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Cultura Fantasiada Cultura da Fantasia Cultura Fantasiada da Cultura de Fantasia da Cultura
Hoje, 23/03/2012, no aniversário de 286 anos da Ilha do Desterro, decidimos presentear a nossa cidade com o início de uma série de ações práticas para enfrentar um conflito que há anos perdura em Florianópolis, mas que se mantém oculto, fantasiado de qualidade de vida. Cultura Fantasiada vem para contribuir com os esforços burocráticos tomados pela classe artística em defesa de nossa cultura. Acreditamos que chegou o momento de colocar os problemas de nosso setor perante a sociedade de forma mais incisiva, de fazer-nos ver, de importunar, de utilizar táticas de enfrentamento mais diretas, sem concessões ou negociações. Já vimos que gentileza nem sempre gera gentileza.
A indústria turística em nosso estado, como toda indústria, parte da lógica do lucro, como os políticos de Santa Catarina ainda não aprenderam as diferenças drásticas entre cultura, esporte e turismo, a cultura catarinense é operada há anos pelas leis do capital, e assim assistimos no âmbito de nossa cidade dois aspectos nefastos dessa lógica: a devastação ambiental e uma política cultural de fantasia.
A devastação ambiental é evidente e perceptível a olho nu. Nosso mar e nosso ar estão poluídos. Já a devastação cultural, além de a vermos claramente, adentra em nosso subconsciente e nos anestesia perante as demais mazelas da cidade.
A fantasia cultural é engendrada de forma a manter a lógica predatória de um mercado do turismo que visa o lucro e a satisfação do cliente.
O que se observa, por exemplo, é um sindicato de artistas que serve muito mais à indústria cultural em torno de um parque temático do que em prol das necessidades da classe artística.
Nesse contexto, se estabelece um atrelamento das parcas verbas públicas e da legislação de incentivo cultural favorecendo negócios em torno de produtores culturais e políticos aproveitadores que não possuem como objetivo a manutenção de uma política cultural de fomento e de crítica política ao status quo.
Em contrapartida a população não possui acesso à produção das suas cidades e os artistas não dispõem de espaços, editais e incentivos para desenvolverem suas pesquisas, assim como um circuito subsidiado para apresentarem seus trabalhos. Ainda que pululem aqui e ali mega-eventos e empreendimentos de construtoras, que giram muito mais em torno dos famosos "para inglês ver" e "quando há sangue nas ruas, compre terras", os incentivos às manifestações culturais apenas reforçam o caráter assistencialista das políticas culturais em nosso estado. Os mega-eventos existem para gerarem palanques políticos e capital aos senhores e senhoras produtores. Se eles ocupam os nossos espaços culturais com suas campanhas e conchavos políticos, nós ocuparemos os seus monumentos e palanques com nossas ações culturais de protesto.
Atualmente, aos artistas o que resta é o mercado de trabalho informal. Além disso, existe um ataque do Estado que visa privatizar a sua única instituição pública de formação de profissionais de arte, a Universidade do Estado de Santa Catarina, para reafirmar o seu plano de manter a informalidade e desinstrumentalização dos artistas, ao mesmo tempo em que em nome da cultura desvia verbas para a restauração de igrejas ou monumentos de representação de poder como uma ponte. Esta ponte, que na verdade é uma ponte, uma obra arquitetônica, deveria ser mantida ou reformada com verbas de outros setores do governo e não da cultura.
Nas vésperas do aniversário de nossa cidade, nos perguntamos: enquanto artistas o quê devemos comemorar?
Não comemoramos nada, apenas demonstramos o nosso poder de ação, que é pouco, mas pode aumentar. Nesse ano de eleições, os artistas são arma e não vamos apontar essa arma para nossas cabeças, apontamos nossas armas para políticas mercadológicas e agimos para delimitar nossa linha de enfrentamento diante de procedimentos que falseiam a construção de nossas histórias e memórias.
ERRO Grupo
Hoje, 23/03/2012, no aniversário de 286 anos da Ilha do Desterro, decidimos presentear a nossa cidade com o início de uma série de ações práticas para enfrentar um conflito que há anos perdura em Florianópolis, mas que se mantém oculto, fantasiado de qualidade de vida. Cultura Fantasiada vem para contribuir com os esforços burocráticos tomados pela classe artística em defesa de nossa cultura. Acreditamos que chegou o momento de colocar os problemas de nosso setor perante a sociedade de forma mais incisiva, de fazer-nos ver, de importunar, de utilizar táticas de enfrentamento mais diretas, sem concessões ou negociações. Já vimos que gentileza nem sempre gera gentileza.
A indústria turística em nosso estado, como toda indústria, parte da lógica do lucro, como os políticos de Santa Catarina ainda não aprenderam as diferenças drásticas entre cultura, esporte e turismo, a cultura catarinense é operada há anos pelas leis do capital, e assim assistimos no âmbito de nossa cidade dois aspectos nefastos dessa lógica: a devastação ambiental e uma política cultural de fantasia.
A devastação ambiental é evidente e perceptível a olho nu. Nosso mar e nosso ar estão poluídos. Já a devastação cultural, além de a vermos claramente, adentra em nosso subconsciente e nos anestesia perante as demais mazelas da cidade.
A fantasia cultural é engendrada de forma a manter a lógica predatória de um mercado do turismo que visa o lucro e a satisfação do cliente.
O que se observa, por exemplo, é um sindicato de artistas que serve muito mais à indústria cultural em torno de um parque temático do que em prol das necessidades da classe artística.
Nesse contexto, se estabelece um atrelamento das parcas verbas públicas e da legislação de incentivo cultural favorecendo negócios em torno de produtores culturais e políticos aproveitadores que não possuem como objetivo a manutenção de uma política cultural de fomento e de crítica política ao status quo.
Em contrapartida a população não possui acesso à produção das suas cidades e os artistas não dispõem de espaços, editais e incentivos para desenvolverem suas pesquisas, assim como um circuito subsidiado para apresentarem seus trabalhos. Ainda que pululem aqui e ali mega-eventos e empreendimentos de construtoras, que giram muito mais em torno dos famosos "para inglês ver" e "quando há sangue nas ruas, compre terras", os incentivos às manifestações culturais apenas reforçam o caráter assistencialista das políticas culturais em nosso estado. Os mega-eventos existem para gerarem palanques políticos e capital aos senhores e senhoras produtores. Se eles ocupam os nossos espaços culturais com suas campanhas e conchavos políticos, nós ocuparemos os seus monumentos e palanques com nossas ações culturais de protesto.
Atualmente, aos artistas o que resta é o mercado de trabalho informal. Além disso, existe um ataque do Estado que visa privatizar a sua única instituição pública de formação de profissionais de arte, a Universidade do Estado de Santa Catarina, para reafirmar o seu plano de manter a informalidade e desinstrumentalização dos artistas, ao mesmo tempo em que em nome da cultura desvia verbas para a restauração de igrejas ou monumentos de representação de poder como uma ponte. Esta ponte, que na verdade é uma ponte, uma obra arquitetônica, deveria ser mantida ou reformada com verbas de outros setores do governo e não da cultura.
Nas vésperas do aniversário de nossa cidade, nos perguntamos: enquanto artistas o quê devemos comemorar?
Não comemoramos nada, apenas demonstramos o nosso poder de ação, que é pouco, mas pode aumentar. Nesse ano de eleições, os artistas são arma e não vamos apontar essa arma para nossas cabeças, apontamos nossas armas para políticas mercadológicas e agimos para delimitar nossa linha de enfrentamento diante de procedimentos que falseiam a construção de nossas histórias e memórias.
ERRO Grupo
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