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quarta-feira, 11 de outubro de 2023

A EMERGÊNCIA DA FORMA-FASCISMO BOLSONARISTA: UMA DESCRIÇÃO

 

Luiz Carlos Checchia - Doutor em Humanidades pela FFLCH/USP. luiz.checchia@gmail.com

 

"Todo povo tem na sua evolução, vista à distância, um certo 'sentido'. Este se percebe não nos pormenores de sua história, mas no conjunto dos fatos e acontecimentos essenciais que a constituem num largo período de tempo. Quem observa aquele conjunto, desbastando-o do cipoal de incidentes secundários que o acompanham sempre e o fazem muitas vezes confuso e incompreensível, não deixará de perceber que ele se forma de uma linha mestra e ininterrupta de acontecimentos que se sucedem em ordem rigorosa, e dirigida sempre numa determinada direção."

Caio Prado Júnior

 

“A obra principal do fascismo é o aperfeiçoamento e organização do sistema ferroviário. Os comboios agora andam bem e chegam sempre à tabela. Por exemplo, você vive em Milão; seu pai vive em Roma. Os fascistas matam seu pai, mas você tem a certeza que, metendo-se no comboio, chega a tempo para o enterro.”

Fernando Pessoa



1. UMA RÁPIDA E NECESSÁRIA INTRODUÇÃO

Por fascismo entendemos uma forma-política, ou seja, uma organização política historicamente formada que passa a existir como prática possível enquanto estiverem presentes as condições objetivas e subjetivas para tal. Nesses termos, uma forma-política, mesmo que ainda não materializada, é uma possibilidade real, como é o socialismo para as sociedades capitalistas. Também precisamos considerar que como uma forma-política, ainda que superada por outra, pode ressurgir caso as condições para sua existência não sejam eliminadas por completo, sendo a reversão capitalista que pôs fim à União Soviética seu melhor exemplo. Entendemos, assim, que o fascismo é uma forma-política possível ao capitalismo, que surge dos setores mais reacionários da pequena-burguesia quando conseguem expressar-se politicamente (POULANTZAS, 1972 e 1975).  Nem sempre essa classe consegue expressar suas expectativas políticas, pois desde o alvorecer da modernidade até a consolidação do imperialismo a história da pequena-burguesia é a história de seu enfraquecimento econômico e político. Enquanto perdia a relevância social, ela ainda assistiu ao crescimento das duas principais classes do capitalismo, a burguesia e a trabalhadora; e pior ainda, via-se cada vez mais submetida e condicionada por elas.

No entanto, a pequena burguesia pode apresentar-se como alternativa política quando as crises, comuns ao capitalismo, eclodem de forma aguda e acirram os antagonismos de classes, enfraquecendo, mesmo que momentaneamente, as demais classes e seus representantes políticos. E quando emerge politicamente, os setores reacionários da pequena-burguesia o fazem carregados de ressentimentos, regressões e contradições; o fascismo é uma das formas como podem se apresentar para a sociedade. Mas essa emergência do fascismo não segue sempre o mesmo figurino: os impactos das crises em cada nação, a conformação de suas classes, seus arranjos políticos, seus arcabouços culturais e suas composições societárias vão determinar as particularidades com que o emergirá, se de fato tais setores conseguirem se colocar politicamente. Esses são os contextos políticos em que, genericamente, emergiram o nazismo na Alemanha e o fascismo na Itália, conforme analisado por Poulantzas e que aqui denominamos de situação-fascista. E que nos parecem ser situações recorrentes e comuns às emergências fascistas posteriores àquelas primeiras experiências ocorridas nos anos de 1920 e 1930.

Sendo o fascismo uma forma-política que se materializa em experiências particulares, podemos falar então em forma-fascismo, entendendo esse termo com a generalização que explica cada uma de suas ocorrências históricas. E cada uma delas só é possível quando um complexo de situações torna possível a sua emergência: não haveria nazismo se um conjunto de iniciativas e eventos, alguns planejados e outros acidentais não houvesse ocorrido na Alemanha. Pensando assim, percebemos a dialética entre os grandes desenvolvimentos estruturais do capitalismo imperialista, sem as quais as experiências fascistas não teriam ocorrido, e os eventos particulares em cada país e época que levam à sua efetivação. Dessa maneira, acreditamos escapar da arapuca simplista comum a muitas análises que concluem que o fascismo é fruto unicamente do imperialismo, quase como um desdobramento mecânico dele e desprezando especificidades históricas, culturais e políticas; e, doutro lado, escapamos daquelas análises que se prendem tão somente às explicações particulares e terminam por tornarem-se cegas ao amplo espectro da luta de classes em nível geopolítico. 

Se essa formulação estiver correta, como acreditamos que esteja, pensamos que acontecimentos recentes formaram em nosso país uma situação-fascista. Acontecimentos domésticos e geopolíticos promovidos a partir de um conjunto de fatores, tais como: a crise do capitalismo que eclode em 2008; mudanças nas políticas econômicas da China; a descoberta do pré-sal e o desenvolvimento de tecnologias para sua extração por parte da Petrobras; o fortalecimento de associações transnacionais contra-hegemônicas, como os BRICS e outros mais. Esse contexto intensificou as disputas políticas internas do país, e setores reacionários que haviam estabelecido acordos com o Partido dos Trabalhadores passaram a operar no sentido de tomarem o governo de assalto, sendo a expressão “com o supremo e tudo” sua melhor ilustração. É interessante notar como a parte da burguesia que tradicionalmente é o carro chefe da dominação de classe no país (MARTINS, 1975 e 2017; FERNANDES, 1972 e 2015), tendo sua representação política mais acabada no Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), é posto na situação de coadjuvante do processo. Do assalto ao governo, que se configura na deposição da presidenta Dilma Rousseff, chegou-se à eleição do atual presidente da república.

Isso posto, esclarecemos que o presente artigo apresenta um ligeiro esboço da situação-fascista que favoreceu a emergência da forma-fascismo no Brasil atual, que podemos designar de bolsonarismo. Essa situação é formada por um complexo de fatores que vão desde o lugar do Brasil no contexto da disputa geopolítica até a atualidade da luta de classes no país. Dessa maneira, esperamos prestar, ainda que pequena, uma contribuição à formulação de uma teoria do fascismo e aplicá-la para a compreensão de nosso momento histórico. Isso posto, o presente artigo faz uma descrição da situação que possibilitou a emergência da forma-fascismo bolsonarista

 

2.  A FORMAÇÃO DA SITUAÇÃO-FASCISTA BOLSONARISTA

Um conjunto de fatores históricos-políticos concorrem para a formação da situação-fascista que foi favorável à emergência do bolsonarismo. São muitos e distintos entre si, de diferentes temporalidades e intensidades. Talvez, em outras ocasiões e contextos, estivessem longe de constituírem um contexto de emergência fascista, mas sua combinação no momento histórico em que ocorreram, foram determinantes para o fortalecimento da pequena-burguesia e sua agenda fascista. Neste artigo, destacamos seis desses fatores que nos parecerem serem os mais importantes e decisivos, sendo eles: a nossa tradição nazifascista; o paroquialismo da nossa política nacional; o contexto geopolítico (sobretudo a partir da eleição de Barack Obama); os grandes atos de 2013; a deposição da presidenta Dilma Rousseff; e, por fim, os desdobramentos da Operação Lava Jato. Evidentemente que muitos outros fatores ficam de fora dessa lista, mas cremos que esses quatro já nos apresentam um panorama abrangente e suficiente para compreender nossa atualidade política. Destacamos que não estamos defendendo que a combinação desses fatores resultando numa situação-fascista tenha sido planejada por alguém ou algum grupo político. Mas sim que esses eventos, iniciados em diferentes tempos, carregados de diferentes motivações e levados por sujeitos diversos e concorrentes acabaram levando a uma síntese histórica condicionada pelas especificidades da luta de classes em nosso país e suas relações com a luta de classes em escala geopolítica. 

 

Nossa tradição nazifascista

Antes mesmo de ascensão de Hitler ao governo alemão já havia no Brasil células do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, como ocorreu em Blumenau, no Estado de Santa Catarina, como escreveu o pesquisador João Henrique Zanelatto, em seu artigo O Nazismo e o Integralismo em Santa Catarina. A pesquisadora Ana Maria Dietrich, que doutorou-se com a tese Nazismo tropical? O Partido nazista no Brasil, aponta que o partido nazista “[...] se instalou e funcionou por dez anos no Brasil, atuando em 17 Estados brasileiros, com 2.900 integrantes. Também em função das “boas relações de amizade” entre os dois governos, alemão e brasileiro, que resultou na assinatura de diversos tratados comerciais e na esfera política, da caça aos comunistas e treinamento de policiais brasileiros pela GESTAPO” (DIETRICH, 2007, p. 26).  Também a história da presença do fascismo italiano no Brasil é de primeira hora; com significativas colônias italianas, o país esteve dentre aqueles que receberam as políticas implementadas por Mussolini para os imigrantes que se adaptavam a cada situação e local, considerando suas realidades locais e interesses estratégicos. Dela faziam parte os fasci all’estero “[...] as seções do Partito Nazionale Fascista (PNF) implantadas no exterior para atingir as coletividades italianas emigradas e difundir a ideologia fascista” (BERTONHA, 2008, p. 72).

Todavia, a história do fascismo no Brasil não se resume apenas às presenças de seus representantes alemães e italianos; logo nos anos de 1920 organizações autóctones se formam no país e passaram a disputar a hegemonia do movimento fascista em nosso país (BARBOSA, 2015). O movimento acabou sendo hegemonizado pela Ação Integralista Brasileira (AIB), fundada oficialmente em 1932, por Plínio Salgado, e que foi certamente “[...] o mais representativo das experiências políticas portadoras de ideologias autocráticas chauvinistas na América do Sul na primeira metade do século XX” (BARBOSA, 2015, p. 72). A AIB contava com uma capilarizada rede social e assistencial, como mostra o documentário Soldado de Deus, de Sérgio Sanz. A disputa pela hegemonia do movimento fascista no Brasil ocorreu também entre integralistas e aqueles que defendiam e professavam o fascismo italiano (BERTONHA, 2015, p. 129). A doutrina integralista nunca deixou a cena política nacional, ainda que esteja reduzida a pequenos grupos espalhados pelo país e nas redes sociais. Também o nazismo campeia em nosso país desde suas primeiras horas. 

A tradição nazifascista brasileira não se restringe às experiências no início do século, em artigo que publicamos para o portal a Terra é Redonda, intitulado Fascismo, não é só na Ucrânia, abordamos diversos momentos dessa tradição, mas destacamos aqui suas expressões mais recentes e que infestam as redes sociais, plataformas virtuais que se tornaram um importante espaço de propaganda, recrutamento e organização, dados publicados por diversos órgãos preocupados com essa questão, como fez o  Observatório do Terceiro Setor. A antropóloga Adriana Abreu Magalhães Dias, pesquisadora da UNICAMP e que se debruça a pesquisar a atuação de grupos de extrema-direita por meio da internet, afirmou, em 2019, que 334 grupos estavam em plena atividade através de sítios eletrônicos, blogues e plataformas de compartilhamento de vídeos. Essa rede formada por todos esses espaços constitui um poderoso veículo de disseminação das teorias nazifascistas e não se encerram no meio virtual: articulam-se com a vida nas ruas, por meio de grupos que agem como gangues que ocupam bairros inteiros em constante disputa territorial. 

Entre o ex presidente Bolsonaro e tais grupos há uma identificação antiga. O veículo de notícias do portal UOL veicula, ainda em 06 de abril de 2011 – portanto, sete anos antes de sua eleição, em outubro de 2018 – a seguinte matéria: Neonazistas ajudam a convocar “ato cívico” pró-Bolsonaro em São Paulo. Tratou-se de um ato em apoio ao então deputado Jair Bolsonaro, então envolvido em polêmica provocada por declarações de cunho racista feitas em um programa de televisão. Se o ato de 2011 pode parecer algo eventual, a matéria do jornal eletrônico El País de, 09 de junho de 2020, traz o título: Sites neonazistas crescem no Brasil espelhados no discurso de Bolsonaro, aponta ONG, no qual os jornalistas Gil Alessi e Naira Hofmeister apontam as atrações mútuas entre tais agrupamentos e o ex presidente da república.

O fato é que tais organizações e militantes nazifascistas têm um longo histórico no Brasil e tiveram um importante papel na ascensão do conservadorismo no país e que veio culminar na eleição de Jair Bolsonaro para presidente da república. 

 

Contextos geopolíticos

Outro elemento a se destacar nesse complexo que acreditamos formar o ninho em que o ovo da serpente bolsonarista eclodiu é o contexto econômico e geopolítico que compreende, pelo menos, desde meados dos anos de 1990 até o ano de 2014. O início daquele período foi marcado pela alta dos preços das commodities provocados por uma série de fatos combinando desde problemas climáticos em determinadas regiões do mundo, passando pela queda do valor do dólar, até o excepcional crescimento econômico chinês, que se tornou um dos maiores consumidores de commodities no mercado internacional, dentre outros. O fato é que o Brasil foi um dos principais beneficiários dessa situação, sobretudo no final do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que em quase todo o seu primeiro mandato executou políticas econômicas de austeridade. Quando o governo petista passou a se aproveitar do contexto favorável, o Brasil passou a inspirar otimismo e expirar crescimento, surgindo no horizonte global como uma das mais importantes nações do início do século XXI. Combina-se a isso a eleição de Barack Obama  para a presidência dos Estados Unidos da América, que instituiu o smart power como orientação de sua política externa, que, segundo sua secretária de Estado, Hillary Clinton, poderia ser definida como: a “gama completa de ferramentas à nossa disposição – tanto diplomáticas, econômicas, militares, quanto políticas e culturais – escolhendo a ferramenta certa, ou a combinação delas, para cada situação. Com o smart power, a diplomacia será a vanguarda da política externa”. Isso significa desde os elogios rasgados que Obama fez a Lula, ou as fotos em que aparece comendo hambúrgueres com o então presidente russo Dimitri Medvedev, ou o abraço que tentou dar em Raul Castro (dignamente frustrado pelo então chefe de Estado cubano), até o brutal assassinato de Muamar Kadafi. E para compreendermos os aspectos mais sombrios do smart power em solo pátrio citamos as ações de espionagem e sedição contra a presidente Dilma Rousseff. O sítio eletrônico WikiLeaks vazou informações denunciando o aparato de espionagem implantado pelo governo Obama sobre ela e uma série de seus assessores e outros funcionários de altos cargos estatais, demonstrando o interesse do Estado estadunidense sobre os rumos políticos e econômicos do governo brasileiro. Não podemos esquecer também a participação brasileira na organização transnacional que reúne a Rússia, a Índia, a África do Sul e a China, e que foi batizada de BRICS. A relevância geopolítica dessa organização cresceu rapidamente e se tornou mais aguda quando iniciaram as tratativas para a formação de um banco transnacional de investimentos, o New Development Bank (NDB), o que representou, naquela ocasião, uma imensa afronta ao controle econômico da geopolítica mantido pelos EUA. Em matéria veiculada pelo El País, o presidente chinês Xi Jinping falou a respeito do papel dos BRICS: “[...] aperfeiçoar o sistema de governo mundial e ampliar a representação e o direito de falar sobre assuntos internacionais de todos os países emergentes”, e a matéria segue apresentando o que pensava a presidente Dilma Rousseff: “Sobre isto, Rousseff lembrou que o banco não se faz contra o FMI, ‘mas se faz a favor de nós mesmos’, afirmou. ‘O mundo se transformou num espaço bilateral e as instituições que o representam devem ser assim’, disse”.  Mais ainda, os BRICS se movimentavam no sentido de impor um novo sentido às relações internacionais, buscando maior estabilidade para o desenvolvimento global e o fazendo por fora da esfera de influência dos EUA e da Europa ocidental. Não se tratando de uma proposta de ruptura com o capitalismo, ainda assim se coloca em oposição à lógica desregulamentada do neoliberalismo. Isso posto, não fica difícil entender que a espionagem promovida pelos EUA sobre o governo brasileiro foi motivada por interesses econômicos e geopolíticos claros de atentar contra o desenvolvimento de uma força política contra-hegemônica e, ainda, assentar o país em sua posição subordinada ao bloco imperialista sob controle estadunidense, o que se efetivou com a deposição da presidenta Dilma Rousseff.

 

O paroquialismo da política nacional e a nacionalização do “baixo-clero”

O filósofo político Marcos Nobre, professor da Universidade de Campinas, UNICAMP, em seu livro O imobilismo em movimento apresenta o pemedebismo, nome com que trata uma certa cultura política brasileira que se forma no processo de redemocratização do país, ao final da ditadura empresarial-militar. Segundo ele, o restabelecimento do regime democrático permitiu a emergência de um grande partido, o PMDB, que ocupa o centro político e que passa a formar uma “super maioria”, que em tempos recentemente tentou se autodenominar “centro democrático”, mas que continua a ser chamada popularmente de “baixo clero” ou “centrão”. Tivemos a oportunidade de definir o “baixo-clero” da seguinte forma em publicação no Le Monde Diplomatique Brasil, já citada acima: “[...] grupo de parlamentares que integram partidos sem um verdadeiro programa para o país e que se aproveitam de sua presença no parlamento para garantir que o Estado mantenha a manutenção de seus interesses e privilégios. São políticos sem expressividade nacional, verdadeiros coronéis que ainda mantém currais eleitorais em suas regiões, são como os Magalhães na Bahia, Sarneys no Maranhão, ou Calheiros em Alagoas”. Apesar de seu histórico caráter fragmentário, essa “super maioria” mantém tamanho poder parlamentar que força todos os governos a abrir negociações para que consigam aprovar seus projetos e garantir condições para governar. 

Enquanto os presidentes eleitos após a redemocratização eram oriundos do mesmo campo político que o “baixo-clero” a negociação que se estabelecia entre ambos tinha uma determinada magnitude cujo atendimento das demandas tinha por consequência manter a “super maioria” em seu caráter fragmentário. Todavia, quando o Partido dos Trabalhadores assumiu o governo pela primeira vez optou pelo que o filósofo político André Singer denominou pacto conservador. Assim, passaram a fazer parte da “base aliada” do PT toda sorte de chefes políticos, lideranças neopentecostais, lideranças comunitárias conservadoras, dirigentes de sindicatos e outros mais. No entanto, no grau em que ocorreu, a associação entre os governos petistas e o "baixo-clero'' levou ao fortalecimento deste agrupamento, não apenas em nível federal, mas em conexões que se estenderam por estados e cidades em que o pacto conservador foi reproduzido. O "baixo-clero'' assim reforçado passou a constituir uma força política poderosa, nacionalizada e com uma base popular própria. Ao mesmo tempo, a renovação conservadora do Parlamento aumentou seu ímpeto disruptivo, que se materializou na formação de um campo político reacionário. Esse campo foi forte o bastante para hegemonizar o Congresso, desde então. 

Mas ainda faltava a esse movimento uma liderança que pudesse submeter e unificar suas lideranças, aglutinar esse campo em torno de um programa político unificado; três “candidatos” à assumir essa liderança se apresentaram, todos do MBD, eram eles o presidente do senado, Renan Calheiros, o presidente da câmara, Eduardo Cunha e o vice-presidente da República, Michel temer. Na contenda entre os três, saiu vitorioso o vice-presidente, sendo inevitável imaginar que a sua saída das sombras para a luz do protagonismo político seja o seu desfile vitorioso por sobre os inimigos abatidos.  Mas sua vitória não durou tanto quanto desejava, pois, por um lado, sua falta de base popular o impedia de tornar-se um líder político de fato, e, por outro, o campo reacionário mostrava-se refratário aos políticos tradicionais, mesmo os de direita. 

Jair Messias Bolsonaro não teve nenhuma participação na criação de todo esse ambiente, mas foi hábil em aproveitar-se dele, despontando das mais obscuras camadas do “baixo-clero”, até tornar-se a representação política desse campo. Até então, ele não passava de um caricato deputado federal pelo Estado do Rio de Janeiro por quase três décadas, chefe político carioca e capitão do exército reformado por má conduta. Bolsonaro já tinha alguma notoriedade por proferir discursos agressivos contra negros, mulheres, comunidade LGBTQIA+ e militantes de esquerda, além de saudar a ditadura empresarial-militar (1964-1985) e outros ainda com o mesmo teor. Sua verve excêntrica, fez dele uma figura presente em programas humorísticos como Casseta e Planeta, Urgente!, veiculados pela Rede Globo, entre 1992 e 2010, e Custe O Que Custar (CQC), veiculado pela Rede Bandeirantes, entre 2008 e 2015.

Olhando em retrospecto, percebe-se que sua ascensão é muito mais um efeito colateral daquele processo político do que parte dos planos da burguesia, que certamente tinha no PSDB um legítimo representante. De qualquer forma, aproveitando-se da conjuntura, Bolsonaro soube navegar naquela situação crítica, tornando-se o líder de um movimento reacionário.

 

A disputa campal por territórios e significados nos atos de 2013

2013 transcorreu como um daqueles anos em que uma única centelha pode incendiar toda a pradaria. No caso, a centelha potencialmente incendiária foram os vinte centavos acrescentados ao valor das passagens de ônibus na capital paulista. O reajuste provocou protestos mobilizados pelo Movimento Passe Livre, iniciados no dia 06 de junho daquele ano, e foram, logo no seu início, duramente reprimidos pela Polícia Militar. Protestos também ocorreram em outras cidades e capitais brasileiras, como Porto Alegre, Salvador, Goiânia e Rio de Janeiro. A matéria intitulada Saiba mais sobre os protestos em SP contra aumentos de ônibus e metrô, publicada pelo veículo de imprensa eletrônica G1, em 11 de junho de 2013, apresentou um ligeiro histórico do MPL. A matéria destaca que, desde o ano de 2004, os integrantes do coletivo ministravam formações políticas para o alunado de escolas públicas em áreas específicas da cidade de São Paulo, debatendo, a princípio, a gratuidade de passagens para a comunidade escolar e, com a ampliação do seu círculo de apoio e debates, passaram a pautar a sua gratuidade universal. Ou seja, ampliaram a pauta e passaram a promover a crítica do transporte “mercadoria” e reivindicá-lo como direito social, arrastando para a luz o que as empresas privadas de transporte gastam fortunas para manter à sombra: a privatização do direito ao transporte. E no bojo dessa crítica, provocaram o transbordamento do debate sobre todos os direitos sociais que são submetidos à lógica dos interesses privados, situação que Silvio Caccia Brava, explicou nos seguintes termos: “Essa equação de ‘quem usa é só quem paga’ é perversa porque exclui um terço dos cidadãos das regiões metropolitanas, que não têm recursos para arcar com o preço da tarifa. Estes andam a pé, alguns poucos de bicicleta. Esse modelo consagra a ideia de que o transporte público é uma mercadoria, não um direito. Só tem acesso a ele quem paga. E as empresas que o operam têm de ser lucrativas”.

Conquanto o MPL tenha mobilizado milhares de pessoas pelo país, formando uma multidão de milhões de brasileiros inconformados e em protestos contínuos e seguidamente desafiando as autoridades políticas e policiais, o Movimento passou a sofrer com a dura disputa pelos significados dos atos. Em pouco tempo os cartazes levantados pelas pessoas passaram a expor reivindicações cada vez mais difusas e moralistas, muitas de cunho chauvinista. Talvez o marco expressivo dessa disputa seja a abrupta mudança de "opinião" do comentarista político do Jornal da Globo, Arnaldo Jabor. Uma semana após o primeiro ato na cidade de São Paulo, em 13 de junho, o comentarista afirmou que os jovens na rua não passavam de “filhos da classe média” movidos tão somente por “burrice misturada a rancor e sem rumo”. Todavia, passados apenas poucos dias depois daquela intervenção, em 17 de junho, retratou-se afirmando: “uma juventude que estava calada desde 92, uma juventude que nascia quando Collor caia, acordou”. A disputa não se deu apenas pela mudança das narrativas das grandes emissoras e seus formadores de opinião: tomados por uma militância de extrema-direita que já estava em formação há muitos anos, em pouco tempo os protestos passaram a hostilizar os militantes de esquerda presentes, sendo o ápice dessa hostilização o ato do dia 20 de junho, na Avenida Paulista. Na ocasião, os militantes de extrema-direita vestidos com camisetas de cores verde e amarela insuflavam a população com organizados gritos como “abaixa a bandeira”, “sem partido” e “puta que o pariu, abaixa essa bandeira e levanta a do Brasil”. A massa mobilizada por aquela militância formou um imenso bloco que acuou e empurrou os militantes das organizações partidárias PT, PSOL, PCB, Esquerda Marxista, PSTU e outros rumo à Rua da Consolação, onde se dispersaram sob severas ameaças de agressão física. A respeito dessa virada, tive a oportunidade de escrever para o periódico Le Monde Diplomatique, em sua edição de 20 de maio de 2020: “A atuação das polícias também mudou: pararam de reprimir os manifestantes para defendê-los em suas longas caminhadas. De gritos de palavras-de-ordem passou-se a cantar o Hino Nacional, e o branco tornou-se a cor predominante em diversos atos substituindo o vermelho e negro das vestimentas dos black-blocs”.   

O ocorrido na Avenida Paulista, naquele 20 de junho de 2013, tratou-se praticamente de uma disputa campal, uma guerra por territórios. Tipo de disputa que não é nova no país: conhece-se muito a já citada Revoada dos Galinhas Verdes, na praça da Sé, mas as disputas territoriais entre fascistas e antifascistas são mais constantes do que divulgadas.

 

A deposição de Dilma Rousseff

O mundo sofreu um gigantesco abalo a partir de 2008, quando se iniciou nos EUA a crise que desarranjou o capitalismo. Na ocasião, o então presidente Lula acreditava que o mercado internacional de commodities continuaria favorável e, portanto, se a crise econômica chegasse ao país, não passaria de uma “marolinha”. Sua crença era de que seria possível superar a crise que se avolumava mantendo a contraditória combinação entre as políticas desenvolvimentistas e o atendimento dos interesses do rentismo. Como o desdobrar dos fatos mostraram, as previsões do presidente eram equivocadas, e a nossa economia estava muito mais subordinadas ao cenário global do que ele supunha, e, portanto, as políticas internas sem rompimento com aquele cenário não foram suficientes para conter a “marolinha” que era, na verdade, um vagalhão. Por isso, ao passar a faixa presidencial para sua sucessora, Dilma Rousseff, em 2010, ele também lhe passava uma bomba-relógio que logo explodiria.

O primeiro mandato de Dilma se iniciou já sob as dificuldades provocadas por um mercado internacional instável ao mesmo tempo em que se formava um desconfortável contexto doméstico: o quadro econômico nacional se degradava rapidamente; o sistema financeiro passa a acossar o governo e o arranjo entre políticas desenvolvimentistas e liberais começava a se esfacelar. Aproveitando-se do momento conturbado do governo de Dilma, o PSDB buscou escapar do isolamento político tentando liderar a oposição ao Partido dos Trabalhadores, ao passo em que os meios de comunicação iniciaram um constantemente suas políticas econômicas. Se tudo isso já não fosse o suficiente, recrudesceram os ataques imperialistas capitaneados pelos EUA. Esse é o cenário em que irromperam as manifestações de julho de 2013. 

Naquele ano, milhares de jovens ocuparam as ruas para protestar contra o aumento das passagens de ônibus e questionando a relação entre o direito ao transporte e o transporte enquanto mercadoria. Em pouco tempo, o movimento foi capturado por novas palavras de ordens, associando o governo petista a toda sorte de esquemas de corrupção e acusando os partidos de esquerda de oportunismo e parasitismo. Tais palavras de ordem passaram a ser repercutidas insistentemente pela grande imprensa, por formadores de opinião e por grupos que começavam a despontar, como Vem Prá Rua e Movimento Brasil Livre. Esses grupos eram capitaneados por jovens lideranças carismáticas, propagandistas bem treinados e capacitados como Kim Kataguiri, Fernando Holiday e Rogério Chequer. Também havia diversos oportunistas que passaram a associar-se a esse amplo movimento como os músicos Roger Moreira e Lobão, o ex-ator Alexandre Frota e atores e atrizes como Marcelo Serrado, Alexandre Garcia, Susana Vieira e Luiza Tomé. Além deles, muitos outros formadores de opinião embarcaram numa verdadeira caravana antipetista e ampliaram ainda mais a repercussão anti-comunista e por uma renovação política sem participação de partidos ou agentes de esquerda, recuperando as mais confusas expressões do chamado perigo vermelho, tão propalado durante a Guerra Fria.

Apesar de todos os ataques sofridos, Dilma conseguiu reeleger-se em 2014, vencendo por uma pequena margem de votos seu adversário no segundo turno, o candidato Aécio Neves, do PSDB. No entanto, ainda que o PT tenha vencido as eleições presidenciais, foi a direita e a extrema-direita quem venceu as eleições para a composição do Congresso Nacional. Todas as manifestações, campanhas negativas e ataques de diversas naturezas, inclusive as mais bárbaras ofensas machistas contra Dilma e toda a esquerda, desencadeadas a partir de 2013, criaram um “caldo de cultura” de forte cunho reacionário, levando à eleição do mais conservador congresso desde o golpe de 1964, sobre o qual escreveu o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (2014): “O Congresso eleito em 2014, renovado em 46,59% na Câmara e em 81,48% em relação às vagas em disputa no Senado, é pulverizado partidariamente, liberal economicamente, conservador socialmente, atrasado do ponto de vista dos direitos humanos e temerário em questões ambientais”. Dito em outras palavras, o que antes só foi possível à força de um golpe, agora obteve-se pelo voto popular. Aproveitando-se desse clima, pouco após as eleições, Aécio Neves levantou nova palavra de ordem: não aceitando o resultado das eleições, passou a exigir a deposição da presidenta pela vaga acusação de “estelionato eleitoral”. Enquanto o PSDB se esforçava para voltar ao protagonismo da política nacional, o “baixo-clero”, com a faca entre dentes, percebia a formação do clima propício para virar a mesa da conciliação de classes contra quem bancava o seu almoço: os governos petistas. A maioria do Congresso começa a pressionar o governo de Dilma, utilizando para isso das chamadas “pautas-bombas”, que travavam as suas discussões e impediam o andamento de iniciativas do governo federal. Todas essas forças conservadoras, oportunistas e reacionárias passaram a concorrer no mesmo sentido: a interrupção do segundo mandato da presidenta. Sabemos suficientemente bem como se desenvolveu o processo que levou até a sua deposição, em 31 de agosto de 2016, quando se encerrou o primeiro ato do golpe que mudou o país. Michel Temer eleva-se à presidência da república e inicia as profundas reformas liberais exigidas pela burguesia, no entanto, enfrenta muita resistência e, ao fim e ao cabo, não contava com o apoio popular necessário para efetivar toda a agenda liberal esperada. E contava menos ainda com a legitimação das urnas para ocupar a cadeira em que passou a despachar. Pouco tempo após a efetivação de Michel Temer como o novo presidente da república, inicia-se a corrida eleitoral para 2018.

 

A Lava Jato e as eleições de 2018

Na manhã da segunda-feira, 17 de março de 2014, uma série de investigações da Polícia Federal foram unificadas em uma única operação, cuja alcunha era Lava Jato. Em campo, 400 agentes federais cumprindo 81 mandados de busca e apreensão descobriram a ponta de um novelo que envolvia uma ampla rede de corrupção envolvendo doleiros, empresários e dirigentes de empresas estatais. As investigações passaram a se desdobrar em diversas frentes pelo país, o que exigiu, por parte do Ministério Público Federal, a organização de forças-tarefas e outras iniciativas investigativas que acabaram sendo conhecidas genericamente como “força-tarefa da Lava Jato”. Esse empreendimento se desdobrou em mais de 80 fases de operações e mais de mil mandados de prisão, sua sede principal era o Ministério Público Federal de Curitiba, no Paraná, e graças aos seus desdobramentos o procurador da república Deltan Dallagnol e o juiz federal Sérgio Moro foram alçados à condição de verdadeiros heróis nacionais.

O que surgiu como um significativo esforço contra a corrupção sistêmica no Estado brasileiro logo se converteu em perseguição política contra a então presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o principal candidato à presidência em 2018, e conferiu ares de legalidade a uma das principais etapas do golpe desferido contra o povo brasileiro em 2016. Utilizando-se de vazamentos seletivos de informações para os grandes veículos de informação, Moro e parte dos procuradores que integravam a Lava Jato garantiram a contínua construção de uma campanha de convencimento que praticamente sentenciou os governos petistas ante a opinião pública, e que o Estado brasileiro, mergulhado em “esquemas de corrupção” precisaria passar por profundas transformações estruturais. Em pesquisa realizada em 2017, constatou-se que “Para 78% dos brasileiros, o nível de corrupção aumentou no país”. Graças a essa campanha as ruas passaram a ser tomadas por manifestações cada vez mais hostis que pediam a interrupção do governo Dilma enquanto ovacionavam Moro como um herói nacional. É preciso destacar que Dilma nunca se tornou alvo de investigação da Lava Jato, ainda assim, a maneira como a Força-Tarefa centrou fogo em altos cargos de seu governo e em quadros de direção do Partido dos Trabalhadores fez com que a presidente fosse tragada pelas narrativas criadas.

Enquanto ainda se organizava o golpe palaciano que depôs a presidenta Dilma Rousseff, a Lava Jato também manteve sua carga voltada contra o PT e Lula, já então com as eleições de 2018 em seu horizonte. Lula foi condenado por Sérgio Moro, em primeira instância, a nove anos e seis meses de prisão, no dia 12 de julho de 2017, por “crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex no Guarujá”. Em 28 de janeiro do ano seguinte, a oitava turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), confirmou a condenação do ex-presidente, aumentando a pena para doze anos e um mês. Um pouco mais de três meses depois, no dia 18 de abril, aquela mesma turma rejeitou o último recurso apresentado pela defesa do ex-presidente Lula, encerrando a tramitação em segunda instância do processo e tirando, em definitivo, as suas chances de concorrer às eleições daquele ano. As forças políticas do Brasil deram livre curso às investidas da Lava Jato contra diversos políticos, garantindo que muitos fossem preservados de acordo com a conveniência, como ocorreu com Geraldo Alckmin. 

Lula é impedido de concorrer às eleições, todavia, os candidatos mais afeitos aos interesses da burguesia, como Geraldo Alckmin e Henrique Meirelles, por sua vez, não decolam nas pesquisas. Sob risco de ver o cavalo da oportunidade passar à sua frente sem conseguir montá-lo, a burguesia abandona seus candidatos e passa a apoiar Jair Messias Bolsonaro. O ex capitão se elegeu vencendo Fernando Haddad, com um pouco mais de 55% dos votos, encerrando assim o terceiro ato do golpe.

 

3. UMA CONCLUSÃO POSSÍVEL

O estudo da experiência recente da política brasileira à luz de tais formulações sobre o fascismo nos permite compreender como a ascensão da forma-fascismo bolsonarista não é um “ponto fora da curva”, uma excepcionalidade ou algo assim. A despeito de todo o regressismo de seu discurso, o bolsonarismo surgiu como uma contradição e uma alternativa ao lulismo e inaugurou um novo momento histórico. Essa contradição tem, como cerne, o grau profundo e promíscuo com o qual o Partido dos Trabalhadores associou-se com o “baixo-clero”, tão bem explicado no já citado livro de André Singer, Os sentidos do lulismo: reforma gradual e pacto conservador. Não podemos esquecer que quase todos os sujeitos políticos que estiveram na proa do golpe contra o governo do PT foram, anteriormente, seus associados. Mesmo Bolsonaro estava filiado ao Partido Progressista de Maluf, então na “base aliada” dos governos petistas. Evidentemente que não estamos defendendo que a ascensão do fascismo bolsonarista tenha sido parte dos planos petistas, como já dissemos. Mas as escolhas políticas feitas pelo Partido dos Trabalhadores em busca da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva levaram ao fortalecimento do “baixo-clero” enquanto enfraquecia os setores à esquerda do espectro político nacional. 

Por isso, mesmo uma eventual derrota eleitoral do bolsonarismo não o eliminará das dinâmicas da luta de classes no Brasil. Pode ser que se altere, que ganhe novos contornos e referências, mas não deixará de existir. Em seu bojo, o “baixo-clero” tornou-se uma força nacional que representa os anseios de boa parte da pequena-burguesia; o senso comum foi militarizado; o pensamento individualista avançou; o Estado profundo brasileiro ampliou-se e aprofundou-se com os militares ocuparam e hoje influenciam espectros da burocracia estatal em tal proporção nunca visto antes etc.

Na trilha aberta pela ascensão do Bolsonarismo muita coisa mudou no Brasil e isso convoca-nos a atualizar as reflexões e os debates acerca do fascismo e sua atualidade. Este artigo é um esforço neste sentido.

 

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