NO BRASIL, O DIREITO AINDA É CRIME.
A Manifestação teve iníco em frente ao Teatro Municipal, onde muitos jovens se concetravam, para sair em caminhada pelas ruas de SP. O trajeto foi feito pelas principais ruas da cidade, passando pela prefeitura, por cerca de 1.000 estudantes, trabalhadores, participantes de organizações sociais, etc. e sendo aderido por populares que passaram a nos acompanhar . Muitos aplaudiam e acenavam das janelas, demonstrando a sua insatisfação com este ROUBO, literalmente, a mão armada e apoiavam uma Manifestação PACÍFICA, cujo intuito, simplesmente, era de evidenciar a nossa insatisfação mediante a esta tarifa abusiva, num quadro de calamidades em que a cidade vive. Pois bem, mais uma vez foi possível comprovar que a polícia é o braço armado do Estado. Num determinado trecho da Manifestação (Av. Ipiranga) em que ocupávamos as ruas e num coro uníssono, acompanhado pelos batuques, chamávamos a cidade para se mobilizar num..."Vem! Vem! Vem pra rua vem...Contra o aumento!". A polícia atacou, começou a jogar bombas de gás lacrimogêneo e atirar as famosas balas de borracha contra nós e quem mais tivesse passando por ali. Houve um tumulto geral, enquanto motocicletas dos policias passavam, em toda velocidade, inclusive por cima das calçadas, tentando acabar com mobilização. A partir daí, o grupo de manifestantes se dividiu, correndo pela cidade, na tentativa de não ser atingido, porém muitos acabaram sendo pegos e enquadrados ali mesmo, sofrendo agressões físicas. Alguns de nós, como eu, nos reencontramos em frente ao Municipal, onde tinha começado a Manifestação e quem estava em grupo começou a telefonar para os amigos, na tentativa de nos reagruparmos lá. Vigiados por uma base da PM, nos organizamos para voltar ao local onde estavam sendo enquadrados outros manifestantes e assim fizemos, ORDENADAMENTE, pelas calçadas. Ao reiniciarmos o trajeto, fomos cercados pela polícia, militares, civis, força tática e até a CET estavam lá. Desceram de suas viaturas e motocicletas e nos encurralaram nos estacionamentos que ladeiam aquela rua, recomeçaram as bombas de gás e os tiros de borracha. No estacionamento que entrei, com mais uns sete jovens, um policial armado e usando capacete, começou a bater com cacetete num dos meninos que estava totalmente desprotegido e de mãos para o alto. Em seguida, o dono do estacionamento, contou que estávamos lá e nos colocou pra fora. Nesse momento, fomos enquadrados, revistados e obrigados a ficar com as mãos na cabeça. O guarda que revirou minha bolsa em busca de alguma "arma", encontrou uma velha carteira, minhas chaves, um livro, um guarda-chuva e um nariz de palhaço que ganhei durante a manifestação, mas me recusei a usar, pois não gosto dessa associação entre povo enganado e palhaço. Um dos meninos que estava ao meu lado, teve a mochila apreendida, por carregar malabares, sob a justificativa de carregar "pedaços de pau" que poderiam ferir alguém. Fomos colocados nas viaturas e encaminhados ao 3º Distrito Polcial, sob a ordem de ficar de mãos para trás, ou sentar em cima das mãos, não olhar para os lados e andar em fila. Passamos horas da nossa vida lá, esperando que resolvessem o nosso "destino", alguns advogados do MPL acompanharam a nossa estadia no 3º DP, garantindo que, pelo menos, saíssemos de lá o mais depressa possível, enquanto aguardávamos vigiados por policiais, por uma imagem de "Nossa Senhora" que o escrivão tinha sobre a cabeça e assistíamos os capítulos finais da novela "Passione", na televisão da Delegacia, seguida pelo jornal que não se cansava de mostrar imagens de casas caindo por conta das fortes chuvas em vários pontos do páis, sobretudo, onde não se deve morar cidadãos que pagam impostos e tem direitos de moradia também "garantidos" por lei. Muitos dos manifestantes que conseguiram escapar, ficaram na porta da Delegacia, nos compraram bolacha, pão e água e aguardaram a liberação de todos os detidos, um total de 30 pessoas, dentre estas alguns jovens foram encaminhados ao IML, para fazer exame de corpo de delito, por conta das agressões sofridas pelos policiais e um dos meninos, que é fotógrafo, teve seu cartão de memória apreendido, onde registrava diversos momentos da manifestação, inclusive a repressão policial.
Assim compartilho meu descontentamento, meu desabafo, minha indignação. Queila Rodrigues Cia. Do Outro Eu Rede Livre Leste 11-8411-2174
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