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terça-feira, 2 de março de 2010

TUOV: mais de quatro décadas de teatro popular

Teatro Popular União E Olho Vivo
Comemora seus 40 anos de Resistência

Com 40 anos de resistência, surgiu no Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, o Teatro Popular União e Olho Vivo, tendo como objetivo a troca permanente de experiências culturais dedicado-se à arte popular e à produção de espetáculos para circuito de periferia, agregando inúmeros participantes originários das classes populares. Percorre, na sua longa existência de vida 3.500 espetáculos teatrais gratuitos para um publico de locais na periferia de São Paulo e em municípios próximos. Está localizado no bairro do Bom Retiro na Rua Newton Prado, 766, entre a Escola de Samba Gaviões da Fiel e o Parque do Gato.
Apresenta-se em locais como salões paroquiais, quadras de escola de samba, praças e ruas, casas culturais, teatros e outros. Reconhecido nacionalmente e no exterior com participações em festivais e vários prêmios ganhos. Tem criação própria de texto e produção coletiva visando como estrutura para as montagens o folclore brasileiro como o circo, o bumba, cirandas, marujadas, folia de reis, a capoeira, literatura de cordel e o futebol. O Tuov teve participação na luta pela anistia e colaboração com entidades de Direitos Humanos, sempre visando um país melhor. Tem como seus fundadores César Vieira (Idibal Pivetta) e Neriney Moreira, ambos advogados e defensores da arte popular brasileira.


Tática Robin Hood

Para se manterem em atividade o grupo adotou o que chama de tática Robin Hood. "Como os nossos espetáculos também são bem recebidos pelo público que pode pagar, vendemos a um bom preço o espetáculo para prefeituras, secretarias de culturas e clubes, e com esse dinheiro realizamos diversos espetáculos nos bairros periféricos gratuitos. Pegamos o dinheiro de quem pode pagar para aplicar em teatro naquele que as vezes nunca viu teatro na vida", comenta Cícero Almeida ,ator, funcionário público e estudante de direito.
O União e Olho Vivo faz suas apresentações aos finais de semanas, isso porque a maior parte do elenco desenvolve outras atividades. "Lá, temos funileiro, empregada domestica, advogados, professores, bancários e outros. Todos têm duas ou mais funções e, além disso, alguns ainda estudam. Enfim, o nosso elenco não vive de teatro. Não dá para sobreviver do trabalho do Olho Vivo, porque fazemos uma cultura que não é comercial, não é a nossa intenção. Temos uma ajuda de custo quando o espetáculo é vendido. Acredito que é uma das grandes virtudes do grupo sobreviver esses 40 anos", afirma Almeida.


Trabalho e Criação Coletivo

O trabalho e a criação coletiva é outra das grandes virtudes do TUOV. Buscando exercitar esse trabalho coletivo, o grupo vai definindo o tema escolhido para um espetáculo, as pesquisas a serem buscadas, a dramaturgia, figurinos, musicas e cenários. Em todas as suas peças já montadas o grupo adotou a idéia central a ser narrada, num fio condutor assentado numa estrutura popular para desfiar a história:

"É nesses trabalhos coletivos que você percebe o quanto a democracia é fundamental para construção de qualquer trabalho em sociedade, também, aquela pessoa vai com a dinâmica do grupo, aprendendo a manusear coisas e funções como por exemplo, manusear um refletor, aprender a tocar percussão, criar cenários, etc"., explica Cícero.
Atualmente o grupo participa da lei do Fomento ao Teatro da Cidade de São Paulo, com o projeto: Um Sonho de Liberdade, em que o TUOV coordena os trabalhos de desenvolvimento do grupo de teatro popular: Fonteatro Olho Vivo do Jaraguá, com alunos da Escola Municipal Brigadeiro Henrique Fontenelli e moradores da vizinhança do bairro do Jaraguá, atualmente com o espetáculo Barbosinha Futebó Crubi.

Os Negros Marujos de João Candido

O TUOV está a quatro anos percorrendo o Brasil com o espetáculo: João Candido do Brasil – A Revolta da Chibata, com a direção de César Vieira. O grupo já recebeu diversos prêmios com este espetáculo, entre eles, o Prêmio Santos Dias de Direitos Humanos na Assembléia Legislativa de São Paulo.
Ocorrida em 1910, no Rio de Janeiro, este fato da nossa história foi uma revolta justa dos marinheiros de maioria negros, contra o uso da chibata como medida disciplinar na Marinha Brasileira. Liderada por João Candido, a revolta foi violentamente reprimida, seus participantes presos, e tudo foi feito para apagar da nossa memória a luta justa dos revoltosos.
Ao Almirante Negro e seus marujos, agora se junta os integrantes do Teatro Popular União e Olho Vivo, que apresentam a façanha de 1910, na empenhada arte popular. Brincando com a imaginação e a fantasia, que permite realçar os traços da verdade. É o que vemos neste espetáculo por meio da música, da cor, da indignação de atores populares defensores da cultura brasileira e dos direitos humanos. 

Publicado originalmente em "A Gargalhada" nº 02, maio/junho de 2006, p. 6.

Um comentário:

rasta junior disse...

eu sou artista deruagostodoque faço com meu personagen o contador de historia eo boboda corte algo mais lirico e satiroparabens