Artistas de Rua – uma nova gramática para as cidades
Hoje dia 22/03 de 2012 no Jornal o Dia saiu um artigo do Doutor em Sociologia pela PUC-RJ Sr. Paulo Azevedo intitulado "A cidade apresenta suas armas" apontando a socialização da Arte como ação fundamental no debate sobre a ocupação do espaço público e a vida nas cidades. Ele começa abordado o tema assim: "Desacreditados, todos nós, de uma política tradicional, é necessário e mesmo urgente dar vida às novas gramáticas políticas de interferência no seio das cidades, tendo as artes um papel fundamental neste debate."
O artigo evidencia de forma contundente a necessidade de perceber o papel transformador das Artes, afirmando que: "A Dança , a Performance, o Circo , a Música, a Literatura, a Poesia, as Artes Plásticas e Visuais...precisam estar onde o povo está!"
Na realidade autor, neste artigo indaga como, nós- a sociedade, enxergarmos esta Arte que está na Rua ou poderia estar transformando cotidianamente esse espaço. Afinal, elas trazem como ele próprio diz: "o belo, o entretenimento, o bom humor..." enfrentando a violência gratuita e a fobia nos seus mais diversos matizes produzida pela estrutura ideológica reinante na nossa sociedade contemporânea.
Esse "fazer público", hoje no Brasil, é atacado com uma nova máscara social. As amarras de dominação estão travestidas de aparência pública como: ordenação urbana e controle do espaço público se sofisticando em novas formas de repressão coletiva, onde uma casta decide quem pode operar nas ruas das cidades como os Kassabs e Paes da vida.
Prosseguindo, no artigo de Paulo Azevedo, registro o seguinte trecho: "Como subverter esta posição e fazer entender que os artistas de rua, na rua, pra rua são fundamentais na recriação das cidades e revitalização mesmas em seus meios históricos", e ainda pergunta, "Sabe-se que há uma quantidade significativa de gente produzindo arte nas ruas, nas praças, mas onde eles se encontram promovem tal experiência? Que tipo de fomento recebem para ativar as esquinas?"
A mim, artista público, cabe agradecer essas perguntas, pois as mesmas me colocam no centro da discussão do fazer cultural na sociedade contemporânea.
Ao fazermos a Arte ocupar as ruas, esquinas e praças, nós reencontramos a sua função pública, pois ela passa ser repartida por toda coletividade, tanto no campo da práxis como no campo simbólico. Ao rompermos o cotidiano dos espaços urbanos com lúdico estilhaçamos os grilhões da vida privada estabelecendo uma nova possibilidade de troca e convívio social resgatando a celebração a vida coletiva.
Essa nova possibilidade de organicidade social, creio eu, é o que Paulo Azevedo aponta como resposta as suas inquietações como demonstra na parte final do seu texto: "Nos cantinhos de cada esquina, onde há solidão e indiferença, nos terrenos baldios e nas avenidas engarrafadas pela movimentação das pessoas podemos estar presentes, afinal é no contato com a cidade e seu cimento que podemos influenciar na construção de novas paisagens urbanas e porque não dizer de uma outra cidade"
Para terminar só posso agradecer as palavras deste sociólogo e discordar só do final do seu artigo dizendo: Ah, se essa Rua fosse nossa.... Nós Artistas de Rua.
Lino Rocca
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