Foi um encontro
breve, onde pontos foram levantados e abordados de maneia sucinta, já que
tínhamos começado com atraso o fórum devido á reunião anterior que, de certa
maneira, tem a ver com o fórum, já que em setembro, no Hotel da Loucura, no
Engenho de Dentro, a cidade do Rio de Janeiro estará recebendo a Rede
Brasileira de Teatro de Rua em seu XV Encontro no evento Ocupa Nise, junto com
o 4° Congresso da UPAC – Universidade Popular de Arte e Ciência.
Carta Documento:
Amir abriu o
fórum lendo um rascunho da carta documento que pretende entregar ao Prefeito
Eduardo Paes na reunião marcada para o dia 13 de Junho, falando sobre os três
meses do projeto Arte Pública, nossas vivências e a necessidade que
experimentamos para que pudéssemos elaborar sugestões para uma autêntica
política pública para as artes públicas:
“SUBSÍDIOS PARA UMA POLÍTICA
PÚBLICA PARA AS ARTES PÚBLICAS
– INTRODUÇÃO –
Por
reconhecer a existência de uma outra possibilidade artística na cidade, e por
haver comprovado esta existência concretamente durante os 3 (três) meses nos
quais realizamos nossos encontros públicos, em busca de subsídios para
construção de um pensamento para Políticas Públicas para as Artes Públicas é
que nos sentimos agora mais que autorizados, nos sentimos capacitados para
realizar a tarefa que nos tínhamos proposto; A partir de um projeto inicial,
apresentar à prefeitura no melhor tempo possível, subsídios importantes obtidos
pela militância de quatro grupos de artistas públicos desta cidade em 6 (seis)
praças centrais durante 3 (três) meses, com mais de 600 (seiscentas)
apresentações e 750(setecentos e cinqüenta) grupos ou artistas públicos ou de
rua cadastrados. Uma cifra surpreendente, de uma diversidade inimaginável; e
que seria ainda maior, e será, se e quando o evento puder ser levado a outras regiões da área
metropolitana da cidade do Rio de Janeiro. A possibilidade da emergência de uma
livre manifestação artística para todo o aparato e o convívio urbanos, se
confirmou além de nossas expectativas.
E também foram além, as questões a
respeito de estabelecer políticas públicas para o fortalecimento, proteção e
desenvolvimento destas atividades, que muitas vezes não vêem á tona, exatamente
por falta de, apóio, estímulo, proteção ou reconhecimento!!
O universo manifestado se mostrou mais
diverso e complexo do que imaginávamos.
À medida que as apresentações revelam sua diversidade e complexidade, as
questões em relação a elas também se multiplicam.
O que é público? O que é privado? O que é arte
pública? E artista público?
É
o mesmo que arte privada, ou artista privado?
Espaço
público é espaço privado?
O
alcance do espetáculo público, seus limites.
O futuro das artes públicas.
Linguagens. Linguagem
pública? Linguagem privada? Perspectivas
históricas, vaticínios, profecias e utopias.
Como
responder a tantas questões, muitas delas nunca dantes formuladas em nenhuma
parte deste mundo, e a maior parte delas ainda sem respostas, pois só agora
começam a ser formuladas como resposta a elas mesmas, ao momento histórico que vivemos no Rio, no
Brasil ou no Planeta. Num mundo de
privatizações exacerbadas qual será a possibilidade dialética de confrontá-lo
com outra proposta, que seja oposta a ele e seus interesses. Que estrelas poderão nascer do entrechoque
dessas duas tendências tão fortes e arraigadas à natureza humana, e tantas
vezes em desequilíbrio. Ou tudo coletivo,
público. Ou tudo individual. Privado. Privatizado. Choque necessário e
inevitável. É bom lembrar que estamos
falando de interesses e não do poder público, que muitas vezes representa
apenas os interesses privados.
Todas
as questões e tantas questões que não temos, e nem teremos, todas as respostas,
mas sua variedade, diversidade e complexidade justificam, por sua importância a
criação de políticas públicas para estes artes que estamos chamando de Artes
Públicas.
Elas
existem, são fortes, poderosas, contemporâneas e se estimuladas poderão
surpreender e transformar os nossos paradigmas a respeito da arte, cultura,
produto cultural, mercado, vida cultural. Valerá à pena investir, pois é um
veio rico e misterioso, ainda inexplorado, esperando pacientemente que o ser
humano se volte para esse lado, desobstruindo mais um canal importante de
nossos afetos contribuindo para a educação dos homens, criando cidadãos capazes
de sobreviver à débâcle que parece inevitável, e que saberão renascer das
cinzas do Apocalipse com um novo sentido de convívio humano. Precisamos desde
já estamos preparados para isso. “Ave Cᴂsar,
morituri te salutamus”. Quem sobreviver,
verá!
Seguem
as sugestões.
Amir
Haddad”
Amir termina
a leitura e pergunta o que achamos da carta. Todos os presentes gostaram do
conteúdo escrito. Amir falou que ainda não estava terminada, que precisava de
nova revisão e que ainda faltava acrescentar as sugestões e observações
levantadas pelas curadorias em três meses de intenso trabalho nas seis praças
onde o projeto foi executado. Também foi avaliado que o dia da reunião não
poderia ser o melhor: em uma sexta feira 13, dia de Santo Antônio. Também será
entregue em mãos o relatório do Projeto com os relatos, boletins e relatórios
das curadorias sobre os três meses de atividades nas praças onde tivemos 600
apresentações de artistas e grupos públicos e 760 cadastrados no evento.
Entregaremos também uma cópia para o Secretário de Cultura do município para
que fique ciente do que conseguimos realizar e o que podemos fazer mais ainda.
Carlos Gomes:
Também foi
informado do encontro marcado no Teatro Carlos Gomes pelo Secretário de Cultura
Sergi Sá Leitão, onde a Secretária Municipal de Cultura fez um relato da
prestação de contas das suas realizações, comunicando sobre:
- Prestação
de contas do orçamento do ano anterior;
- Sobre o
orçamento deste ano;
- Os
projetos contemplados pelo Programa Cultura Viva;
- Os
projetos agraciados como pontos de cultura (Programa Federal abarcado pelo
município),
- Sobre o
Edital do ISS;
- Sobre os
programas dos Pontos de Cultura que abrirão;
- Sobre os
projetos realizados que teriam continuidade sem a necessidade de passar por
editais, subvencionados com verba direta.
Foi
comentado que este encontro no Carlos Gomes não teve quase nenhuma divulgação,
convites foram enviados online um dia antes e que estiveram presentes mais
produtores do que artistas. Herculano, do Tá Na Rua, que foi no encontro,
informou que o Secretário usou termos, frases e pensamentos desenvolvidos e
proferidos pelo Amir nos encontros de Arte pública.
Brizola:
Falamos
também sobre a Revista Caros Amigos que neste mês publicou um longo e ótimo artigo
sobre Leonel de Moura Brizola, desenhando sua trajetória e de como a política
neoliberal fez de tudo para apagar o seu legado histórico e de como contribui
para a sua morte. Os candidatos ao Governo do Estado do Rio de Janeiro comentam
e tem descrito em suas planilhas de campanha da necessidade da Escola ser em
tempo integral e com número previsto de alunos para cada turma, o que não é
nada novo, pois está era a política pública educacional aplicada nos Centros
Integrados de Educação Pública – CIEPs – construídos pelo então Governador
Brizola e que foram praticamente desestabilizados e abandonados pelo Sr.
Moreira Franco quando assumiu o comendo do Estado. Como dito “ficamos
privados da memória por causa da política neoliberal (Amir Haddad)”
e agora estas memórias estão vindo á tona.
Os
neoliberais querem tudo para si, não tem nenhuma responsabilidade social,
devoram o que podem. Durante o governo FHC queriam privatizar a Petrobrás, não
conseguiram. Queriam privatizar o Banco do Brasil e também não conseguiram. A
Petrobrás foi sucateada para que fosse vendida e agora que ela voltou a dar
lucro e agora o que estão fazendo atualmente? Provocam uma nova
desestabilização com intuitos eleitorais. Criam o caos. Nossa economia cresceu
mais do que a Alemanha, mas dizem que o Brasil está um caos. A direita deste
país comeu tudo o que podia e ainda quer mais. Não a toa, memórias iminentes
como a de Brizola voltam a serem disseminadas, pois tem seu valor e
contribuição histórica.
Continuidade:
Perguntamos
o que teria sido o futuro atual se as obras educacionais dos Cieps tivessem
tido sua continuidade. Segundo avaliamos, teríamos tido avanço, mas não era
isso que interessava ao modelo político da época. Vimos como é importante a
continuidade de um bom projeto assim como é bom saber que podemos dar
continuidade ao Projeto Arte Pública e da elaboração de Políticas Públicas para
as Artes Públicas. Mas para isso verificamos que temos que nos perguntar: qual
continuidade? Avançamos no conceito, na teoria e tivéssemos a prática. Agora
temos que rever e ver como mantemos essa continuidade. “Não pode ser o mesmo e não
devemos permitir que seja o mesmo... Nós não somos os mesmos depois que
realizamos o projeto... (Amir Haddad)” Por isso a necessidade de cada
curadoria contribuir e enviar suas sugestões. O relatório e a carta que serão
entregues ao Prefeito é só o inicio do que começamos e como diz a canção, o
“nosso salmo”:
“Não sou eu
quem me navega,
Quem me
navega é o Mar...”
Como sempre,
termino informando que está não é uma ata, mas um boletim escrito a partir das
anotações feitas durante os encontros do Fórum e que estão abertas para
correções, observações e acréscimos.
Herculano Dias
Nenhum comentário:
Postar um comentário