Dia 04 de Setembro
Quinta
Quarto dia
do evento. Tema da manhã, re-flexão, diálogo, carnavalização. Antes do diálogo,
Vera Dantas abriu o dia, comandando o ritual de agradecimento por mais um dia de
compartilhamento e vivência. Os participantes dançavam e cantavam,
abrilhantando e ilustrando ao vivo o tema proposto. Carnavalizar o teatro é
voltar para sua essência mais ancestral, cerimonial e ritualista, compromissada
com a história e com suas raízes mais populares. É estar em contato horizontal
com todos os expectadores, sem nenhuma barreira, sem nenhuma parede. O povo
entende e se identifica, porque conhece e conhece há milhares de anos, pertence
ao imaginário popular. Assim era no teatro grego, assim é nas grandes
celebrações, nas efemérides como o Círio de Nazaré ou no grande festejo junino
em Mossoró. “O novo nasce velho, enquanto o contemporâneo é ancestral –Amir
Haddad”.
Você
encontra mais teatro dançando um cavalo marinho, celebrando um bumba meu boi,
desfilando em um bloco de carnaval, no terreiro de candomblé, em uma procissão
em homenagem a São Jorge do que no próprio teatro. É uma constante procura por
uma possível liberdade, a liberdade do ator seja nos espaços abertos e até nos
espaços fechados.
Carnavalizar
é buscar vida no teatro e não teatro com vida. A vida naturalmente tem que
corre nas veias lúdicas, não precisa ser bombeado. Se precisa de transfusão,
certamente não existe teatro. Os atores, os brincantes por sua própria natureza
são doadores de sangue universal, se doam em nome do seu ofício para a
população e para a sua cidade.
OFICINA DIONISIACA
COM O TÁ NA RUA
A tarde,
para quem quisesse participar, o Tá Na Rua oferendou ao evento uma oficina com
a linguagem do grupo monitorada pelos atores seus atores.
A linguagem
do Tá Na Rua tem como suporte de pesquisa três pilares: as grandes festas, o
Carnaval e o futebol. Todo o trabalho do grupo é fundamentado nas grandes
atividades e festividades populares. Por isso as roupas do grupo não são
inteiras, completas. Através de muita música e dança, procura-se a liberdade
dos corpos para que assim o teatro se manifestar, o corpo na sua forma mais
atual e primitiva. Esvaziar a mente e ao mesmo tempo fazer com que o ator
manifeste todo seu conhecimento em toda sua plenitude. Deixar o teatro para
entender o teatro. Foram muitos os participantes da oficina, soltando seus
corpos, dançando, cantando, tocando, se fantasiando e manifestando todo o seu
conhecimento. A sala do terceiro andar no prédio do hotel da loucura ficou
lotada, com tantas pessoas interessantes e cada uma trazendo a tona sua
identidade e a cultura da sua região. Isso é celebrar e carnavalizar o teatro.
Herculano Dias
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