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quarta-feira, 30 de maio de 2012

A tradição do mamulengo em encontro em São Paulo


Por Daniela Landin

            Buzina, vozes e todo tipo de barulho possível em um espaço público. Um fluxo incessante de carros, movimentação de ônibus, de onde entra e sai gente, vai-e-vem de pessoas deslocando-se em variadas direções que, inseridas em processo de naturalização da agitação generalizada, da rotina acelerada, do freqüente desviar-se de um corpo que dorme no meio da calçada compõem o cenário de boa parte do Centro de São Paulo, em um final de manhã de uma segunda-feira. Estamos na Avenida São João. De lá, uma caravana repleta de mestres mamulengueiros, vindos dos mais diferentes estados brasileiros, como Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí, Distrito Federal, além de artistas de Cuba, Argentina e Portugal, partiu em direção à Guararema. E nesta pacata e bem cuidada cidade do interior paulista, fomos recebidos por outro mestre, Valdeck de Garanhuns.
            A casa deste pernambucano que há anos reside em São Paulo, morada-ateliê, é, mais que uma agradável residência, um espaço de preservação de um rico material relativo às culturas populares, com destaque para as manifestações de teatro de mamulengo. Um acervo belíssimo de bonecos confeccionados por inúmeros grandes mestres enche nossos olhos, instiga nossa imaginação e nos silencia diante de tamanha potência expressiva, carregada de saberes e sentidos ancestrais, que se modificam e se ressignificam ao longo dos processos históricos. Com a chegada dos artistas populares, reafirmou-se, em cada canto da casa de Valdeck, a ode à arte do mamulengo, tradicional e contemporânea ao mesmo tempo, numa reunião de mestres participantes de uma longa história de artesania e resistência. Na contemplação dos bonecos, os "conhecedores" identificavam o artesão pelos traços do talho na madeira. Passando por ali, alguns brincantes reconheciam não só as próprias obras, como a de outros e era possível ouvir comentários como "esse é de Solon" ou "esse daqui é de Boca Rica", em referência aos saudosos mestres – o primeiro de Carpina, em Pernambuco, e o segundo de Ocara, no Ceará.
            Dessa forma, a abertura do III Encontro de Mamulengo foi caracterizada por um Encontro de Mestres, em visita à casa de um deles. Um lugar onde se reuniram brincantes como os pernambucanos Zé de Vina – 70 anos, 58 de brincadeira – e Zé Lopes – 50 de seus 60 anos dedicados ao mamulengo –, por exemplo, e jovens artistas como o argentino Manuel Mansilha, que nos apresentou o seu Luís. Um inquieto boneco feito de espuma e tecido que toma todo o braço de seu manipulador e que parece ser parte do próprio corpo dele, como uma dimensão do artista que ganha corporeidade. Um boneco que pensa por si e se ressente profundamente ao se dar conta de que não é livre, que foi enganado e que só existe porque existe um manipulador que lhe insufla vida. Mas quem é livre?, indaga o boneco. "Você é livre?", pergunta ao público.
            Eita, que ainda teve música e comida! Um forró gostoso, conduzido por Zé Lopes que afirmava não ser sanfoneiro, mas que ainda assim nos divertiu bastante tocando o instrumento, e um almoço dos bons que foi oferecido pelos anfitriões – uma mesa cheia de delícias caseiras, regada a muito suco de caju e de limão, e, depois, os doces que nos deleitaram.
         No final da tarde, deixamos Guararema. Cortada pelo rio Paraíba, a cidade, repleta de pequenos templos evangélicos, abriga curiosamente a mais antiga igreja que presta homenagem a São Longuinho no país – e que data da metade do século XVII –, mas que recebeu o nome da padroeira de Guararema, Nossa Senhora da Escada. Antes de partirmos, na praça central, já com o sol se pondo no horizonte, uma foto foi tirada para registrar o momento que deu início a esta terceira edição do Encontro.
          A próxima parada foi o Espaço Sobrevento, sede da companhia homônima dedicada ao teatro de formas animadas e localizada na região do Brás, bairro que se encontra na divisa entre a zona leste e o Centro da cidade de São Paulo. No local, por ocasião do lançamento do livro bilíngüe (português-espanhol) Cassimiro Coco de cada dia – Botando Boneco no Ceará, de Ângela Escudeiro, conhecemos um pouco do intenso processo de pesquisa da autora, que também é bonequeira. Ângela relatou a travessia e parte dos obstáculos enfrentados nela para recuperar e documentar histórias e modos de fazer teatro de mamulengo (também chamado de "Cassimiro Coco") em seu estado de origem. Sua fala foi marcada pela convicção e pela sensibilidade de quem acredita na importância de um trabalho comumente esquecido e desvalorizado pelo poder público.
           Em seguida, abrindo a programação de apresentações do Encontro, os cubanos do Teatro Nacional de Guinol nos presentearam com o espetáculo La Caperucita Roja, com base na clássica narrativa conhecida por nós como "A Chapeuzinho Vermelho". Marcante deste trabalho é a recorrência de explicitar os expedientes da estrutura do teatro de bonecos. Diante do público, os artistas chegam no espaço e iniciam a montagem da empanada, a tradicional barraca atrás da qual o mamulengueiro se esconde para dar vida ao brinquedo. Mas, neste caso, há todo momento o manipulador e a própria manipulação são revelados, por meio de recursos de iluminação ou simplesmente ao dar continuidade ao movimento do boneco do lado de fora da barraca. Além disso, alguns personagens eram trocados de modo a expor propositalmente a mão de um dos bonequeiros, fazendo com que todos acompanhassem a mudança de um brinquedo para o outro. Outra característica do espetáculo está na relação com o público, especialmente com as crianças que se envolvem bastante com as situações apresentadas em cena, em que algumas são até mesmo convidadas a participar diretamente de uma delas. Com um caráter divertidamente pedagógico, o espetáculo promove certa aproximação com os elementos que edificam o teatro de bonecos ao recontar esta antiga história que povoa o imaginário popular há séculos.
           
*Com este texto, damos início a uma série de relatos acerca das atividades do III Encontro de Mamulengo em São Paulo e das experiências possibilitadas a partir de uma programação com apresentações, oficinas, rodas de prosa e muita troca. Arrocha o fole!

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terça-feira, 29 de maio de 2012

Encontro de Mamulengo em São Paulo - primeiro dia


Relato Diário do 3º Encontro de Mamulengo em São Paulo.
 Márcio Silveira dos Santos(1)

Dia 28/05/2012 – Segunda – Feira.
Hoje inicia a tão aguardada maratona de Mamulengo na capital econômica da América Latina. Trata-se do 3º Encontro de Mamulengo em São Paulo, que acontece de 28 de maio a 03 de Junho de 2012. O Encontro idealizado e produzido por Danilo Cavalcante “Canhotinho”, artista a frente do Grupo Mamulengo da Folia, mostra maturidade ao chegar nesta 3ª edição, sobretudo a capacidade de resistência cultural diante das dificuldades por políticas públicas para arte pública no Brasil. Serão diversas atividades totalmente gratuitas com os maiores e melhores bonequeiros e bonequeiras nesta especificidade tão peculiar do teatro de bonecos do País. O Mamulengo é o nome designado, em Pernambuco e no Brasil em geral, a brincadeira de linguagem popular, tradicional, com bonecos de luva. No Ceará é também denominado Cassimiro coco(2). Nesta celebração ímpar haverá também apresentações internacionais, com artistas de Cuba, Argentina e Portugal.

O Encontro é de certa forma um raio-X da trajetória de Danilo Cavalcante, artista nascido no Sítio de Taruassu, em Canhotinho/PE, que vem para São Paulo em busca de melhores condições de vida e espaço de trabalho para seu oficio. Aqui chegando dedica-se arduamente pelo reconhecimento de uma arte milenar, e porque não dizer, que é hoje a mais autêntica na área do Teatro de formas animadas no Brasil. Segundo Danilo “Canhotinho”, como é conhecido por muitos bonequeiros (seguindo a tradição de muitos artistas terem agregados em seu nome artístico à procedência de nascimento), um dos muitos objetivos do Encontro é proporcionar uma maior visibilidade da arte do Mamulengo e mostrar que é desenvolvido em inúmeras partes do Brasil. Além é claro, injetar oxigênio e dar um colorido diferente a cidade cinza de concreto e aço que São Paulo se tornou.

Neste primeiro dia tudo começa sutil como o olhar dos antigos mestres. Ao descer do elevador era possível ver sentados confortavelmente no hall de entrada do hotel, um naipe de mestres do Mamulengo: Augusto Bonequeiro-CE, Zé Lopes-PE, Gilberto Calungueiro-CE, Carlinhos da Carroça de Mamulengos-CE, Afonso Miguel-PI, Mestre Zé de Vina-PE, Mestre Saúba-PE, Natanael-SP. Entre os muitos assuntos o papo alternava de histórias de pescaria e escambo de veículos a relatos sobre o convívio em quartos de hotel, com ênfase na clássica orquestra de roncos. Assim seguiu, quem roncava mais, outros menos, entre os mestres, causando muitas risadas a quem acompanhava a roda de conversa. Logo em seguido chega o ônibus para deslocamento a primeira atividade do dia chamada “Casa do Mestre”, que consistiu na visita a casa de Valdeck de Garanhuns-PE em Guararema/SP, cidade tranquila bem próxima da capital paulista. Cidade onde também mora Danilo “Canhotinho”. Durante a viagem, os mestres foram cantando músicas, contando histórias e piadas de duplo sentido.

Em Guararema fomos muito bem recebidos por Valdeck e família. Já estava por lá também o multi artista Romualdo Freitas, da Tropa do Balaco Baco, de Arcoverde-PE, que veio acompanhar de perto a brincadeira. A casa atelier de Valdeck de Garanhuns é fantástica, não há espaço nas paredes que não tenha xilogravuras de sua cunha e outros grandes mestres, mas o que mais chama a atenção é sua coleção de bonecos. Possui um acervo extraordinário, adquirido em décadas de trabalho nesta arte, há bonecos de todos os grandes fazedores de Mamulengo. Numa das partes mais dedicadas aos mamulengos ficamos mais de hora observando os traços característicos de seus autores. Alguns dos próprios que ali estavam, teciam comentários sobre suas mudanças, evoluídas ou não, no feitio e trabalho. Bem como discorriam sobre os tipos de madeiras boas para o feitio, principalmente o mulungu, madeira leve que só pode ser esculpida depois de bem seca.

Antes do almoço, o Mestre Zé Lopes pegou uma sanfona e lascou cantorias de forró, vaquejada e o que mais lhe vinha à cabeça, sempre alegando que não era sanfoneiro. Em poucos minutos já estava formada a “Banda da Casa do Mestre” com artistas de vários Estados brasileiros. Após o almoço indescritível de tão apetitoso, e uma performance curta do bonequeiro argentino Manuel Mansilla e seu boneco Luis, o mestre Zé Lopes pegou de novo na sanfona e seguiram-se mais 2 horas de cantoria. Destaco dois momentos: um foi que enquanto o Mestre tocava entrou no pátio, quase despercebida, uma gari da Prefeitura que varria a rua. Ela conversou rapidamente com ele e saiu tão rápida quanto entrou, o mestre relatou depois que na verdade ela queria contratá-lo para um show de forró na cidade. Outro momento foi quando Zé Lopes contou como aconteceu a grande mudança em sua vida. Contou que seu pai queria que o filho fosse Engenheiro Mecânico, mas aos 10 anos de idade conheceu o mamulengo e se apaixonou pela arte. Sua mãe, no inicio inconformada, dizia que ser artista era ser maloqueiro. Mas não teve jeito, ele sorriu e soltou o fole com o refrão da próxima música “Pau que nasce torto não tem jeito morre torto. Quem nasceu pra ser rei nunca perde a majestade.” Eita forró lasqueira!

Pra finalizar a visita a cidade de Guararema, houve um passeio por dois locais, ao Centro Artesanal Dona Nenê, na praça central onde Danilo faz suas apresentações, e na Igreja de Nossa Senhora da Escada. Sim, isso mesmo, dentro da Igreja construída em 1652 vê-se a imagem de Nossa Senhora da Conceição com uma escada na mão. Mas o Santo mais devotado por lá é São Longuinho. A imagem que víamos era uma espécie de boneco articulável, pois nos foi relatado que a cabeça do Santo foi encontrada soterrada no piso antigo da Igreja, montaram a cabeça e braços fixados num pequeno tronco de madeira coberto por sua vestimenta. História narrada pelo fotografo da Prefeitura João Augusto e Dona Maria Santana, uma senhora de idade avançada que nos abriu as portas da Igreja, segurava no antebraço uma argola grossa de ferro com seis chaves pesadíssimas denotando serem também de 1652.

Em tempo, duas curiosidades históricas: Guararema significa terra de Pau d’alho, uma madeira fedida que servia aos índios identificarem as rotas de andanças. Nossa Senhora da Escada foi a estratégia dos Jesuítas para convencer os índios a aceitarem a Igreja, pois colocaram sobre as sepulturas uma cruz, alimentos e uma escada, dizendo que serviam para as almas se alimentarem e depois subirem aos céus na escada.

Encerrada em mais de cinco horas de visita a Guararema, nos deslocamos para a sede do Grupo Sobrevento no bairro da Mooca em São Paulo, para o lançamento do livro “Cassimiro Coco de Cada dia: botando boneco no Ceará” de Ângela Escudeiro e a apresentação do Teatro Nacional de Guinol – Havana/Cuba. Ângela contou que com muito esforço e custos acima do que possuía conseguiu realizar uma pesquisa que primou por buscar os mestres do Cassimiro Coco nos escondidinhos recantos do Ceará. Procurando registrar, fortalecer e reafirmar a evolução do teatro de bonecos. Seguiu-se a apresentação dos cubanos, que mostraram o quanto uma simples e velha conhecida história mundial pode ser recontada de formas diferentes. Os dois atores revezavam os personagens da peça “La Caperucita Roja” (Chapeuzinho Vermelho), os personagens principais como Chapeuzinho, vovozinha, lobo mau e mãe da Chapeuzinho eram trocadas muitas vezes as vistas do público, pois a empanada (tenda, barraca, pano) era entrecortada na vertical, o que permitia os bonecos surgirem de formas diferente nas cenas, e utilizaram o recurso de uma luz contra, mostrando como num teatro de sombras os atores se movimentando, falando e trocando os bonecos entre si. Assim revelados promoviam uma cumplicidade do público e um aprendizado para quem desconhece as técnicas de manipulação de bonecos.

Destaco da apresentação duas cenas. A primeira foi o momento em que Chapeuzinho coloca um supositório no lobo, que já havia engolido a vovozinha. Uma cena que poderia ser forte demais para as crianças que ali assistiam, mas era repleta de uma delicadeza e preciosismo tão interessante que se transformou num dos momentos mais hilários da noite. A segunda foi quando o lobo engole a Chapeuzinho, eu jamais havia visto o Lobo comer de fato a Chapeuzinho em cena aberta. O boneco grande e assustador do Lobo devorava tão primorosamente o boneco da Chapeuzinho que se esquecia da manipulação precisa dos bonequeiros. No mais, embora a repetição de certos momentos que terminaram por certa monotonia, foi uma apresentação muito interessante e uma aula.

Após, seguimos para o final do primeiro dia do 3º Encontro de Mamulengos em São Paulo, com um jantar agradável no Restaurante Farinata, em uma boa conversa descontraída com os bonequeiros do  Caçuá de Mamulengo-RN, Manuel Mansilla-Argentina e o mestre Fernando Augusto do Mamulengo Sorriso-PE.

Amanhã, terça-feira, haverá a Tradicional Roda de Mamulengos, com todos os Brincantes, que durante horas realizaram intervenções na rua, no Boulevard São João.
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Notas:
1. Márcio Silveira dos Santos é integrante do Grupo Manjericão - Porto Alegre/RS. Possui graduação e mestrado em Artes Cênicas pelo PPGAC/UFRGS, especialização em Psicopedagogia. Sócio pesquisador da ABRACE - Associação Brasileira de Pesquisadores de Pós-Graduação em Artes Cênicas e do GT Artes Cênicas na Rua da ABRACE. Articulador da RBTR - Rede Brasileira de Teatro de Rua e conselheiro titular do Colegiado Setorial de Teatro/CNPC/MinC.
2. Coelho, Ângela Maria Escudeiro Luna. Cassimiro coco de cada dia: botando boneco no Ceará. Fortaleza: IMEPH, 2007. P. 13.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

A rua como espaço cênico: possibilidades e desafios


Adailtom Alves Teixeira 

Cada época tem um espaço privilegiado de representação, em geral, determinado pela classe dominante. Mas, na atualidade existe algum espaço privilegiado? Sabe-se que a cena à italiana tem mais de trezentos anos de hegemonia e que, mesmo que tenha sido questionada ao longo do século XX por diversos encenadores, ainda permanece como espaço privilegiado. Quanto à rua, sabemos que não é o espaço da elite, que a tem apenas como escoadouro de mercadorias, sendo um local perigoso, que deve ser evitado. Logo, a arte que ocupa esses logradouros também não é vista com bons olhos, pois, os lugares e aqueles que a ocupam são dotados de valores. Hoje, porém, cada vez mais os espaços públicos abertos das grandes cidades estão inseridos em um movimento mundial de privatização, já que tudo no capitalismo precisa virar mercadoria. Por isso, a arte que ocupa as ruas permanece como possibilidade de acesso a todos, sobretudo da classe trabalhadora, tão usurpada em seus direitos; ao mesmo tempo é uma resistência ao sistema hegemônico.

A cidade é portadora de duas dimensões fundamentais: a de mercado e a de centro de decisões políticas, que não devem ser esquecidas ao se criar uma obra para o espaço aberto. Por isso, tudo que há nela está carregada de significados e recebem influências econômicas, comunicativas e culturais. Quem vai para a rua precisa pensar a cidade e como vai ocupá-la com o seu teatro. Além disso, é sempre bom refletir: qual o lugar de onde se fala e para quem se fala. 

Ruas e praças, ao serem ocupadas pelo teatro, tornam-se ágoras, local de discussão política. Política diz respeito a polis, a cidade e tudo que está nela. Por isso mesmo, ir à rua com o teatro é uma tomada de decisão política. E isso, ao longo da história, sempre ocasionou perseguições de toda ordem. No Brasil, a história recente está cheia de exemplos, mas basta citarmos os Centros Populares de Cultura da União Nacional dos Estudantes, projeto que foi abortado devido à ditadura civil-militar. Na atualidade os absurdos persistem: o Tá na Rua, grupo carioca com mais de trintas anos de existência, foi impedido de apresentar-se na praça onde atuavam por anos, considerada sua sede pública , isso devido à “limpeza” que vem sendo encampada pelo poder público daquele município por causa de dois grandes eventos esportivos que se aproximam. E os exemplos se multiplicam: atores apanhando da polícia em Fortaleza/CE, atores presos em Porto Alegre/RS, artistas impedidos de se apresentarem em São Paulo/SP, entre outros. E quantos mais devem ocorrer e que não se fica sabendo?

Entretanto, os artistas tem se organizado para enfrentar esses abusos e também para lutar por políticas públicas de cultura que possam incluí-los. Hoje, existem movimentos estaduais em São Paulo, Bahia, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, entre tantos outros Estados. Todos esses artistas e movimentos juntaram-se na Rede Brasileira de Teatro de Rua (RBTR), criada em Salvador/BA em 2007. A RBTR, hoje, é o único movimento nacional da categoria teatral organizado nacionalmente, com articuladores em quase todas as unidades federativas.

A RBTR já realizou dez encontros, o último ocorreu na cidade de Santos/SP, de 26 a 30 de janeiro de 2012. A cada encontro são tiradas as pautas de lutas. A Carta de Santos pode ser acessada em: http://teatroderuaeacidade.blogspot.com/2012/02/carta-de-santos-rbtr.html.

A rua tem se caracterizado como um espaço importante, em relação ao acesso teatral. Entretanto, os artistas que escolhem esse local têm enfrentado problemas ao longo da história, seja por suas proposições políticas, seja simplesmente porque a cidade precisa “ser controlada”. Daí a rua ser, ao mesmo tempo, um espaço democrático e de resistência. Democrática para o público (nada os prende, a não ser o interesse pela obra) e para os artistas, pois oferece inúmeras possibilidades quanto a criação artística; e de resistência às estruturas de poder e as artes hegemônicas.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

A crise do capitalismo

Animação criada a partir de uma fala de David Harvey.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro derruba veto do prefeito


HOJE SOU FELIZ

Maio, mês das mães, mês da noivas, mês da abolição da escravatura, e também passa a ser o Mês do Artista de Rua, pois este mês, precisamente o dia 22, está definitivamente marcado como o dia em que o artista popular pode sorrir, o sorriso doce da liberdade, pois foi sancionada em plenária, na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, casa que pertence ao povo, a Lei 931/2011 que regulariza e protege o artista de rua, permintido-o se apresentar nos logradouros públicos da cidade, sem a truculência dos cassetetes da ordem pública e sem o aprisionamento da burocracia dos órgãos públicos. O Veto do Prefeito Eduardo Paes foi rejeitada e derrubada por maioria absoluta. Parabenizo o nosso incansável vereador Reimont, do Partido dos Trabalhadores, que escutou nossas ansiedades e aderiu a causa do artista público, pois a lei por ele escrita não foi invenção da sua cabeça, foi escrita em parceria com os artistas-cidadãos que atuam, se apresentam e modificam o cenário da cidade, tornando-a mais maravilhosa, mais cheias de canções, mais cheia de amores. Fez o que todo representante eleito  deve fazer, projetar leis a partir da sociedade, escutando o cidadão carioca. O artista popular está em sintonia com os espaços públicos e com a população, pois sua relação é totalmente horizontal. Na casa do poder público, onde decisões são tomadas em benefício da sociedade, geralmente cinzenta em suas discussões, vimos os senhores e senhoras vereadores sorrirem ao verem as galerias, coloridas com os trapos da fantasia e a figura mítica do palhaço, dando um ar alegre e feliz.  Quando no painel eletrônico apontou os 26 votos necessários para derrubar o veto, o êxtase e a felicidade romperam e ecoaram pelos corredores. Não havia lugar onde não se escutasse a voz do artista que cantava a pleno pulmões:"Se ocês pensa que nois fumo embora, nois enganemo vocêis, Fingimu qui fumo e vortemo, Ôi nóis aqui traveiz..." O protocolo foi quebrado e nunca Cidade Maravilhosa foi cantada com tamanha emoção no tremular da bandeira Nacional. Foi uma conquista não só do artista de Rua, mais de todo cidadão que vive nesta cidade, de todo humilde que está espalhado por suas ruas, sobrevivendo  e vivendo; foi uma vitoria do povo, pois todo artista está onde o seu povo está. 
Foi uma vitoria e apenas o primeiro passo para uma jornada que apenas começou, mas foi dado o primeiro passo e a nossa união, da sociedade civil no seu todo, tem que saber que continuaremos de prontidão, junto ao poder público, exercercendo nossa cidadania que é o de acompanhar todo o processo de regulamentação, pois cada linha, cada parágrafo, cada acento ou vírgula, tem que ser escrita em benefício do cidadão. O poder publico não produz arte publica, mas é  seu dever reconhecer sua importância. 
Quero parabenizar cada companheiro, cada amigo que esteve presente nessa luta, pois a conquista de hoje, fortalece e possibilita um novo futuro para os que virão depois de nós. Quero ressaltar a importância de termos o nosso mestre Amir Haddad, nosso  guerreiro de 75 anos de vida e 5.000 anos de Arte Publica, que nos iluminou e nos fez entender a importância da nossa função na cidade e no mundo. 
A rua pode respirar, é bom ver o malandro na praça, o palhaço, o acrobata, a vedete, o menino, o mágico, o cantor, todos ocupando os espaços públicos, todos estes brincantes  que se apresentam para toda a população, sem distinção de nenhuma espécie
A cidade ganhou, o povo ganhou, o Poder Publico ganhou e a Arte Pública triunfou.

OGUNHÊ

Herculano
Cordelista, dramaturgo, poeta, cronista, ator do Grupo Tá Na Rua
e eterno apaixonada pelo Rio de Janeiro



segunda-feira, 21 de maio de 2012

Conselheiros do CNPC enviam carta à Ministra da Cultura


Carta de Conselheiros do CNPC à Ministra da Cultura aponta problemas na participação social

Processo Eleitoral para a formação de Colegiados Setoriais é chave para a participação social nas políticas públicas de cultura e para o Plano Nacional de Cultura (PNC)

Conselheiros representantes de Segmentos Culturais no Plenário do Conselho Nacional de Política Cultural demandam providências à Ministra da Cultura, Ana de Hollanda, para corrigir a portaria (N. 51/2012), que estabelece o processo eleitoral para os Colegiados Setoriais do CNPC para o período de 2012 a 2014, e para concretizar a participação do atuais representantes na condução do processo.

Além da portaria citada possuir vários erros de datas, grafias e redação, o problema mais grave levantado pelos conselheiros signatários da carta diz respeito ao fato do conteúdo da portaria desconsiderar, alterar ou mesmo subverter completamente a proposta que foi discutida, votada e aprovada no Plenário do CNPC em sua 6ª Reunião Extraordinária.

Questões amplamente debatidas e aprovadas no CNPC, como a garantia de isonomia no tratamento a todas as áreas e segmentos culturais e a instalação de seus respectivos Colegiados Setoriais (Audiovisual e Museus ficam sem a transparência dos Colegiados Setoriais), a realização dos Fóruns Setoriais Estaduais prioritariamente de modo presencial, entre outros temas, não foram incluídas no texto da portaria oficial. Em seu lugar, foram incorporadas justamente as propostas que foram recusadas pela maioria dos membros do Conselho, configurando uma atitude que não se coaduna com os princípios da democracia e participação social que entendemos ser a base do novo modelo de Estado em construção no Brasil.

Em resumo: as propostas ignoradas ou alteradas foram exatamente aquelas defendidas e aprovadas pela maioria também dos representantes da sociedade civil no CNPC e as propostas, que a portaria legitimou, foram as mesmas que os representantes do Ministério defenderam e viram ser recusadas pelo mesmo plenário.

Os conselheiros solicitam na carta esclarecimentos sobre os motivos ou as justificativas do Ministério da Cultura para a não manutenção da integralidade da proposta discutida e aprovada pelo CNPC na referida portaria; bem como sobre a não comunicação oficial da mesma aos membros do CNPC, ou.em canais de comunicação do ministério, como sua página na internet, o blog do CNPC ou mesmo a plataforma virtual criada para esse processo.

Por fim, a carta dos conselheiros nos leva à pergunta: a que serve um novo processo eleitoral para convocar a participação da sociedade civil, se o fruto desta participação não é acatada pelo Ministério, suas secretarias e vinculadas.

LINKS
Carta à Ministra dos Conselheiros representantes de 17 dos 19 Segmentos Culturais (técnico-artísticos e patrimoniais) com assento no Plenário do CNPC.
http://teatroderuaeacidade.blogspot.com.br/2012/05/carta-para-ministra-da-cultura.html

Plenário do CNPC - Conselho Nacional de Política Cultural
http://www.cultura.gov.br/cnpc/plenario/

Portaria N. 51, de 2 de maio de 2012
Estabelece o processo eleitoral para os Colegiados Setoriais do Conselho Nacional de Política Cultural para o período de 2012 a 2014.
Diário Oficial da União N. 85, quinta-feira, 3 de maio de 2012, Seção 1

Regimento Interno do CNPC
http://www.cultura.gov.br/setoriais/blog/portaria-28-2010/

Decreto nº 5.520/2005, alterado pelo Decreto nº 6.973/2009
Institui o Sistema Federal de Cultura – SFC e dispõe sobre a composição e o funcionamento do Conselho Nacional de Política Cultural – CNPC do Ministério da Cultura, e dá outras providências.
http://www.cultura.gov.br/setoriais/blog/decreto-5520-2005/

Lei do PNC - Plano Nacional de Cultura
Lei nº 12.343/2010
Institui o Plano Nacional de Cultura – PNC, cria o Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais – SNIIC e dá outras providências.
http://www.cultura.gov.br/site/2011/05/26/plano-nacional-de-cultura-21/

Metas do PNC
http://www.cultura.gov.br/site/wp-content/uploads/2011/12/Vers%C3%A3o_Final_MetasPNC.pdf


A carta para a Ministra da Cultura

Sra. Ana de Hollanda
Ministra de Estado da Cultura
Presidente do Conselho Nacional de Política Cultural
 
Brasília, 17 de maio de 2012
 
 
Os Conselheiros do CNPC, representantes da Sociedade Civil, abaixo assinados, tomaram conhecimento da Portaria Ministerial nº 51, de 2 de maio de 2012, publicada no DOU de 3 de maio de 2012, em anexo, "que estabelece o processo eleitoral para os Colegiados Setoriais do Conselho Nacional de Política Cultura, para o período de 2012 a 2014", divulgada ao Colegiado Setorial de Culturas Populares pela Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural, não tendo sido realizada a divulgação da mesma aos Conselheiros por parte da Coordenação do CNPC e do Ministério da Cultura.
 
Do mesmo modo, também não fomos informados pelo Ministério da ativação da plataforma virtual criada especificamente para esse processo, que foi colocada no ar no dia 14 de maio de 2012, (ver o link http://www.cultura.gov.br/setoriais/ ), e que não contém a publicação da referida portaria que regulamenta todo o processo eleitoral. Isso provoca sérias dificuldades para a compreensão pelo público em geral do conjunto das normas e critérios estabelecidos pelo CNPC e pelo MinC em um longo e complexo processo de discussão e formulação.
 
Nos sites do MinC e do CNPC não foi publicada nenhuma notícia ou informação sobre essa portaria ou sobre o processo de eleição. Até o momento, apenas está visível o link para a plataforma virtual na página do Ministério. A questão deveria ser amplamente divulgada pelo Ministério conforme votado na 6ª Reunião Extraordinária do CNPC, realizada nos dias 28 e 29 de fevereiro de 2012, em Brasília, no entanto isso não está sendo feito, e nem mesmo os membros do CNPC, representantes da sociedade civil, foram informados pelo Ministério sobre a publicação da portaria.
 
Além disso, a portaria citada possui vários erros de datas, grafias e redação, o que exigiria uma imediata retificação da mesma por quem a publicou, a fim de evitar interpretações erradas pelo público. Apontamos, em anexo, alguns desses erros a serem corrigidos.
 
No entanto, o problema mais grave da portaria, a nosso ver, diz respeito menos com a forma de sua escrita e muito mais pelo conteúdo publicado, que desconsiderou, alterou o mesmo inverteu completamente o conteúdo da proposta que havia sido discutida, votada e aprovada no Plenário do CNPC em sua 6ª Reunião Extraordinária.
 
Questões amplamente debatidas e aprovadas no CNPC, como a garantia de isonomia no tratamento a todas as áreas e segmentos culturais e a instalação de seus respectivos Colegiados Setoriais, a realização dos Fóruns Setoriais Estaduais prioritariamente de modo presencial, entre outros temas, não foram incluídas no texto da portaria oficial. Em seu lugar, foram incorporadas justamente as propostas que foram recusadas pela maioria dos membros do Conselho, configurando uma atitude que não se coaduna com os princípios da democracia e participação social que entendemos ser a base do novo modelo de Estado em construção no Brasil. Ressaltamos aqui o fato das propostas ignoradas ou alteradas serem exatamente aquelas que foram defendidas e aprovadas pela maioria também dos representantes da sociedade civil no CNP C, e que as propostas que a portaria legitimou terem sido as mesmas que os representantes do Ministério defenderam e viram ser recusadas pelo mesmo plenário.
 
Outros pontos discutidos e aprovados pela plenária do CNPC na 6ª Reunião Extraordinária é a participação dos Colegiados Setoriais e Membros dos Grupos de Trabalho para Constituição de Colegiados inexistentes como membros natos dos Fóruns Nacional, fato que resultará em mais de 81 participantes por fórum; a representação dos estados se daria com um delegado ao fórum nacional se tivesse de cinco a quinze eleitores inscritos, dois delegados para trinta eleitores e três delegados para quarenta e cinco eleitores; a formação das comissões eleitorais, também deverão ser formadas por integrantes dos Grupos de Trabalhos quando não houver colegiados constituído.
 
Diante da situação descrita acima, considerando a importância desse processo para o fortalecimento e estruturação do Sistema Nacional de Cultura a partir dos princípios democráticos e republicanos que sempre defendemos, entendemos ser nosso dever e nosso direito, enquanto representantes da sociedade civil neste Conselho, solicitar os esclarecimentos necessários sobre as questões levantadas nesta carta, bem como pedimos a tomada de providências fundamentais para que o referido processo ocorra sem prejuízos quanto à participação da sociedade e dos segmentos culturais envolvidos.
 
Solicitamos esclarecimentos sobre os motivos ou as justificativas do Ministério da Cultura para a não divulgação da Portaria Ministerial nº 51, de 2 de maio de 2012, "que estabelece o processo eleitoral para os Colegiados Setoriais do Conselho Nacional de Política Cultura, para o período de 2012 a 2014", bem como sua não comunicação oficial aos membros do CNPC que representam os diversos segmentos culturais do país.
 
Solicitamos esclarecimentos sobre os motivos ou as justificativas para a não divulgação, por parte do Ministério da Cultura, do processo eleitoral para os Colegiados Setoriais do Conselho Nacional de Política Cultura em seus canais de comunicação, como sua página na internet, o blog do CNPC ou mesmo a plataforma virtual criada para esse processo.
 
Solicitamos esclarecimentos sobre os motivos ou as justificativas do Ministério da Cultura para a não manutenção, no texto da Portaria Ministerial nº 51, de 2 de maio de 2012, da integralidade da proposta discutida e aprovada pelo CNPC durante sua 6ª Reunião Extraordinária, realizada nos dias 28 e 29 de fevereiro de 2012, em especial os trechos que visavam garantir de isonomia no tratamento a todas as áreas e segmentos culturais e a instalação de seus respectivos Colegiados Setoriais, a realização dos Fóruns Setoriais Estaduais prioritariamente de modo presencial, entre outros temas.
 
Solicitamos também que sejam tomadas de imediato as seguintes providências:
1- Correção e publicação da referida portaria, com o reconhecimento e a inclusão na íntegra da proposta discutida e aprovada pelo plenário do CNPC em sua 6ª Reunião Extraordinária, e sua ampla divulgação pelo MinC por todos os meios disponíveis;
2- Publicação na página do Ministério, do CNPC e na plataforma virtual de textos de orientação sobre o processo eleitoral, com linguagem e formato mais acessível a todas as pessoas de todas as regiões do país, tendo por base o texto aprovado pelo CNPC na 6ª Reunião Extraordinária;
3- Instalação imediata da Comissão Organizadora Nacional e para conduzir o processo;
4- Convocação dos Colegiados Setoriais e dos GTs pró-Colegiados para a escolha dos representantes da sociedade civil de cada segmento em suas respectivas Comissões Eleitorais Setoriais.
 
Certos de que a execução das políticas públicas de cultura pelo Governo atual deve reconhecer a legítima participação da sociedade nas definições dessas políticas, esperamos ser atendidos em nossa solicitação.
Respeitosamente,

Alice Viveiros – Circo
Antônio Ferreira – Cultura Afrobrasileira
Charles Narloch - Artes Visuais
Devair Fiorotti - Museus
Dora Pankararu - Cultura Indígena
Du Oliveira - Música Erudita
Freddy Van Camp -Design
Heloísa Esser dos Reis - Arquivos
Isaac Loureiro - Culturas Populares
Ivan Ferraro - Música Popular
Jeferson Dantas Navolar – Arquitetura e Urbanismo
Marcos Olender – Patrimônio Material
Nilton Bobato - Leitura, Livro e Literatura
Patrícia Canetti - Arte Digital
Rosa Coimbra – Dança
Virgínia Lúcia Menezes – Teatro
Washington Queiroz - Patrimônio Imaterial



domingo, 20 de maio de 2012

Manifestação contra a promiscuidade entre o governo e os empresários e pela cultura como direito social

Trabalhadores e trabalhadoras da cultura fizeram manifestação no centro de São Paulo contra a promiscuidade entre o governo e os empresários e por arte e cultura como direitos sociais, por verba pública para arte pública e contra a renúncia fiscal. Em anexo fotos e manifesto.

São Paulo, 19 de maio de 2012.





ARTE E CULTURA SÃO DIREITOS

Há dez anos o Governo Federal responde com conversas evasivas e cafezinhos às propostas do Movimento de Teatro de Grupo de São Paulo.

As duas ocupações da FUNARTE, em 2009 e 2011, mostraram que chegou a hora de perder a paciência. 

Nossas propostas são claras e possíveis de serem realizadas: dinheiro público para cultura pública; programas de fomento e incentivo com regras democráticas e continuidade; orçamento à altura da importância social da arte e da cultura; participação da sociedade na definição e implementação da política cultural.

Agora, novamente, tentam nos empurrar um remendo da Lei Rouanet. O Projeto de Lei conhecido como Procultura mantém o mecanismo indecente da renúncia fiscal, que transfere recursos e competências da esfera pública para a privada.

Não bastasse, o alto escalão do Ministério da Cultura e o parlamentar responsável pela versão atual do Projeto, reúnem-se em um seminário privado na cidade de São Paulo. A inscrição para um dia de debates custa 350 reais.

É preciso organizar um autêntico fórum de discussão, com o conjunto dos interessados, para debater em profundidade uma nova política pública de cultura para o país. O Prêmio Teatro Brasileiro, reivindicação de uma década da categoria teatral, é um exemplo desta outra política. Ele deve ser aprovado em lei específica e não pode ser usado como isca, ou moeda de troca, vinculado ao Procultura.

Nós somos contra a promiscuidade entre o governo e os empresários. Arte e cultura são direitos sociais, não mercadorias.



Coletivos do Movimento de Teatro de Grupo de São Paulo.
São Paulo, 19 de maio de 2012.



A cidade para quem nela vive

A CIDADE PARA QUEM NELA VIVE

O dia 15 de maio já entrou para o trem da historia, pois na Casa do Grupo Tá Na Rua, situado na Lapa, em frente ao Largo da Lapa e dos Arcos, um dos muitos cartões postais da querida Cidade do Rio de Janeiro, tivemos a presença do Excelentíssimo Prefeito Eduardo Paes, que saiu do seu gabinete, em encontro por ele pedido, em gesto raro, para dialogar com os artistas populares que ocupam as praças da cidade maravilhosa, tornando-a mais alegre e colorida. Essa é a função do artista de rua, romper com as cinzas do cotidiano e trocar com a população, fazendo o público refletir e ver as possibilidades da cidade, do bairro, da rua onde o cidadão circula, mora, convive e vive. E ele veio para nos trazer uma resposta as nossas indagações sobre o porque de vetar o projeto de lei 931/2011 que protege o artista popular, aquele artista-cidadão que tem uma relação vertical com seu publico, cujo holofote é o sol e a rua o seu palco, sem paredes, sem verticalidade. A Arte Pública que agora se está discutindo, é um conceito novo, mas também antigo, pois o artista de rua é ancestral, a arte de rua é ancestral, presentes nas festividades do antigo Egito, nas feiras medievais, nas quermesses das nossas festa juninas. Tivemos a boa noticia, palavras proferidas pelo senhor prefeito, que iria falar com a sua bancada, se comprometendo, para votar contra o veto e derruba-la. Isso é bom, é uma vitoria da sociedade, é uma vitória da Arte Publica. Há muito estávamos sofrendo com a truculência da guarda municipal, impedindo o direito a expressão, impedindo a poesia, o colorido, coibindo a nossa liberdade.

Quando o artista, os grupos, ocupam as praças, estão fazendo uma declaração de amor a cidade. É legitimo e bom para o poder publico reconhecer a importância da arte pública, pois ela não é uma produção do poder publico, ela é feita por particulares, por indivíduos, cidadãos que vivem nesta cidade, que acompanham sua rotina e que deve ser protegida pelo poder publico, concedendo-lhe a liberdade das ruas e não permitindo que os cassetetes falem mais alto. Aprovar esta lei é dizer sim à vontade popular, pois ela foi baseada e escrita através de consultas na base, ou seja, o povo foi consultado. O cargo de vereador pertence ao povo e considero um dever que cada vereador vote contra o veto da lei, fazendo jus e a vontade do povo. Cabe a cada representante da Casa do Povo, a Câmara de Vereadores que respalde a confiança que foi depositada pela população para que suas necessidades, suas ansiedades, suas propostas, suas possibilidades sejam ouvidas e dialogadas. Votar a favor da Lei, para que ela seja sancionada é votar a favor de quem vive nesta maravilhosa cidade. O futuro  se faz no presente e reconhecer e legitimar a importância da Arte Pública é apontar para o futuro, para o moderno, pois o futuro se faz no presente. Termino cantando:

 "Rio de Janeiro,

Gosto de você,

Gosto de quem gosta

Deste céu,

Deste mar

Dessa gente feliz"

Herculano
cordelista, poeta, cronista e ator


sexta-feira, 18 de maio de 2012

TRABALHADORES DE CULTURA CONVIDAM PARA UM CAFÉ DE RUA OU ESCULACHO POPULAR.

CONVITE

TRABALHADORES DE CULTURA, EM ESPECIAL GRUPOS DE TEATRO DE SÃO PAULO CONVIDAM PARA UM IMPORTANTE:

CAFÉ DE RUA OU ESCULACHO POPULAR
PARA DISCUTIR O "PROCULTURA" NUM
"AMBIENTE CIVILIZADO" COM PALAVRAS DE ORDEM E "DISCUSSÃO QUALIFICADA"

DIA 19 DE MAIO (SÁBADO)
DAS 10 ÀS 13H
 
Que fique claro que não estamos com essa Manifestação de Rua e Popular com o intuito de desqualificar a atitude de qualquer entidade se organizar e elaborar suas proposições pro poder público, ação essa mais que legítima.
 
Este Café de Rua ou Esculacho Popular pretende discutir através de uma grande ASSEMBLÉIA PÚBLICA DE RUA sobre os acordos firmados e construídos durante mais de 8 anos que foram ignorados por esta administração que se comprometeu com a continuidade. É consenso publicado, desde a presidente Dilma ao presidente da FUNARTE Antônio Grassi, que são favoráveis a todas as nossas exigências. Tanta desfaçatez nos faz crer que o Estado é uma estrutura anti-popular e existe em função dos interesses do capital. Um governo que se diz de esquerda, deveria agradecer e fomentar a participação e mobilização popular que são a força motriz na construção de novos paradigmas sociais.
 
Posto isso, convocamos a todo(a)s os Trabalhadores das Artes em geral para este grande Ato.
 
Basta de renúncia fiscal na Cultura.
Contra a promiscuidade entre governo e empresários.
 
SI HAY RENÚNCIA
SOY CONTRA!
 
Todo trabalhador quando faz arte coloca o mundo às avessas.
 
Contra a política do coffee break:
Cafézinho popular.
 
Dia 19 de maio (Sábado) das 10 às 13h
Local: Na Rua Álvares Penteado 151
Centro de São Paulo
(Próximo ao Metrô Sé e São Bento)
Informações:  (11) 7294-9902 / 8121-6554 ou 7293-5387.
 
Nas proximidades do café / ato teremos as ilustres presenças de representantes do Ministério da Cultura, tais como o Deputado Pedro Eugênio (Atual relator do Procultura) e Secretário-Executivo do Ministério da Cultura Vitor Ortiz.
 
CADA PARTICIPANTES E OU MILITANTE DEVE LEVAR:
Uma xícara e um pires pro seu café.
 
COMO TAMBÉM SE COMPROMETER COM OS COMES E BEBES DO DIA, JÁ QUE TRATA-SE DE UMA DISCUSSÃO E CONSTRUÇÃO COLETIVA.
 
DICAS PRO CARDÁPIO:
Pães, bolos, biscoitos variados, torradinhas, manteiga, requeijão, geléias, açúcar, adoçante, achocolatado, chás, garrafas de café e água quente, frios (presunto, queijo, salame...), sucos, bombons, frutas, iogurte, achocolatado, patê, guardanapos e descartáveis (facas, garfos e pratos).
 
DOS GRUPOS E MOVIMENTOS TAMBÉM NECESSITAMOS:
Instrumentos musicais, tambores, apitos, mega-fones, caixas de som, faixas, estandartes e muita criatividade.
 
Compareça e junte-se a todo@s nós!
 
Por favor, ajudem na divulgação.
É muito importante que venham representantes de todos os grupos e estudantes das artes e culturas em geral.
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Que se diga, mais uma vez:
 
- O que se defende é uma política pública de Estado, e não apenas de governo, estabelecida em leis com regras claras e democráticas, e com orçamentos próprios, o que obrigaria os governos, como Poder Executivo, a executá-las. O que se defende é uma abertura para programas e não um programa único como o incentivo fiscal. O que se defende são leis – a serem construídas no tempo – e não uma lei única como o Procultura. O Prêmio Teatro Brasileiro é um projeto de lei desta natureza e foi entregue ao governo para que ele o encaminhasse ao Congresso Nacional como UM exemplo disso, a ser seguido por outros, e não como um programa único de teatro. Mas o governo finge que não entende isso e não toma nenhuma providência para encaminhá-lo ao Legislativo;
- O que se defende é um Fundo Nacional de Cultura, que não é programa mas um instrumento contábil para a ação dos governos, com orçamento e regras claras estabelecidas em leis; que seja administrado através de editais, que serão sempre refeitos e discutidos, tendo um caráter conjuntural, ao contrário dos programas acima, que têm caráter estrutural e estruturante, caráter de continuidade.
 
O diálogo foi mantido durante anos, nossas pautas continuam sendo dinheiro público para a arte pública. Estão amplamente apresentadas em nossos manifestos, anteriormente divulgados, e claramente organizadas em nossas propostas de leis também apresentadas aos órgãos que compõem o governo.
 
Aos representantes do  Estado exigimos impacientes que cumpram nossas exigências.