Nossa opção pelo teatro de rua...
...Se dá pela liberdade, pelo posicionamento e enfrentamento que propõe. A rua não tem dono, o que define o ator da rua é a relação com o público, nada mais. O chapéu é sua remuneração, a mais sincera e singela, a rua é o palco mais legítimo, o ator na rua está na corda bamba, se não domina os elementos... não dá para correr para a coxia. O ator da rua transforma e convenciona tudo, inclusive seu palco. A rua pode ser tudo, é um lugar de trânsito de energia e acontecimentos muito fortes. As manifestações culturais mais fortes são na rua, As rodas de capoeira mais tradicionais são na rua, o carnaval de rua, o hip hop, o rap, o grafite, as comemorações religiosas... Quando o povo quer protestar vai para a rua. Por isso ficamos "de cara" quando espetáculos que tem toda independência e autonomia precisam pedir uma autorização para apresentar-se na rua.Que é nossa, é de todos. Essa relação é da rua, com o artista, com o povo e não de um terceiro, da burocratização.
Existem locais ainda, onde não é tão simples apresentar, devido ao grau de hostilidade presente na comunidade, ao "escanteamento" social que sofrem e de uma relação mais ausente ou inexistente que o teatro representa para essas pessoas. Então, tem toda uma relação a ser construída, estabelecida entre público e artista, e a rua como via. Não é uma autorização, um papel, que te dá essa segurança, essa comunicação.
Outro dia, no meio de uma apresentação, em um parque próximo do centro da cidade, duas gangues resolveram disputar espaço no mesmo local, data e hora do nosso espetáculo, eles chegaram depois do teatro já ter iniciado, ou seja, a rua cobra suas necessidades.
*Marcelo Militão – TIA
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