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domingo, 15 de junho de 2014

BOLETIM INFORMATIVO FÓRUM DE ARTE PÚBLICA DATA: 26 DE MAIO DE 2014

Foi um encontro breve, onde pontos foram levantados e abordados de maneia sucinta, já que tínhamos começado com atraso o fórum devido á reunião anterior que, de certa maneira, tem a ver com o fórum, já que em setembro, no Hotel da Loucura, no Engenho de Dentro, a cidade do Rio de Janeiro estará recebendo a Rede Brasileira de Teatro de Rua em seu XV Encontro no evento Ocupa Nise, junto com o 4° Congresso da UPAC – Universidade Popular de Arte e Ciência.

Carta Documento:
Amir abriu o fórum lendo um rascunho da carta documento que pretende entregar ao Prefeito Eduardo Paes na reunião marcada para o dia 13 de Junho, falando sobre os três meses do projeto Arte Pública, nossas vivências e a necessidade que experimentamos para que pudéssemos elaborar sugestões para uma autêntica política pública para as artes públicas:
“SUBSÍDIOS PARA UMA POLÍTICA PÚBLICA PARA AS ARTES PÚBLICAS




– INTRODUÇÃO –



Por reconhecer a existência de uma outra possibilidade artística na cidade, e por haver comprovado esta existência concretamente durante os 3 (três) meses nos quais realizamos nossos encontros públicos, em busca de subsídios para construção de um pensamento para Políticas Públicas para as Artes Públicas é que nos sentimos agora mais que autorizados, nos sentimos capacitados para realizar a tarefa que nos tínhamos proposto; A partir de um projeto inicial, apresentar à prefeitura no melhor tempo possível, subsídios importantes obtidos pela militância de quatro grupos de artistas públicos desta cidade em 6 (seis) praças centrais durante 3 (três) meses, com mais de 600 (seiscentas) apresentações e 750(setecentos e cinqüenta) grupos ou artistas públicos ou de rua cadastrados. Uma cifra surpreendente, de uma diversidade inimaginável; e que seria ainda maior, e será, se e quando o evento  puder ser levado a outras regiões da área metropolitana da cidade do Rio de Janeiro. A possibilidade da emergência de uma livre manifestação artística para todo o aparato e o convívio urbanos, se confirmou além de nossas expectativas.

         E também foram além, as questões a respeito de estabelecer políticas públicas para o fortalecimento, proteção e desenvolvimento destas atividades, que muitas vezes não vêem á tona, exatamente por falta de, apóio, estímulo, proteção ou reconhecimento!!

         O universo manifestado se mostrou mais diverso e complexo do que imaginávamos.  À medida que as apresentações revelam sua diversidade e complexidade, as questões em relação a elas também se multiplicam.

 O que é público? O que é privado? O que é arte pública? E artista público?

É o mesmo que arte privada, ou artista privado?

Espaço público é espaço privado? 

O alcance do espetáculo público, seus limites.  O futuro das artes públicas.  Linguagens.  Linguagem pública?  Linguagem privada? Perspectivas históricas, vaticínios, profecias e utopias. 


Como responder a tantas questões, muitas delas nunca dantes formuladas em nenhuma parte deste mundo, e a maior parte delas ainda sem respostas, pois só agora começam a ser formuladas como resposta a elas mesmas,  ao momento histórico que vivemos no Rio, no Brasil ou no Planeta.  Num mundo de privatizações exacerbadas qual será a possibilidade dialética de confrontá-lo com outra proposta, que seja oposta a ele e seus interesses.  Que estrelas poderão nascer do entrechoque dessas duas tendências tão fortes e arraigadas à natureza humana, e tantas vezes em desequilíbrio.  Ou tudo coletivo, público. Ou tudo individual. Privado. Privatizado. Choque necessário e inevitável.  É bom lembrar que estamos falando de interesses e não do poder público, que muitas vezes representa apenas os interesses privados.

Todas as questões e tantas questões que não temos, e nem teremos, todas as respostas, mas sua variedade, diversidade e complexidade justificam, por sua importância a criação de políticas públicas para estes artes que estamos chamando de Artes Públicas.

Elas existem, são fortes, poderosas, contemporâneas e se estimuladas poderão surpreender e transformar os nossos paradigmas a respeito da arte, cultura, produto cultural, mercado, vida cultural. Valerá à pena investir, pois é um veio rico e misterioso, ainda inexplorado, esperando pacientemente que o ser humano se volte para esse lado, desobstruindo mais um canal importante de nossos afetos contribuindo para a educação dos homens, criando cidadãos capazes de sobreviver à débâcle que parece inevitável, e que saberão renascer das cinzas do Apocalipse com um novo sentido de convívio humano. Precisamos desde já estamos preparados para isso.  “Ave Cᴂsar, morituri te salutamus”.  Quem sobreviver, verá! 

Seguem as sugestões.


Amir Haddad”


Amir termina a leitura e pergunta o que achamos da carta. Todos os presentes gostaram do conteúdo escrito. Amir falou que ainda não estava terminada, que precisava de nova revisão e que ainda faltava acrescentar as sugestões e observações levantadas pelas curadorias em três meses de intenso trabalho nas seis praças onde o projeto foi executado. Também foi avaliado que o dia da reunião não poderia ser o melhor: em uma sexta feira 13, dia de Santo Antônio. Também será entregue em mãos o relatório do Projeto com os relatos, boletins e relatórios das curadorias sobre os três meses de atividades nas praças onde tivemos 600 apresentações de artistas e grupos públicos e 760 cadastrados no evento. Entregaremos também uma cópia para o Secretário de Cultura do município para que fique ciente do que conseguimos realizar e o que podemos fazer mais ainda.

Carlos Gomes:
Também foi informado do encontro marcado no Teatro Carlos Gomes pelo Secretário de Cultura Sergi Sá Leitão, onde a Secretária Municipal de Cultura fez um relato da prestação de contas das suas realizações, comunicando sobre:
- Prestação de contas do orçamento do ano anterior;
- Sobre o orçamento deste ano;
- Os projetos contemplados pelo Programa Cultura Viva;
- Os projetos agraciados como pontos de cultura (Programa Federal abarcado pelo município),  
- Sobre o Edital do ISS;
- Sobre os programas dos Pontos de Cultura que abrirão;
- Sobre os projetos realizados que teriam continuidade sem a necessidade de passar por editais, subvencionados com verba direta.
Foi comentado que este encontro no Carlos Gomes não teve quase nenhuma divulgação, convites foram enviados online um dia antes e que estiveram presentes mais produtores do que artistas. Herculano, do Tá Na Rua, que foi no encontro, informou que o Secretário usou termos, frases e pensamentos desenvolvidos e proferidos pelo Amir nos encontros de Arte pública.
Brizola:
Falamos também sobre a Revista Caros Amigos que neste mês publicou um longo e ótimo artigo sobre Leonel de Moura Brizola, desenhando sua trajetória e de como a política neoliberal fez de tudo para apagar o seu legado histórico e de como contribui para a sua morte. Os candidatos ao Governo do Estado do Rio de Janeiro comentam e tem descrito em suas planilhas de campanha da necessidade da Escola ser em tempo integral e com número previsto de alunos para cada turma, o que não é nada novo, pois está era a política pública educacional aplicada nos Centros Integrados de Educação Pública – CIEPs – construídos pelo então Governador Brizola e que foram praticamente desestabilizados e abandonados pelo Sr. Moreira Franco quando assumiu o comendo do Estado. Como dito “ficamos privados da memória por causa da política neoliberal (Amir Haddad)” e agora estas memórias estão vindo á tona.
Os neoliberais querem tudo para si, não tem nenhuma responsabilidade social, devoram o que podem. Durante o governo FHC queriam privatizar a Petrobrás, não conseguiram. Queriam privatizar o Banco do Brasil e também não conseguiram. A Petrobrás foi sucateada para que fosse vendida e agora que ela voltou a dar lucro e agora o que estão fazendo atualmente? Provocam uma nova desestabilização com intuitos eleitorais. Criam o caos. Nossa economia cresceu mais do que a Alemanha, mas dizem que o Brasil está um caos. A direita deste país comeu tudo o que podia e ainda quer mais. Não a toa, memórias iminentes como a de Brizola voltam a serem disseminadas, pois tem seu valor e contribuição histórica.

Continuidade:
Perguntamos o que teria sido o futuro atual se as obras educacionais dos Cieps tivessem tido sua continuidade. Segundo avaliamos, teríamos tido avanço, mas não era isso que interessava ao modelo político da época. Vimos como é importante a continuidade de um bom projeto assim como é bom saber que podemos dar continuidade ao Projeto Arte Pública e da elaboração de Políticas Públicas para as Artes Públicas. Mas para isso verificamos que temos que nos perguntar: qual continuidade? Avançamos no conceito, na teoria e tivéssemos a prática. Agora temos que rever e ver como mantemos essa continuidade. “Não pode ser o mesmo e não devemos permitir que seja o mesmo... Nós não somos os mesmos depois que realizamos o projeto... (Amir Haddad)” Por isso a necessidade de cada curadoria contribuir e enviar suas sugestões. O relatório e a carta que serão entregues ao Prefeito é só o inicio do que começamos e como diz a canção, o “nosso salmo”:
“Não sou eu quem me navega,
Quem me navega é o Mar...”
Como sempre, termino informando que está não é uma ata, mas um boletim escrito a partir das anotações feitas durante os encontros do Fórum e que estão abertas para correções, observações e acréscimos.


Herculano Dias

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