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sábado, 13 de junho de 2015

ANÁRGIROS

ANÁRGIRO – (s.m.) “Que não tolera o dinheiro. Do grego "a(n)" = "não", "sem", "aversão a" + "árgiro" = "prata", "dinheiro". É o epíteto dado aos Santos Cosme e Damião, pois eram médicos que não cobravam por seus serviços.”
(Dicionário Informal)

Os anárgiros desestabilizam a ordem natural das coisas. Jesus Cristo foi anárgiro.  Cosme e Damião também.

Para os pobres, Cristo era um anjo. Para a igreja judaica da época, um demônio. Cosme e Damião, para os doentes eram anjos salvadores. Para os sacerdotes e médicos da época, eram demônios ameaçadores.

Assim com todos os anárgiros. São destruidores, devastadores, e, no entanto fazem perceber que o mundo pode ser deste jeito, mas também pode ser de outro. São reconstrutores.

Se o anargirismo se alastra, o mundo se despedaça, mas para não desmoronar sobre si mesmo, o mundo precisa dos anárgiros. Aqueles que oferecem de graça a população o seu saber, o seu pensamento, o seu sentimento e reflexões para que deles ela faça o uso que bem lhe aprouver.

Não visam lucro. É doação generosa. É quase que como um ato irreprimível, um impulso incontrolável, que precisa ser realizado. No tempo que for possível e ao longo de todo o tempo.

Não é um chamado portanto, mas uma compulsão, de baixo para cima e de dentro para fora.

Muitos de nós conhecemos estes sentimentos e também ora os tratamos como diabólicos e ora como angelicais. Ora como que o achamos ser o melhor de nós mesmos, livre, aberto, esbanjado. E ora como o que sabemos ser pior em qualquer situação.

Não cuidar de si. Dar aos outros o que você tem de melhor para vender . Ao contrário do outro. Não vender o que se tem de melhor para dar, porque é bom para todo mundo, e se for vendido nem todos serão atingidos ou beneficiados. Ou vender para que a fonte não se esgote e possa manter o fluxo da produção do conhecimento e do saber. Pra quem?

Deus e o Diabo na terra do capital.

Será esta a eterna luta? Infindável? Ou haveria um lugar no planeta onde este novo paraíso possa se recompor com a memória do outro, o perdido?

A questão do anargirismo é fundamental. A existência dos anárgiros é fundamental.

Hitler não fez o mundo, caminhar nem Stalin. Einstein fez, e Gandhi e Galileu.

Quem somos nós?


Amir Haddad

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