Pesquisar este blog

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

A Praça Tiradentes e a Arte Pública

Dentre as atividades do projeto "Arte Pública, uma Política em Construção" realiza-se desde o dia 15 de Janeiro de 2014, o I Festival Carioca de Artes Públicas. Para este evento, os quatro grupos responsáveis pela sua programação, Cia Brasileira de Mystérios e Novidades, Grupo Off-Sina, Boa Praça, e Tá Na Rua, elegeram as praças em que já trabalham regularmente para armar os picadeiros onde se apresentarão ao longo de três meses os artistas e grupos cadastrados pelo Fórum de Artes Públicas.
O Grupo Tá Na Rua, sediado no bairro da Lapa há mais de vinte anos, tem ali na Praça dos Arcos sua "sede pública". E assim a chama, pela continuidade do trabalho realizado na área e pela profunda relação desenvolvida entre esse trabalho e a comunidade local. No entanto, quando para a realização do presente Festival pensou-se na ocupação de praças estratégicas para a divulgação das idéias e propostas do Fórum de Artes Públicas, o Tá Na Rua decidiu estender suas atividades até a Praça Tiradentes.
Antigo Largo do Rocio, a Praça Tiradentes concentra uma série de aspectos que fazem de sua inclusão no mapa das Artes Públicas necessária e historicamente justificada.

Por ali se formou boa parte da produção artística popular do Rio de Janeiro a partir da virada entre os séculos XIX e XX. Não só em seus teatros e cafés, onde atores, dramaturgos e músicos desenvolveram os gêneros artísticos cujos ecos nos chegam até hoje, como na própria praça produziu-se expressiva cultura popular. Músicos e atores de rua, rodas de capoeira e jongo, e mesmo os corsos carnavalescos, legaram para a história heranças culturais que nós, artistas públicos desta cidade, cultivamos hoje.
Após ter sido vitimada por administrações públicas catastróficas, a praça começou a respirar novamente quando livrou-se de suas grades. O mesmo Grupo Tá Na Rua, a convite da Prefeitura Municipal, incumbiu-se de sua reinauguração. Em grande festa uma infinidade de artistas reviveu seus áureos tempos. E as imagens daquele dia não serão esquecidas.
No projeto de recuperação física da praça, além do belíssimo estatuário e os desenhos em pedra portuguesa, mantiveram-se as árvores e os bancos, que permitem o usufruto deste espaço. Mas ela ainda é, por força do hábito, atravessada por pedestres apressados. Para uma verdadeira revitalização, há que se considerar o potencial encontro dos cidadãos com o espaço.
É, portanto, simultâneo (embora paralelamente) aos processos de revitalização da praça empregados pelo poder público, centros culturais e comércio, que consideramos indispensável sua ocupação pelos artistas públicos para a evocação das almas encantadoras da Tiradentes.

Miguel Campelo

Nenhum comentário: