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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Relato de Arcoverde dia 12 de maio de 2011

 
Relato de Arcoverde dia 12 de maio de 2011
Salve salve rueiros!!!
Começou neste dia 12 de maio de 2011 a 2ª edição do Festival Cena Aberta em Arcoverde/Pernambuco.
Uma realização da Tropa do Balaco Baco - equipe teatral de Arcoverde.
O dia começou perfeito, nem quente nem frio. Noticias em três jornais sobre o evento. Circo Teatro Capixaba ensaiando a mil no terraço do hotel Monteirão.
13h almoço no SESC Arcoverde, um dos apoiadores, assuntos: comidas regionais, teatro, politicas, festivais e o cortejo. 
16h ida de onibus e van do festival pra Estação da Cultura onde teria inicio o cortejo. E foi o senhor cortejo! Um dos maiores em deslocamento que participei na vida, da estação até a sede da Tropa.
Lá estavamos, grupos e o Boi Maracatu do Sertão, todos reunidos na frente do prédio da Estação. Que se trata de uma antiga estação férrea pertencente ao governo federal, desativada, os trilhos ainda cortam a cidade ao meio. Segundo Romualdo o prédio de duas partes enormes estava abandonado até uma ocupação/invasão dos artistas por volta do ano 2000. Onde foi criado o 1º Ponto de Cultura do País. A ocupação/invasão cultural foi necessária não só pela precariedade de espaços pros grupos realizarem um trabalho continuado como também porque era pra ser transformada num terminal de vans (perueiros)!!!!! desde então o espaço é ocupado para oficinas de formação e trabalhos de artistas Pernambucanos. Este é um exemplo de ocupação cultural que deu certo, servindo de exemplo pro resto do país, deu tão certo que hoje o grupo que abriu o Festival oficialmente com espetáculo de rua é fruto do trabalho lá realizado. O Grupo Mandalá de Teatro (Arcoverde) é parte da segunda geração da Estação Cultural que segue muito bem seu caminho neste segundo espetáculo: Salomé - Filha de uma mãe chamada Calyn.
voltando ao cortejo. Houve uma parte da apresentação do Boi Maracatu (Arcoverde) energia pura. Olhei ao redor e via, Selma Bustamante (AM), Ligia Veiga (RJ) William e Ananda (ES), os Manjers Anelise e Samir (RS), todos boquiabertos com o que viam. Era o testemunho de uma folia autentica no estado de origem!! Hipnose coletiva gerando fervido nas pernas e corpo, ninguém parava de se mover. Uma histeria do bem, do prazer de dançar e foliar. Seguimos em deslocamento organizadamente. Na frente os estandartes, depois o Maracatu, em seguida uma cobra gigantesca com 6 pessoas dentro manipulando, na sequencia os artistas e o povo do Boi. Deslocamento infinito pela cidade, que parou de vez pra nos ver passar. Pra quem acha que Arcoverde é pequena se engana, é bem grande, todos os bancos, comercio a mil, muitos carros, etc!!
Singramos a cidade e depois de não sei quanto tempo chegamos na sede da Tropa do Balaco Baco. Esta é a quarta sede que a Tropa transitou na sua história. Estão há um ano e três meses neste espaço que compreende um enorme patio com um casarão ao fundo. Há na entrada um tapete vermelho (piso pintado) e estrelas pintadas nas laterais. Seria a calçada da fama do teatro popular? Logo na sequencia começa uma sonzeira, banda ao vivo tocando um forró junino (existe este termo?) muito bom. O povo se agitou bastante.
Depois os organizadores pediram a palavra e abriram oficialmente o evento com falas do representante do Governo Estadual de Pernambuco (cujo Funcultura e Fundarpe incentivaram o Festival) mais a respresentante do SESC e Ligia Veiga falando pelos teatreiros do Brasil. Everaldo, presidente da Associação da tropa deu as boas vindas e Romualdo fechou os discursos com chave de ouro.
Romualdo falou das mazelas de se fazer eventos de teatro popular e de rua neste país há decadas e a realidade dos dias de hoje. Não deixou de citar a sua inclusão na RBTR e o bem que ela está lhe fazendo. Desde a forma de se tomar decisões, as lutas, conquistas, derrotas, a organização de encontros presenciais ou não. Falou sobre as dificuldades e proibições dos artistas de rua neste país, que fere a constituição brasileira e da ausencia do governo municipal, representado por uma cadeira vazia na mesa dos convidados. Lembrou do Congresso em Osasco e as cartas e documentos que produzimos. Também da morosidade do Governo Federal e Funarte com relação ao 9º encontro da RBTR em Arcoverde de 06 a 10 de Julho deste ano. Aliás foi noticia dada pela primeira vez a população (artistas ou não) da cidade, ou seja é oficial esta data!  Conclamou a classe e pediu luta permanente com relação ao SNC - Sistema nacional de Cultura, que terá um encontro no Festival para esse assunto importantíssimo pro futuro da cultura no país. Um saneamento cultural que deve escoar com fluidez, caso contrário jamais um tostão chegará nem as instância públicas. Há que o Brasil se alertar com relação a construção de politicas efetivas, começando com planos de cultura, conselhos de cultura, fundos de cultura e instância apta para gerenciar. Enfim falou com propriedade e coragem, pois estava lotado o grande terreno que a Tropa aluga com muito trabalho e suor.
Findado os discursos, foi a vez de todos irem pra rua na frente da sede e assistir o já mencionado Grupo Mandalá de Teatro. Galera jovem segurando bem na rua, tocando, cantando, dançando e representando Salomé em versão cigana. Um drama/tragédia na rua cujo destaque vai para atriz Renata Cordeiro, pequenina e muito magra que segurou com pompa a personagem Salomé, cujo espetáculo e a historia ja classica é recheado de mentiras, invejas e sedução. A filha que se apaixona pelo pai, sem saber, e diante do desejo negado manda cortarem-lhe a cabeça e depois é assassinada pela mãe.
Eis uma metáfora do tempo, das histórias deste sertão e deste Brasil sem fim. Um espetáculo inicia o festival com a filha cortando a cabeça do pai. Poderia buscar na história de ícones que foram assassinados ou tiveram a cabeça cortada como Antônio Conselheiro em Canudos ou Lampião e Maria Bonita ou mesmo Tiradentes e tantos outros. Mas tudo me cheira apenas a questão do novo querendo espaço, conflituando com o velho, o antigo, o ultrapassado, etc. Novos ares, novas ideias e por consequencia mais anseios, dificuldades e lutas. Somos assim humanos, demasiado humanos! Numa luta é eterna por espaço e atenção/reconhecimento.
Evoé Baco!
Evoé Balaco Baco!
Eis o que me lembro, amanhã tem mais....sexta-feira 13!
vamo que vamo!!
Márcio Silveira dos Santos
Grupo Teatral Manjericão/RS
GRUPO TEATRAL MANJERICÃO/RS
2011 - 13 anos de estrada
skype: manjericao-rs

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