidade de milhões de pessoas ligadas à cultura brasileira.

Acho também que essa escandalosa questão do Fora do Eixo abre espaço para um debate franco sobre a orgia das leis de incentivo à cultura e dos editais perante o fruto da vida solidária de nossa sociedade, que é a cultura. Afinal, estamos falando de milhões de recursos públicos que irrigam o sistema Fora do Eixo.

Creio que a necessidade de um debate se impõe justamente porque, um grupo que se apresenta como movimento social grita, principalmente contra o governo Dilma, mas também contra as bandeiras dos partidos políticos, dos movimentos sociais, das centrais sindicais, etc., de forma arrogante e pretensiosa quando a sua real estrutura empresarial escancara que, na prática, seu discurso é diametralmente oposto ao que todo o seu palavrório propõe como "líder da juventude do novo contra o velho" e todo um alarido cínico de pós-rancor. O que na realidade significa ser um braço das grandes corporações nas manifestações de rua se utilizando das leis de incentivo para cooptação dos incautos.

http://www.trezentos.blog.br/?p=8033

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segunda-feira, 22 de julho de 2013

Nariz Pra Quê? O Palhaço e a Cidade



Manifestação-Passeata e deBate-papo



Tantos Palhaços quanto ações. Um levante de Palhaços de diversas origens e regiões. Um convite pra manifestar, aparecer e discutir o que fazemos, podemos e queremos.

"Vem Pro Nariz" nesse momento de tanta efervescência política e social.

Venha fazer parte dessa iniciativa, manifestar de Palhaço (a) junto aos colegas, amigos e parceiros nesse espaço público. "Vem Pro Nariz" todo (a) de Palhaço (a), com cartazes dos mais variados; com buzinas, apitos e instrumentos. Vamos dar um inusitado e esquisito "grito" coletivo no próximo dia 07/08 a partir das 13h03.

"Vem Pro Nariz" Manifestação Palhacística e Debate-Papo de Palhaços.

'Encalcanhe' seu cartaz contra os "políticos ininterruptos" e exija o seu Padrão FIFA dês-ser.



Veja o resumo da programação:

Local das ações:

- Metrô República (preparação e concentração dos Palhaços)

- Terminal Pirituba (ação com duração estimada de 1h00)

Meio de transporte e trajeto:- metrô e trem até a estação Pirituba, próxima do terminal de ônibus onde os palhaços permanecerão antes do bate-papo.

Expectativa: 100 participantes entre palhaços, simpatizantes, gestores, produtores, articuladores culturais e aprendizes.



Data: 07/08/2013



13h03 - Concentração: Metrô Praça da República (na catraca).

- Ponto de encontro

- Arrumação e transfiguração



14h23 - Saída dos Palhaços, do Metrô República em direção a Estação Pirituba (Transporte utilizado: metrô-trem).



15h33 - Chegada. Permanência no Terminal Pirituba por aproximadamente 1h00 min.



16h03 - Caminhada pela av. Raimundo Pereira de Magalhães até a Escola Ermano Marchetti, ou Faculdade Anhanguera (tempo aproximado 20 minutos)



16h33 - deBate - Papo: "O Palhaço e a Cidade: Há um papel artístico e/ou político no momento atual: cultural e social?



19h03 - Encerramento da Ação.

Outras informações e programação completa: www.teatrosilva.com.br

sábado, 13 de julho de 2013

TJMG proíbe roubo institucionalizado de pertences do Povo da Rua - 11 07 2013

Tribunal de Justiça de Minas Gerais dá provimento ao recurso interposto em defesa da população de rua para colocar fim ao "roubo institucional"
Os desembargadores da 8ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) confirmaram, por unanimidade, a decisão liminar que proíbe o recolhimento arbitrário dos pertences pessoais dos moradores em situação de rua. Emocionados, os desembargadores classificaram de fascista a ação do estado contra essa população e defenderam que moradores de rua não sejam tratados como cidadãos de segunda classe. Moradores de rua e militantes acompanharam, de pé, o julgamento histórico.
Pátria Livre! Venceremos! Eis, abaixo, mais uma vitória do Povo de Rua de Belo Horizonte contra as arbitrariedades da prefeitura de Belo Horizonte (fiscais e guardas municipais, a mando do prefeito Márcio Lacerda) e do Governo de MG (PM que dá escolta) para fiscais e guardas da Prefeitura de BH confiscarem pertences do Povo de Rua. Cf., abaixo, que beleza de decisão judicial, que deve ser espalhada para todas as cidades do Brasil. 

Frei Gilvander Moreira

Tribunal de Justiça de Minas Gerais dá provimento ao recurso interposto em defesa da população de rua para colocar fim ao "roubo institucional"

Dia 11 de julho de 2013, foi um dia histórico para a população em situação de rua de Belo Horizonte. Por três votos a zero, a 8ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça deMinas Gerais acolheu o recurso elaborado pelo Coletivo Margarida Alves de assessoria popular para confirmar a liminar anteriormente concedida e proibir que os agentes públicos municipais (Fiscalização e Guarda) e estaduais (Polícia Militar) recolham compulsoriamente os pertences pessoais da população em situação de rua.
 
A Desembargadora Relatora, Dra. Teresa Cristina, iniciou seu voto dizendo que essa foi a demanda mais difícil de toda sua carreira de magistrada e que, por isso, estava emocionada. O Desembargador Revisor, Dr. Bitencourt Marcondes, classificou como fascista a conduta dos Réus (Município e Estado) contra a população em situação de rua. A Procuradora de Justiça, Dra. Gisela Potério Saldanha, não conteve as lágrimas ao pronunciar a posição favorável do Ministério Público Estadual ao acolhimento do recurso com base na Declaração Universal dos Direitos Humanos e tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário.
 
A sessão de julgamento contou com a presença de vários moradores em situação de rua que jamais haviam entrado numa Corte de Justiça para demandar a proteção dos seus direitos. Pelo Coletivo Margarida Alves, a advogada Juliana Benício Xavier fez emocionante sustentação oral na qual utilizou o primado do "amor" como principal fundamento em defesa do povo de rua.
 
Com essa decisão histórica, exigimos que a Prefeitura de Belo Horizonte e o Estado de Minas Gerais cessem aS violações de Direitos Humanos da população em situação de rua, sob pena de execução da multa prevista no acórdão proferido hoje e responsabilização dos agentes públicos envolvidos.
 
Convocamos a todas (os) que defendem o povo de rua a monitorar o Poder Público nas abordagens realizadas junto a essa população (inclusive na calada da noite), registrando com fotos e vídeos qualquer ato de violência e abuso de autoridade. De igual modo, precisamos que todas as pessoas que hoje vivem em situação de rua em Belo Horizonte saibam dessa decisão para que possam defender seus direitos. Por isso, pedimos ampla divulgação! 
 
Coletivo Margarida Alves, de Belo Horizonte, MG.
Assessoria Popular
 
Belo Horizonte, 11 de julho de 2013.
 
Contatos para informações pelo telefone 31 3274-0337 ou pelo e-mail coletivomargaridaalves@gmail.com  .
 
Encaminhamento de denúncias de violações de direitos contra a população em situação de rua:
 Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos da População em Situação de Rua e Catadores de Materiais Recicláveis. Rua Paracatu, nº. 969, Barro Preto, Belo Horizonte -MG.Tel: 31 3250-6291.
 
Promotorias de Direitos Humanos do Ministério Público Estadual. Rua Timbiras, nº. 2928, 5º andar, Barro Preto, Belo Horizonte -MG. Tel: 31 3295-2009. Email: dhumanos@mp.mg.gov.br
 


quinta-feira, 11 de julho de 2013

Protesto! E o que proponho?

Foi preciso o Brasil ir às ruas para a presidente Dilma propor a reforma política, a primeira medida estrutural em 10 anos de governo petista. Agora faltam as demais: agrária, tributária, etc
11/07/2013
Frei  Betto
Que conceito de desenvolvimento é esse que implica na destruição do meio ambiente e na exclusão de bilhões de pessoas do direito a uma vida digna e feliz?
No altar da concepção capitalista de desenvolvimento, 25 milhões de pessoas, a maioria jovens, são condenadas ao desemprego nos países da União Europeia.
Em todo o mundo, uma insatisfação paira no coração dos jovens. Ela não se reflete apenas na irreverência do corte de cabelo, no jeans esfarrapado, nas tatuagens e nos piercings. Emerge principalmente nas manifestações de rua que se propagam mundo afora: Seattle 1999 (contra a Organização Mundial do Comércio); Davos 2000 (contra os donos do dinheiro); Inglaterra 2010 (contra os cortes no orçamento da Educação); Tunísia 2010-2011 (derrubada do presidente); Egito  2011 (derrubada do presidente); Nova York 2011 (Occupy Wall Street); Istambul 2013 (por mais democracia); Brasil 2013.
Há um denominador comum em todos esses movimentos: os jovens sabem o que não querem (ditadura, neoliberalismo, desemprego, corte de direitos sociais, alta do custo de vida etc.), mas não têm clareza do que propor.
Devido ao alto índice de corrupção nos partidos políticos, e a cooptação operada pelo poder  do capital, a ponto de a esquerda desaparecer na Europa, a juventude não  identifica nos partidos condutos capazes de representar os anseios populares e criarem alternativas de poder.
Como previu Robert Michels em 1911, os partidos progressistas facilmente se deixam domesticar pelas benesses burguesas quando se tornam governo. Trocam o projeto de país pelo projeto de poder; afastam-se dos movimentos sociais e se aproximam de  seus antigos adversários; deixam de questionar o capitalismo para propor  medidas cosméticas de melhorias de vida dos mais  pobres.
A queda do Muro de  Berlim, o fracasso do socialismo no Leste europeu e o capitalismo de Estado na  China fazem o socialismo se apagar no horizonte utópico dos jovens.
Na esperança de abrir  alternativas, o Fórum Social Mundial propõe Um Outro Mundo Possível, e  a Teologia da Libertação resgata o sumak kawsay (bem viver) dos  indígenas andinos e sugere Outros Mundos Possíveis, no plural, no qual  a igualdade de direitos não ameace a diversidade de  culturas.
O capitalismo em crise tenta, de todas as maneiras, multiplicar os sete fôlegos do gato neoliberal. Ignora as recomendações da ONU para a crise financeira (como fechar os paraísos fiscais) e se recusa a regulamentar o capital especulativo.
No esforço de se perpetuar, o sistema da idolatria do capital propõe remendos novos em pano velho: capitalismo verde; combate à pobreza através de programas sociais  compensatórios (e não emancipatórios); troca da liberdade individual por  segurança; desprestígio dos movimentos sociais; criminalização do  descontentamento popular.
O óbvio é que o capitalismo representa um êxito para apenas 1/3 da  humanidade. Segundo a ONU, 4 bilhões de pessoas vivem abaixo da linha da  pobreza. O sistema se mostra mais destrutivo que criativo. Até os partidos  progressistas, outrora considerados de esquerda, já não têm proposta  alternativa e, quando no poder, se restringem a ser meros gestores da crise  econômica.
Foi preciso o Brasil ir às ruas para a presidente Dilma propor a reforma política, a primeira medida estrutural em 10 anos de governo petista. Agora faltam as demais: agrária, tributária, etc.
Não basta denunciar as mazelas e os abusos do sistema, como costuma fazer a Igreja Católica. É preciso apontar causas e alternativas. Caso contrário, a insatisfação dos jovens se transformará em revolta, e esta em ninho aconchegante para o ovo da serpente: o nazifascismo.
Frei Betto é escritor, autor  de “O que a vida me ensinou” (Saraiva), entre outros livros.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Caravana de Rueiros pelo Nordeste!

NÓIS DE TEATRO REALIZA CARAVANA DE ESPETÁCULOS PELO NORDESTE BRASILEIRO

 

A Associação Artística Nóis de Teatro realiza entre os dias 12 a 21 de julho de 2013, a etapa Nordeste da Caravana Nóis de Teatro 10 anos. Nessa etapa, o Nóis de Teatro segue estrada a dentro, passando por Mossoró, Natal, João Pessoa e Recife com o seu repertório de espetáculos, apresentando "A Granja", "Sertão.doc" e " O que mata é o costume". Realizada com o apoio da FUNARTE, projeto vencedor do Prêmio Myriam Muniz 2012, a circulação conta também com o apoio da Cia Escarcéu de Teatro, Coletivo Fulô e da Cia Quem Tem Boca é Pra Gritar (Rede Brasileira de Teatro de Rua), do SESC-RN, do Espaço Gira Dança e da Secretaria Municipal de Cultura de Recife.

 

O Nóis de Teatro, grupo de Teatro de Rua cearense que existe há 11 anos, tem sido reconhecido nacionalmente pela sua ação cultural nas comunidades e por sua produção estética que está fundamentada numa ação política. Sua vertente de pesquisa, percebida nos espetáculos que compõem o atual repertório, está baseada no estudo sobre os movimentos de resistência da periferia e do campo, tendo, nos últimos anos, realizado residências artísticas, circulação e montagem de espetáculos que discutem questões latentes da hodierna sociedade. Na parte de encenação o grupo é simpatizante das vertentes do Teatro Épico Dialético, fazendo um link com a linguagem do Teatro de Rua Contemporâneo em suas discussões sobre ocupação, intervenção e vivência.

 

Já tendo passado por São Luis, Salvador e Teresina, em julho, com o apoio da FUNARTE, o Nóis segue com a "Caravana", fomentando e difundindo a ação cultural do grupo no Nordeste Brasileiro. Passamos por 06 estados do Nordeste, apresentando nosso repertório por 08 comunidades de periferias, 03 assentamentos de reforma agrária, além de outras 29 apresentações nos centros urbanos das capitais. Em agosto, a Caravana segue pelo interior do estado do Ceará, finalizando em Maceió, dentro da Mostra SESC Guerreiros de Alagoas. A construção da poética de um grupo de teatro da periferia de Fortaleza esta sendo vista em praças, periferias, assentamentos rurais e equipamentos culturais dos estados do nordeste brasileiro, fortalecendo a nossa pesquisa acerca da poética do espaço e construindo possibilidades de realização do teatro de rua nos mais diversos cantos e territórios.

 

Para além das apresentações em todas as cidades, a Caravana tem proporcionado o intercâmbio entre o Nóis e os grupos de teatro do Nordeste que fazem parte da Rede Brasileira de Teatro de Rua, realizando também o lançamento do livro "A arte que vem das margens – 10 anos de Nóis de Teatro" e do Documentário "Um pouco sobre Nóis", em cada um dos estados visitados. Os intercâmbios e interações estéticas produzidos nesse processo têm a finalidade de discutir os mecanismos para o fomento e fortalecimento da arte feita nas ruas.

 

Serviço:

Grupo: Nóis de Teatro, Fortaleza-CE

Espetáculos: "A Granja", "Sertão.doc" e " O que mata é o costume"

Cidades: Mossoró-RN, Natal-RN, João Pessoa-PB e Recife-PE.

Período: 12 a 21 de julho de 2013

Mais informações: (85) 8720.1135 / 9920.1134 / 8678.5661

Noisdeteatro.blogspot.com



terça-feira, 9 de julho de 2013

Boff e as relações totais

O ser humano como nó de relações totais

 Leonardo Boff* 
Em 1845, Karl Marx escreveu suas famosas 11 teses sobre Feurbach, publicadas somente em 1888 por Engels. Na sexta tese Marx afirma algo verdadeiro mas reducionista: "A essência humana é o conjunto das relações sociais". Efetivamente, não se pode pensar a essência humana fora das relações sociais. Mas ela é muito mais que isso, pois resulta do conjunto de suas relações totais.

Descritivamente, sem querer definir a essência humana, ela emerge como um nó de relações voltadas para todas as direções: para baixo, para cima, para dentro e para fora. É como um rizoma, aquele bulbo com raízes em todas as direções. O ser humano se constrói na medida em que ativa este complexo de relações, não somente as sociais. Em outros termos, o ser humano se caracteriza por surgir como uma abertura ilimitada: para si mesmo, para o mundo, para o outro e para a totalidade. Sente em si uma pulsão infinita, embora encontre somente objetos finitos. Daí a sua permanente implenitude e insatisfação.

Não se trata de um problema psicológico que um psicanalista ou um psiquiatra possa curar. É sua marca distintiva, ontológica, e não um defeito. Mas, aceitando a indicação de Marx, boa parte da construção do humano se realiza, efetivamente, na sociedade. Daí a importância de considerarmos qual seja a formação social que melhor cria as condições para ele poder desabrochar mais plenamente nas mais variadas relações. Sem oferecer as devidas mediações, diria que a melhor formação social é a democracia: comunitária, social, representativa, participativa, debaixo para cima e que inclua a todos sem exceção.

Na formulação de Boaventura de Souza Santos, a democracia deve ser sem fim. Tem a ver com um projeto aberto, sempre em construção que começa nas relações dentro da família, da escola, da comunidade, das associações, dos movimentos, das igrejas e culmina na organização do Estado. Como numa mesa, vejo quatro pernas que sustentam uma democracia mínima e verdadeira, como tanto acentuava em sua vida Herbert de Souza (o Betinho) e que, juntos em conferências e debates, procurávamos difundir entre prefeitos e lideranças populares.

A primeira perna reside na participação: o ser humano, inteligente e livre, não quer ser apenas beneficiário de um processo mas ator e participante. Só assim se faz sujeito e cidadão. Esta participação deve vir de baixo para não excluir ninguém. A segunda perna consiste na igualdade. Vivemos num mundo de desigualdades de toda ordem. Cada um é singular e diferente. Mas a participação crescente em tudo impede que a diferença se transforme em desigualdade e permite a igualdade crescer.

É a igualdade no reconhecimento da dignidade de cada pessoa e no respeito a seus direitos que sustenta a justiça social. Junto com a igualdade vem a equidade: a proporção adequada que cada um recebe por sua colaboração na construção do todo social. A terceira perna é a diferença. Ela é dada pela natureza. Cada ser, especialmente, o ser humano, homem e mulher, é diferente. Esta deve ser acolhida e respeitada como manifestação das potencialidades próprias das pessoas, dos grupos e das culturas.

São as diferenças que nos revelam que podemos ser humanos de muitas formas, todas elas humanas e por isso merecedoras de respeito e de acolhida. A quarta perna se dá na comunhão: o ser humano possui subjetividade, capacidade de comunicação com sua interioridade e com a subjetividade dos outros; é um portador de valores como solidariedade, compaixão, defesa dos mais vulneráveis e de diálogo com a natureza e com a divindade. Aqui aparece a espiritualidade como aquela dimensão da consciência que nos faz sentir parte de um Todo e como aquele conjunto de valores intangíveis que dão sentido à nossa vida pessoal e social e também a todo o universo.

Estas quatro pernas vêm sempre juntas e equilibram a mesa, vale dizer, sustentam uma democracia real. Ela nos educa a sermos coautores da construção do bem comum; em nome dele aprendemos a limitar nossos desejos por amor à satisfação dos desejos coletivos. Esta mesa de quatro pernas não existiria se não estivesse apoiada no chão e na terra. Assim a democracia não seria completa se não incluísse a natureza que tudo possibilita. Ela fornece a base físico-química-ecológica que sustenta a vida e a cada um de nós.

Pelo fato de terem valor em si mesmos, independentemente do uso que fizermos deles, todos os seres são portadores de direitos. Merecem continuar a existir, e a nós cabe respeitá-los e entendê-los como concidadãos. Serão incluídos numa democracia sem fim sócio-cósmica. Esparramado em todas estas dimensões, realiza-se o ser humano na história, num processo ilimitado e sem fim. 

 * Leonardo Boff, teólogo e filósofo, é também escritor. É dele ''O destino do homem e do mundo' (Vozes, 2000). - lboff@leonardoboff.com


quinta-feira, 4 de julho de 2013

Miryan Muniz no Colegiado

   Prezados Senhores
            Com referencia ao edital do Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz - 2013, os representantes da sociedade civil, abaixo assinados, no colegiado setorial do teatro, vem solicitar algumas providencias, conforme segue:
            Tendo em vista que as inscrições deste edital se darão unicamente pela internet, através do sistema salic web e, ainda que pese o fato de "extra oficialmente" a Funarte vir acenando com esta mudança a algum tempo, entendemos que esta transição deve dar-se de forma gradual, dado as disparidades regionais deste nosso imenso pais, onde artistas sediados longe das grandes metrópoles das regiões sul, sudeste e do distrito federal, tem seu acesso a internet ainda restrito. Neste sentido, solicitamos que seja aceitas duas formas de inscrição, uma via web e outra impressa. Sendo que para tanto, será necessário estender o prazo de inscrição e vigência deste edital. Também seria adequado a Funarte disponibilizar um arquivo/formato padrão, o que facilitaria a adequação ao modelo existente na web, para futuras edições. Cabe também o Ministério da Cultura declarar de forma explicita para a comunidade artística e para a sociedade brasileira como um todo, o intuito de mudança na forma de inscrição em seus editais, projetos e programas, instituído uma ouvidoria para este processo de transição, a qual poderá colher criticas e sugestões, alargando a percepção do Ministério acerca das realidades regionais e ao mesmo tempo possibilitando a disseminação de informações e procedimentos, ampliando o acesso e a democratização deste processo.    
            Outra questão relevante, da conta do fato de o edital contemplar somente pessoas jurídicas e neste sentido excluir a possibilidade de artistas independentes e/ou não ligados a um modo organização formal participarem do processo. Já há algum tempo esta tem sido uma demanda do setor para este edital, tendo sido atendida em anos anteriores - a exemplo de 2008 e 2009 e que, entretanto, tem sido desconsiderada nos últimos editais. Neste sentido, solicitamos que esta possibilidade, de envio de projetos por pessoas físicas, seja incluída no Edital.
            Por ultimo, solicitamos providencias quanto a redução dos valores aportados ao referido edital. Cabendo destacar que desde 2008 tem sido usual o progressivo aumento de recursos a este e a outros editais públicos. Assim, causa-nos estranhamento e pesar o fato de neste ano, haver uma redução de dois milhões no aporte de recursos em relação ao ano anterior. Por isso, é premente a suplementação de recursos no edital, com vistas a ampliação desta importante política pública de democratização e acesso à cultura.
            Acreditamos que estas medidas estejam em consonância com a proposta deste ministério, e que vão ao encontro de suas prerrogativas, expressas na justificativa do PEC Nº 416/2005 empresa na cartilha:Estruturação, Institucionalização e Implementação do Sistema nacional de Cultura - dezembro | 2011:
Um sistema universalizador de gestão da cultura deve acolher, como elementos-chave, a criação dos conselhos de cultura, dos fundos de cultura e das formas de participação democrática e descentralizada dos produtores culturais e das comunidades em geral (...)
             Certo da atenção deste ministério as demandas da sociedade organizada, as quais são especialmente trazida a tona por seus representes nos colegiados setoriais e, compreendendo que todo processo de gestão democrática compreende uma caminhada pautada pelo aprendizado e dialogo, o qual pressupõe escuta e liberdade de expressão, aguardamos a manifestação desta entidade e nos colocamos a disposição para o aprofundamentos das reflexões apontadas.
            Atenciosamente.
Adyr Assumpção
Andrea Pita -
Carol Claudio Silva -
Caroline Lisa - Joinville SC
Djalma Thürler 
Eduardo Espindolá - 
Fernanda Azevedo - São Paulo 
Guto Pasini - Rio Grande do Sul 
Mariângela Borba - Pernambuco 
Oseas Borba Neto - Pernambuco
Suani Corrêa - Pará
Udson Pinheiro Araujo - Alagoas
Kaline Rodrigues Barroso -
Carolina Galgane - Tocantins