A Razão Dá-se a Quem Têm
Se meu amor me deixar
Eu não posso me queixar
Vou sofrendo sem dizer nada a ninguém
A razão dá-se a quem tem
Eu não posso me queixar
Vou sofrendo sem dizer nada a ninguém
A razão dá-se a quem tem
Sei que não posso suportar
(Se meu amor me deixar)
Se de saudades eu chorar
(Eu não posso me queixar)
Abandonado sem vintém
(Vou sofrendo sem dizer nada a ninguém)
Quem muito riu chora também
(A razão dá-se a quem tem)
(Se meu amor me deixar)
Se de saudades eu chorar
(Eu não posso me queixar)
Abandonado sem vintém
(Vou sofrendo sem dizer nada a ninguém)
Quem muito riu chora também
(A razão dá-se a quem tem)
Se meu amor me deixar
Eu não posso me queixar
Vou sofrendo sem dizer nada a ninguém
A razão dá-se a quem tem
Eu não posso me queixar
Vou sofrendo sem dizer nada a ninguém
A razão dá-se a quem tem
Eu vou chorar só em lembrar
(Se meu amor me deixar)
Dei sempre golpe de azar
(Eu não posso me queixar)
Pra parecer que vivo bem
(Vou sofrendo sem dizer nada a ninguém)
A esconder que amo alguém
(A razão dá-se a quem tem)
(Se meu amor me deixar)
Dei sempre golpe de azar
(Eu não posso me queixar)
Pra parecer que vivo bem
(Vou sofrendo sem dizer nada a ninguém)
A esconder que amo alguém
(A razão dá-se a quem tem)
Se meu amor me deixar
Eu não posso me queixar
Vou sofrendo sem dizer nada a ninguém
A razão dá-se a quem tem
Eu não posso me queixar
Vou sofrendo sem dizer nada a ninguém
A razão dá-se a quem tem
Foi
com a poesia de Noel Rosa cantada em voz e violão pelo Grupo Caras Pintadas que
começamos o encontro do Fórum nesta segunda, dia 16 de Junho. Foi bem diferente este encontro dos outros e
muito rico também.
Tivemos
a presença do pessoal do Armazém das Artes, instituição criada á 34 anos por um
grupo de cenotecnicos preocupados em passar seu conhecimento para os jovens.
Adílio Athos e Humberto Antero são exemplos de técnicos artesãos, artistas da
iluminação, carpintaria, pintura e que dão vida aos cenários dos espetáculos.
Em seu currículo, o Armazém já atendeu mais de 5.000 peças e agora, devido aos
projetos do Porto Maravilha, na Zona Portuária do Rio de Janeiro, encontra-se
ameaçada de despejo pela Cia das Docas, dona do galpão, onde exatos 34 anos o
Armazém funciona. Vieram hoje pedir apoio para que isso não aconteça,
entregando uma carta e um abaixo assinado por várias pessoas e nomes de
artistas, diretores e dramaturgos da arte cênica para que o Amir encaminhe em
mãos para o Prefeito, já que existe uma Audiência marcada com o senhor Eduardo
Paes na próxima quinta, dia 19. Amir pegou o material e disse que iria sim
falar com o prefeito, pois o Fórum não só discute a Arte Pública exercida nos
espaços abertos, como também está aberto para falar de espaços como o Armazém,
que é voltado para a Arte dos espaços fechados, mas que possui uma memória, um
conhecimento de uma maneira simples e manual da construção de um espetáculo. A
tecnologia avança em todas as áreas e não seria diferente com as casas de
espetáculos. As varas e a iluminação já são comandadas por computadores
programados, diferentes de antes, onde o maquinista tinha que controlar a
subida e descida dos cenários. Alguém sabe o que é um maquinista de teatro? E a
malagueta? Com certeza não é a pimenta. Diferença de Cortina Italiana e Comodim?
E a Americana? O que é um urdimento? O que são queijos e pizzas no jargão do
teatro? Varas de bambolina? O que é ciclorama? São termos criados a partir da
arte artesã dos cenotécnicos. A estrutura dos palcos nas casas de teatro, foi concebida
baseada no conceito estrutural da construção de navios. Por esse lado a
importância que espaços como o Armazém das Artes sejam fomentados e não
expulsos do seu local. Deveríamos ter feito uma avaliação do cortejo do dia 09
de Junho pelo 2° Aniversário da lei do artista de Rua, mas de certa maneira, a
história do Armazém nos levou a discutir sobre o estágio atual em que se
encontra a cidade devido ao evento da Copa do Mundo e do próximo que será as
Olimpíadas e de como contribui para o quadro confuso em que estamos vivendo com
as eleições chegando. De como fazer uma leitura dos fatos para entender que
apesar de dizermos não, acabamos por fortalecer um discurso da qual não
concordamos. Talvez por isso, em meio á conversa, a memória do ex-governador
Leonel de moura Brizola tenha aparecido tão fortemente neste encontro. A
lembrança do caudilho talvez tenha surgido a partir da questão levantada sobre
o dinheiro gasto na copa que poderia ter sido gasto em educação e saúde? Em
determinado momento Amir Haddad pergunta: “E quando é que a educação e saúde
neste país estiveram bem?... Parece que só agora, por causa da Copa, a educação
e a saúde entraram em decadência... Quando o Brasil foi escolhido para sediar a
Copa, todos comemoraram... Foram para a praia celebrar... Ninguém levantou a
voz naquele momento para dizer, opa, agora temos que ter cuidado... faltando um
ano, depois de tudo começam a questionar a Copa? Não estou dizendo que estou a
favor como a coisa foi feita, não estou dizendo que aceito o padrão FIFA, mas
temos que pensar... A quem interessa estas questões agora? Não vou torcer nunca
para que o Brasil perca, sempre vou torcer pelo meu país. Agora temos que fazer
a leitura da dramaturgia que está sendo escrita!”.
Com
isso começamos a falar sobre os Centros Integrados de Educação Pública, os
CIEPS, projetados para que o aluno ficasse em tempo integral, estudando, se
alimentando, lendo, exercendo atividades físicas e artísticas. Projeto
elaborado pelo Professor Darcy Ribeiro, correligionário do Governador Brizola. No
caso da cultura, foi criado a imagem do animador cultural, responsável para que
houvesse um fomento artístico para os estudantes. Foi um avanço para a época,
mas que devido á intensa massificação contra o senhor Brizola, logo que perdeu
as eleições, e Moreira Franco assumiu o governo, o primeiro documento que
assinou foi a extinção do sistema educacional dos CIEPS e acabar com a função
do animador cultural. Com isso, muitos prédios foram abandonados e outros
burocratizados com o antigo sistema, turnos e salas repletas de alunos. “Diziam
que Brizola protegia os traficantes... O que ele não permitia era que a policia
entrasse em uma casa sem mandato... Que a policia respeitasse o cidadão... por
isso é que notificavam que ele protegia os marginais... Depois que ele saiu, o
que mais se viu foi á polícia invadindo casas sem nenhum respeito... – Amir
Haddad.
(Aproveitando
o tema, faço o meu comentário em torno do assunto e por isso não anotei as
minhas próprias falas, deixando a memória trabalhar. Com isso a descrição em
escrita não seguirá a anotada)
Herculano:
“Faço aqui minha mea culpa, pois hoje vejo que também contribui para a derrota
do governador Brizola em 1987. Claro que não fui o causador, mais quando era
integrante da Juventude do PT, o que mais fizemos foi campanha contra o
Brizola, dizíamos que o CIEP tinha que ser uma escola, não um restaurante...
Digo isso para falar de como a esquerda acaba contribuindo e faz a melhor
campanha para a direita, pois com a extinção do Sistema Ciep, a educação no Rio
que poderia ter tido um salto, uma revolução, foi pras picas... Puro
retrocesso... E minha geração dessa época no partido contribui para que o
Moreira Franco ganhasse as eleições. Hoje, o que mais se vê são os candidatos
falando da necessidade do horário integral e na reestruturação no sistema
educacional carioca, o que não é novidade, pois era o planejamento elaborado no
governo Brizola... Por isso acho que o fantasma dele vem aparecendo tão forte
nos dias de hoje... A Revista caros Amigos fez uma matéria intensa sobre ele...
Não é a toa que esteja sendo lembrado e mencionado por muita gente... E para
mim comparo com o que está acontecendo no momento, de maneira diferente, mas de
conteúdo igual, com o que houve com o Brizola. O que tinha sido construído de
bom foi rapidamente demolido por aqueles que não se interessam pelo bem estar
da população. ”
Isso
tudo para também compreender um argumento levantado sobre as greves dos
professores por melhores salários e ai venho a pergunta levantada pelo Amir:
“Quando é que os professores farão uma greve pela melhoria da educação? Por uma
mudança?... Todo profissional tem que ganhar bem... mas todo ano ouvimos falar
da categoria fazendo greve por melhores salários... E quando as condições em
que a educação brasileira foi colocado por mais de 40 anos de ingerência? Por
isso eu falo, o problema de transporte, saúde, educação não é de agora, há muito
tempo que está assim, não é privilegio deste governo.”
Maria
Helena, do Tá Na Rua então explica que é professora e que não aderiu a greve,
como muitos, não por apoiar os governos municipal e estadual, mas é por
entender que certas manifestações no momento só podem ajudar uma classe que
quer voltar ao poder de qualquer jeito e se aproveita de qualquer detalhe para conseguir o que
almejam.
O
encontro então foi caminhando para o final. Vale ressaltar que o teor dos temas
abordados não foi e não é para defender ou criticar posições políticas ou
movimentos, mas para entender sob uma visão histórica, sob a luz do debate e da
troca de informações, sem caminhar para uma definição ideológica. Como diz o
Amir: “Somos filhos da História...”
Coloco
aqui esta pequena nota onde declaro que este foi um dos mais ricos encontros
que já tivemos do Fórum e onde acabei enveredando por outra forma de escrever.
Os assuntos encaminhados tinham relação com a Arte Pública e com a questão
sobre cidadania e pensamento público. O Fórum é um pólo de pensamento e quando
discutimos o conceito Arte Pública nos ajuda a entender a cidade e o mundo onde
convivemos.
Termino este
boletim sempre lembrando que não é uma ata, mas um informativo escrito a partir
das minhas anotações e que está aberto para acréscimos, sugestões e correções e
com o salmo levantado pelo senhor Adílio Athos, importante nome do cenário
cultural carioca e também mentor do espaço Armazém das Artes
“Já podeis,
da Pátria Filhos
Ver
contente a Mãe Gentil;
Já raiou a
liberdade
No
horizonte do Brasil;
Brava gente
brasileira
Longe vá,
temor servil;
Ou ficar a
Pátria livre
Ou morrer
pelo Brasil.”
Herculano Dias
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