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segunda-feira, 21 de abril de 2014

Eternos Artistas Públicos da Cidade do Rio de Janeiro

Ademir do Sax


Quem sempre passa pelo Largo da carioca, em frente ao Metrô, conhece o poderoso som do saxofone de Ademir Leão, músico que há mais de 20 anos vive da sua arte nas ruas. Ademir já viajou muito e tocou com grandes nomes da MPB, mas foi na rua que sua estrela brilhou e que o tornou conhecido no cenário urbano carioca. Quem nunca ouviu seu instrumento cantar suavemente “carinhoso” do imortal Pixinguinha.









Gerusa Perna Seca


Grande roda formada no Largo da Carioca, bem no centro uma menina conta sua saga. Seu nome é Geruza, menina das pernas secas que venho do interior de Pernambuco tentar a vida na cidade grande do Rio de Janeiro. O povo com as peripécias e piadas deste personagem criado pelo nordestino Hélio e que há 30 anos encanta e faz rir o povo carioca. Helio Geruza é figura histórica das ruas do Rio, especialmente no trecho que cobre o Largo da Carioca, a Rua da Carioca e a Rua Uruguaiana. Sua fama o tornou matéria de programas de TV e Rádio, mas nunca deixou as ruas. Como ele mesmo disse, trabalhando com muito humor nos espaços abertos: “Montei casa, criei e eduquei meus filhos, até chegarem até a faculdade só com o chapéu que ganho nas ruas.” Geruza é o autêntico artista ancestral público.


Bob Lester,
O Velhinho Boa Praça



Este gaúcho natural de Santa Maria, foi integrante do  conjunto Bando da Lua e  cantou com Carmem Miranda no Cassino da Urca, em Portugal e nos Estados Unidos. Foi dançarino nos shows de Frank Sinatra e Dorís Day. Viajou por todo o mundo, se apresentando nos cassinos da França, Suécia, Espanha, Monte Carlo, entre outros. Com 98 anos de idade e mais de setenta de carreira, está em plena atividade, dançando, sapateando e cantando nas ruas do Rio.






Eternos Artistas Públicos Que
Fizeram Histórias nas Ruas Cariocas
(In Memoriam)

Tigre
“Eu sou saltimbanco, eu sou aquele artista que ainda não foi explorado pela máquina”, assim se definia Tigre, um dos mais antigos artistas de rua do Rio. Era conhecido como o encantador de gente e seu palco era a Cinelândia. Falava como ninguém a língua do povo. Para abrir uma roda, esfregava o sovaco na cara do público, que ria, enquanto ele falava: “Sou assim, estudei no Sobral, pois sobrei no Mobral!”
Ramiro Emerick nasceu “em cidade de burguês, Nova Friburgo, a suíça brasileira”, filho de pai alemão e mãe operária. Tigre atuou nas ruas por mais de 23 anos. Menor de rua trabalhou como engraxate, vendedor de pirulito, jornal e até fazia faxina: “- Fazia faxina legal mesmo, nas casas, tava lá um relógio e pegava... faxina legal mesmo...”, brincava ele. Ainda moleque trabalhou em circo e dali foi para as ruas, onde foi bem acolhido pela população: “- Eles se amarram na minha, eu me amarro na deles, eu sou um pedaço do público... se eu não venho, passo mal e se eu não venho, eles reclamam...”
Popular, carismático, povo, esse era o Tigre:
“Dependo de todos os meus sentimentos
E por isso eu faço de minha vida
A loucura que eu tava
Quem dera se eu acreditasse
Eu botava fé em tudo
Em tudo que me deu a forma
E a sorte de ser eu...
Eu que sou a quina duvidosa
A força apagada
Difícil de acender.
Eu concordo que sou impuro
Mas eu tento me recuperar
O certo é o que ele quer
Mas eu não faço
Mas porque ele me tomou a forma
Deu-me a iniciativa
Proporcionou o meu ar
Me fez sentir dor
Mas logo refrescou-me
Com o sopro do seu canto
E deu a cigarra para me fazer dormir
E como prêmio ele me deu a luz
Me deu o vento
E me mostrou como chegar até ele...
No credor imenso das proporções vastas
Aonde a estrela brilha sem querer parar
E onde o azul é fundo e não tem alcance
O eco ermitar sem razão de quê
A fartura do meu eterno
De brilho limpo e magistral contido
Onde descanso meu corpo até um novo amanhecer
E o amanhecer,
Ele trará luz, muita luz de vida
Haverá um canto único
Onde seremos vários, mas seremos um
Porque estamos com a verdade
Eu, vocês e todos aqueles que se preocupam
Com o destino da humanidade
Não importa por onde andam
Pois haverá sempre flores em volta
Para nos apreciarmos
Porque somos todos um grito louco,
Um grito rouco,
A procura de dois”
Ass: Tigre




Edson Pit Bonequeiro



Pit é um boneco mágico que atende a vontade de seu dono, Edson de Souza. Ele estica as perninhas, levanta, roda e salta. “Não é macumba não, hein!” adverte Edson, enquanto balança as mãos e braços para mostra que não manipula nem com cordinhas nem com barbante. E não era mesmo, era arte, arte de quem sabe entreter o seu público. Os trabalhadores que sempre passavam pelo prédio do BNDS se divertiam com o boneco de papel que parecia ter vida própria e brincava com o seu dono.
Foi a alegria de muitos por muito tempo. Edson Pit se foi junto com seu companheiro inseparável, o pequeno bonequinho Pit.






Alexandre Bahia


Não temos muita noticia ou imagens, mas vale também referenciar o nome do Artista Público Alexandre Bahia que fazia seu número no Largo da Carioca e na Cinelândia e que encantou o pequeno menino Ramiro Emerick (que mais tarde seria conhecido como Tigre). No pouco que se tem noticia ou informações, Alexandre fazia um número tão antigo e ancestral como ele, saltimbanco das ruas. Ele era amarrado com cordas e com a força dos seus pulmões, as arrebentava e se soltava. Parece que ele também executava esse número usando correntes. O que vale é homenagear na figura de artistas como Alexandre Bahia que tanto contribuíram para a harmonia e alegria de uma população que sempre esteve a margem da dita “Cultura” como a conhecemos, não como a concebemos. São os eternos mambembes, saltimbancos que realizam “Sua obra em contato direto, horizontal, com o seu público – Amir Haddad” 

Herculano Dias

domingo, 20 de abril de 2014

O Carnaval Depois do Carnaval

Foi o melhor titulo que pude encontrar para falar da maratona que fizemos entre as praças, nos preparando para o grande momento na Cinelândia, quando estaremos ofertando para a cidade todo o trabalho que desenvolvemos nestes três meses.
Em quatro dias seqüenciais, os grupos curadores do Projeto Arte Pública se encontraram e visitaram as praças onde o evento tomou corpo e força e proporcionou aos quatro grupos intensificarem mais seus laços em harmonia e trabalho. Podemos disse que montamos uma partitura carnavalesca, dividindo os dias em alas, que passaram pela grande passarela pública que denominamos de Cidade Maravilhosa, para fechar e coroar o projeto em uma grande Apoteose.

Dia 09 de Abril, Ala Saens Peña:

O Abre Alas da nossa passagem, Praça Saens Peña. O anfitrião, a galera do Boa Praça, que nos recebeu com grande brado e ansiedade. A bucólica tarde tijucana abriu com sol a passagem dos artistas de rua neste dia. Começamos com um grande cortejo que circundou a fonte, indo em direção ao ponto da nossa roda. O primeiro grupo a abrir a gira foi a Cia Mystérios e Novidades, com os seus atores nas alturas. Tambores no alto e as baianas dançando em sincronia nas pernas de pau. Depois foi a vez do Tá Na Rua, poetizando a praça com seus atores pulando e dançando com o público. Para a praça, onde a geração veterana era grande, ofertamos a história do Ébrio, obra do cantor e compositor Vicente Celestino, que estava presente nos lábios destes jovens seiscentistas. Depois encaminhamos o público para á frente da pequena lona do Boa Praça onde o Off Sina se apresentou presenteando o público com uma pequena grande amostra do Circo de uma Nota Sol, onde até as moedas cantam. O dia foi caindo e nós nos despedimos da Praça Saens Peña. Como disse André, um dos curadores e responsáveis pela praça: "É só o começo de uma grande celebração para a cidade."

Dia 10 de Abril, Ala Praça Tiradentes:

Segunda ala do nosso carnaval depois do carnaval. O anfitrião do dia, o Grupo Tá Na Rua. Definida a dramaturgia, começamos com o cortejo que deu alô para está histórica praça por onde grandes artistas puseram seus pés e cantaram em nas suas salas de espetáculos. Abrimos caminho homenageando Chiquinha Gonzaga e cantando "O Abre Alas que Eu Quero Passar, Sou da Lira não posso negar, sou Arte Pública, não posso negar". Circundamos toda a praça, convidando o povo para nos acompanhar. Ao entrar no meio, fomos recepcionados pelo Mestre Amir Haddad que discursava para a cidade, afirmando que "Nós somos as forças desarmadas da cidade. Somos proposta, não somos protesto!"

O primeiro a abrir a gira do dia foi o Grupo Off Sina. O Casal Banda Café Pequeno e Currupita tocavam no meio da praça e convidavam os espectadores a se encaminharem para seu pequeno circo, onde o picadeiro público estava montado. E o casal começou, brincou, cantou e dançou. Currupita tocou uma linda sinfonia de sinos com a música "Asa Branca" de Luis Gonzaga. Após o Off Sina, o Boa Praça deu sua graça para a praça.  Xodó anunciava enquanto Será o Binidito? se preparava. O isqueiro do Gilmar, morador de rua, desapareceu e apareceu nas mãos do mágico André Garcia. Logo após, distante foi chegando a Cia Mystérios e Novidades, tocando e anunciando que a "Lá Vem a Barca Trazendo o Povo" em suas pernas de pau. Os atores dançavam e declamavam poesia. Edmilson Santini, de pé no chão, recitava seu cordel anunciando que "A Arte Pública, peste anunciada, já era realidade sacramentada e comprovada." Caminhando para o final da ala da Tiradentes, a Mystérios e Novidades soltou seus bichos e homenageou a Arca de Noé do Tá Na Rua. Amir fechou a gira, falando com a população que os artistas de rua são a possibilidade para um novo mundo. "Forças Desarmadas". Cantando "Boa Noite Amor", nos despedimos saudando o Rio de Janeiro.


Dia 11 de Abril, Ala Largo do Machado:

Anfitrião do dia, Grupo Off Sina. Os curadores do largo do machado contam a história da praça, manifestada nos corpos dos artistas presentes. Depois, como não poderia deixar de acontecer, fizemos o nosso cortejo da ala, contornando o lindo chafariz que jorrava seus jatos de água e onde os raios do sol transformavam pingos em pingentes coloridos. Foi com alegria que festejamos o Largo do Machado, praça das flores, praça dos pipoqueiros e balões coloridos. Seguindo a dramaturgia da ala, a Cia Mystérios e Novidades abre a roda. Roda bonita, roda boa, roda quente. Roda abençoada por Yemanjá, rainha e orixá do mar. Depois entra o Tá Na Rua, dançante, brincante. Fé na beleza encantadora de Oxum, humor presente na praça, com os pobres na Praia de Ramos arrancando risos e o desfile de moda do morro arrancando aplausos. Em uma cidade abatida por um ataque de nervos, o número da "Valsinha", de Chico Buarque, mostra como a cidade pode ser diferente. Terminando a gira, Richard Riguetti, "apresesuntador" da ala anuncia que a família Boa Praça vai entrar no picadeiro do Circo Pinico Sem Tampa do Off Sina. E eles entram, com alegria. Janaína Michalski declama com harmonia sua poesia que é um lindo tratado sobre a Arte Pública e a importância dos artistas de rua. Está fecha o dia com Amir mais uma vez conversando com a população e afirmando que nós somos "Uma proposta para a cidade, não somos um protesto. Somos as forças desarmadas do Rio de Janeiro, uma possibilidade para a cidade em caos." Mais uma vez nos despedimos da  população e da cidade cantando juntos "Boa Noite Amor, Meu Grande Amor"


Dia 12 de Abril, Ala da Praça da Harmonia:

Ultima mas não derradeira ala. Grupo Anfitrião Cia Mystérios e Novidades. A barca da Harmonia saiu em cortejo da sede do grupo em direção a praça. Chegamos circundando o coreto e levantando poeira. A gira começou ao som da Fanfarrada e seu som dos mares do caribe, com muito mambo e muita caliência. A praça toda parecia com as feiras da Idade Média, com os comerciantes vendendo seus produtos e os artistas ofertando sua arte. O Off Sina foi o primeiro da gira dos curadores a se apresentar, saudando os mestres da antiga arte da palhaçaria Treme Treme e Currupita. O coração no alto do circo Pinico Sem Tampa descreve a emoção desta arte milenar. Depois o Boa Praça, com a geração que vem por ai, muito presente em Pedro Coelho e suas gags de iniciante e já veterano do palco público. Depois o Tá Na Rua, homenageando a Cidade Mulher, poesia pura de Noel Rosa e terminando o dia, a Naveloca dos navegantes da Cia Mystérios e Novidades.

Foram estas as alas que abriram caminho para a apoteose no dia 24 de Abril, na Praça Cinelândia. Apoteose essa que não é a finalização de um desfile, mas a continuação do movimento Arte Pública que não vai parar, assim como SOS artistas públicos que continuaram a fazer o que sempre fizerem antes do projeto e que continuaram fazendo após o projeto, levando harmonia para os espaços abertos da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Ogunhê axé namaster evoê. 


Herculano Dias

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Arte pública em contraposição à repressão do mercado

Adailtom Alves Teixeira[1]
            Estive recentemente na cidade de Londrina/PR, onde ocorreu o XIV Encontro da Rede Brasileira de Teatro de Rua, com fazedores de teatro de 15 estados. Além de debates, foi realizada uma mostra com os artistas da cidade. De lá, fui para Vitória/ES, acompanhar o Curta Cena na Rua, realizado pelo Folgazões Cia. de Artes Cênicas. Na cidade do Rio de Janeiro, vem ocorrendo desde fevereiro desse ano, uma ação nominada de Arte Pública – Uma Política em Construção, realizada por quatro coletivos em parceria com a prefeitura. São eles: Boa Praça, Cia. Mystérios e Novidades, Off-Sina e Tá Na Rua. Além de apresentações de artistas e grupos de diversas linguagens vem sendo realizado encontros semanais para discutir a arte pública na cidade.
            As artes públicas, que pode ser definida de forma sucinta como aquela que está acessível a todos em um espaço público e que faz do transeunte um espectador de arte, tem crescido muito no Brasil. O teatro de rua, em específico, é uma das manifestações que mais crescem em todo o País. Logo, cada uma dessas ações, vem tentando sensibilizar os cidadãos e humanizar as cidades, que tem se tornado cada vez mais agressivas, sobretudo, quando elas próprias entram na lógica capitalista, deixando de serem lugares de convívio para reforçar apenas o viés de mercado e de escoamento de mercadorias. A cidade, ela própria, vem se tornando cada vez mais uma mercadoria. Nessa lógica, de cidade-mercadoria, se inserem os grandes eventos que a transforma em um espaço para tudo, menos para os cidadãos que nelas residem.
A maneira de entender essa lógica perversa se deu recentemente na cidade de São Paulo com o Decreto 54.948 de 20 de março de 2014. Faz tempo que os artistas em São Paulo têm enfrentado problemas para disporem sua arte gratuitamente para os cidadãos. Depois de muita perseguição, apreensão de material ou instrumentos musicais, por conta da Operação Delegada – ainda no Governo Kassab – os artistas se uniram e realizam alguns atos públicos para reivindicarem seu espaço na sociedade. Com muita luta conseguiram um Decreto que veio facilitar o trabalho, mas não se contentaram e conseguiram criar junto à Câmara uma Lei pluripartidária para que pudessem exercer seus ofícios, trata-se da Lei nº 15.776/13. Mas, a mesma gestão em que conseguiram tal proeza recuou e desferiu um tremendo golpe traiçoeiro. O Decreto que regulamenta a supracitada Lei inviabiliza por completo as apresentações, deixando livre para apresentações apenas as nuvens e o cemitério. É a morte das artes de rua.
Existe uma luta em diversas cidades para que se tenham leis que regulamentem o uso dos espaços públicos e para que as autoridades não enquadrem os artistas como marginais. A cidade de Londrina/PR é uma delas; Porto Alegre aprovou recentemente uma lei, esperamos e desejamos que sua regulamentação não tenha a mesma lógica perversa que São Paulo. No Congresso também tramita um Projeto de Lei para regulamentar o uso dos espaços públicos abertos. Importante frisar que todas as leis nada mais são do que um dispositivo para garantir o que já é assegurado na Constituição Brasileira em 5º Artigo: o direito a livre expressão e direito de ir e vir. Seria cômico se não fosse trágico.
Muitos são os artistas e coletivos que vem se reunindo e lutando junto ao Poder Público no intuito de barrar esses absurdos em todo o País. Quando a cidade torna-se mercadoria é preciso disputá-la todo o tempo. Disputá-la para que ela venha servir aos interesses dos cidadãos e não aos interesses escusos do capital.

Escrito para o Jornal Brasil de Fato



[1] Mestre em Artes, graduado em História; Ator e diretor teatral.

Curiosidades Arte Pública/RJ

Vitor
Largo do Machado, lindo dia de sexta feira, com o ar agradável, iluminado pelo sol, sem o calor extremo do inicio do ano. O chafariz estava ligado e os pingos de água cortados pelos raios de sol se tornavam pequenos pingentes coloridos e os jatos fluidos pequenos arcos íris.
Contornando a praça do largo, um cortejo, colorido como a fonte do chafariz. Artistas no alto, em cima de suas pernas de paus, e em baixo, com seus instrumentos, máscaras e estandartes. A Banda Rio, comandada pelo clarinete do Maestro Noberto ditava o ritmo da alegria, acompanhado pelo Casal Banda Café Pequeno e Currupita. O circo presente nas roupas coloridas do Será o Binedito? e com a presença do Boa Praça Leo Xodó Carnevale. Magia sem mistérios nas alturas com a Cia Mystérios e Novidades, compunham a harmonia junto com os atores ancestrais do Tá Na Rua. Não posso deixar de comentar a participação entusiasmada de Sergio Biff, outro maestro, só que maestro que comanda os bonecos em miniaturas do Teatro de Lambe Lambe.
Na frente, entre as bandeiras, um rapaz dançava e saltava conduzindo a trupe de artistas. Na sua cabeça, um gorro colorido, daqueles usados pelos antigos arlequins, com seus guizos ressoando pela praça. Era pura alegria. 
Acompanhou o cortejo até os brincantes formarem a roda e abrirem para a primeira atração do dia.
Quando veio devolver o gorro colorido para mim, não aceitei de volta: “ – Pode ficar, agora é seu. É uma lembrança deste momento.”
Encantado, ele fala com as mãos: “- Foi um dia muito especial para mim, um dos mais importantes. Obrigado.” – disse e foi assistir os artistas se apresentando.
Uma senhora se aproxima de mim e fala: “- Ele tava tão alegre e emocionado com o presente que nem conseguiu falar.”
“- Ele falou sim, com os gestos. O nome dele é Vitor e é surdo mudo.”- respondi.
“Nossa! Nem parece! Ele veio tão disposto, dançando tão bem, no ritmo da música que a banda tava tocando. Como será que ele faz?”
“- Ele pode não ouvir, mas escuta muito bem com o coração. Peito aberto e alma escancarada.” – declarei.
Enquanto isso, os guizos do gorro de arlequim do Vitor tocavam a música do seu sorriso.
Herculano Dias

Aqui, a psicologia é outra!

Disse o mais instigante revolucionário da Vila Mara. O senhor negro não parava de gritar: é revolução! Ele tomou conta da praça durante a apresentação do Oigalê e, mesmo longe, contribuiu com o Baile dos Anastácio. Na cena, surge um fiscal, meio animal-policial urrando pelos cantos. Cara feia! Malvado, todo encasacado. E não é que ele assustou! O senhor negro revolucionário não calou, mas falou baixo: AQUI, A PSICOLOGIA É OUTRA. O senhor não gostou daquela presença. Era, de fato, ameaçadora. Mas tinha razão. E como tinha! Esse poder armado não nos representa! A psicologia é outra. É mais livre, menos sacana. É mais nós, menos tu. É mais sóis.

Esse texto segue assim meio falado. Um bate papo. Participar da VIII Mostra de Teatro São Miguel Paulista foi, de fato, deslumbrante. Eu reencontrei o começo. Retornei ao lugar onde comecei a fazer teatro. Lá mesmo, na Praça do Casarão, ao lado da Estação Vila Mara. Na época (2010), fui participar da Mostra Lino Rojas com o Grupo de Teatro Popular Vem Cá Vem Vê. Nossa! Foi a maior e melhor vergonha da minha vida. Obrigado, Alexandre Menezes, por ter me agregado, por ter compartilhado essa alegria. Depois, em 2014, volto ao mesmo lugar com o Grupo Cafuringa. Mais uma alegria. Mistura de encontro e despedida.

Minha passagem por São Miguel Paulista foi muito importante. Pisei, em São Paulo, no bairro mais nordestino. Conversei com meus conterrâneos. Lembro agora de um senhor natural de Carpina/PE. Ele ficou imensamente grato por ter conhecido Joãozinho (boneco feito por Mestre Saúba) e, tomado pela felicidade, nos presenteou com cinco cervejas super-geladas. Evoé! Por sinal, a tarde do dia 12 de abril foi muito OXENTE! O Grupo Garajal levou o Ceará e o maracatu mais lindo do Brasil.
        
         E a rua? Sempre generosa. Costumo dizer que é a minha melhor professora. A apresentação de Cafuringa foi bacana. Dessa vez, tivemos a honra e de receber o grande cantor Ernesto Tururu. Sucesso absoluto em toda América Latina, ele, o grande sedutor dos pampas, fez uma incrível (óóóóóóóóó) apresentação. De repente, ele surge numa árvore e salta do galho mais alto para cair dentro de um minúsculo copo. Em seguida, se dirige ao microfone e, assediado pelo público eufórico, canta a música Yo quiero mim atrepar num pie de côco. Olhe, tirando o exagero, foi quase isso.

Bicho, o Buraco arrasou. Os laranjinhas fizeram ótimo trabalho. Destaco a hospedagem dos grupos. Escolher um local onde todos possam brincar, comer, dormir e acordar juntos... poxa, é muito saudável. Não precisa nem reservar salas de hotel para criar rodas de diálogo. Não. Todos já estavam em permanente diálogo, trocando experiências e desfrutando da harmonia. O sítio, lá na Serra da Cantareira, foi uma excelente escolha. Que o diga as manhãs de sol, as noites de sinuca e os dias de cachaça. Com direito a churrasco gaúcho embalado pela eufórica torcida argentina. Pronto, é isso. Menos hotel e mais sítio.

Penso que a primeira década do século XXI, proporcionou aos grupos de Teatro de Rua uma maior interação. Vários são os festivais, inúmeras são as mostras e encontros de grupos e/ou movimentos espalhados por todo o Brasil. Essa circulação é muito gostosa, sobretudo, quando os amigos/parceiros trocam convites e fazem desses encontros uma grande festa, uma celebração. Essa agitação é vital. AGITAÇÃO. Gosto dessa palavra.

O crime não está em agitar, mas em permanecer imóvel. Uma sociedade que não se agita é como um charco, suas instituições se estagnam e apodrecem. Inútil, portanto, é tentar reprimir a agitação, envolvendo-a nas malhas do libelo acusatório. Tudo passa sobre a face da terra e debaixo das estrelas, os impérios, as tiranias, os carrascos. Mas a agitação nunca passará. Nem que haja a consumação dos séculos de que falam os profetas bíblicos. É que ela, a agitação, se nutre de uma paixão. A paixão da verdade. (Francisco Julião, Cambão.)

Enfim... ficam algumas palavras para ilustrar a imensidão do encontro. Beijo e abraço em todos, em especial, aos meus amigos cafuringas. O remédio da saudade é sorrir!


Vitória de Santo Antão, abril de 2014.

Pablo Dantas.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

CARTA DE LONDRINA/PARANÁ

CARTA DE LONDRINA/PARANÁ

“Sem saber de nada
Vive aquém nesse Brasil
Meu país rasgado
Coronéis e desvarios
Por que não distribui riqueza
O povo nunca viu
A rua é do povo
Ninguém comprou
Ninguém pariu (...)”
(Everton Bonfim – Movimento dos Artistas de Rua de Londrina/MARL)

A Rede Brasileira de Teatro de Rua (RBTR), criada em março de 2007 em Salvador/BA, é um espaço físico e virtual de organização horizontal, sem hierarquia, democrático e inclusivo. Todos os grupos de teatro,  trabalhadores(as) da arte, pesquisadores(as) e pensadores(as) envolvidos com o fazer artístico de rua, pertencentes à RBTR, são seus articuladores(as) para, assim, ampliar e capilarizar,  cada vez mais, reflexões e pensamentos, com encontros, movimentos e ações em suas localidades.
O intercâmbio da RBTR ocorre de forma presencial e virtual, entretanto, toda e qualquer deliberação é definida por consenso nos encontros presenciais. Os seus articuladores realizam dois encontros anuais em diferentes regiões brasileiras, contemplando as várias regiões do país. Articuladores e coletivos regionais de todos os estados deverão  organizar-se para garantir a sua participação nos encontros,  e dar continuidade às ações iniciadas nos Grupos de Trabalho (GTs), a saber: 1) Política e Ações estratégicas; 2) Pesquisa;  3) Colaboração artística; 4) Comunicação.
A RBTR, reunida de 21 a 27 de março de 2014, na cidade de Londrina/PR, no XIV Encontro conjuntamente com o MARL (Movimento dos Artistas de Rua de Londrina), reafirma sua missão de:

·       Lutar por um mundo socialmente justo e igualitário que respeite as diversidades;
· Contribuir para o desenvolvimento das artes públicas, possibilitando trocas de experiências artísticas e políticas entre os articuladores da RBTR;
·   Lutar por políticas públicas para as artes públicas com investimento direto do estado, por meio de fundos públicos de cultura, estabelecidos em leis e com dotação orçamentária própria através de chamamentos públicos, prêmios e processos transparentes com comissões paritárias eleitas pela sociedade civil, garantindo assim o direito à produção e o acesso aos bens culturais para todos os brasileiros;
·         Lutar pelo livre uso e acesso aos espaços públicos, garantindo a prática artística e respeitando as especificidades dos diversos segmentos das artes públicas, de acordo com o Artigo 5º da constituição brasileira que no nono inciso diz “é livre a expressão da atividade intelectual artística, científica e de comunicação independentemente de censura ou licença”.

Os articuladores(as) da RBTR, juntamente com o MARL, com o objetivo de exigir políticas para as artes públicas, defendem, a nível local:
·         A imediata aprovação da Lei do Artista de Rua de Londrina;
·     O mapeamento e a cessão de espaços públicos ociosos para os fazedores de cultura da cidade de Londrina;
·      A desburocratização do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic), da cidade de Londrina, por meio da modificação do repasse dos recursos, de convênios para prêmios, sem necessidade de retenção de impostos quando a título de patrocínio ou incentivos culturais, conforme art. 23 da lei nº 8.313/91;
·       A efetiva descentralização das ações e dos equipamentos públicos de cultura na cidade de Londrina;
·   A criação da disciplina Teatro de Rua dentro da graduação em Artes Cênicas, na Universidade Estadual de Londrina (UEL), bem como a criação do curso Licenciatura em Artes Cênicas, na mesma instituição;
·         A imediata criação do Fundo Estadual de Cultura no Paraná;

E também a nível nacional:
·         A criação de leis de fomento para o teatro de rua que assegurem produção, circulação, formação, trabalho continuado de artistas de rua (organizados ou não em coletivos), registro e memória, manutenção de grupos e espaços, pesquisa, intercâmbio,  vivência, mostras e encontros de teatro, levando-se em consideração as especificidades de cada região;
·     Aprovação imediata da lei federal 1096/11 que regulamenta as manifestações culturais de rua em tramitação no Congresso Nacional, bem como a extinção de todas e quaisquer repressões, cobranças de taxas e excessivas burocracias para as apresentações dos trabalhadores da arte de rua pelo país;
·     A criação de um projeto de lei para a ocupação de prédios, terrenos e outros  imóveis públicos ociosos, transformando-os em sedes de grupos artísticos ou espaços culturais e comunitários que atendam a função social da arte como direito público, bem como a permanência e legitimidade dos espaços já existentes;
·         A publicação dos editais no âmbito federal no primeiro trimestre de cada ano, com maior aporte de verbas e que estas sejam liberadas sem atrasos, respeitando-se os prazos estipulados pelo edital, bem como a divulgação de um parecer técnico de todos os projetos avaliados pela comissão, juntamente com a  lista de contemplados e suplentes;
·     Que os editais do governo federal sejam estruturados de forma que cada região seja contemplada com um edital específico, respeitando suas particularidades, inclusive observando a necessidade de composição de comissões paritárias, indicadas pela RBTR e pelos movimentos artísticos organizados;
·  Que sejam respeitadas a representatividade, as indicações e deliberações do teatro de rua nos colegiados setoriais e conselhos das instâncias municipais, estaduais, distrital e federal;
·         A aprovação e regulamentação imediata da PEC 150/03, atual PEC 147, que vincula para a cultura o mínimo de 2% do orçamento da União, 1,5% do orçamento dos Estados e Distrito Federal e 1% dos orçamentos dos municípios;
·    A aprovação e regulamentação imediata da PEC 236/08, que determina a cultura como direito social;
·     A criação de uma legislação de contratação específica para a cultura, uma vez que a lei 8.666/93, que trata das licitações e contratações no âmbito governamental, não contempla as singularidades da área cultural, como cooperativas, associações ou instituições sem fins lucrativos;
·   A extinção da Lei Rouanet e de quaisquer mecanismos de financiamentos que utilizem a renúncia fiscal, rejeitando, portanto, a sua reforma, o Procultura, por compreendermos que a utilização da verba pública deve ocorrer por meio do financiamento direto do Estado, através de programas em forma de prêmios e leis elaboradas pelos segmentos organizados da sociedade;
·      A inclusão nos currículos das instituições públicas de ensino de teatro a nível técnico e superior de disciplinas voltadas especificamente para a cultura popular brasileira, o teatro de rua e o teatro da América Latina;
·    O financiamento de publicações e estudos específicos sobre o teatro de rua e a cultura popular, como meio de registro, valorização  e respeito às suas formas e saberes, assim como sua ampla distribuição;

Os articuladores(as) da RBTR repudiam:

·       O corte de 30% da verba de todas as secretarias municipais na cidade de Londrina, como cultura, saúde e educação;
·       O Mega Evento Copa do Mundo de 2014 e a Lei Geral da Copa, que fere os princípios constitucionais do país, bem como o lançamento do Programa Cultura 2014, que prevê a seleção nacional de propostas para a realização de atividades culturais nas 12 cidades sedes dos jogos de 2014;
·     A ação violenta das igrejas e seus missionários, que historicamente massacram, exterminam e destroem práticas, costumes e tradições culturais dentro dos territórios indígenas e quilombolas, inclusive nas suas manifestações urbanas;
·         O fundamentalismo religioso que estimula ações de intolerância contra a comunidade LGBT e culturas de matriz africana;
·         A cobrança de quaisquer taxas, alvarás, licenças e toda forma de burocratização para o uso dos espaços públicos abertos, como praças, ruas, entre outros;
·          O decreto de regulamentação da lei do artista de rua da cidade de São Paulo de nº 54948/14, que distorce por completo a lei 15.776/13.

A RBTR, juntamente com o MARL (Movimento dos Artistas de Rua de Londrina), exige o fortalecimento das culturas indígenas Kaingang, Guarani-Kaiowá e Xetá, bem como o reconhecimento dos mestres das culturas tradicionais e os fazedores das culturas populares urbanas, por meio de investimentos públicos.
O teatro de rua é símbolo de resistência artística, agente cultural, comunicador, gerador de sentido, propósito de novas razões do uso dos espaços públicos abertos; assim, reafirmamos o dia 27 de março, Dia Mundial do Teatro, Dia Nacional do Circo e Dia Nacional do Grafite, como o Dia de Mobilização e de Luta por Políticas Públicas para as Artes Públicas, e conclamamos os trabalhadores(as) das artes de rua e a população brasileira em geral a lutarem pelo direito à cultura e pelo digno exercício de seu ofício.
Foi reafirmado pelo conjunto de articuladores(as) presentes em Londrina que os próximos encontros da RBTR serão sediados nas cidades Rio de Janeiro (Hotel da Loucura, Bairro Engenho de Dentro – entre os dias 1 e 7 de setembro de 2014) e Sorocaba/SP (maio de 2015).

"(...) sai agora
rasga o verbo
põe pra fora
desembucha
abre espaço
vem pra roda
conquistando
o respeito 
se essa rua fosse nossa (...)"

(Everton Bonfim – Movimento dos Artistas de Rua de Londrina/MARL)


  

Londrina/Paraná, 27 de março de 2014



MOÇÃO DE APOIO A COOPERATIVA PAULISTA DE TEATRO

Os articuladores da Rede Brasileira de Teatro de Rua (RBTR), reunidos no seu XIV Encontro Nacional, no período de 21 a 27 de março de 2014, na cidade de Londrina/PR, vem por meio dessa moção expressar seu apoio a luta da Cooperativa Paulista de Teatro pela isenção da cobrança de PIS-Confins, que sufoca esta e tanta outras cooperativas culturais. A RBTR pede ainda aos congressistas e à Presidente da República que ouçam o clamor dos artistas e das cooperativas de cultura e aprovem e não vetem a Emenda 49 na MP 627.

Londrina, Paraná, 27 de março de 2014.
REDE BRASILEIRA DE TEATRO DE RUA - RBTR



MOÇÃO DE APOIO AOS ARTISTAS E TODO POVO DO ACRE

Os Articuladores e as Articuladoras da Rede Brasileira de Teatro de Rua – RBTR, reunidos no XIV Encontro Nacional de Articuladores, no período de 21 a 27 de março de 2014, na cidade de Londrina/PR, vem por meio dessa moção expressar sua solidariedade ao povo do Acre, em virtude da cheia do Rio Madeira. Estamos todos e todas solidários com o povo do Acre. Exigimos, também, que as autoridades públicas, sobretudo o governo federal, apresente plano definitivos que eliminem de vez o custo amazônico, bem como acabem com os problemas enfrentados pelos povos do norte do Brasil, devido à falta de investimentos em infraestrutura na região.
                            Londrina, Paraná, 27 de março de 2014.
            REDE BRASILEIRA DE TEATRO DE RUA - RBTR



MOÇÃO DE REPÚDIO AO DECRETO 54948/14

Os Articuladores e as Articuladoras da Rede Brasileira de Teatro de Rua – RBTR, reunidos no XIV Encontro Nacional de Articuladores, no período de 21 a 27 de março de 2014, na cidade de Londrina/PR, vem por meio dessa moção expressar repúdio ao decreto 54948/14, que restringe o livre exercício da expressão de artistas de rua ao proibir apresentações a menos de cinco metros de pontos de ônibus e de táxis; orelhões, cabines telefônicas e similares; entradas e saídas de estações de metrô e de trem; rodoviárias e aeroporto; monumentos tombados; a menos de 20 metros de logradouros onde ocorrem as feiras de arte, artesanato e antiguidades devidamente criadas e oficializadas pelo Poder Público; portões de acesso a estabelecimentos de ensino; a menos de 50 metros de hospitais, casas de saúde, prontos-socorros e ambulatórios públicos ou particulares, no caso de artistas cujas atividades provoquem qualquer tipo de ruído; em frente a guias rebaixadas; em frente a portões de acesso a edificações e repartições públicas e quartéis;em zonas estritamente residenciais. Entendemos que o decreto distorce a lei 15.776/13, que dispõe sobre as apresentações artísticas de rua na cidade de São Paulo, e se mostra como um retrocesso no que se refere à conquista de direitos da categoria teatral e, de um modo geral, às condições de trabalho dos artistas de rua.

                            Londrina, Paraná, 27 de março de 2014.
            REDE BRASILEIRA DE TEATRO DE RUA - RBTR




MOÇÃO DE REPÚDIO AOS ATOS DE INTOLERÂNCIA NA CONCHA ACÚSTICA


Os Articuladores e Articuladoras da Rede Brasileira de Teatro de Rua – RBTR, reunidos no seu XIV Encontro Nacional de Articuladores, no período de 21 a 27 de março de 2014, na cidade de Londrina/PR, vem por meio desta moção  expressar seu repúdio contra as bombas atiradas dos prédios do Centro Comercial de Londrina sobre o público da Concha Acústica durante o evento Cabaré Diversidade Londrina, interrompendo a realização do evento e causando ferimentos em duas pessoas que participavam da ação. O evento foi organizado pelo Coletivo ElityTrans Londrina, em parceria com o Movimento dos Artistas de Rua de Londrina, entre outros coletivos e movimentos sociais, com o intuito  de chamar a atenção para a discussão da diversidade sexual e religiosa, além de buscar maior visibilidade para questões LGBT por meio da ocupação artística do espaço público. Sabemos tratar-se de uma prática recorrente atirar coisas sobre o público que se reúne na Concha Acústica durante eventos artísticos. Por esta razão, repudiamos este e outros gestos de intolerância, por defendermos o direito à livre expressão da sexualidade, o respeito à diferença, bem como a livre manifestação artística cultural, tendo a rua e demais espaços públicos como palco para o exercício destes direitos.


Londrina, Paraná, 27 de março de 2014.
REDE BRASILEIRA DE TEATRO DE RUA - RBTR




MOÇÃO DE  REPÚDIO AO VETO DO PROJETO DE LEI  41/2013 NO MUNICÍPIO DE OSASCO

Os Articuladores e as Articuladoras da Rede Brasileira de Teatro de Rua – RBTR, reunidos no XIV Encontro Nacional de Articuladores, no período de 21 a 27 de março de 2014, na cidade de Londrina/PR, vem por meio dessa moção expressar repúdio ao veto da Prefeitura de Osasco do projeto de lei 41/2013, que regula as atividades dos artistas de rua da cidade de Osasco. Solicitamos assim, que a administração pública da cidade de Osasco reconsidere essa situação e abra o diálogo com seus artistas de rua, no sentido de encontrarem o melhor caminho para o desenvolvimento das artes de rua e da Arte Pública na cidade.
                            Londrina, Paraná, 27 de março de 2014.
            REDE BRASILEIRA DE TEATRO DE RUA - RBTR




MOÇÃO DE REPÚDIO AO FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO DE LONDRINA


Os Articuladores e Articuladoras da Rede Brasileira de Teatro de Rua – RBTR, reunidos no seu XIV Encontro Nacional de Articuladores, no período de 21 a 27 de março de 2014, na cidade de Londrina/PR, vem por meio dessa moção expressar  repúdio contra as práticas de privatização das artes públicas empreendidas pelo Festival Internacional de Teatro de Londrina (FILO). Compreendemos que o teatro de rua, sendo uma arte pública por excelência, só se realiza plenamente no contato com o público da rua. A escolha do espaço aberto é, para além de uma opção estética, um posicionamento político, pois aproxima o cidadão comum da linguagem teatral. Nesse sentido, repudiamos a ação do FILO, que nas últimas edições do festival, tem levado cada vez mais espetáculos de rua para o shopping, como contrapartida publicitária para apoios financeiros. Entendemos que além da descaracterização estética, isso leva a restrição de público de acordo com o poder de consumo, ferindo um dos princípios básicos do teatro de rua que é a socialização do acesso a produtos culturais.

Londrina, Paraná, 27 de março de 2014.
REDE BRASILEIRA DE TEATRO DE RUA - RBTR