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quinta-feira, 20 de março de 2014

BOLETIM INFORMATIVO FÓRUM DE ARTE PÚBLICA Data: 17 de Março

Oitavo encontro do Fórum dentro do projeto Arte Pública.

Começamos este encontro com o Amir apresentando Hamilton, artista que escreveu de quadrinhos, uma história sobre São Jorge. Como Amir narrou, não existe um santo tão público como ele, é uma invenção do povo. "Um Deus só existe enquanto tem seguidores que o adorem. Quem aqui reza para Zeus? Diana? Para o semideus Hércules. Jesus Cristo é um semideus, tem quem o adore e o respeite... Ogum é representante dos orixás... Yansã é orixá poderosa, o panteão afro brasileiro está vivo. Mas se não tiverem mais nenhum adorador, morre... É isso que os evangélicos fazem, atacam os seguidores dos santos, justamente para acabar com os santos, com os orixás... Na hora que não tiver nenhum adorador, a religião afro desaparece e estaremos rezando para um deus protestante branco. Monoteísmo exacerbado é a pior coisa do ser humano... Jéová, Deus, Alá... É soja transgênica... Só existem deuses que mantém seus adoradores... São Jorge foi assim... O Papa falou que o Santo estava morto, que não tinha nada que comprovasse sua existência... São Jorge está vivo no coração do povo. Ele não tem o respaldo como outros santos, como São Pedro, Santo Antônio... O Papa decretou sua morte e ele não morreu, porque tem quem o adore. São Jorge está vivo... Nossa arte como São Jorge está viva. O mercado exclui uma parte enorme da população... Nós os absorvermos para o nosso convívio. Somos muito parecidos como São Jorge... São Jorge é protetor de quem não tem proteção... Por isso o Papalorixá o consagrou como protetor da Arte Pública."

Falamos então que no dia 23 de Abril, depois de uma semana após a apoteose do projeto, comemorar o dia da Arte Pública na data dedicada ao santo guerreiro, com muito samba e feijoada. Será a primeira atividade do Fórum fora do projeto de Arte Pública. Acaba o dinheiro, mas como foi dito, a gente continua. E é um bom dia para comemorar, pois a cidade estará festejando o seu padroeiro não oficial.

Amir: "Esses encontros tem sido muito legais, de fortalecimento. Não houve nenhuma generosidade do poder público, da secretária de cultura... Foi uma atitude do prefeito... A primeira emoção do Tá Na Rua foi ter saído nos jornais, não na pagina de cultura, nas páginas policiais, atores detidos pela polícia em Madureira. Estamos trabalhando na veia da cidade, não estamos nos exibindo... Nós fazemos divulgação de cima para baixo... Optamos para que a divulgação se alastrasse, como uma peste. Tem que ser de baixo para cima e de dentro para fora. O que vem a tona é o sistema ideológico que esse mundo permite... Pensamos um outro mundo, este está acabando e precisamos pensar propostas para o outro mundo, novo... A arte é a perfeita organização entre o público e o privado e nos garante um momento de utopia com um bom espetáculo... O público é visto da pior forma possível... O que é público não é bom... saúde pública, transporte público, banheiro público... O que é bom é fechado em si mesmo... O que é coletivo para todos é difícil de se desenvolver em um mundo capitalista. É necessário a reconstrução da harmonia entre o público e o privado..."

André, Boa Praça: "Amir, você me fez pensar... O público está entendendo. Ás 17h, as crianças saem da escola, com as suas mães, com os seus lanches e vão para a praça ver os espetáculos... É uma pequena sementinha... Com nove, dez anos, será publico cativo... No espetáculo do Leo, na ultima cena começou a chover... Ficou aquele vou embora ou não vou... Tinha muito desejo de ficar, até o Leo falar  gente, vão se proteger..."

Aproveitamos para lembrar que a apoteose do projeto acontecerá na segunda, dia 14 de abril. Próximo do dia, saberemos melhor o horário e se fazemos na lapa ou na Cinelândia.




Depoimentos:

Danilo, palhaço retratista: "Há dois anos não ia para a rua... Quando me chamaram, não pensei, fui. Antes de ir para a rua, eu me maquiava em um apartamento e saia. Quando vi o Tá Na rua, me maquiei na praça, em contato com o público..."

Sergio Biff, Teatro de Lambe Lambe: "É bom que a gente começa a ver outros trabalhos, não se sente só e começa a trocar, a participar mais do seu trabalho e dos outros..."

Teresa Moulin: "Pertenci ao Tá Na Rua durante seis anos... Comecei a querer retornar, me juntar com algumas pessoas e vim aqui para entender e conhecer melhor o projeto... Pertencer a alguma coisa é fundamental, é ruim ser solitário..."

Paulo Rafael: "Fui do Tá Na Rua e eu acho que pertenço á escola... Foi muito boa minha experiência na Praça Tiradentes... Em 1989 criamos um grupo pela necessidade de investigar a linguagem... Eu e o Godo ocupamos o Largo do Guimarães, nunca deixamos de fazer, mas timidamente... Quero parabenizar o evento da quinta feira..."

Zé Adriano, sanfoneiro: "Eu gosto de estar aqui e gostaria que os outros estivessem aqui com alegria tocando esse projeto..."

André, Boa Praça: "Quando o Seu Adriano foi na Saens Peña , teve uma barraqueira que, ouvindo a sanfona dele, disse que em quarenta anos aquele "foi o dia mais feliz da minha vida"..."

Caminhando para o encerramento, Amir pergunta para o Seu Adriano quando começou a tocar Sanfona. E seu Adriano respondeu: "Toco desde os cinco anos. Meu pai tinha dito que o primeiro filho que nascesse, ia aprender a tocar... Eu fui o privilegiado, só que eu era muito arteiro, né? Só queria brincar, fazer peraltices, até que um dia, vi o instrumento no armário, peguei e toquei minha primeira música. Quando meu pai chegou da rua, perguntou o que eu tava fazendo, ai eu falei para ele que tava tocando aquele troço do armário... Ele começou a me levar junto e eu tocava sentado no colo dele..."

E com essas palavras Seu Adriano pós sua sanfona para cantar e sua sanfona cantou xote. Cantou ciranda:


Ciranda da Rosa Vermelha

Teu beijo doce
Tem sabor do mel da cana.
Sou tua ama, tua escrava,
Meu amor.
Sou tua cana, teu engenho, teu moinho;
Tu és feito um passarinho
Que se chama beija-flor.
Sou tua cana, teu engenho, teu moinho;
Tu és feito um passarinho
Que se chama beija-flor.

Sou rosa vermelha,
Ai! Meu bem querer.
Beija-flor, sou tua rosa
E hei de amar-te até morrer.

Sou rosa vermelha,
Ai! Meu bem querer.
Beija-flor, sou tua rosa
E hei de amar-te até morrer.

Quando tu voas
Prá beijar as outras flores,
Eu sinto dores,
Um ciúme e um calor,
Que toma o peito, o meu corpo
E invade a alma.
Só meu beija-flor acalma
Tua escrava, meu senhor.
Que toma o peito, o meu corpo
E invade a alma.
Só meu beija-flor acalma
Tua escrava, meu senhor.

Sou rosa vermelha
Ai! Meu bem querer.
Beija-flor, sou tua rosa
E hei de amar-te até morrer.

Sou rosa vermelha
Ai! Meu bem querer.
Beija-flor, sou tua rosa
E hei de amar-te até morrer.


Cantou Funk:


Era Só mais um silva

Todo mundo devia nessa história se ligar
Porque tem muito amigo que vai para o baile dançar
Esquecer os atritos, deixar a briga pra lá
E entender o sentido quando o DJ detonar (solta o rap DJ)

Era só mais um Silva que a estrela não brilha
Ele era funkeiro, mas era pai de família
É só mais um Silva que a estrela não brilha
Ele era funkeiro, mas era pai de família

Era um domingo de sol, ele saiu de manhã
Pra jogar seu futebol, deu uma rosa pra irmã
Deu o beijo das crianças, prometeu não demorar
Falou pra sua esposa que ia vir pra almoçar

Mas era só mais um Silva que a estrela não brilha
Ele era funkeiro, mas era pai de família
É só mais um Silva que a estrela não brilha
Ele era funkeiro, mas era pai de família

Era trabalhador, pegava o trem lotado
Tinha boa vizinhança, era considerado
E todo mundo diziam que era um cara maneiro
Outros o criticavam porque ele era funkero
O funk não é motivo, é uma necessidade
É pra calar os gemidos que existem nessa cidade

Todo mundo devia nessa história se ligar
Porque tem muito amigo que vai pro baile dançar
Esquecer os atritos, deixar a briga pra lá
E entender o sentido quando o DJ detonar

Era só mais um Silva que a estrela não brilha
Ele era funkeiro, mas era pai de família
É só mais um Silva que a estrela não brilha
Ele era funkeiro, mas era pai de família

E anoitecia, ele se preparava
É pra curtir o seu baile que em suas veia rolava
Foi com a melhor camisa, tênis que comprou suado
E bem antes da hora, ele já estava arrumado
Se reuniu com a galera, pegou o bonde lotado
Os seus olhos brilhavam, ele estava animado
Sua alegria era tanta ao ver que tinha chegado
Foi o primeiro a descer e por alguns foi saudado

Mas naquela triste esquina, um sujeito apareceu
Com a cara amarrada, sua alma estava um breu
Carregava um ferro em uma de suas mãos
Apertou o gatilho sem dar qualquer explicação
E o pobre do nosso amigo, que foi pro baile curtir
Hoje com sua família ele não irá dormir

Porque era só mais um Silva que a estrela não brilha
Ele era funkeiro, mas era pai de família
É só mais um Silva que a estrela não brilha
Ele era funkeiro, mas era pai de família

Naquela triste esquina, um sujeito apareceu
Com a cara amarrada, sua alma estava um breu
Carregava um ferro em uma de suas mãos
Apertou o gatilho sem dar qualquer explicação
E o pobre do nosso amigo, que foi pro baile curtir
Hoje com sua família ele não irá dormir

Porque era só mais um Silva que a estrela não brilha
Ele era funkeiro, mas era pai de família
É só mais um Silva que a estrela não brilha
Ele era funkeiro, mas era pai de família

Era só mais um Silva que a estrela não brilha
Ele era funkeiro, mas era pai de família
É só mais um Silva que a estrela não brilha
Ele era funkeiro, mas era pai de família

Era só mais um Silva que a estrela não brilha
Ele era funkeiro, mas era pai de família
É só mais um Silva que a estrela não brilha


Ela é Top

Deixa ela passar, não olha nem mexe..
Rá ela é terrível !

Ela não anda, ela desfila
Ela é top, capa de revista
É a mais mais, ela arrasa no look
Tira foto no espelho pra postar no facebook.

Onde ela chega rouba a cena deixa os moleques babando
Na porta do pico arruma buchicho e as invejosas xingando
Baladeira de oficio não gosta de compromisso
Encanta com seu jeitinho ela não é de ninguém
Mas é chegada num lancinho

Quando chega no baile ela é atração
Fica descontrolada ao som do tamborzão
De vestido coladinho ela desce até o chão

Rá ela é terrível !

Ela não anda, ela desfila
Ela é top, capa de revista
É a mais mais, ela arrasa no look
Tira foto no espelho pra postar no facebook.

Deixa ela passa, não olha nem mexe

Onde ela chega rouba a cena deixa os moleques babando
Na porta do pico arruma buchicho e as invejosas xingando
Baladeira de oficio não gosta de compromisso
Encanta com seu jeitinho ela não é de ninguém
Mais é chegada num lancinho

Quando chega no baile ela é atração
Fica descontrolada ao som do tamborzão
De vestido coladinho ela desce até o chão

Rá ela é terrível !

Ela não anda, ela desfila
Ela é top, capa de revista
É a mais mais, ela arrasa no look
Tira foto no espelho pra postar no facebook.

Rá ela é terrível !



Cantou melodias espanholas e encerrou o dia cantando o nosso salmo:


"Não sou eu quem me navega, quem me navega é o mar.

É ele que me carrega, como nem fosse levar"



Termino lembrando que este é um boletim informativo, não é ata, que escrevo a partir das minhas anotações. Está aberto para correções, acréscimos e observações.


Herculano Dias

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