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segunda-feira, 22 de junho de 2015

Movimento artístico de Porto Velho participa de ato nacional da Rede Brasileira de Teatro de Rua

Dia 27 de junho de 2015 completa-se um ano da morte da atriz Lua Barbosa, de Presidente Prudente/SP. A Rede Brasileira de Teatro de Rua (RBTR), coletivo espraiado por todo o território brasileiro e que tem diversos articuladores em Rondônia, decidiu realizar nesse dia um ato nacional: a Tomada do Brasil Pelas Artes Públicas de Rua. Trata-se de uma ação político-artística que tem por objetivo chamar a atenção das autoridades e da população em geral para a ausência de políticas públicas de cultura e para a crescente violência por parte do Estado.
Lua Barbosa tinha 25 anos. Era atriz, produtora cultural e palhaça. Foi assassinada pela Polícia Militar (PM) do estado de São Paulo em uma blitz. Aqui se faz necessário destacar que em 2014 a PM de São Paulo bateu o recorde em assassinatos, em relação aos últimos onze anos. Mas a violência policial não é reduto apenas do estado mais rico da federação, repete-se em todo o Brasil. O braço armado do Estado tem ceifado vidas, sobretudo nas periferias, em nome da manutenção de privilégios e da estupidez humana, disfarçado pelo discurso da segurança.
Em um grito de menos violência e mais arte, tomamos as ruas com poesia, teatro, música e outras manifestações artísticas públicas. Ao mesmo tempo, alertamos para a ausência do Estado, em suas três instâncias, no setor de cultura e reivindicamos políticas públicas de cultura amparadas em lei e com dotação orçamentária própria. Afinal, a regra brasileira está calcada nas leis de renúncia fiscal, em que a Lei Rouanet é o paradigma e a maior aberração, por isso nos colocamos contra esse modelo.
O ato da RBTR ocorrerá em diversas cidades do Brasil, como Presidente Prudente/SP (cidade do grupo Os Mamatchas, em que Lua Barbosa atuava), Curitiba/PR, Porto Alegre e Canoas/RS, Recife/PE, Rio Branco/AC, São Caetano do Sul/SP e Porto Velho.
Em Porto Velho o ato ocupará o complexo da Estrada de Ferro Madeira Mamoré das 15 às 18 horas e contará com apresentações teatrais, musicais, poesias, uma aula pública sobre patrimônio com a professora Marcelle Pereira e outra sobre criminalização de movimentos sociais, com integrantes do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB). Dentre os artistas já confirmados estão Elizeu Braga, Fernanda Teixeira, Edmar Leite, Flávia Diniz, Bruno Selleri, Téo Nascimento, Almício Fernandes da Silva e Thaís Thaianara, além de estudantes do Tapiri e da extensão de teatro da Unir. A organização está a cargo de Adailtom Alves e Alexandre Falcão.

Serviço: Tomada do Brasil Pelas Artes Públicas
Onde: Complexo da Estrada de Ferro Madeira Mamoré
Data: 27/06/2015
Horário: 15:00 às 18:00 h

Informações: (069) 8120-8611 / 8101-3916



PROGRAMAÇÃO PELO BRASIL

dia 26 de junho
Rancharia-SP
Grupo Com-fé-só e Sec. da Cultura apresentam "A Confissão de Leontina"
20h na Casa da Cultura
Dia 27 de junho
Presidente Prudente-SP
Ato Artístico um ano sem Lua
10h “Blitz” - Trupe Olho da Rua - Praça Nove de Julho

11h Cortejo pelo calçadão (leitura do manifesto)

18h Debate - Violência Policial e Direito à Verdade - com Mães de maio e Coletivo Galpão da
Lua (exibição do vídeo) - Galpão da Lua
20h “A Confissão de Leontina” - Erika Moura - Galpão da Lua


Canoas-RS
Ocupa tu também!
14h na Praça da Emancipação
Música, Poesia, Artes Visuais, Dança,
Com: Negras na Batalha, Doze Doses, Instinto Roots, La digna rabia e Ceoh
(Leitura do Manifesto)


Porto Alegre-RS
Grupo Oigalê
"Deus e o Diabo na Terra de Miséria"
16h no Parque da Redenção


São Caetano do Sul-SP
Núcleo de Teatro de Rua
"Uma aventura sem nome"
10h na Fundação das Artes
(Leitura do Manifesto)


Porto Velho-RO
Teatro, música, poesia e aula pública
15h no Complexo da EFMM (Estrada de ferro Madeira Mamoré)


São Paulo-SP
Brava Cia convida Núcleo Pavanelli: “Dia de Benedito! Se fugir o bicho pega, se ficar o mundo come!”
19h no Sacolão das Artes

grupo Buraco d'Oráculo
"O Cuscuz Fedegoso"
16h na Praça do Forró (São Miguel Paulista)


Santos-SP
Pombas Urbanas
"Pesquisa de Cenas para o espetáculo cidade desterrada"
20h30 no Teatro do Sesc Santos
FESCETE -Festival de Cenas Teatrais


Londrina-PR
Movimento dos Artistas de Rua de Londrina - MARL
09h na Concha Acústica - Concentração
10h Cortejo - em direção ao calçadão
11h Feira de Arte Pública de Londrina - em frente ao Teatro Ouro Verde


Rio Branco-AC
Movimento do Teatro de Rua do Acre
17h na Praça da Revolução
Exibição do Vídeo, Performance e Leitura do Manifesto


Rio de Janeiro-RJ
No Largo do Machado
Grupo Off-Sina e Eslipa (Escola livre de Palhaços)
16h São João dos Palhaços
Cervantes do Brasil
17h “Trecos e trecos”
(Leitura do Manifesto)

Curitiba-PR
Grupo Baquetá apresenta pelo Sesc
"Baquetinhá: Brincadeiras Musicais"
14h no Bosque São Cristóvão - Santa Felicidade

17h na Boca Maldita
Roda de Jongo
Coletivo Amigos de Curitiba


Campo Grande-MS
Das 12h às 18h na Praça Ary Coelho
Abertura com Cortejo - Teatro Imaginário Maracangalha, Grupo Camuanga de Angola, Coletivo VDL, Coletivo La Firma, Coletivo Detona, Coletivo Terra Vermelha, Rede Unida.


Fortaleza – CE  
Encontro do Coletivo de Grupos de Teatro de Rua do Ceará
15h Praça do Ferreira
Ação performática com artistas dos grupos Aparecidos Políticos, As Desgraças, Bagaceira, Cia Epidemia, Cia Prisma De Arte, Dona Zefinha, Expressões Humanas, Garajal, Grupo Teatro de Caretas, Juca De Teatro, Nóis De Teatro, Pavilhão Da Magnólia, Pícaros Incorrigíveis, Supernova – Cia Explosiva, Teruá
18h30 “Casamento de Tambarim” (Dona Zefinha) – Teatro Carlos Câmara
19h Lançamento do mini manual de arte e guerrilha urbana APARECIDOS POLÍTICOS 
Av. da Universidade, 2210

19h Cia Epidemia de Bonecos – “A Triste  História de Catarina e Bylli Macarrão Cuca Jangurussu”

19h Orlando-Expressões Humanas - Teatro Sesc Senac Iracema


Canoa Quebrada-CE
As Desgraças
17h “Mais Uma Grande Besteira” - Praça Central


Sorocaba-SP
Nativos Terra Rasgada
"Ditinho Curadô"
10h na Praça Fernando
Prestes - centro
(Leitura do Manifesto)

Santo André-SP
Jongo Preta Bandêra
Jongo da Fogueira - Solidariedade e Resistência
15h30 no Parque Pignatari




Vídeo dia 27

sábado, 13 de junho de 2015

ANÁRGIROS

ANÁRGIRO – (s.m.) “Que não tolera o dinheiro. Do grego "a(n)" = "não", "sem", "aversão a" + "árgiro" = "prata", "dinheiro". É o epíteto dado aos Santos Cosme e Damião, pois eram médicos que não cobravam por seus serviços.”
(Dicionário Informal)

Os anárgiros desestabilizam a ordem natural das coisas. Jesus Cristo foi anárgiro.  Cosme e Damião também.

Para os pobres, Cristo era um anjo. Para a igreja judaica da época, um demônio. Cosme e Damião, para os doentes eram anjos salvadores. Para os sacerdotes e médicos da época, eram demônios ameaçadores.

Assim com todos os anárgiros. São destruidores, devastadores, e, no entanto fazem perceber que o mundo pode ser deste jeito, mas também pode ser de outro. São reconstrutores.

Se o anargirismo se alastra, o mundo se despedaça, mas para não desmoronar sobre si mesmo, o mundo precisa dos anárgiros. Aqueles que oferecem de graça a população o seu saber, o seu pensamento, o seu sentimento e reflexões para que deles ela faça o uso que bem lhe aprouver.

Não visam lucro. É doação generosa. É quase que como um ato irreprimível, um impulso incontrolável, que precisa ser realizado. No tempo que for possível e ao longo de todo o tempo.

Não é um chamado portanto, mas uma compulsão, de baixo para cima e de dentro para fora.

Muitos de nós conhecemos estes sentimentos e também ora os tratamos como diabólicos e ora como angelicais. Ora como que o achamos ser o melhor de nós mesmos, livre, aberto, esbanjado. E ora como o que sabemos ser pior em qualquer situação.

Não cuidar de si. Dar aos outros o que você tem de melhor para vender . Ao contrário do outro. Não vender o que se tem de melhor para dar, porque é bom para todo mundo, e se for vendido nem todos serão atingidos ou beneficiados. Ou vender para que a fonte não se esgote e possa manter o fluxo da produção do conhecimento e do saber. Pra quem?

Deus e o Diabo na terra do capital.

Será esta a eterna luta? Infindável? Ou haveria um lugar no planeta onde este novo paraíso possa se recompor com a memória do outro, o perdido?

A questão do anargirismo é fundamental. A existência dos anárgiros é fundamental.

Hitler não fez o mundo, caminhar nem Stalin. Einstein fez, e Gandhi e Galileu.

Quem somos nós?


Amir Haddad

segunda-feira, 8 de junho de 2015

MOVIMENTO ARTE NA RUA


O M.A.R. - Movimento Arte na Rua - nasceu no último dia 31, fruto de uma reunião no Parque 13 de Maio com representantes das mais variadas vertentes da cultura pernambucana. O Grande Encontro pela Regulamentação das Artes de Rua (como foi chamado no Facebook) tinha o objetivo de promover o debate sobre as implicações e consequências da Lei estadual nº 15.516/15, de autoria do deputado Ricardo Costa (PMDB), que na prática proíbe apresentações de natureza artístico-cultural nos espaços públicos no âmbito do estado de Pernambuco antes das 10h e após às 22h. A referida lei veta ainda a presença - não só a participação, mas a mera presença - de crianças menores de 14 anos de idade em tais eventos.
Daquela reunião, ficou deliberada a criação de duas comissões específicas dentro do M.A.R.: de Comunicação e de Assuntos Jurídicos. Uma responsável pela divulgação de notas, atos e reuniões através das redes sociais, a outra pela análise dos meios jurídicos mais viáveis para inibir os efeitos da lei 15.516. No mesmo dia marcamos uma nova reunião aberta para discutir formas de mobilização, que culminou no encontro de ontem (07) no Galpão dos Sonhos - Olinda. Debatemos à exaustão e, por fim, chegamos a conclusão de que o melhor a ser feito por ora é lutar pela REVOGAÇÃO TOTAL da lei, por vários motivos:
1. Não houve participação popular, seja através de consultas ou audiências públicas. Xs principais atingidxs pela lei 15.516 – xs artistas – foram completamente ignorados durante todo o processo de tramitação;
2. Não houve a devida análise por parte das comissões, sobretudo em relação a constitucionalidade da lei dentro do contexto sociocultural de Pernambuco. Ela fere a CF em seu artigo 5º, Inciso IX - "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença";
3. Não é conhecido o posicionamento da Secretaria de Cultura do estado nem da Fundarpe – Fundação do Patrimônio Artístico e Histórico de PE - acerca do assunto;
4. O texto não visa regulamentar a atividade artística de rua, e sim restringir a ocupação dos espaços públicos. Mal intencionado e feito sob medida para a manutenção de uma política autoritária e higienista há tempos empregada no âmbito do governo estadual.

O poder público nos deve respostas, especialmente xs relatorxs e presidentes das comissões na Alepe favoráveis a essa lei. Artistas e sociedade civil em geral quer saber o que houve, por exemplo, de Simone Santana (PSB), relatora pela Comissão de Constituição, Legislação e Justiça; de Edilson Silva (PSOL), relator pelas Comissões de Meio Ambiente e de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular; de Sílvio Costa Filho (PTB) e Teresa Leitão (PT), relator e presidente da Comissão de Educação e Cultura, respectivamente; de Professor Lupércio (SDD), relator pela Comissão de Administração Pública, entre outrxs...
Entendemos que nossa luta deve convergir com os verdadeiros anseios daqueles que difundem a arte nas ruas.
Capoeiristas, cirandeiros, juremistas, circenses, dançarinos, cordelistas, maracatuzeiros, poetas e poetisas, atores e atrizes, artistas plásticos, todos querem respeito e a garantia da livre transmissão do seu saber como instrumento de (trans)formação social. A compreensão do papel que a arte desempenha nos diversos setores da sociedade é vital para aprofundarmos a discussão sobre sua importância na interação com a cidade, com os espaços públicos, com xs mais jovens.

Mais importante que fomentar o debate é apropriar-se dos mecanismos de participação social ao nosso alcance. Todos os espaços precisam ser ocupados, inclusive os institucionais. Por isso, vamos todxs às audiências públicas convocadas para os próximos dias na Alepe (datas 10 e 17), reivindicar o direito de construir coletivamente políticas públicas que atendam aos nossos interesses quanto sociedade civil. Não devemos jamais nos calar diante de uma lei que cerceia direitos e, acima de tudo, tende a perpetuar o fascismo pregado contra grupos da cultura popular historicamente criminalizados.
Tendo em vista tudo o que foi exposto, o Movimento Arte na Rua reafirma seu caráter horizontal e suprapartidário. Uma reação coletiva, aberta, afetiva e artística a qualquer forma de fazer política que tente tolher aquilo que é mais caro ao povo pernambucano: a cultura.
Estamos mais atentxs e vigilantes do que nunca!
Não à criminalização dxs artistas de rua! Não à negação dos espaços públicos!

‪#‎MovimentoArtenaRua‬
‪#‎ArteLivre‬