Bem, o Caretas ficou na estrada de janeiro à junho de 2010. Fizemos 4 viagens imensas pelo Nordeste. Tudo feito dentro de um van. 13 pessoas indo e voltando. Nossa primeira viagem aconteceu em março, aqui para nós no feriado de São José, assim fomos para um assentamento rural chamado IPUEIRA DA VACA, 450km de Fortaleza, la encontramos mestres e brincantes do reisado de caretas, ou reisado de couro, como chamam em alguns lugares. Estávamos procurando ter contato e fazer uma brincadeira com eles. Fizemos entrevistas, máscaras, dançamos e fizemos teatro com eles. Tenho certeza que muitos da rua adoraria ver um reisado de caretas. Como diz nosso orientador de pesquisa (Oswald Barroso) é o principio da arte cênica. Nossa estrutura dramática está inspirada neles.
Depois na Semana Santa fomos para uma cidade há 900km de Fortaleza, JARDIM, lá na semana santa toda a cidade fica mascarada, é isso mesmo, com dizemos aqui no grupo, ficam ENCARETADAS. É alucinante, pessoas comuns colocam máscaras e penduram badalos no corpo e ai caminham pela cidade. E isso mesmo: caminham. Parecem serem mágicos é muito interessante. Houve ainda o enforcamento do Judas, vimos o que eles chamam de sítio do Judas, um local onde eles passam os dias até chegar o domingo de Páscoa. No ultimo dia há o enforcamento do Jucas (dentro do boneco eles colocam uma grana e vai uma multidão lutar para pegar). Bakhtin deve ter visto algo parecido. Rsrsr
Já em junho fizemos uma viagem incrível. Saímos de Fortaleza para o Natal, no Rio Grande do Norte, fizemos espetáculo, vimos o Alegria Alegria, vimos o Artes e Traquinagens, conversamos, conversamos, conversamos, foi muitooooooo bom. De lá, fomos para a cidade de Condado, em Pernambuco ( lembrem-se ainda dentro da van) chegamos ao anoitecer. E dai por diante não somos mais os mesmos. O Cavalo Marinho é impressionante. Conhecemos a música, os entremeios, dançamos e fizemos mais máscaras. A brincadeira do Cavalo Marinho começou as 9 da noite e terminou as 6 da manhã. Sem um intervalo sequer. Uma apresentação de corpos e performances cênicas impressionantes.
No final do mês de junho fizemos nossa última viagem de pesquisa para este trabalho que estamos montando, passamos uma semana, na baixada Maranhense. Fomos ver e sentir os CAZUMBAS do Maranhão, nosso mestre de cerimônias foi o Mestre Abel Teixeira, um senhor de uns 80 anos, artesão e cazumba, reconhecido nos quatro cantos do mundo. Vimos o Boi do Apolonio Melonio, participamos do que eles chamam de guarnicê (um ritual que acontece antes das apresentações). Fomos em uma comunidade (há 300 km de São Luis) e lá reconheci o que é fazer algo na rua, onde não se identificar o que é brincante e quem é platéia. Augusto Boal certamente viu algo assim. Nada de expectadores e sim todos juntos brincam e conduzem a história.
Estou escrevendo mais detalhadamente todas as viagens, e nosso estudo sobre as máscaras presentes nestas manifestações tradicionais que visitamos, o intuito é aprofundar um estudo sobre a performance do ator de rua. Muita coisa pra ver e pra estudar.
Em nosso blog www.teatrodecaretas.blogspot.comtem mais coisas.
muitos abraços
Vanéssia Gomes
Grupo Teatro de Caretas
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