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sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

MEMÓRIA PRESENTE VIII

Dia 04 de Setembro
Quinta

Quarto dia do evento. Tema da manhã, re-flexão, diálogo, carnavalização. Antes do diálogo, Vera Dantas abriu o dia, comandando o ritual de agradecimento por mais um dia de compartilhamento e vivência. Os participantes dançavam e cantavam, abrilhantando e ilustrando ao vivo o tema proposto. Carnavalizar o teatro é voltar para sua essência mais ancestral, cerimonial e ritualista, compromissada com a história e com suas raízes mais populares. É estar em contato horizontal com todos os expectadores, sem nenhuma barreira, sem nenhuma parede. O povo entende e se identifica, porque conhece e conhece há milhares de anos, pertence ao imaginário popular. Assim era no teatro grego, assim é nas grandes celebrações, nas efemérides como o Círio de Nazaré ou no grande festejo junino em Mossoró. “O novo nasce velho, enquanto o contemporâneo é ancestral –Amir Haddad”.

Você encontra mais teatro dançando um cavalo marinho, celebrando um bumba meu boi, desfilando em um bloco de carnaval, no terreiro de candomblé, em uma procissão em homenagem a São Jorge do que no próprio teatro. É uma constante procura por uma possível liberdade, a liberdade do ator seja nos espaços abertos e até nos espaços fechados.

Carnavalizar é buscar vida no teatro e não teatro com vida. A vida naturalmente tem que corre nas veias lúdicas, não precisa ser bombeado. Se precisa de transfusão, certamente não existe teatro. Os atores, os brincantes por sua própria natureza são doadores de sangue universal, se doam em nome do seu ofício para a população e para a sua cidade.


OFICINA DIONISIACA
COM O TÁ NA RUA
A tarde, para quem quisesse participar, o Tá Na Rua oferendou ao evento uma oficina com a linguagem do grupo monitorada pelos atores seus atores.

A linguagem do Tá Na Rua tem como suporte de pesquisa três pilares: as grandes festas, o Carnaval e o futebol. Todo o trabalho do grupo é fundamentado nas grandes atividades e festividades populares. Por isso as roupas do grupo não são inteiras, completas. Através de muita música e dança, procura-se a liberdade dos corpos para que assim o teatro se manifestar, o corpo na sua forma mais atual e primitiva. Esvaziar a mente e ao mesmo tempo fazer com que o ator manifeste todo seu conhecimento em toda sua plenitude. Deixar o teatro para entender o teatro. Foram muitos os participantes da oficina, soltando seus corpos, dançando, cantando, tocando, se fantasiando e manifestando todo o seu conhecimento. A sala do terceiro andar no prédio do hotel da loucura ficou lotada, com tantas pessoas interessantes e cada uma trazendo a tona sua identidade e a cultura da sua região. Isso é celebrar e carnavalizar o teatro.


Herculano Dias

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