Adailtom Alves Teixeira[1]
De 21 a 28 de março ocorreu em Rio
Branco/AC, o VII Festac – Festival de Teatro do Acre, realizado pela Federação
de Teatro do Acre (FETAC). Os números impressionam. Na programação 29
apresentações dos 14 grupos de diversas partes do Brasil e dos 8 grupos locais,
que ocuparam 5 espaços: Teatro Plácido de Castro, Usina de Arte, Novo Mercado
Velho, um shopping e o abrigo onde estavam os atingidos pela cheia. Além disso,
debates, trocas de experiências e vivências artísticas todos os dias.
Os espetáculos compuseram um grande
painel, uma bela colcha de retalhos do teatro brasileiro realizado na
atualidade. Foram apresentações musicais, mamulengos, farsas, palhaços, épicos,
entre outros.
O Festival iniciou da mesma maneira que
se originou o teatro: no dia 21 às 16:50h na Praça da Revolução, seguindo em
cortejo pela Av. Getúlio Vargas até o Novo Mercado Velho. Todos os artistas que
estavam na programação acompanharam o cortejo. Ao lado do Rio Acre, em frente
ao Mercado, ocorreu a apresentação da Cia. Visse Versa com o espetáculo As mulheres de Molière. Como afirmou
Dinho, integrante da FETAC, “Dioniso é nosso amigo”, afinal em tempos de chuvas
o sol contribuiu e estava esplendoroso. O Festival começou na rua, integrando
todos e todas, sem distinção de qualquer espécie.
Porto Velho participou do Festival com
dois espetáculos: Nove luas (Cia.
Fiasco) e Mulheres de Aluá (O
Imaginário). Em ambos a temática da mulher, abordado de forma muito distintos.
Poderia se escrever muito sobre ambos, mas um exemplo simples para ilustrar as
distinções: o primeiro é um espetáculo mudo e parte da lendo do boto; o
segundo, usa a dramaturgia textual e tem a pesquisa calcada em autos judiciais.
A violência contra a mulher está presente nos dois, mas buscam resoluções
cênicas para o problema, muito diferentes. É certo que a violência contra a
mulher ainda gerará outros espetáculos, afinal Porto Velho continua sendo a
capital recordista de violência ao gênero feminino.
O teatro é uma maneira de refletirmos
sobre a vida, sobre a sociedade, sobre o mundo e todas as nossas relações. Por
isso mesmo é uma arte viva. O Acre e, especialmente, Rio Branco passam por
momentos difíceis por conta da cheia do rio, desabrigando muitas pessoas. Por
conta disso, o Festival teve muitos cortes de recursos, mas ainda assim a FETAC
optou por manter toda a programação e continuar com o Festival, uma maneira de
presentear a população acreana, de mostrar a força desse povo, bem como a força
do teatro.
A população acreana abraçou o Festival
numa clara demonstração de que a arte é fundamental para a vida e para o nosso
tempo. Em sendo o teatro a arte do encontro, pois é feito por pessoas e para
pessoas e só ocorre no momento de sua apresentação, que o encontro
proporcionado em Rio Branco possa perdurar e alimentar outros tantos que por aí
já existem ou tantos outros que venham a existir. Vida longa ao Festival de
Teatro do Acre.
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