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segunda-feira, 15 de setembro de 2014

ALMANAQUE OFF SINA

                    


Antes de começar a escrever fiquei pensando como definir o almanaque comemorativo de 25 anos do Grupo Off Sina. Me dei conta que não dá para definir em uma palavra, mas em duas que se confundem e se interagem no mesmo significado e importância para a história dos artistas de rua e do Teatro e Circo no seu todo: Ancestralidade e Linguagem.

Partindo da ultima, o que lemos é a síntese do começo de uma pesquisa e uma necessidade: necessidade de praticar o que mais se ama, nesse caso, a arte, com todos os seus percalços e seus questionamentos. Questões levam a curiosidade e a curiosidade faz brotar a necessidade de se aprofundar na arte que exercemos. Quanto mais perguntas e mais inquietações, nasce á linguagem. Assim é o retrato deste almanaque que complementa o primeiro, onde o inicio desta linguagem nasceu da inquietação e da procura de novas possibilidades. Assim o estudo do seu ofício  proporcionou ao Off Sina encontrar uma linguagem própria, baseando sua caminhada na descoberta do circo teatro e se esgueirando pela ancestralidade do palhaço. O cuidado com essa linguagem é narrada com carinho nas páginas que descrevem o nascimento de um espetáculo, no caso o Tremelicando, desde a concepção dos artefatos musicais construídos e do entendimento dessa arte através do contato com o casal de palhaços Treme Treme e Currupita. É busca, é proposta e é resgate da memória que não está escrita, mas que é presente. Ai entra a ancestralidade no modo representar, “tão antigo e tão contemporâneo – Amir Haddad”, pois é a perpetuação da memória dos antigos bufões, mambembes e circenses, que nasceram antes de nós e que serão depois de nós. O palhaço de rua, o circense e os atores de rua já existiam antes mesmo da Grécia. Nascemos com a necessidade de se manifestar  e daí em diante não mais paramos.   Somos antes do Egito ou das antigas civilizações e continuamos após elas. Da idade do ouro até os dias de hoje, saltando junto com a natureza. E é isso que encontramos neste almanaque, um passeio entre passado e presente, referências da herança que recebemos pelos que antes trilharam estes caminhos, gastando suas solas de sapatos.

Poderia ser uma revista, poderia ser um livreto, mas a escolha de ser almanaque é mais do que acertada. Almanaque na sua origem árabe representa a memória registrada em matérias, informações, fotos, humor e brincadeiras. O almanaque é não é uma invenção moderna, mas é de tradição antiga milenar e ancestral. O resultado não poderia ser outro e cumpre sua função. De maneira leve, simples e direta é fermento para contribuir com a nossa memória pública ancestral. Parabéns OFF Sina. Mais 25 anos de puro prazer.


Herculano Dias. 

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