Manifesto: A dupla “asfixia” dos artistas no período pandêmico
A arte, em toda a sua amplitude,
vem combatendo a desinformação, revelando diferentes contextos avassaladores de
crises de saúde pública, bem como, criando produções de denúncias sobre a
crescente desigualdade social cada vez mais agravada por este vírus.
Os
setores artísticos estão muito fragilizados financeiramente, já que sempre
necessitaram da formação de público e de espectadores contínuos para
sobreviver. Agora, com a maioria dos espaços culturais e artísticos fechados,
esses setores necessitam se reinventar para permanecerem vivos diante da
realidade que se apresenta de forma dura.
No caso do Brasil, este agravamento se acirra ainda mais, pois os mesmos
setores já sofriam um ataque maciço por parte do atual governo, autoritário e
conservador e/ou falsamente moralista que, por sua vez, tentou paralisar
diferentes atividades artísticas, como também, sufocar grupos que se opõem a
este status e, ainda, retirar sistematicamente e de forma arbitrária os
investimentos nas áreas culturais.
Com isso, as artes no Brasil
tiveram que enfrentar grandes dificuldades desconhecidas por países ditos
democráticos, pois foram duplamente asfixiadas: primeiramente, pela demonização
da cultura a partir de uma lógica de ataque governamental neopentecostal que
minou, paulatinamente, os financiamentos nesta área e, posteriormente, pelo impacto
do vírus.
Em meio a este caos, espetáculos
presenciais foram cancelados, artistas ficaram sem remuneração, diferentes
espaços nacionais foram fechados, obrigando os profissionais a se reinventarem
diante do esvaziamento de políticas públicas adequadas para o enfrentamento da
situação atual.
O direcionamento de diversos
trabalhos foi voltado para a pesquisa em rede de artes não presenciais,
acentuando, dessa forma, a tomada de espaços virtuais por artes que até então,
só se imaginavam existir a partir da presença física. Com isso, houve a
interrupção brusca das atividades artísticas ditas presenciais para a expansão
de ações artísticas movidas pela virtualidade da cena.
Neste sentido, o contexto atual
pandêmico desloca os processos de criação determinados por um tempo e espaço
efêmeros para inventar laboratórios experimentais, cujos repertórios são
mediados por câmeras de computador, de celulares e outros artefatos
tecnológicos, naturalizando uma cultura de intimidade exposta, já que nossas
casas são abertas para os olhares do espectador, cada vez mais inserido em
nosso cotidiano, agora mediado por uma tela. A investigação artística a partir
de diferentes mídias foi solução parcial encontrada para dar continuidade às
criações e à sobrevivência de artistas, companhias, coletivos, etc.
A despeito dos inúmeros ataques
sofridos, é extremante importante reiterar o apoio às valorosas iniciativas das
categorias artísticas e do Congresso Nacional na criação das leis emergenciais
para a cultura.
O GT ACR apoia a continuidade da
Lei 14.017/2020 (Lei Aldir Blanc) e a efetiva implantação da Lei Paulo Gustavo
PLP 73/2021.
Ressaltamos ainda a importância
da manutenção destas leis e deste tipo de política pública cultural após o
período pandêmico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário