Dia 8 de abril, Matías Galindez Rodrígues (Matías Ziatriko), malabarista e viajante uruguaio de 29 anos, conversava com um amigo sobre o que era SER ARTISTA DE RUA. Ambos estavam num posto de gasolina em Ji-Paraná, no estado de Rondônia, Brasil, quando THIAGO FERNANDES, que passava no momento, interviu na conversa alegando que malabarismo não é arte. Em seguida THIAGO FERNANDES sacou uma arma e disparou 10 vezes à queima-roupa contra Matías, fugindo em um carro Corola prata. Matías, foi socorrido por bombeiros e levado ao hospital onde sua vida se apagou.
THIAGO FERNANDES de 19 anos, encontra-se foragido, é filho de duas grandes autoridades locais e já cometeu outros assassinatos. Diante da corrupção e do abuso constante de autoridade que vivemos diariamente, nossa palavra não tem peso, nosso caminho não vale, nossa escolha não é válida, nossa opinião não conta.Apesar da nossa inegável presença nas ruas, nas praças, nos parques de toda América Latina, continuam nos marginalizando, proibindo, reprimindo. Hoje é triste dizer, mas defender a bandeira da arte de rua pode custar sua vida.
Essa intolerância encoberta de civilidade levou embora Matías. Vivemos em um mundo absurdo em que é mas difícil conseguir uma permissão para exercer arte em espaços públicos do que comprar uma arma e sentir-se no direito de disparar a qualquer um que pense e viva diferente.
Estamos conscientes de que Matias é mais uma vítima do ódio: o ódio pela liberdade de poder escolher um estilo de vida alternativo, autônomo e contra o sistema, que nutre de sonhos, de paixões, de desafios. Assim é a vida dos artistas de rua. É uma luta constante. É o paradoxo entre saber o que geramos, a surpresa de uma criança, o sorriso de um idoso e esse ódio que abastece na ignorância de quem acredita que somos vagabundos e desempregados por ter uma ideia diferente do que é viver bem.
ALGO DEVE FICAR BEM CLARO: MATÍAS FOI ASSASSINADO violentamente e impunimente por defender o que escolheu ser: Um artista de rua que entende a arte como ferramenta de transformação, como um direito intrínseco aos seres humanos, como algo que deve ser acessível a todos.
Desde toda a América Latina, Europa e por todo mundo, exigimos JUSTIÇA PARA MATÍAS. Que a sua morte não fique impune, e que o assassino pague por suas ações perante as leis humanas, pois sabemos que a sabedoria do universo lhe devolverá suas ações.
Como artistas de rua, como viajantes, como cidadãos do mundo que somos, exigimos que seja respeitado o estilo de vida que não só transcende fronteiras, se não que é um patrimônio cultural dos povos. Sempre existimos. Lutamos dia a dia para reivindicar nosso papel na sociedade. Nós resistimos a fazer parte desse sistema capitalista/patriarcal de ódio, violência e sentimento que doutrina dia a dia através dos meios de desinformação.
Os artistas de rua RESISTEM no semáforo, numa roda em uma praça, em uma ocupação, no humor, na colaboração voluntária no chapéu, na autogestão e na organização coletiva e cooperativa.
Na Arte de Rua acreditamos, assim como acreditava e vivia Matías, que uma sociedade tolerante, inclusiva, amorosa e livre de preconceitos é possível.
Fazemos um chamado às autoridades pertinentes: Consulado, Chancelaria, Ministro das Relações Exteriores e a todos os que podem contribuir de alguma maneira para que justiça seja feita.
Até agora sabemos que a mãe e o irmão estão em Ji-Paraná fazendo os procedimentos para o traslado do corpo de volta para o Uruguai.
DESDE SEMPRE PELAS RUAS DO MUNDO TODO. LONGA VIDA À ARTE DE RUA!"
*texto traduzido do coletivo Circo Paraguay
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