Sorrisos
Mais uma da Saens Pena, dia 25. Artistas espalhados pela praça, integrados e modificando a rotina do sábado, dando um colorido maior a feira de artesanato, feira tradicional da bucólica Tijuca.
No parquinho para crianças, quase em frete a entrada do Shopping 45, uma pequena platéia em meia lua está formada em frente de uma árvore.
Lá, com suas trançinhas, roupinha vermelha e pele cor de piche, a Boneca Lilica canta e conta histórias: "O sapo não lava o pé, não lava por que não quer..."
As crianças riem, olham curiosas, se divertem com a boneca sapeca e simpática. "Você quer um beijinho da Lilica?" – a criança se aproxima e recebe o dengo da Lilica. "Que beijinho gostoso!" - responde com carinho a boneca. Fernanda é a parceira da Lilica e conduz cada movimento com calma e poesia. Tudo natural, assim como a resposta do seu público, que a aplaude com naturalidade, tanto os adultos como os pequeninos.
Um adulto em particular chama minha atenção, um homem aparentando estar na casa dos quarenta anos, cabelo castanho sendo dominado por fios prateados, olha fixamente as reações de uma pequenina menininha, usando um vestido vermelhinho cheio de pontinhos brancos (parecia uma joaninha), de um ano e meio, talvez dois anos. A boneca e sua parceira se despedem e o homem calmamente pega a menina que exibe um caloroso sorriso infantil.
Minha parte curiosa puxa um fio de conversa com o homem:
"- Parece que ela adorou o espetáculo, não é?"
"- Com toda certeza." – responde o homem enquanto carinhosamente ajeita a menininha no seu colo, sem parar de olhar para o delicado rostinho de covinhas. Noto a emoção que transparece nos seus olhos úmidos por lágrimas que não chegaram a sair, mas que ao mesmo tempo faz brilhar nas retinas por causa da luminosidade da manhã. Me atrevi a bancar o bom samaritano devido a minha ansiedade de entender o quadro que se desenhava na minha frente:
"- O senhor está bem?"
"- É que é a primeira vez que vejo minha filha sorrir desde que veio para esse mundo."
O homem se despede, sai caminhando com sua pequena princesa nos braços.
Esse foi o quadro que se formou diante deste espectador: Um sorriso novo que aflorava... e um sorriso que renascia.
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