Manifestações contra aumento da passagem é tema mais discutido nas redes
São Paulo - Um grupo de advogados criou um movimento no Facebook para angariar profissionais que possam atuar, gratuitamente, em defesa de manifestantes que forem eventualmente presos, em manifestação que ocorrerá na próxima segunda-feira, dia 18, em São Paulo.
A ideia é que estes voluntários entrem com habeas corpus na Justiça em favor de manifestantes presos nos protestos. Mais de 3 mil advogados e estudantes de direito já haviam se colocado à disposição das ações.
A reação dos advogados foi acompanhada por manifestações da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, que divulgou carta aberta ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) e ao prefeito Fernando Haddad (PT) na qual classifica a violência como "inadmissível" e critica a Rota.
A ONG de Direitos Humanos Conectas disse que "denunciará o caso aos relatores da ONU".
A Rede Nossa São Paulo espera que o protesto sirva para melhorar o transporte público. "Estamos discutindo esse problema há anos, mas só o que vemos é a Prefeitura e o governo estadual gastando milhões em pontes e túneis para carros", diz o coordenador de Democracia Participativa da Rede, Maurício Piragino.
Marcelo Furtado, diretor executivo do Greenpeace, também vê uma oportunidade real de conseguir mudanças nos transportes. "A tarifa foi apenas o estopim de uma demanda reprimida, que é a necessidade de um transporte coletivo melhor."
No próximo ato, marcado para segunda-feira, 17, no Largo da Batata, além de criticar o aumento da passagem, os jovens também se posicionarão pelo direito de manifestação e contra a repressão policial. Até a noite de sexta-feira, 14, 122 mil internautas já haviam confirmado participação no protesto.
O comandante-geral da PM, coronel Benedito Roberto Meira, admitiu que não sabe "que dimensão e qual magnitude terá a próxima manifestação". Mas afirmou que manterá a Tropa de Choque como uma "reserva estratégica" para atuar no protesto.
Protestos contra o aumento da passagem - Comissão Justiça e Paz fala do uso indiscriminado de armas pela polícia em SP
por Redação — publicado 14/06/2013 15:24
"O movimento popular não controla as pessoas violentas que a ele aderem e tampouco as autoridades têm controle sobre a ação violenta da repressão", disse o presidente da Comissão. O presidente da Comissão Justiça e Paz de São Paulo, Antonio Funari Filho, liberou uma carta aberta às autoridades públicas estaduais e municipais nesta sexta-feira 14. A instituição,ligada à Arquidiocese de São Paulo, falava dos protestos contra o aumento da passagem do transporte público na capital paulista e afirma a legitimidade do movimento. Funari Filho ressaltou que "o movimento popular não controla as pessoas violentas que a ele aderem e tampouco as autoridades têm controle sobre a ação violenta da repressão". Ele pede que esse seja o ponto de início para um diálogo.
Abaixo a carta na íntegra:
Senhor Governador e Senhor Prefeito
A Comissão Justiça e Paz de São Paulo, entidade fundada por Dom Paulo Evaristo Arns em 1972, vem em presença de Vossas Excelências ponderar e sugerir o que segue:
Vossas Excelências muito acertadamente declararam que as manifestações do movimento Passe Livre são legítimas e que o que não se pode admitir é a violência.
Vossas Excelências também declararam em uníssono que é impossível haver qualquer redução no valor da tarifa porque ela foi corrigida com índice inferior à inflação acumulada do período, o que já afastaria a possibilidade de negociação.
O resultado é que a falta de negociação tem acarretado o que é inadmissível, ou seja, a violência tomando conta das ruas, sendo praticada por alguns populares e por policiais. O uso da Polícia Militar desde o início da manifestações não conseguiu estancá-la, aterrorizou a população com o uso indiscriminado de armas menos letais e de efeito moral. O uso recente da Rota transformou o que já era aterrorizante em praças de guerra e provocou a multiplicação do número de feridos e aumentou a natureza das lesões sofridas.
Entendemos que se esta onda de violência registrada nas recentes manifestações não for estancada, o problema só se agravará, podendo resultar até em consequências piores e até em mortes. Os problemas sociais são de tal complexidade que não podem ser resolvidos pela repressão policial.
Temos certeza que os organizadores dos protestos e o poder público querem pôr fim à violência. Entretanto, o movimento popular não controla as pessoas violentas que a ele aderem e tampouco as autoridades têm controle sobre a ação violenta da repressão.
Entendemos que este ponto comum entre as partes possibilita um início de diálogo em que se possa chegar não apenas a um acordo quanto ao fim da violência e mas também quanto à questão da melhoria do transporte público e de uma política de tarifas que assegure ao cidadãos de São Paulo condições menos indignas de vida.
A paz é fruto da Justiça.
Atenciosamente
Antonio Funari Filho
Presidente
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