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terça-feira, 9 de dezembro de 2008

A celebração do encontro

Mostra de Teatro de Rua Lino Rojas 
De 08 a 14 de novembro de 2008 ocorreu em São Paulo a 3ª Mostra de Teatro de Rua Lino Rojas, uma realização do Movimento de Teatro de Rua de São Paulo (MTR/SP), dentro da programação, nos dias 14, 15 e 16, tivemos o 4º Encontro da Rede Brasileira de Teatro de Rua (RBTR). Pela primeira vez a Mostra ocorreu no Vale Anhangabaú – as anteriores foram na Praça do Patriarca –, o objetivo era para que não tivéssemos nenhum espetáculo cancelado por causa das chuvas, pois bastava transferir a programação para debaixo do Viaduto do Chá. Este ano a Mostra homenageou o TUOV (Teatro União e Olho Vivo), que tem 42 anos de existência e resistência. Dois dos fundadores receberam a homenagem em sua própria casa (sede do TUOV): César Vieira e Neriney Moreira. Além dos dois nomes, foi entregue uma placa de agradecimento a Alexandre Mate pela contribuição que tem dado ao teatro de rua. A Mostra ocorreu sem nenhum incidente. Como é de praxe, todos os anos há inovações, dessa vez, na programação estavam grupos da capital, de outros municípios do estado de São Paulo (Santos, Assis e Presidente Prudente) e de outras unidades da federação, como Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Goiás. Pela primeira vez a Mostra teve parte da programação descentralizada da região central, quatro pontos foram escolhidos onde grupos do MTR/SP já atuam: Cidade Tiradentes (Pombas Urbanas), São Miguel Paulista (Buraco d`Oráculo), Lapa (Grupo Bolinho) e Parque Santo Antônio (Brava Companhia).

Rede Brasileira de Teatro de Rua 
Este ano o MTR/SP recebeu o encontro da RBTR dentro da Mostra, com presença de articuladores de 18 estados: AC, AM, CE, BA, ES, GO, MA, MG, PA, PE, PR, RJ, RR, RN, RO, RS, SC e SP. A Rede denomina articulador, pois seus membros não representam os estados, mas sim trabalham por uma maior articulação das idéias desse movimento em suas localidades. Na Rede não há hierarquia. Esta é uma forma nova de organização. Seus membros visam fortalecer sua atuação artística e política no seu grupo, na comunidade que fazem parte, na sua cidade e pensam a organização no estado e nacionalmente, contribuindo para que ela cresça. É uma organização de dentro para fora, todos tem o mesmo peso. A organização se dá de duas formas: de maneira virtual, em um grupo de discussão; e em encontros presenciais, em que são decididas as demandas e escritos os documentos. A Rede é um reflexo de um novo momento pelo qual passamos e muito bem colocado por Amir Haddad, também presente no Encontro. Para Amir, este mundo está ruindo e o teatro tem um papel importante, já que “a linguagem organiza o mundo”, assim não é o mundo que organiza o espetáculo, mas o contrário. Constatou-se nesse 4º Encontro que os problemas enfrentados pelos grupos de teatro de rua do Brasil são os mesmos: ausência de políticas públicas e desprestígio por parte do poder público para este seguimento. Mesmo assim os grupos têm feito a sua parte, realizando seus trabalhos de forma contínua e se organizando, a prova disso foi este Encontro, pois se em março desse ano éramos nove estados presentes em Salvador-BA, em São Paulo tivemos dezoito, demonstrando que estamos no caminho certo.

Publicado originalmente em A Gargalhada nº 11, novembro/dezembro 2008, p. 3.

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