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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Relato: Dia 16 de Janeiro de 2014 - Arte Pública

A Arca de Noê aporta na Praça Tiradentes

Foi o segundo dia do Evento de Artes Públicas, uma Política em Construção. Os preparativos começaram cedo, quando o grupo Tá Na Rua, curador da praça, preparou o local, espalhando em torno bandeiras medievais coloridas, já modificando a rotina da praça e revivendo seus dias ancestrais. Ficou parecendo uma feira antiga, da Idade Média, onde nosso pórtico foi levantado, com o boneco mambembe dando sua cambalhota, de cabeça para baixo. Som posicionado, nossas bandeiras balançando ao sabor do vento, fomos para a nossa sede na Lapa, na Av. Men de Sá 35. 

Lá preparamos os estandartes, bandeiras e instrumentos para a Arca de Noé zarpar, onde todos os artistas e grupos de rua são convidados a embarcar e participar da tripulação. Com as fantasias vestidas, o grupo presente, os convidados dispostos, tocamos o tambor e a bandeira do Tá na Rua liderou a saída do cortejo da Arca Pública. Além dos integrantes da cia, velejaram conosco o estátua viva , o Pirata Warley Bach; os atores do Teatro Dyo Nise, com Vitor Pordeus, seu fundador à frente, liderando sua trupe, Pelezinho na arte do domínio da bola e Miriam dando estrelas pela rua; o poeta Diego e uma galera de São Paulo representando seus grupos que atuam nas ruas paulistanas: Buraco D'Oraculo, Girando Lá e Grupo Pro Cura, além dos companheiros de Porto Alegre, Cris e Fábio do Grupo Falos e Stercus.

Navegamos pelas ruas do centro, nossa passagem era anunciada por fogos e a população cantava junto com a gente marchinhas e o hino nacional carioca: "Carinhoso", do imortal Pixinguinha.

Chegando á Praça, fomos saudados por salva de fogos e recepcionados pelo diretor do grupo Amir Haddad, mestre de cerimônias e anfitrião neste primeiro dia na Tiradentes. Para nos receber, lá já se encontrava o realejo de Pascal Maurice, único instrumento do mundo criado especialmente para a rua. Logo depois chegaram os Baitanões, Picuinha e Kiko.  Brincamos, pulamos e exercermos nossa liberdade. Amir Haddad anunciava para o público que era o segundo dia do I Festival Carioca de Arte Pública, que tinha tido inicio no dia anterior na quarta feira, na Praça Saens Pena, cuja curadoria estava a encargo do Boa Praça e que a quinta feira era o segundo dia do festival. Falou que o evento duraria três meses. Que era voltado para apresentar os artistas e grupos de rua que atuam nos espaços abertos da cidade. Conclamou para que todos os artistas viessem participar e que se cadastrassem para no final termos um material histórico sobre as diversidades de manifestações artísticas que povoam os espaços públicos.

Enquanto na Roda nos apresentava, perguntava: "Você sabe o que é arte pública?", e anunciava: "Arte 0880', "Arte Pública, Uma Política em Construção". Subimos na estátua equestre de D. Pedro I e levantamos a bandeira da Arte Pública.
Embaixo do pórtico, o mestre continuava comunicando á população que também naquele momento, no Largo do Machado, curadoria do Grupo Off-Sina, estava sendo realizado o evento e que no final da semana, também ocorreria na Praça da Harmonia, sob a égide da Cia Mystérios e Novidades. O curso da Arca seguia seu caminho, e já no final, quando desfraldamos a faixa enorme escrita "Viva a Arte Pública" e cortejávamos em torno da Praça Tiradentes, o dilúvio veio com toda sua força, trovejando e raios iluminando as nuvens. Não podia ser mais metafórico do que se podia imaginar. A arca foi abençoada pela chuva, pois como diz o mito bíblico, depois da torrencial tempestade que inundou o mundo e dos dias sem chuva, deixando as águas a navegarem. Quando estas baixaram e o enorme barco ancorou, sua estranha tripulação composta de pares de animais e seres humanos foram abençoados pelo arco íris que surgiu no céu, símbolo que anunciou novos tempos, pois as águas do dilúvio haviam exterminado o velho para dar lugar ao novo. Assim é a arte pública, uma nova possibilidade de cultura para a cidade, uma possibilidade de ofertar o público, mostrando a importância do cidadão que exerce o ofício das artes nos espaços abertos. Como o ano é de Yansã, podemos dizer que fomos abençoados pela Orixá. Corremos com todo o material para o Teatro Carlos Gomes que abriu suas portas neste dia para nos abrigar.

Este foi o nosso primeiro dia como curadores da Praça Tiradentes. Começamos:

Eparrei minha mãe, Evoé!!

João Herculano

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