A Brincadeira do Boi Bumbá em Porto Velho encerra o Amazônia Encena na Rua
Com uma apresentação emocionante, o Boi Bumba Corre Campo fez o encerramento da oitava edição do maior festival de teatro de rua da região norte. Antes, os performáticos bailarinos urbanos do Strodun de Belo Horizonte, os mamulengos do Distrito Federal, os palhaços da banda-teatro Dona Zefinha, do Ceará já haviam 'explodido' o público de tanto rir na Praça das Três Caixas D'Água.
Devido à interdição do parque Arena Madeira-Mamoré (que atraia artistas de todo o país devido às suas características de anfiteatro grego), este ano as apresentações ocorreram em sua maioria na praça das Três Caixas-D'Água. Com isto todos os grupos foram muito prejudicados com o espaço de representação limitado pelas arquibancadas de ferro que delimitavam o espaço cênico.
Na arena Madeira-Mamoré, os grupos e artistas, dependendo do conteúdo, tipo e formato de seus espetáculos, formavam círculos menores para aqueles com mais texto e intimismo ou usavam toda a cena quando as obras eram mais visuais e verticais como as dança-teatro e o uso de pernas-de-pau, o que não foi possível, nesta oitava edição, que ficou mais compactada e a iluminação, a sonorização (e suas respectivas operações) não puderam ser montadas nos pontos corretos não ajudaram nem aos artistas , nem ao público devido à suas localizações.
Destaques:
- para a diversidade e a programação de oficinas e debates durante todo o evento, que contou com o pesquisadores do GT Artes Cênicas na Rua da ABRACE - Associação Brasileira de Pesquisa de Pós-Graduação, que liderados por Alexandre Mate, assistiram e escreveram comentários críticos sobre todos os espetáculos e discutiram a aproximação da Academia com os movimentos sociais e o teatro de grupo, em especial. O GT reconheceu que os grupos são espaços de pesquisa e produção de conhecimento sobre a modalidade Teatro de Rua, sobretudo, aqueles que oferecem oficinas de formação e capacitação em suas 'escolas' e cursos livres;
- a participação de professores e alunos dos cursos de teatro da UNIR (Rondonia) da UFAC (Acre) e alguns da UEA(Amazonas) que acompanharam atentos a tudo e todos;
- o reconhecimento das danças dramáticas das quadrilhas e dos bois-bumbás como espetáculo cênico. Tanto no Matias, quanto no Amazônia Encena na Rua obtiveram espaços iguais aos grupos de teatro. As encenações dos 'casamentos' e das 'narrativas épicas' são muito bem aceitas pelo público da região norte que asssistem aos espetáculos como torcedores de futebol acompanhando a cada 'jogada' dos interpretes e aplausos para as melhores 'jogadas', 'efeitos' e 'surpresas' propiciadas pelas verdadeiras óperas ppulares, assim como os 'pássaros'. Creio que devemos estar atentos a estas corporações que mobilizam comunidades inteiras, fazem música ao vivo, dançam, interpretam, cantam, desenvolvem temas onde o heroísmo das etnias oprimidas e a presença do homem do povo estão presentes e são protagonistas.
Seria este o teatro da fronteira, dos açudes, dos barrancos, da floresta o Eldorado que tanto procuramos? Está assim tão perto de nós que nunca olhamos para ele? Estas escolas de espetáculos popular não ficaram a dever nada aos espetáculos de teatro de rua das duas mostras. Ao contrário, comprovam a nossa tese de que existem vários Teatro(s) de Rua no Brasil na luta pelo espaço público.
ERRATA:
O nome da palhaça é CAFUCHA e não PAFUCHA como eu havia escrito e a atriz que a representa é a amazonense Ariane Feitosa.
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Licko Turle
Doutor em Artes Cênicas
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