Por Jair Soares de Sousa - Educador popular, brincante do Bando Gambiarra e do Pintou Melodia na Poesia.
Comecei a trilhar os caminhos e melodias do movimento escambo livre de rua, em meados de 2005, através da articulação nacional de movimentos e práticas de educação popular e saúde - ANEPS. Na ocasião estávamos montando um espetáculo teatral chamado manifestações da gente no qual a facilitação cênica era conduzida por essa figura fantástica e singular chamada Junio Santos, que era um dos fundadores do movimento escambo livre de rua. Lembro-me que meu primeiro escambo foi na cidadezinha de Janduís–RN. No começo fiquei meio perdido na movimentação, muita gente chegando, diversos grupos culturais etc., nesse escambo apresentamos uma parte do espetáculo manifestações, pois o mesmo estava em fase de conclusão. Comecei a me envolver nos cortejos de rua, nessa ocasião conheci o pessoal do movimento PAU E LATA DE NATAL, figuras antigas dentro do movimento escambo como o saudoso e já falecido mestre de capoeira DADÁ, do grupo ginga faceira, BIRA do ciranduís, BERG, RAY LIMA, entre outros escambistas.
O meu primeiro escambo foi uma experiência inexplicável, fiquei em estado de explosão, euforia, prazer, enfim não sei explicar corretamente mais isso permaneceu em mim, esse movimento tem uma energia muito forte sobre as pessoas que o vivenciam. Quem escamba, jamais esquece, fica marcado para o resto da vida.
No segundo escambo foi vivenciado na praia da redonda comunidade do município de ICAPUÍ–CE, na ocasião havíamos envolvido mais grupos de Fortaleza, daí começa a se organizar o movimento escambo na cidade de Fortaleza começamos a dialogar e divulgar o escambo.
Depois de ICAPUÍ, fizemos Carnaúba dos Dantas, UMARIZAL, retornamos a JANDUÍS e agora fizemos na cidade de SÃO MIGUEL DO GOSTOSO.
Quando comecei a fazer parte do escambo ainda estava concluindo o ensino médio, atualmente estou fazendo graduação em pedagogia e percebo que a dimensão de aprendizado que temos no movimento escambo jamais vai ser vivenciada em nenhuma universidade ou faculdade. As expressões de luta e resistência que o escambo trás em sua bagagem são fortalecedoras e ao mesmo tempo formadoras do nosso processo de conscientização critica da realidade na qual estamos expostos.
Debater sobre filosofia, sociologia e política fazendo arte, torna o processo de aprendizado mais prazeroso. No escambo refletimos tudo isso a partir da produção artística e cultural que fazemos no nosso cotidiano, nas nossas capitais, interiores, e até em outros países.
As linguagens da arte trazem para o centro da roda a importância de discutir "os modos de acalentar, sentir a dor, o parto, o gozo, a traição, o choro, o crescimento dos filhos, a seca, a invernada, a partida para o longe de outras terras, o acarinhado de quem se aguneia por um agrado, o modo de despejar na natureza seus sentimentos de homem ou de mulher, a fome" (Linhares; 2003), esse singular que é o modo próprio de ser do povo.
2 comentários:
Olá, somos do grupo de teatro "Viver com arte" de Ponte Nova-MG.
Estamos te seguindo.
Parabéns pelo trabalho e sucesso!
Seu trabalho é focado na rua?
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