Ritmo, vibração, alegria! Nas ruas o palco democrático da arte.
Manhã de domingo, nada melhor do que uma boa programação. O confronto único e peculiar é proporcionado com as vivências trazidas nas cenas do teatro de rua. A busca não é apenas do riso pelo riso, mas do riso com reflexão, assim afirma Edson Paulo, integrante do grupo Buraco d`Oráculo. No espaço da rua, não existe um mero espectador, mas um integrante do espetáculo que a qualquer momento pode intervir nas cenas.
Malabarismos, perna-de-pau, pirofagia rimam com a magia do espetáculo. Nas peças são refletidas questões sociais, que interagem e interferem nas diferentes realidades vividas pelo público presente. As apresentações são realizadas em geral ao ar livre e todos ficam ao nível do chão. Com intuito de divertir e instruir, esse segmento do teatro começa a ser, atualmente, mais difundido entre os jovens, em especialmente entre os da periferia.
Na terceira apresentação dos Teatristas Periféricos, resultado do II Núcleo de Teatro de Rua do Projeto Circular Cohab´s, o espetáculo "Cenas Farsescas" encenado por eles na Praça do Setor 65 em Cidade Tiradentes, trouxe alegria e personagens com os quais o público se identificou. Nos atores, apesar da pouca idade, era nítida a segurança na fala e nas expressões, o reflexo da vontade de realizar e se superar. Um dos aprendizados para quem pratica essa arte é justamente a de lidar com as diferenças, a de se conhecer melhor e a de se preocupar com a comunidade na qual faz parte. O contato proativo na rua faz com que o jovem se perceba como ser humano na sociedade. É o que garante Wagner Silva de Almeida, 17 anos, integrante do grupo Teatristas Periféricos "Antes eu era mais um, hoje eu não sou mais. Hoje eu quero fazer a diferença. Essa foi a ajuda do teatro para mim", afirma.
A cultura é o fermento que faz crescer o senso crítico em cada pessoa. Contrapondo aos enlatados estrangeiros, o teatro de rua mostra a importância da reflexão das situações cotidianas e torna viva a arte cênica nacional. Ele é sem dúvida, o grito da liberdade nas regiões periféricas. Um desafio que diariamente é rompido. Dessa forma, conquistam mais e mais um público fiel e estreita seus laços com a comunidade. Cumprindo então, por onde passam, o papel social do teatro. Isso porque, contribuem para a reflexão e formação de agentes sociais transformadores.
No mundo globalizado em que vivemos, não basta só acreditar e falar sobre algo. É preciso agir. Por esta razão, como estudante de jornalismo o senso de cidadania, a vontade de compartilhar e proliferar a cultura, sabendo a importância dela, fez com que optássemos por desenvolver o trabalho de conclusão de curso com o teatro de rua. Ele rima com auto-expressão, que rima com mídia alternativa, que rima com a possibilidade de potencializar o fazer social como um todo. Juntar a paixão com a forma de refletir por meio da arte foi a maneira que encontramos de potencializar esse fazer social. A cultura e a mídia alternativa como instrumentos de inclusão social podem ser os primeiros passos na formação dos pilares para uma visão de mundo mais crítica, compartilhada e construtiva.
Por Mayara Evangelista – Jornalista
Publicado originalmente em A Gargalhada nº 08 julho/agosto de 2007, p. 02.
2 comentários:
Encontrei esse blog com a pesquisa de teatro de rua. adorei esse texto. O teatro na rua é democratico, mas um desafio a cada apresentação... isso é encantador.
como tenho acesso ao jornal nº 8, citado por você neste artigo?
Grata!
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