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terça-feira, 21 de setembro de 2010

Tá Na Rua em Ribeirão Preto na Mostra de Teatro de Rua do SESC SP

 

Car@s amig@s ,

Segue o que rola por aqui na mostra SESC-SP de Teatro de Rua.

DIA 16 - "Tertúlia, Engasga o Gato e Fora do Sério" foram os grupos de Ribeirão Preto que, juntos com a Brava Companhia de São Paulo e estudantes de teatro da Faculdade Barão do Amazonas, nos aguardavam no auditório do SESC local. Chegamos lá às 14h55min, vindos de Taubaté, de onde saímos às 07h22min. No trajeto, ficamos engarrafados na Rodovia Presidente Dutra, tendo à esquerda à fábrica de aviões e à direita à indústria química de São José dos Campos. Levamos 50 minutos até entrar na Rodovia Dom Pedro, sentido Campinas. Seguimos nela por uma hora. Quebramos à direita, para o oeste paulista. As placas iam se modificando aos nossos olhos, trocando as letras, os números. Entramos na Anhagüera, sentido Uberaba. Uberaba a 230km, a 210km, a 180km. Pensei é quase Minas...  Diferente das placas convidativas,  Limeira, Sertãozinho, Piracicaba, Pirassununga... a paisagem insistia em se manter monotonamente a mesma: mar verde de cana, terra vermelha, laranjais, eucalipto, caminhão, calor, mar verde de cana, terra vermelha, laranjais, eucalipto, caminhão, mar verde de cana... Amir Haddad estava sentado na poltrona ao lado fazendo palavras cruzadas e fez o seguinte comentário para mim: "Licko, eu faço isto porque me ajuda a pensar o mundo, as coisas, o teatro. Antes, eu fazia com caneta azul, agora, faço com lápis! Quando fazia com a caneta, se errasse, já era! Não tinha a chance de corrigir, de aprender, de voltar atrás. Estava setenciado! Com o lápis, não! Se errar, eu apago, recupero, tenho esperança de acertar!" Recolocou os óculos para perto sobre o nariz e continuou a sua tarefa. A placa mandou a gente virar à direita e entrar no Ribeirão Preto. Chegamos lá, no SESC, às 14h55min, vindos de Taubaté, de onde saímos às 07h22min, dizia eu. Encontramos logo com a Míriam, do Fora do Sério que, em 1992, ajudou a organizar o primeiro encontro do Movimento Brasileiro de Teatro de Grupo.

O papo rolou solto com as colocações do Amir sobre 'arte pública' versus 'arte privada'. A Míriam queria saber notícias das proibições e perseguições que a atual administração carioca vinha imputando sobre o teatro de rua na cidade maravilhosa. Amir, imediatamente, ampliou: "Em todo o Brasil! Estão privatizando os espaços públicos em todo o Brasil! Tem lugar que cobram 9 mil, outros alugam por metro quadrado! As praças, no Rio, foram todas cercadas! Tem grades! É o capital, a ordem, o controle... Eu não quero liberdade consentida! Eu não quero liberdade condicional!". Depois ele passou a bola para mim. Falei da Rede Brasileira de Teatro de Rua, da ABRACE, do curso que o Alexandre Mate conquistou na UNESP, da disciplina na UDESC, do Narciso na UFU e do Carreira na UDESC, dos editais. Lancei o livro Teatro de Rua no Brasil – A primeira década do Terceiro Milênio. Afinal fui convidado pela Mostra SESC-SP de Teatro de Rua para isto. Dali fui para a praça Carlos Gomes, bonita, tem o chopp do Pingüim, bom, gelado. O pessoal da Usina do Trabalho do Ator, de Porto Alegre, RS, apresentou lá A Mulher que Comeu o Mundo. Assisti junto com o pessoal da Brava. Era um grupo desconhecido para nós, vimos pela primeira vez. Fizemos nossos comentários, rápidos, entrecortados por olhares e expressões...

DIA 17 – Sexta-feira, demos uma oficina O Ator no Espaço Aberto. Apareceu um monte de gente de teatro da cidade. Cheio, mesmo! Todos se divertiram e disseram que era completamente diferente do que sabiam. Unânimes, disseram que esperavam alguma orientação, ordem, técnica... e veio a liberdade! Conversamos muito, depois corri para a Castro Alves outra vez. O Imbuaça já estava pronto para começar o seu espetáculo "O Mundo Tá Virado, Tá No Vai e Não Vai. Uma banda Pendurada. A outra, em Breve Cai". O Imbuaça tem 33 anos de trabalho ininterrupto. Deu tempo de conversar com o Lindolfo, com a Isabel, a Rita e o Iradilson entre uma maquiagem e outra. O Imbuaça tem gente nova à beça... está renovando... Rosi, Talita, Kessia, Carlos... mas, mantém a sua liguagem dramatúrgica na literatura de cordel, como forma de resistência e divulgação dos grandes mestres e autores do nordeste. Poético, irônico, humor, música cantada, música mecanizada, equilibrado. O povo gostou! Dali subi sete quadras e fui para a praça Sete de Setembro.

De longe, se um ônibus azul no meio da praça. Chegando mais perto reconheci o CIRCOLAR TEATRO das meninas, d'As Graças, de Sampa! Tudo pronto. Pipoqueiro, sorvete, estudante, calor, 29 graus às 21h. O circo teatro delas apresentou o melodrama Nas Rodas do Coração, uma homenagem emocionante a Adoniran Barbosa. Quando o espetáculo terminou eu aprendi mais sobre as músicas do sambista do Brás e da cultura paulista do que as minhas centenas de viagens à capital. Os homens e as mulheres de Adoniram desfilaram suas fraquezas, malandragens, gostos e a ingenuidade brejeira em gestos poéticos e leves na minha frente. No final cantamos juntos "cais, cais, cais, cais, cais, cais..." Jantei com o meu grupo e falamos sobre o espetáculo das moças. Todos disseram que haviam gostado. Também! Durmi.

SÁBADO – A praça Sete de Setembro tem uma feirinha de artesanato aos sábados. No centro um coreto grande e bonito com escadas, rampas de acesso e uma espécie de procênio Começou com o Marcos da Legião de Palhaços, SC, com o seu "Cirquinho de Pulgas", uma tradição secular que existe em todo o mundo, sendo ele um dos seus mantenedores no Brasil. A técnica mistura teatro e ilusionismo e encanta a todos, principalmente aos pequenos. Em seguida, entramos na praça com "A Alegria do Palhaço é Ver o Circo Pegar Fogo!", um mapa-roteiro para uma dramaturgia aberta, que mistura revista, rádio, TV em um programa. Os números musicais do grupo acertaram em cheio o coração da platéia: O Ébrio, Ivete Zagalo entre outros. O espetáculo é sempre interrompido pelo HORÁRIO ELEITORAL GRATUITO do Tá Na Rua que apresenta os seus 'candidatos': Darcy Ribeiro, Glauber Rocha, Chiquinha Gonzaga, Jango. Pensamentos e história das histórias do Brasil.

PS. Devo confessar que para despedir de Ribeirão, estamos saindo agora para o Pingüim, uma chopperia para turista. Depois, jantar na churrascaria Ribeirão porque dizem que a carne do agrobusiness é muito boa! Porra, ninguém é de ferro! Vou no bonde! Amanhã, sairemos às sete para São Carlos e apresentamos às 15h.

Abs,

Licko Turle

 

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