XXI ENCONTRO DA RBTR – PARELHEIROS- SP
Mostra Lino Rojas precedeu o encontro nos dias 6 e 7 de dezembro na Praça Julio Cesar Campos em Parelheiros. Com Teatro de Rocokóz (Parelheiros/SP), Grupo Enchendo Laje (Grajaú/SP), Trupe Olho da Rua (Santos/SP), Cia de 2 (São José dos Campos/SP), Mamulengo Rasga Estrada (Presidente Prudente/SP), Exército Contra Nada (São Bernardo dos Campos/SP) e Trupe Lona Preta (Jd. Guaraú/SP). E encerramos com cortejo pelas ruas do centro.
Todos os coletivos vieram na solidariedade e a verba arrecadada para a Mostra e para o Encontro foi via chapéu virtual, apoio de um comércio local e alimentação do evento de aniversário de Parelheiros no equipamento do CEU.
Estavam representados: Santos/SP- Trupe Olho da Rua e Vila do Teatro; Cubatão/SP- Coletivo 302; Presidente Prudente/SP- Mamulengo Rasga Estrada, Galpão da Lua, Coletivo da Recusa; Assis/SP- Cia Pé de Pano; São Bernardo dos Campos/SP – Coletivo Menelão de Teatro; São Paulo/SP- Grupo Humbalada, Grupo Enchendo Laje, Teatro de Rocokós, Brava Companhia, Núcleo Vermelho, Madeirite Rosa, Sacolão das Artes, Cia. Desconhecido, Estudo de Cena, Cia das Cabras, Cia Canina, CDC Vento Leste, Companhia do Tijolo, Movimento Cabuçu, Cia. Colcha de Retalhos, Companhia Estável, Trupe Barco Niño, Instituto Pombas Urbanas; Florianópolis/SC – Vulkanica; Rio de Janeiro/RJ – Vinicius; Porto Velho/ RO – Alexandre.
Relatos
08/12/2017
Local: Sede Teatro de Rocokóz. Parelheiros, extremo sul de São Paulo.
Foi apresentada proposta de organização das plenárias, considerando avaliações de outros anos, de acontecessem em grupos menores para depois as discussões serem dividas na plenária geral. Porém, por estarmos numa quantidade pequena de pessoas, foi deliberado manter a plenária única, com exceção da Roda de Mulheres.
A primeira plenária propôs, através das apresentações, levantar os temas que seriam pautas do encontro, que foram: Encontro da RBTR (logística, frequência, comunicação, etc..); Organização interna dos grupos; Invisibilidade Trans; Segurança e Denuncia; Diálogo com a Sociedade Civil; 2018, cenário político/ institucional; Ações/ encaminhamentos
Nesta plenária debatemos sobre o cenário político de 2018, considerando ser um ano de eleições e avanço do conservadorismo. Nos perguntamos sobre um posicionamento da RBTR, mas não houve consenso sobre apoiar candidatos, pelo contrário, não se legitimou o processo de luta por uma democracia burguesa, mas que é necessário desenvolvermos nosso diálogo com a população sobre o fascismo que avança.
No segundo momento falamos sobre a organização interna dos grupos, que estamos mais avançados que a forma do capital, mas que houve uma grande quantidade de rachas entre os grupos nos últimos tempos e que é preciso olhar para isso, os grupos de teatro formaram militantes e é necessário considerar o contexto histórico, mas também a história de cada coletivo.
09/12/2017
Local: CEU Parelheiros
Foi acordado que a ação do cortejo que faríamos seria durante a festa de aniversário de Parelheiros que aconteceu no CEU, único equipamento público de cultura da região. Entretanto, nos deparamos com uma estrutura institucional com a qual não concordávamos. Fizemos uma assembleia extraordinária, discutindo sobre como estávamos correndo o risco de ser devorados por aquela estrutura e que não era conivente realizar o que havíamos combinado anteriormente, que seria um Cabaré de Diversidades com falas sobre o nosso movimento e o tema "A arte não pode ser calada". A partir de então reorganizamos a nossa apresentação e saímos em cortejo. Esse acontecimento nos ensinou que temos capacidade de dar respostas rápidas e coletivas com nossa linguagem, mas que fomos pegos no susto por uma situação que poderia ter sido prevista e que, nesse sentido, estamos muito desarticulados.
Local: Asé Ylê do Hoozoane. Parelheiros, extremo sul de São Paulo.
O coletivo dos Jovens Urbanos apresentaram sua cena (que seria uma das cenas do Cabaré) sobre Violência e Abuso e de maneira muito organizada, puxaram um debate sobre o tema.
A plenária deste dia teve como foco principal a temática "Cultura e resistência". O pai da casa apresentou o ponto de cultura Ylê e os projetos realizados no espaço, as dificuldades e conquistas em relação a organização de bairro, o processo de apropriação e recusa das instituições e burocracias.
Em seguida partimos para o debate em torno das questões de visibilidade trans e de gênero. Foram trazidos relatos e experiências em torno da temática, citando casos de peças e/ou posicionamentos machistas, misóginos, homofóbicos ou transfóbicos dentro dos grupos de teatro. Vulkanica, de Presidente Bernardes-SP/Florianópolis-SC contou um pouco sobre suas experiências como artista trans e dos processos educativos e de militância política nos quais ela está envolvida. Contou ainda de diversos casos de repressão a apresentações e performances trans que vem ocorrendo recentemente.
Tatiane, da cia. Humbalada, do Grajaú, zona sul de São Paulo, contou um pouco acerca das experiências do evento Periferia Trans, realizado pelo grupo e que vai para sua terceira edição, prevista para acontecer em abril de 2018.
Vulka e Tati explicaram ao público presente os conceitos de gênero, sexualidade, cis e trans, feminismo interseccional, entre outros conceitos presentes nas lutas feministas e LGBTT, uma vez que parte do público não estava familiarizada com estes conceitos.
Conversamos sobre como responder estética e politicamente a discursos estéticos fascistas, machistas, homofóbicos, transfóbicos etc, mesmo e principalmente entre nós. Que é necessário discutirmos Humor, considerando nosso tempo histórico e fortalecer nossos trabalhos e as críticas que pretendemos com eles. Neste sentido questionamos sobre o tema "A arte não pode ser calada", que queremos tolerância, respeito, mas como tolerar um discurso fascista sem virar um fascista?
Debateu-se sobre a necessidade de termos respostas rápidas e potentes (estéticas), sobre a necessidade de posicionamento e que, apesar dos lugares de fala distintos, os homens, por exemplo, também podem e devem se posicionar contrariamente a discursos e ações machistas propagados por outros homens.
Também se discutiu sobre a forma de criticar a polícia em determinadas situações e regiões, mais uma questão complexa: Nos propomos ser radicais nos posicionamentos em relação aos nosso companheiros de categoria, mas como agir em relação a esta figura que representa todos os preconceitos ao mesmo tempo, que é a polícia?
Na noite, as mulheres do Teatro de Rocokóz fizeram uma vivencia em torno da fogueira, sobre a temática de gênero e ancestralidade.
10/12/2017
RODA DE MULHERES
Discutimos sobre organização interna dos grupos e da RBTR, que nesta edição foi praticamente organizada pela mulherada. Falamos sobre a resistência do coletivo em aceitar novas propostas. Estamos descobrindo que, quando as mulheres se juntam para uma plenária, ou para organizar algo, a metodologia é diferente, tem um tempo diferente e que todos e todas podemos aprender com isso.
Percebemos que os encontros RBTR em processo de transição, que há um choque de gerações, que é necessário paciência e solidariedade, pois todos estamos aprendendo com esse novo momento e que não queremos destruir o que foi construído, mas também não queremos reproduzir determinadas formas. Reforçamos a necessidade das mulheres se apoiarem dentro do próprio grupo.
Queremos dialogar e seguir lutando com nossos camaradas. Ficamos muito incomodadas com algumas posturas dos companheiros do Movimento Cabuçu de Guarulhos e abrimos na última plenária uma prosa sincera, que seguirá na construção do encontro Estadual da RBTR, em São Paulo, que será por eles sediado.
Plenária Final
Diagnóstico (pelas cartas e manifestos)
Avanços
· Teatro de Rua nas universidades: houve a inserção nas matrizes curriculares de alguns cursos de graduação em teatro e artes cênicas, projetos de extensão e pesquisa.
· Publicações acadêmicas ou não, registros dos grupos, presença nos livros didáticos de artes.
Conquistas e Retrocessos
· Políticas Públicas: o não lançamento dos editais da Funarte: Artes Cênicas na Rua, Myriam Muniz (teatro), Klaus Viana (dança).
· A não realização, em 2017, das reuniões do colegiado setorial de teatro do Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC).
· O vencimento dos mandatos dos conselheiros das setoriais do MinC (por exemplo, a setorial de teatro), sem a realização de novas eleições.
É importante destacar a manutenção de diversas mostras e festivais de teatro de rua pelo país, inclusive a criação de novas mostras, realizadas por meio de uma rede de solidariedade entre os grupos e @s artistas, com pouco ou nenhum apoio do Estado ou da iniciativa privada.
ENCAMINHAMENTOS
- Realizar um encontro nacional da RBTR por ano e realizar encontros estaduais/regionais.
Pensar em estratégias para que os encontros estaduais auxiliem a captar recursos para fortalecer o nacional, que o chapéu/apoio conseguido nas mostras e encontros estaduais possam ajudar a bancar a vinda de representantes estaduais para o encontro nacional.
Sugestão de que os estados realizem seus encontros no primeiro semestre... E que o encontro nacional seja realizado em meados do ano, em julho, por exemplo, para que os artistas-professores estejam no período de recesso escolar e possam participar do encontro.
- Local do próximo encontro da RBTR:
Existe a proposta de fazer o encontro nacional em Caxias do Sul/RS, sediado pelo Ueba (eles estão em negociação local) e também existe uma demanda de levar para o centro oeste, para facilitar a participação do Norte e Nordeste. Nos próximos meses @s articulador@s da rede se manterão em diálogo para definir o local.
- Encontro Estadual de Teatro de Rua (MTR/SP): será em Guarulhos/SP, sediado pelo Movimento Cabuçu. Datas e logística serão definidas nas reuniões do MTR/SP.
- Criar uma carta-modelo da RBTR, com base no artigo 5º da Constituição Federal, de apoio aos grupos que fazem arte de rua, pela liberdade de expressão, contra a censura.
- Quando formos apresentar em outras regiões, contatar os grupos locais, por questão de segurança e apoio.
- Fomentar a presença de grupos e/ou artistas trans nas mostras realizadas no contexto da RBTR, pautando a temática da visibilidade trans dentro dos encontros da rede. Pensar a curadoria das mostras levando em consideração a representatividade de gênero e os conteúdos dos espetáculos a serem apresentados.
- Juntar os grupos de WhatsApp da rede em um só: a partir do grupo do XX encontro, de Presidente Prudente e atualizar . Responsável: Amanda Nascimento.
- Atualizar a lista de e-mails e convidar os novos integrantes da RBTR a se integrarem à lista de e-mails: teatroderuanobrasil@ yahoogrupos.com.br. Responsável: Alexandre Falcão.
- Site: Fabinho de Santos?, Danilo Lagoeiro (Londrina).
- Facebook RBTR: Cris (Brava), Edu (Menelão).
CONSTRUÇÃO DA CARTA: Após a última plenária e durante a segunda-feira dia 11, muitos de nós seguimos trabalhando no esforço de construir a Carta-Manifesto coletivamente, pois nos pareceu a maneira mais coerente, apesar de mais cansativa e menos eficiente.
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