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segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Associação quer brecar artistas de rua

Associação quer brecar 'muvuca' de artistas nas ruas

São Paulo, domingo, 01 de janeiro de 2012
Articuladores de artistas de rua e comerciantes do centro querem ajustar projeto de lei em discussão
Em uma quadra da rua 15 de novembro, quatro artistas se apresentam e dizem que nunca recebem reclamações
CRISTINA MORENO DE CASTRO
DE SÃO PAULO
É começo da tarde na praça da Sé. A banda de forró Luar do Sertão Pancadão do Piauí se prepara para tocar mais uma vez o clássico "Asa Branca", de Luiz Gonzaga.
Zabumba, pandeiro, sanfona. Microfones, amplificador e caixa de som.
"Eu até gostava da música, mas imagina o que é ouvir Asa Branca 45 vezes no mesmo dia?", diz o advogado Airton Domingues, que é diretor da Ação Local Praça da Sé.
Ele trabalha no sexto andar de um prédio da praça e diz que sofre com o eco das caixas de som usadas por alguns artistas de rua. "Não dá para trabalhar."
O problema, diz, é que já aumentou o número de artistas de rua -ou dos munidos de caixas de som altíssimas- desde que Gilberto Kassab (PSD) aprovou, em julho, o decreto que disciplina as apresentações.
Mas o temor de moradores e comerciantes é que vire bagunça quando um projeto de lei em tramitação for aprovado: da forma como está escrito, permite que mais pessoas sejam consideradas artistas e autoriza até a venda de "peças artesanais".
"Daqui a pouco qualquer um diz que é artista e vai para a rua, e vira um camelódromo disfarçado", diz Artur Monteiro, da Ação Local Ladeira da Memória, ligada à Associação Viva o Centro.
A associação, que tem 5.000 membros, criou um grupo de trabalho em dezembro para discutir o assunto e diz que procura a prefeitura e a Câmara ativamente.
Ao mesmo tempo, articuladores do movimento dos artistas de rua criaram um fórum na internet para melhorar o texto do PL -incluindo regras como limite para ruído, ocupação e para que os artistas não fiquem sempre no mesmo lugar.
"O texto foi feito às pressas, estamos trabalhando para melhorá-lo", diz Celso Reeks, um dos articuladores, que defende a venda dos CDs autorais pelos artistas, hoje proibida, para que consigam levantar mais dinheiro.
QUATRO EM UMA QUADRA
Na semana passada, a Folha convidou Celso e Airton para circular pelo centro, onde a concentração de artistas (e de público) é maior.
Descendo pela rua 15 de Novembro, vê-se a dupla de repentistas Peneira e Sonhador fazendo rimas para uma roda imensa de pessoas. Alguns passos adiante, um mágico transforma um pedaço de jornal em nota de R$ 50.
A dupla de cantores de gospel Os Levitas da Última Hora também canta com caixa de som (desde que o decreto foi aprovado) e vende CDs quando não há fiscais perto.
Também é comum encontrar por ali o pintor de grão-de-arroz, o de azulejos, o que faz arte em arames e o que se apresenta com argolas.
Embora o debate na internet e fora dela esteja quente, a posição de Celso e Airton é a mesma: querem apenas coibir os abusos, sem impedir o trabalho dos artistas.
Luiz Ramalho da Silva, 35, o sanfoneiro da banda de forró, diz que toca há 15 anos na praça e que nunca recebeu reclamações de moradores ou comerciantes por seu som.
"Daqui eu não saio." Nem teria como: segundo ele, todas as praças próximas já estão ocupadas.
Veja fotos dos artistas de rua na Sé:
Veja vídeo com os artistas de rua e os comerciantes:

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