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sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Relato de Ana Rosa Tezza

Primeira Reunião com muita gente para falar de Teatro de Rua em Curitiba – PR
 Por Ana Rosa Tezza

Há aproximadamente dois anos, O colega Cleber Braga, fazedor de teatro me telefonou e me disse que havia se integrado numa rede de teatreiros de rua e que sabendo que o grupo Arte da Comédia estava envolvido com a Rua, ele gostaria de conversar conosco para contar sobre os feitos da Rede Brasileira de Teatro de Rua, a agora tão falada e ativa RBTR. Desde então, começamos timidamente a busca por rueiros, primeiro em Curitiba, depois por meio de colegas da secretaria do estado, em todo o Paraná. Marcamos uma primeira reunião, que resultou em um encontro minguadinho entre dois atores do Arte Da Comédia, Alaor de Carvalho, eu e mais três do Grupo Elenco de Ouro, Cleber, Jessica e mais uma senhorita que anotava nossa conversa na tentativa de fazer uma ata.
Depois desse encontro, veio Arcozelo. Fomos Jessica e eu. Voltamos de lá com muitas vontades, compartilhar, encontrar parceiros para o trabalho, articular enfim... Fazer política. Foi então que resolvemos marcar outro encontro. O resultado foi ainda mais frustrante. Estávamos nós (os do primeiro encontro) e um Colega que também trabalha com intervenções urbanas, Henrique Saidel. Começamos a reunião e Henrique toma a palavra para nos dizer que tinha vindo para avisar pessoalmente que não tinha interesse em participar da Rede Brasileira de Teatro de Rua por que não entendia a Rua em seu trabalho como uma escolha definitiva e sim como uma escolha que estava relacionada à aquela obra específica. Interessava-lhe o cenário da Rua para aquela experiência teatral e ponto. Acho que foi mais ou menos isso que ele falou e partiu. Nós entramos numa espécie de crise. E nós? Fazemos rua definitivamente?, para todo o sempre?, que teatro é esse que fazemos?  Depois de um tempo o Cleber também resolveu se afastar da Rede por que achava que ele também não sabia se era rueiro ou não e bom, o fato é que...
Como diz o cangaceiro ao delegado que lhe perguntou o que havia acontecido no forró da noite passada para ter morrido tanta gente. _ Ói seu delegado, taha eu, taha Raimundo, taja as fia da cumade Chiquinha e mais um bucado di genti, nois taha tudo dançando quandu chego Serafin e se ingraço pro lado a menina mais nova da Chiquinha, aquela que taha prometida pro fio do Coroné Lourindo... Aí o Senhô já imagina. Foi um intrevero só. O fio do coroné rancô a pechera, o Serafim tentô se defende e nessa sem querê encostô com força no capixaba que puxô o arma e foi aquele rebuliço... Nois fumo matando e nois fumo morrendo, nois fumo matando e nois fumo morrendo, nois fumo matando e nois fumo morrendo, inté  que restemos eu.
Pois então... Restemo eu. Eu e o grupo Arte da Comédia, que nessa altura do campeonato, já sabia que não dava mais para voltar atrás.
Daí a coisa ficou sendo fortemente aquecida pelos encontros que a RBTR e o Núcleo de Pesquisadores de teatro de Rua proporcionou com os parceiros do Brasil todo. Primeiro resultado concreto dessa intensa articulação nacional, no Paraná, foi o Debate que fizemos em Março de 2010. Esse debate, já relatado por mim e divulgado na rede, já nos rendou dois grandes passos:
O Edital lançado pela Fundação Cultural de Curitiba, que já prevê logradouros públicos como aparelho cultural; e agora mais recentemente, uma reunião com os Rueiros, que começam a aparecer suavemente para falarmos da RBTR, do Núcleo de pesquisadores e das muitas questões que o fazer do teatro de rua nos instiga a pensar.
Chegamos finalmente no encontro. Éramos dessa vez 24 pessoas, reunidas na Universidade Federal do Paraná, prédio histórico, às nove horas da manhã do dia 26/08/2010. Como somos treatreiros e ainda mais Brasileiro do pé rachado, não poderia faltar um café preto e um pão com manteiga.
A Reunião não tinha uma pauta definitiva, não queríamos assustar ninguém. A Idéia era conhecer, saber um do outro, nos indagarmos mutuamente.
Foi isso mesmo que aconteceu. Os grupos e pessoas falaram aleatoriamente sobre questões variadas. Falou-se da dificuldade das liberações para apresentar na rua. Falou-se da pouca compreensão que se tem sobre o fazer do teatro no espaço público. Lembramos do Laerte Ortega, grande teatrólogo e rueiro que trabalhou intensamente nas ruas de Curitiba durante os anos 80 e a importância que ele teve na cena cultural da cidade. Questionou-se o "porquê" dessa parte importante da história ter ficado perdida, ainda que exista um belíssimo livro sobre a obra de Laerte. Falou-se muito ainda sobre o descaso do Festival de Teatro de Curitiba para com os artistas em geral, e principalmente com os de Rua.
A maioria dos grupos que se apresentou eram jovens, recém formados. Vamos melhorar essa estatística na próxima reunião.
Concretamente, cadastramos os nossos e-mails telefones e já solicitamos a inclusão dessa turma na RBTR.
Deliberamos que teremos um encontro por mês, que se dará sempre na última quinta feira. O próximo encontro já está marcado para ser nas Ruínas do São Francisco no Largo da Ordem, lugar emblemático para os AINDA poucos rueiros de Curitiba.
E finalmente e principalmente, nos encontramos, nos olhamos e nos vimos. Primeiro passo para sentirmo-nos acompanhados nessa grande empreitada que será fazer grande o teatro de Rua na minha linda (e em processo de coloração) cidade bege.

Ana Rosa Genari Tezza

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