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quinta-feira, 24 de maio de 2012

Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro derruba veto do prefeito


HOJE SOU FELIZ

Maio, mês das mães, mês da noivas, mês da abolição da escravatura, e também passa a ser o Mês do Artista de Rua, pois este mês, precisamente o dia 22, está definitivamente marcado como o dia em que o artista popular pode sorrir, o sorriso doce da liberdade, pois foi sancionada em plenária, na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro, casa que pertence ao povo, a Lei 931/2011 que regulariza e protege o artista de rua, permintido-o se apresentar nos logradouros públicos da cidade, sem a truculência dos cassetetes da ordem pública e sem o aprisionamento da burocracia dos órgãos públicos. O Veto do Prefeito Eduardo Paes foi rejeitada e derrubada por maioria absoluta. Parabenizo o nosso incansável vereador Reimont, do Partido dos Trabalhadores, que escutou nossas ansiedades e aderiu a causa do artista público, pois a lei por ele escrita não foi invenção da sua cabeça, foi escrita em parceria com os artistas-cidadãos que atuam, se apresentam e modificam o cenário da cidade, tornando-a mais maravilhosa, mais cheias de canções, mais cheia de amores. Fez o que todo representante eleito  deve fazer, projetar leis a partir da sociedade, escutando o cidadão carioca. O artista popular está em sintonia com os espaços públicos e com a população, pois sua relação é totalmente horizontal. Na casa do poder público, onde decisões são tomadas em benefício da sociedade, geralmente cinzenta em suas discussões, vimos os senhores e senhoras vereadores sorrirem ao verem as galerias, coloridas com os trapos da fantasia e a figura mítica do palhaço, dando um ar alegre e feliz.  Quando no painel eletrônico apontou os 26 votos necessários para derrubar o veto, o êxtase e a felicidade romperam e ecoaram pelos corredores. Não havia lugar onde não se escutasse a voz do artista que cantava a pleno pulmões:"Se ocês pensa que nois fumo embora, nois enganemo vocêis, Fingimu qui fumo e vortemo, Ôi nóis aqui traveiz..." O protocolo foi quebrado e nunca Cidade Maravilhosa foi cantada com tamanha emoção no tremular da bandeira Nacional. Foi uma conquista não só do artista de Rua, mais de todo cidadão que vive nesta cidade, de todo humilde que está espalhado por suas ruas, sobrevivendo  e vivendo; foi uma vitoria do povo, pois todo artista está onde o seu povo está. 
Foi uma vitoria e apenas o primeiro passo para uma jornada que apenas começou, mas foi dado o primeiro passo e a nossa união, da sociedade civil no seu todo, tem que saber que continuaremos de prontidão, junto ao poder público, exercercendo nossa cidadania que é o de acompanhar todo o processo de regulamentação, pois cada linha, cada parágrafo, cada acento ou vírgula, tem que ser escrita em benefício do cidadão. O poder publico não produz arte publica, mas é  seu dever reconhecer sua importância. 
Quero parabenizar cada companheiro, cada amigo que esteve presente nessa luta, pois a conquista de hoje, fortalece e possibilita um novo futuro para os que virão depois de nós. Quero ressaltar a importância de termos o nosso mestre Amir Haddad, nosso  guerreiro de 75 anos de vida e 5.000 anos de Arte Publica, que nos iluminou e nos fez entender a importância da nossa função na cidade e no mundo. 
A rua pode respirar, é bom ver o malandro na praça, o palhaço, o acrobata, a vedete, o menino, o mágico, o cantor, todos ocupando os espaços públicos, todos estes brincantes  que se apresentam para toda a população, sem distinção de nenhuma espécie
A cidade ganhou, o povo ganhou, o Poder Publico ganhou e a Arte Pública triunfou.

OGUNHÊ

Herculano
Cordelista, dramaturgo, poeta, cronista, ator do Grupo Tá Na Rua
e eterno apaixonada pelo Rio de Janeiro



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