Pesquisar este blog

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Pequeno relatório do XIII Encontro RBTR

 
Rueiros, ai vai um pequeno relato do que eu presenciei no encontro. Nada muito detalhado.

Sou muito grata pela oportunidade e pelo aprendizado.  

Abraço a todos, espero que gostem. Livre para comentários.

Haux Haux.

l.

Relatório  da I Mostra Área Viva de Teatro de Rua e de Floresta e XIII Encontro da Rede Brasileira de Teatro de Rua de 24/08 a 31/08 de 2013
 
"Com as mãos arrebentadas, as entranhas devoradas, as palavras amarradas, o povo não morrerá". Música do espetáculo "A Exceção e a Regra" Grupo Cia. Estável de Teatro.
 
Rio Branco- Acre abre as portas para a sua primeira mostra de teatro de rua. Evento realizado na floresta, no espaço conhecido como Área Viva e na cidade pertencente  ao Grupo Experimental de Teatro de Rua e de Floresta Vivarte. Esse espaço é uma ocupação, localizado no KM 36 Ramal Caminho Encantado, onde o grupo, que também tem um trabalho ecológico, refloresta e preserva, eles também tem uma sede na cidade, mas neste não teve eventos. Unido com esse festival acontece o XIII Encontro da Rede Brasileira de Teatro de Rua.
O Encontro tem como programação, plenárias que discutem temas como GTs, editais, políticas públicas, setoriais e a organizações de próximos encontros, pois a rede é realizada por trocas de e-mail e dois encontros presenciais semestrais pelo Brasil e no fim é escrita uma carta para a ministra da cultura, no caso a ministra Marta Suplicy.
Estavam presentes no encontro alguns membros da comunidade indígena dos Huni Kuins, estes que buscam do nosso governo muitos pontos em comum com a rede, assim laçando uma parceria.
Dos dias 25/08 até o dia 27/08 foi realizado o  festival, onde todos os dias eram apresentadas peças teatrais e rituais indígenas. Espetáculos de palhaço, dança, peças politizadas e críticas o que da a possibilidade da reflexão, pois todas buscavam retratar algo do que anda acontecendo pelas entranhas do nosso país e das relações humanas.
A partir do dia 27/08 aconteceu a abertura do XIII Encontro da RBTR, tendo Amir Haddad como palestrante, evento realizado no parque Capitão Ciríaco, no centro da cidade. Reuniu alguns membros do teatro e comunidade, além da tribo Huni Kuin onde foram debatidos a linguagem e o teatro de rua. Segundo o convidado, o nome "teatro de rua", atualmente, é apenas simbólico e caracteriza os espetáculos que estão fora do circuito comercial e das salas convencionais de apresentação. "Quando volta para a rua, o teatro deixa de fazer parte de uma classe social e volta a pertencer ao povo. É isso que nos leva a ocupar os espaços públicos: arte é obra pública".
Após palestra, aconteceu um cortejo onde aproximadamente 300 pessoas foram em direção ao calçadão central para apreciar a peça "Ditinho Curadô" do Grupo Nativos Terra Rasgada de Sorocaba/SP.
Nos restante dos dias aconteciam as plenárias, onde em média 100 articuladores presenciavam e debatiam as pautas para ao fim delas ser escrita a carta para a ministra da cultura. Foram organizados os grupos de trabalhos GTs, que seriam: 1) Política e Ações estratégicas; 2) Pesquisa; 3) Colaboração artística; 4) Comunicação, onde me encaixei no de política, este que elaborou a carta.
Muitos estados do Brasil estavam sendo representados e cada um pode dizer como anda a situação de cultura e politicas publicas de sua região. Amplificando a ajuda para resoluções de problemas de cada local.
A cada início de dia era realizado um ritual dos Huni Kuins, que compartilhavam com todos, e ao fim da noite também. As pessoas puderam experimentar e trocar ideias com os representantes da tribo, que sentem a grande necessidade de ser escutado pelo governo.
Os Huni Kuin (gente verdadeira) como eles se denominam ou povo Kaxinawá como é mais conhecido, vive em terras situadas no Brasil, no Estado do Acre e no Peru. Sua língua pertence à família linguística Pano, que eles chamam de hatxa-kuin (língua verdadeira), cuja riqueza manifesta-se inclusive pela diversidade musical.
Conhecendo pajés, caciques, articuladores, vendo a simplicidade e a calma e como o respeito deles é grande e suas exigências apenas são as pessoas serem recíprocas, respeitando suas tradições e cultura.
Infelizmente, nem toda a programação foi realizada, algumas peças de teatro como "Conto de Fadas" do Cia Livre de Teatro RestaNóis e o espetáculo "Aqui não senhor Patrão" do Núcleo Pavanelli,  não puderam se apresentar, um por motivo de doença e o outro por estar na organização do evento, também a plenária da Universidade Federal do Acre não aconteceu por motivo de uma greve.
Teatro, ritual, música, política, reflexões, dança, ecologia, além de um coletivo de trabalho, uma vivência na mata e muita troca de informação. Um momento de aprendizado nacional. Um coletivo forte e resistente é como podemos chamar a Rede Brasileira de Teatro de Rua. O Encontro da rede com os índios e o vínculo criado, do teatro de rua com uma cultura ancestral é de grande importância para o Brasil. Essa união deve ser crescente, para enriquecer a cultura de todos e podermos comemorar.  


Nenhum comentário: