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segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

BOLETIM INFORMATIVO FÓRUM DE ARTE PÚBLICA Data: 27 de Janeiro 2014

 Segundo encontro do Fórum após o começo do evento de Arte Pública no dia 15 de Janeiro.
Amir abre o fórum saudando a todos e cumprimenta aos que vieram pela primeira vez.
"Uma coisa está acontecendo e não podemos depender das autoridades." – foram suas palavras iniciais para que ele descreveu mais uma vez todo o histórico e o porque a necessidade da criação do fórum.  Narrou sobre quando a "Operação Choque de Ordem', criada pela recém formada Secretária de Ordem Pública, teve seu inicio e os guardas municipais começaram a proibir e até a confiscar o material de trabalho dos artistas e grupos de rua. Isso levou os artistas a se unirem e se manifestarem. Tentarem impor um decreto na qual dissemos não, pois nenhum decreto é garantia, pois pode ser revogado por novas gestões municipais. Continuamos a nos manifestar e com isso conseguimos emplacar uma lei que garantia o artista de rua de exercer sua profissão. Essa lei foi vetada pelo prefeito. Devido á pressão que foi feita, voltou atrás e pediu para que sua bancada na Câmara de Vereadores derrubasse o seu próprio veto. Isso aqui, na sede do Grupo Tá Na Rua. O Prefeito Eduardo Paes falou em criar um edital, da qual foi dito não, edital não era a política que queríamos. Editais só servem para aqueles que ganham sempre e não era esse o caso para os artistas que atuam nos espaços abertos. Então ele sugeriu que fizéssemos um projeto, projeto esse que teve seu inicio agora em janeiro, depois de quase dois anos de elaboração e espera. Demorou esse tempo por causa da burocracia regida pela Secretária de Cultura Municipal. Eles sugeriram que tivesse o formato de um festival, mas não é um festival que propomos, mais um conceito novo que tinha surgido e que estamos construindo. Por isso retomamos o nome que foi inicialmente no projeto: Arte Pública, Uma Política em Construção e é com esse pensamento que estamos trabalhando, tendo também como objetivo cadastrar e localizar os artistas e grupos que atuam nos espaços públicos e apresentar ao final de três meses, tempo de duração do projeto, um considerável material para mostrar a infinidade de atividades artísticas espalhadas pelas ruas cariocas. Precisamos saber quantos somos e quem somos.
O projeto está acontecendo em seis praças da cidade, sendo curadas por quatro grupos que há muito tempo tem reconhecido trabalho nos espaços públicos do Rio de Janeiro. São elas: Largo da Lapa e Praça Tiradentes, curadoria Grupo Tá Na Rua; Praça da harmonia, na Gamboa, Zona Portuária, curadoria da Cia Mystérios e Novidades; Saens Pena e Praça Xavier de Brito, na Tijuca, curadoria do Boa Praça; largo do Machado, curadoria do Grupo Off-Sina.
São locais onde naturalmente esses grupos já trabalham há muito tempo, independente de qualquer projeto. Agora, com recursos, estas praças terão dias onde os artistas e grupos poderão se apresentar coletivamente. São verdadeiras feiras medievais contemporâneas onde o artista é livre para mostrar o que apresenta na rua. Não tem que montar nada, é ele, livre com sua arte.
E o fórum é o local de encontro, de reflexão, de discutir políticas públicas para as artes públicas.
Amir lembrou que quando começou, no Brasil só existiam três grupos de rua conhecidos no Brasil. Agora são mais de 700. Isso como exemplo para falar sobre a diversidade artística que povoam os espaços abertos no país. Hoje ele está aqui, neste fórum, conhecendo e aprendendo mais sobre o seu ofício e mais ainda sobre as atividades artísticas nos espaços abertos. Estamos construindo uma política que não existe. Somos uma nova possibilidade. Nas terças feiras, aqui no Largo da Lapa, o Tá Na Rua, dentro do evento, tem sua Aula Pública, onde tanto os artistas e a população podem entrar e usar as nossas roupas e fantasias e brincar e praticar sua liberdade com os atores do grupo. No final, quando estamos terminando, nos instituímos a troca de guardas. Chega á operação Lapa Presente e saem os artistas. Eles chegam organizados, são o antivírus e nós somos os vírus, somos a peste. "Sai a Arte Pública e entra a Força Pública" (Amir).
Eles representam o velho e nós representamos a possibilidade. Amir ressalta que é necessário lembrar todo o processo até este dia, para que, aqueles pela primeira vez freqüentam o fórum, tenham conhecimento sobre os fatos que fizeram nascer o movimento.

Depoimentos:
Nélio Fernando, poeta e ator: "Tenho 15 anos de ofício. Tenho minha plaquinha e lá na Quinta da Boa Vista vendo meu poema por R$: 1,00. Fala para quem quiser e recebo a todos com carinho. Quero dar aqui meu apoio. Eu quero é somar. Acho importante construir políticas públicas.
Sergio Biff, Teatro Lambe Lambe: "Não tinha conhecimento deste encontro e é ótimo compartilhar com outros artistas sobre o meu trabalho."
Palhaço Tiririca Cover: "Fui no Rio mais 20 e ai perguntei ao guarda – o abestado pru que num posso me apresentar aqui não? Eu quero disser, eu queria mesmo, disse é que sou da rua... sou abestado mermo da rua..."
"Florentina, Florentina de Jesus, não sei se tu me amas, porque tu me sedus? Viva a rua!"
Pedro Arauto, Grupo Lá e Cá: "O ideal é o artista de rua viver do seu chapéu, sem depender do poder público e do público. Acho muito válido o encontro dessas segundas e do evento em si".
Com esta ultima declaração encerro este boletim.  Lembrando sempre que não é uma ata, mas um relato a partir das minhas anotações do Fórum. Está aberto para correções, acréscimos e observações.

Herculano Dias

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