Pesquisar este blog

quinta-feira, 28 de abril de 2011

CARTA PÚBLICA DE APOIO AOS GRUPOS UNIÃO E OLHO VIVO E VENTOFORTE


CARTA PÚBLICA DE APOIO
AOS GRUPOS UNIÃO E OLHO VIVO E VENTOFORTE
PELA AMPLIAÇÃO DA LEI DE FOMENTO
AO TEATRO PARA A CIDADE DE S. PAULO
  
A Lei de Fomento ao Teatro para a Cidade de S. Paulo é uma conquista histórica dos artistas de teatro da cidade. Ao priorizar processos culturais de longo prazo e não produtos, ela surgiu na contramão de uma política de eventos culturais destinados ao consumo. O fundamento primeiro da Lei, assim, desde sua origem, é possibilitar a existência de trabalhos continuados de arte, sem que esteja em jogo nada além da qualidade e seriedade do projeto – em sua busca estética de se relacionar vivamente com a sociedade.
Diante disso, causa espanto que nos últimos anos, as diversas comissões que lidam com a tarefa de julgar projetos inscritos na Lei de Fomento tenham se deixado envolver em debates estranhos aos princípios legais, a ponto de justificarem suas eleições em público com critérios como: "não se pode premiar sempre os mesmos", "tal grupo não previu montagem, queria somente pesquisar", "determinado grupo já tem outra fonte de renda" etc. Ora o que importa, para a Lei de Fomento, não é o desejo vagamente populista de uma comissão, mas a importância objetiva das pesquisas descritas nos projetos – coisa que só pode ser medida pela qualidade de sua formulação e pela história de trabalho do grupo proponente.
Sendo assim, é incompreensível que grupos de importância histórica como o Teatro União e Olho Vivo e o Vento Forte, tenham sido preteridos pela comissão da última edição da Lei de Fomento (2011). É mais do que aceitável que uma comissão reconheça potenciais de jovens artistas apenas pela excelência de um projeto lançado no papel. A Lei está aí para contribuir com todo trabalho sério de teatro de grupo e ficaria muito difícil avaliar se este ou aquele projeto se refere mesmo a uma pesquisa coletivizada. Mas é fundamental que a história de realizações de grupos com mais de três décadas de atuação pública seja levada em conta quando se trata de estimular ações de longo prazo, na contramão da de scartabilidade do mercado de artes.
Para que tais equívocos não ocorram mais é necessária uma imediata defesa dos fundamentos de uma Lei que precisa ser ampliada.
            A modificação do sistema de prestação de contas original, que contraria a auto-regulamentação da Lei, foi o primeiro passo dado no sentido de sua destruição. Se não houver um esforço coletivo em torno de seu fortalecimento, ela em breve será aniquilada. Só seu crescimento fará com que sobreviva. É preciso criar categorias diferentes segundo a história de atuação dos grupos, de modo a que o trabalho de diferentes gerações coexista. Não é aceitável que as opiniões de alguns jurados se voltem contra o sentido geral de uma Lei que vive ameaçada justamente pelo fato de ser excepcional. 

ASSINAM ESTE DOCUMENTO OS GRUPOS:

1 - Brava Companhia
2 - Companhia Antropofágica
3 - Companhia do Latão
4 - Companhia Estável de Teatro
5 - Companhia Estudo de Cena
6 - Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes
7 - Casa da Comédia  - José Renato 
8 -Buraco d`Oráculo - Adailton Alves
9 - Grupo Tá na Rua - Amir Haddad (Rio de Janeiro)
10 - Engenho Teatral – Moreira
11 - ACALeO - Ação Cultural Afro Organizada.
12 - Cia do Tijolo
13 - Cia São Jorge de Variedades
14 - Arte Ciência no Palco - Carlos Palma
15 - Teatro da Gioconda - Milton Morales Filho
16 - As Meninas do Conto
17 - Cia Corpos Insanos
18 - Grupo XIX de Teatro
19 - TEATRO DE ROCOKÓZ - Carlos e Ciléia Biaggioli
20 - Cia Teatro Documentário
21 - Folias D'Arte
22 - Núcleo Artístico Vera Sala - Paulo Henrique Alves
23 - NPC-ARTES – Núcleo de Pequisa em  Cultura e Arte
24 - Cia Ocamorana de Teatro
25 - Núcleo Bartolomeu de Depoimentos
26 - Teatro da Gioconda
27 - Cia. Corpos Nômades
28 - Cia TRUKS
29 - Companhia dos Inventivos
30 - Teatro Silva
31 - FRATERNAL COMPANHIA DE ARTE E MALAS-ARTES - EDNALDO FREIRE
32 - Cia Livre
33 - Escola Livre de Teatro de Santo André / ELT
34 - Algazarra Teatral - Edson Caeiro
35 - [PH2]: estado de teatro
36 - Cia da Revista - Kleber Montanheiro
37 - Grupo Teatro de Caretas - Fortaleza-CE.  
38 - TEATRO DE NARRADORES
39 - Cia. lambe-lambe de teatro e afins
40 - Núcleo Pavanelli de Teatro de Rua e Circo - SP
41 - Cia Luis Louis.
42 - Andaime Teatro Unimep – Piracicaba
43 - Grupo Sensus
44 - Cia Tan-Tan de Teatro
45 - Cia Artesãos do Corpo - Mirtes Calheiros
46 - Cia Teatro X - Paulo Fabiano
47 - Coletivo Religare e o projeto Vivências com Arte

Individualmente:

49 - Alexandre Mate
50 - Ingrid Koudela
51 - Gabriela Rabelo
52 - Solange Borelli (Dança)
53 - Edgar Castro
54 - Edson Costa Nunes - Presidente da Corja Filmes
55 - Jade Percassi.
56 - Antonio Chapéu - Coordenador Setor de Teatro - Piracicaba
57 - Majó Sesan.
58 - Lilian de Lima
59 - Vinicius Moreira - Ator e Coordenador do Projeto Vivências com Arte (Instituto Religare)
60 - Alexandre Kavanji
61 - Clara Coelho 

domingo, 24 de abril de 2011

Teatro de Rua e a Cidade


"(...) vivemos num mundo que ainda não aprendemos a olhar.
Temos que reaprender a pensar o espaço."
Marc Augé – Não-Lugares

No dia 31 de agosto de 2010, realizou-se na Oficina Cultural Amácio Mazzaropi, dentro da programação de seus vinte anos, o seminário "Teatro de Rua e a Cidade", na mesa o professor Alexandre Mate, os grupos Buraco d`Oráculo e Núcleo Pavanelli, na plateia estavam presentes outros grupos que tinham interesse na discussão, como Cia do Miolo, Mamulengo da Folia, Clã Studio, Arruacirco, Cia do Outro Eu, Populacho, entre outros. Na abertura, tomando uma ideia de Roland Barthes, propus que pensássemos a cidade como texto, como algo que pode ser lida, mas que também pode ser escrita.
Tomando o historiador José D`Assunção Barros e seu livro Cidade e História, apresentei um pequeno histórico de como a cidade vem sendo estudada ao longo dos tempos. As reflexões modernas sobre a cidade deu-se no século XIX. São desse período também as novas lutas sociais no meio urbano, aceleração do crescimento industrial, das utopias, das revoluções e do nascimento de muitas ciências sociais, como a sociologia, a história, a psicologia e a psicanálise. Nesse século, o XIX, foi gestado as ideias positivistas e marxistas. Como afirma Barros, "Apareceram notadamente as preocupações com a função econômica, com o modo de vida do citadino, com a forma urbana e sua organização social, com a representação e com o imaginário da cidade, com as relações entre o público e o privado" (2007: 17). Portanto, um período rico para compreendermos as metrópoles de hoje.
De lá para cá a cidade foi vista de várias formas, de artefato a obra de arte, de ecossistema a uma máquina, e como já dito, como texto. Este último é o que quero abordar um pouco mais especificamente. A cidade vista como um texto nos apresenta um discurso que lemos ao percorrê-la, mas, ao mesmo tempo, ao habitá-la e fazer nossa arte, estamos imprimindo um novo texto que enriquece o imaginário da mesma.
Mas como se lê a cidade? Barros esclarece:
uma cidade fala eloquentemente dos critérios de segregação presentes em sua sociedade através dos múltiplos compartimentos em que se divide, dos seus acessos e interditos, da materialização do preconceito e da hierarquia social no espaço. Sua paisagem fala de sua tecnologia, de sua produção material; seus monumentos e seus pontos simbólicos falam da vida mental dos que nela habitam e daqueles que a visitam: seus caminhos e seu trânsito falam das mais diversas atividades que no seu interior se produzem; seus mendigos falam da distribuição de sua riqueza ao estender a mão em busca de esmolas. Cada um  destes índices remete às letras de um alfabeto que pode ser pacientemente decifrado pelos sociólogos, pelos historiadores, pelos urbanistas [acrescento, pelos artistas]" (2007: 40-1).
A citação é longa, mas importante para compreendermos o processo de leitura no espaço urbano. Por outro lado, a cidade é reescrita o tempo todo, lugares que tinham determinado valor, hoje tem outro, áreas que eram símbolos de riqueza, hoje estão degradas. Em São Paulo, por exemplo, existe uma disputa territorial, por parte das elites, o que cria as "centralidades". Atualmente a disputa se dá em três regiões: o centro histórico, a Paulista e a região da Berrine/marginal Pinheiros. Nesse processo de disputas há muito dinheiro envolvido, altos investimentos. Assim, a realidade dessas centralidades, costuma ser "vendida" como se fosse toda a cidade, vende-se a parte pelo todo, ou seja, vende-se um discurso, um texto irreal, daí a ideia atual de São Paulo como cidade global. Então, saber lê a cidade, faz com que tenhamos ferramentas para desvelar esse texto irreal e rebatermos em nossos trabalhos teatrais, que devem ser um contradiscurso simbólico.
Como fazedores de teatro de rua, relacionamo-nos com a cidade e com os cidadãos que a habitam e, por meio de nossos espetáculos, podemos gerar afetividade com os lugares, bem como possibilidades de olharmos a cidade de forma crítica. Dessa forma, não estamos apenas levando arte para o espaço público aberto, estamos também reescrevendo a cidade. Temos a capacidade de ressignificarmos os lugares, pois a medida que ocupamos determinada praça ou região de forma constante, modifica-se a relação das pessoas com aqueles espaços. Daí a importância de sabermos que cidade nós habitamos e qual cidade nós queremos, pois se o discurso oficial, juntamente com a mídia criam um determinado imaginário da cidade, nós podemos ser a contraparte, recriando nossa cidade por meio de nossa arte. Para tanto, faz-se necessário irmos para a rua de forma consciente, sabendo de onde falamos, para quem falamos e o que falamos. Como afirma Barros, "se a cidade constitui uma "ordem espacial" que pode ser comparada à língua – por outro lado os pedestres que caminham através desta ordem espacial atualizam e reinventam esta língua" (2007: 43). Desse modo, não podemos perder de vista que nós somos contra-hegemônicos, nos contrapomos ao imaginário das centralidades.
Guy Debord, certa vez anunciou, mais ou menos nesses termos, que a cidade é portadora da tirania e da liberdade e o enfrentamento da tirania organizacional estruturante da cidade é libertário. Penso que aí está nosso papel: no enfrentamento de sua estrutura oficial e oficializante. Não podemos perder de vista que somos marginais e "numa sociedade ideal as encenações marginais é que deveriam ser oficiais", já havia dito o cenógrafo Christian Dupavillon.

Adailtom Alves – ator e diretor teatral

Publicado originalmente em A Gargalhada n. 20, fev/março de 2011.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Que teatro fazer?

Que teatro fazer?*
Olá todos dessa Rede,
Dando continuidade as discussões com relação ao nosso fazer e tomando como ponto de partida uma questão que coloquei: o nosso teatro está a serviço de quem? Que teve contribuição de outros companheiros, como Fábio Resende que afirmou que nosso teatro pode reforçar o que está posto ou desnaturalizar o que está naturalizado, revelando suas contradições; bem como a pergunta do Bravo sobre onde buscaríamos tais respostas e o que faríamos com as mesmas; escrevi algumas linhas, fruto de leituras realizadas no Núcleo Paulistano de Pesquisadores, que tem encontros mensais, coordenado pelo professor Alexandre Mate no Instituto de Artes da Unesp. Trata-se de um texto do camarada Bertolt Brecht, "Pequeno órganon para o teatro", que encontra-se no livro Estudos Sobre Teatro. Desde já convido a todos para que leiam a obra e tirem suas próprias conclusões, afinal trata-se de texto muito rico. Quanto aqueles que já leram (bem como aqueles que não leram) poderão contribuir no debate.
Não pretendo dar conta de todas as questões colocadas por Brecht – e nem sei se teria estofo para tal –, apenas levantarei alguns pontos fundamentais ao nosso fazer, sobretudo aquelas colocadas pelo autor no inicio do texto.
Primeira questão que autor coloca é que teatro é diversão: "É esta a função mais nobre que atribuímos ao teatro" (BRECHT, 2005, p. 127). Entretanto, Brecht vai esmiuçando o que considera diversão no teatro em nossa época atual, afinal se o teatro é supérfluo, proporciona prazeres simples e complexos; quanto mais diversificado e contraditório, maior seu "poder de intervenção" (p. 129), daí a necessidade de não descuidarmos da dramaturgia e do mundo que levamos para a cena, já que a fábula, seja para Aristóteles ou para Brecht, é "a alma do drama". Depois o autor aborda sobre a dramaturgia dos antigos, que continuam a nos emocionar. Mas se continuam como importantes foi porque "arranjamos uma compensação na beleza da linguagem dessas obras", isto é, em seus ornamentos. No entanto, há um certo "desacerto" histórico, que tem nos afastado do prazer que pode provocar o teatro. Caberia, portanto, sabermos o que nos diverte hoje. Brecht alerta: "somos filhos de uma era científica. O nosso convívio como homens (...) está condicionado, pela ciência, dentro de dimensões completamente novas" (p. 132).
Segundo Brecht, uma nova sensibilidade e um novo pensamento não chegam às massas porque a burguesia não permite, pois os burgueses utilizaram a ciência para subjugar e manter sua supremacia. Aqui entregamos a palavra a Brecht: "A classe burguesa, que deve à ciência a sua prosperidade, prosperidade que transformou em domínio ao tornar-se sua beneficiária exclusiva, não ignora que, se a perspectiva científica incidir sobre suas realizações, isso representa o fim do seu domínio" (p. 134).
E a arte e a ciência existem "para simplificar a vida do homem" (p. 135), a primeira relacionado a sua subsistência e a segunda para divertir. Assim, Brecht pergunta: qual será o teatro que divertirá os filhos da era científica? Um teatro crítico, que destina-se aos técnicos (em suas diversas áreas de conhecimentos), agricultores e revolucionários, que não podem esquecer seus interesses enquanto nos assistem, por isso precisamos entregar-lhes "o mundo aos seus cérebros e aos seus corações, para que o modifiquem a seu critério" (p. 135). Faz-se necessário o teatro associar-se com aqueles que estão impacientes por mudanças, daí a necessidade de nos encaminharmos "para os subúrbios das cidades" (p. 136). É importante dizer que subúrbio aqui não é apenas uma questão geográfica, mas refere-se também a todos que estão à Margem, independente do lugar onde estão, afinal os grandes centros urbanos hoje abrigam cada vez mais uma população marginalizada e que querem mudanças, portanto ele se refere a uma classe social. E se em um primeiro momento essas pessoas não compreenderem nossa arte, não é falta de interesse, é porque, talvez, precisemos aprender com elas e saber de suas necessidades. "É que todos aqueles que parecem tão distantes da ciência o estão, com efeito, pela simples razão de serem mantidos a distância" (p. 136), mas são esses os filhos de uma nova era científica. O que Brecht nos pede é que produzamos um teatro divertido em que a própria produtividade seja o tema. "O teatro tem de se comprometer com a realidade, porque só assim será possível e será lícito produzir imagens eficazes da realidade" (p. 136).
Como está ficando longo vou parando por aqui, mas o autor aborda outras questões: faz uma crítica do teatro de sua época – não podemos esquecer que Brecht faleceu em 1956 – escreve sobre o ensino, estranhamento ou distanciamento, música no teatro etc. Por fim, é importante dizer que hoje temos muitos grupos fazendo já esse tipo de teatro, por outro lado, é sempre importante voltarmos a essas questões, pois existe ainda um ensino e uma máquina ideológica perversa que continua a apregoar que o único teatro que existe é dentro de uma perspectiva burguesa.
Fonte: BRECHT, Bertolt. Estudos Sobre Teatro. Trad.: Fiama Pais Brandão. 2ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2005.
* E-mail enviado para o e-grupo Teatro de Rua no Brasil em 21/04/11
Adailtom Alves

terça-feira, 19 de abril de 2011

Apoio ao Teatro de Rua e ao Circo

 
Olá companheiros e companheiras,
O VI Fórum de Cultura, da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, aconteceu no último dia 29 de março. O evento contou com a participação de artistas das mais variadas áreas. O tema em debate foi "O direito à cidade: a cultura e a ocupação do espaço público". Além do Vereador Reimont, proponente do fórum, também participaram como palestrantes Richard Riguetti, diretor artístico e palhaço do Grupo OFF-Sina de Circo Teatro de Rua e Ricardo Brajterman, presidente da Comissão de Direito Autoral, Direitos Imateriais e Entretenimento da OAB/RJ.
O VI Fórum de Cultura teve como motivação a dificuldade dos artistas de rua na Cidade do Rio e a falta de políticas públicas sistêmicas e estruturantes para o segmento. Inúmeros relatos de violência contra os artistas foram denunciados e as frustradas tentativas de estabelecer um diálogo com atual gestão. Outro tema muito comentado pelos participantes foi a intenção da Prefeitura em acabar com o espaço Pátio Benjamin de Oliveira, na Praça Onze, destinado para receber os circos que passam pela cidade. A iniciativa foi duramente criticada e muitos afirmaram que acabar com o espaço é apagar a memória do palhaço Benjamin, o mais importante e emblemático palhaço negro na história brasileira.
Para o Vereador Reimont, a Prefeitura deveria tratar a cultura com mais carinho e respeito, tendo em vista que a cidade é um verdadeiro "caldeirão cultural". Segundo ele, mesmo com todos os problemas, não podemos deixar de lutar por uma política pública para a cidade.
"Se há verbas para o Viradão Carioca, tem que haver verba para democratizarmos a cultura por toda a cidade. Não podemos abrir mão disso", avalia o vereador Reimont.
As implicações legais para a atitude da Prefeitura foram analisadas pelo Professor Ricardo Brajterman. Ele lembrou o artigo V, parágrafo IX, da Constituição Federal que diz: "É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independente de censura ou licença."
 O artista Richard Riguetti acredita que ainda não há um entendimento claro sobre a utilização dos espaços públicos abertos para atividades artísticas /culturais na cidade e da real necessidade de formulação de políticas públicas culturais inclusivas, horizontais, de baixo para cima, de dentro para fora, pra tais atividades. A lógica predominante é que espaço público é a biblioteca, o museu, o teatro do município e/ou do estado. Mas a cidade, - afirma ele -, é um espaço da convivência, do encontro, da arte e da cultura. É nela que o cidadão se vê e é visto. Portanto, merecedora de políticas públicas que fomentem as artes de rua.
Foi aprovado pela plenária do VI FÓRUM DE CULTURA subscrição da Moção nº 35, de 08 de dezembro de 2010, do Ministério da Cultura, Conselho Nacional de Política Cultural, de apoio aos artistas de rua que vêm sendo vítimas de proibições e restrições quanto a suas manifestações artísticas (MOÇÃO, EM ANEXO).
Assim sendo, a Moção em referência, assinada pelo Presidente do Conselho Nacional de Política Cultural (publicado no D.O.U. de 20/01/2011, Seção 1, p.3), passa também a receber o endosso do VI Fórum de Cultura. Na sequência o documento será encaminhado à Frente Parlamentar da Cultura e da Comunicação da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, Frente Parlamentar Mista em Defesa da Cultura, da Câmara dos Deputados do Congresso Nacional, em Brasília, ao Presidente do Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC), ao Presidente do Conselho Estadual de Cultura, ao Presidente do Conselho Municipal de Cultura e ao Senhor Eduardo Paes, Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro.   
Na oportunidade, pedimos a confirmação do seu nome no endosso da Moção.                                        
Subscrevem a Moção:                              

ANA LÚCIA PARDO - confirmado
Ministério da Cultura - Rep.Reg.RJ/ES
ANDRÉ BARROS - confirmado
Núcleo BiolutasPT/RJ
ANDRÉ L. CHEVITARESE - confirmado
PROF. UFRJ
ARMINDHA FREIRE - confirmado
ARUTEN PROD. ARTISTICAS
CELSO SÁ - confirmado
CREA-RJ
CLELIO DIAS WENERCK - confirmado
GRUPO ENTROU POR UMA PORTA
DARWEN SCHIAVINI - confirmado
Ong IDEIAS VIVAS
DIEGO LEMELLE - confirmado
Comunidade de Vida Cristã
FÁBIO TERGOLINE - confirmado
consultor autônomo
FABRICIA SILVIA DE CARVALHO
Sociart
GUILHERME OLIVEIRA - confirmado
CIA IN OFF E ARTE EM CONJUTNO
IDAMARA SCHVAROSK - confirmado
Ong SABER VIVER
LUIZ FELIPE DE OLIVEIRA COSTA
BANDA DE PRAÇA AFONSO PENA
LUPPER – Sérgio LUPPER - confirmado
Yahya Produções Artísticas
MATILDE G. DE ALEXANDRE - confirmado
ASS. MORADIA DIGNA
MOARA PAIVA ZANETTI - confirmado
Ass. Social SME/RJ
MONGOL (Arlindo C.S.. Paixão) - confirmado
Compositor/Diretor Artístico
NABI OLIVEIRA - confirmado
ASS. MORADIA DIGNA
NILZA ALVES FERREIRA -confirmado
Presidente do Conselho Comut. Seg.Pública GrandeTijuca
PAULO BAIA - confirmado
CERIS/CNBB - IFCS/UFRJ
PEDRO ALVES FILHO - confirmado
Rede Democrática
REIMONT LUIZ OTONI SANTA BÁRBARA - confirmado
PRESIDENTE DA FRENTE PARLAMENTAR PELA DEMOCRATIZAÇÃO DA COMUNICAÇÃO E DA CULTURA
RICARDO BRAJTERMAN - confirmado
OAB/RJ - PUC/RJ
RICARDO FELIX - confirmado
Representante MTST-RJ
RICARDO FRANÇA
Drexel Consultores
RICARDO JORDÃO - confirmado

RICHARD RIGUETTI - confirmado
GRUPO OFFSINA - CIRCO DE RUA
ROGÉRIO WILIAMS DE PAULA DUARTE
JANGADA BRASIL revista de cultura brasileira
SANDRA REGINA LOPES - confirmado
Projetos Sócios Culturais, educacionais, sustentáveis – Programa de Formação Integrada
SÉRGIO
MNL MORADIA
SHEIKH AHMAD - confirmado
Sociedade Beneficente Desenv. Islâmico Ltda
SIMONE LORETO
SECRETARIA DE SAÚDE
SUELYEMMA FRANCO - confirmado
Assessoria Cultura Mandato Vereador REIMONT
TERESA DA CRUZ - confirmado
Representante ISERJ
TIAGO PESSOA DA CRUZ
PT NÚCLEO PASCOAL DO CAJU
TANIA PAIVA - confirmado

ULYSSES SILVA - confirmado
ASPREV/MUDSPM

Abraços,
Richard Riguetti
__._,_.___

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Carta do CNFCPà Secretaria Especial de Ordem Pública (desocupação deárea pública - Getúlio Damado)

Bom dia,

Repasso mensagem da companheira Daniele, destacando mais uma repercussão do caso SEOP x Getúlio Damado.

Mesmo com toda essa repercussão não temos nada garantido no território da cidade maravilhosa. Existem várias Getúlios na cidade que estão sendo barbarizados pela atual gestão. Leiam SEOP - Secretaria Especial de Ordem Pública.

Abraços,
Richard
Em breve postaremos o resultado alcançado junto a FRENTE PARLAMENTAR PELA DEMOCRATIZAÇÃO DA CULTURA E DA COMUNICAÇÃO.


logo_CNFCP.png
Rio de Janeiro, 08 de abril de 2011
Ofício n° 020/CNFCP/IPHAN


Do: CNFCP
Para: Secretaria Especial da Ordem Pública
Assunto: Notificação para desocupação de área pública – Getúlio Damado
Senhor Secretário,

            Tomamos conhecimento de que no dia 1º de abril, a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, por intermédio da Secretaria Especial da Ordem Pública, teria notificado o artista Getúlio Damado para desocupar o local onde está instalado o seu ateliê, na esquina das ruas Leopoldo Fróes e Francisco de Castro, em Santa Teresa. A referida notificação apontaria como irregular a ocupação, "com módulo não autorizado", e estabelece o prazo de 15 dias para o artista desocupar o local, sob pena de apreensão, "sem prejuízo de multas previstas e de comunicação à Polícia", no caso da ocorrência de crimes previstos no Código Penal.
            O Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular não poderia silenciar diante dessa medida, pois entende que Getúlio Damado e seu ateliê em Santa Tereza se integram à paisagem cultural da cidade, qualificando-a, na condição de monumento vivo de referência afetiva e simbólica. Consideramos que, da mesma maneira que cabe aos poderes públicos a defesa e a preservação dos monumentos construídos, os personagens vivos que constituem a identidade e o patrimônio de um bairro, de uma cidade e de uma nação merecem toda atenção e zelo que pudermos dispensar.
            Nesse sentido, vimos externar nossa preocupação, destacando que Getúlio Damado é considerado hoje um dos maiores artistas contemporâneos em atividade no Rio de Janeiro, conforme já afirmaram os irmãos Fernando e Humberto Campana, designers brasileiros de projeção internacional, e dezenas de especialistas no assunto. Seu bonde-ateliê é um importante ponto turístico da cidade e está instalado no local há 25 anos.
Getúlio certamente pertence à linhagem do artista Gentileza, que jamais poderia ser confundido com aqueles que sujam as paredes e os muros desta cidade: suas palavras permanecem, reverberam, encantam quem chega ao Rio de Janeiro, e alimentam o sonho dos habitantes por uma vida mais fraterna, por um mundo melhor. Getúlio, com sua arte singular, é essência de valor cultural do bairro de Santa Teresa, tantas vezes sujeito à violência urbana que desqualifica áreas importantes e históricas da cidade maravilhosa, e, ao contrário, projeta uma visão positiva do lugar.
            Em seu espaço exíguo, ao longo de 25 anos de trabalho, Getúlio desenvolveu uma obra de estética personalíssima, com o aproveitamento de materiais os mais diversos que lhe chegavam às mãos, num exemplo de criatividade e alerta para os problemas ambientais que preocupam a sociedade contemporânea. Trata-se, portanto, de um artista cuja força está também na presença atuante, na relação direta com os moradores e visitantes do bairro.
            De maneira análoga a um Mestre Vitalino, que se projetou para todo o Brasil em sua bancada na Feira de Caruaru, as peças criadas por Getúlio em seu modesto espaço nas calçadas de Santa Teresa passaram a integrar coleções públicas e privadas. Este Centro realizou, em seu Programa Sala do Artista Popular, a exposição Veja, ilustre passageiro: bondes de Getúlio Damado, de 05 a 30 de abril de 2000, e adquiriu obras do artista para a coleção permanente do Museu de Folclore Edison Carneiro. E seus trabalhos já foram exibidos em circuitos internacionais de exposições, graças ao reconhecimento dos renomados irmãos Fernando e Humberto Campana.
             No nosso entendimento, essa retirada representaria, sem dúvida alguma, um sério prejuízo para o artista, mas acima de tudo seria a perda de um personagem cativante do patrimônio vivo que faz de Santa Teresa e, claro, do Rio de Janeiro, bairro e cidade singulares. Diante do exposto, pedimos a essa Secretaria que reconsidere tal notificação, permitindo que o artista mantenha ali seu ateliê de modo regular.
            Certos da atenção e convictos da sensibilidade da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro para com a questão, colocamo-nos à disposição.

Atenciosamente,

Claudia Marcia Ferreira
Diretora
Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular/
Departamento de Patrimônio Imaterial/ Iphan



Saiba mais sobre o artista em:

Link "Acervos digitais / Sala do Artista Popular / Catálogos SAP - digitar "Getúlio Damado" e continuar busca.

Link "Acervo / coleções / Museu de Folclore Edison Carneiro / Sala do Artista Popular.


Ilmº Sr.
ALEXANDER VIEIRA DA COSTA
Secretário da Ordem Pública
Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Barbárie contra o artista de Rua - Prefeitura do Rio - SEOP


Boa noite companheiros e companheiras,

A Prefeitura do Rio de Janeiro ameaça o maior expoente Carioca das artes plásticas de rua, Getúlio Damado, com uma notificação de apreensão das obras de artes e remoção do atelier do renomado artista. Leiam mensagem abaixo e vejam os anexos.

Amanhã, às 15:30, na Câmara dos Vereadores do Rio, haverá um encontro dos artistas de rua com a Frente Parlamentar de Cultura, onde entregaremos a Moção de Apoio aos artistas de rua do Ministério da Cultura e colocaremos esse caso da notificação na mesa.

Convidamos todos os artistas-trabalhadores de rua para amanhã, dia 07/04,  às 15h, na Cinelândia, nas escadas da Câmara dos Vereadores, a marcarem presença e protestarem contra mais uma barbaridade da SEOP, gestão Eduardo Paes.

Enquanto houver bambu, flecha neles.

Abraços,

Richard Riguetti
Rede Brasileira de Teatro de Rua
Rede Circo do Rio

 

Amigos,

Há mais de 5 anos pesquiso a vida e a obra do Getúlio Damado e tenho nele um amigo pessoal de valor inestimável.
Trata-se talvez do maior artista contemporâneo em atividade no Rio de Janeiro, segundo os irmãos Campana, a imprensa e dezenas de especialistas no assunto.
Ontem fiquei sabendo pela Germana Monte-Mór que a Prefeitura do Rio de Janeiro quer remover o ateliê do Getúlio da rua onde está instalado há nada menos do que 25 anos!
Seu bonde-ateliê é um importante ponto turístico, e deveria ser tombado em vez de removido!!!
Getúlio é tão ou mais importante para o Rio de Janeiro quanto foi o Profeta Gentileza. Infelizmente, parece mais fácil para muita gente fazer homenagens póstumas a dialogar e reconhecer em vida o valor de artistas como Getúlio Damado, que agradece desde já as homenagens mas pede, com toda a humildade, usando as palavras de Nelson Cavaquinho: "Se alguém quiser fazer por mim, que faça agora".
Por favor, quem tiver contato com as autoridades responsáveis por essa barbaridade e/ou com a imprensa entre em contato comigo imeditamente.
Getúlio está tão abalado com a situação que mal consegue trabalhar e se articular em sua defesa.
Um forte abraço,
 
Bia Hetzel
 
Manati Produções Editoriais Ltda.
www.manati.com.br
http://editoramanati.blogspot.com/
manati@manati.com.br