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segunda-feira, 28 de junho de 2021

Manifesto do GT Artes da Cênicas na Rua da ABRACE - Assoc. Bras. de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas

 Manifesto: A dupla “asfixia” dos artistas no período pandêmico

A arte, em toda a sua amplitude, vem combatendo a desinformação, revelando diferentes contextos avassaladores de crises de saúde pública, bem como, criando produções de denúncias sobre a crescente desigualdade social cada vez mais agravada por este vírus.

Os setores artísticos estão muito fragilizados financeiramente, já que sempre necessitaram da formação de público e de espectadores contínuos para sobreviver. Agora, com a maioria dos espaços culturais e artísticos fechados, esses setores necessitam se reinventar para permanecerem vivos diante da realidade que se apresenta de forma dura.


No caso do Brasil, este agravamento se acirra ainda mais, pois os mesmos setores já sofriam um ataque maciço por parte do atual governo, autoritário e conservador e/ou falsamente moralista que, por sua vez, tentou paralisar diferentes atividades artísticas, como também, sufocar grupos que se opõem a este status e, ainda, retirar sistematicamente e de forma arbitrária os investimentos nas áreas culturais. 

Com isso, as artes no Brasil tiveram que enfrentar grandes dificuldades desconhecidas por países ditos democráticos, pois foram duplamente asfixiadas: primeiramente, pela demonização da cultura a partir de uma lógica de ataque governamental neopentecostal que minou, paulatinamente, os financiamentos nesta área e, posteriormente, pelo impacto do vírus.

Em meio a este caos, espetáculos presenciais foram cancelados, artistas ficaram sem remuneração, diferentes espaços nacionais foram fechados, obrigando os profissionais a se reinventarem diante do esvaziamento de políticas públicas adequadas para o enfrentamento da situação atual. 

O direcionamento de diversos trabalhos foi voltado para a pesquisa em rede de artes não presenciais, acentuando, dessa forma, a tomada de espaços virtuais por artes que até então, só se imaginavam existir a partir da presença física. Com isso, houve a interrupção brusca das atividades artísticas ditas presenciais para a expansão de ações artísticas movidas pela virtualidade da cena. 

Neste sentido, o contexto atual pandêmico desloca os processos de criação determinados por um tempo e espaço efêmeros para inventar laboratórios experimentais, cujos repertórios são mediados por câmeras de computador, de celulares e outros artefatos tecnológicos, naturalizando uma cultura de intimidade exposta, já que nossas casas são abertas para os olhares do espectador, cada vez mais inserido em nosso cotidiano, agora mediado por uma tela. A investigação artística a partir de diferentes mídias foi solução parcial encontrada para dar continuidade às criações e à sobrevivência de artistas, companhias, coletivos, etc.

A despeito dos inúmeros ataques sofridos, é extremante importante reiterar o apoio às valorosas iniciativas das categorias artísticas e do Congresso Nacional na criação das leis emergenciais para a cultura.

O GT ACR apoia a continuidade da Lei 14.017/2020 (Lei Aldir Blanc) e a efetiva implantação da Lei Paulo Gustavo PLP 73/2021.

Ressaltamos ainda a importância da manutenção destas leis e deste tipo de política pública cultural após o período pandêmico.

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